quinta-feira, 4 de junho de 2020

O Fim da República do Café com Leite e a Revolução de 1932 - Artigo


O Fim da República do Café com Leite e a Revolução de 1932 - Artigo
Artigo



Em 1889, o Marechal Manuel Deodoro da Fonseca, liderando um golpe de Estado, depôs Dom Pedro II e proclamou a República. O período que vem a seguir é chamado República Café com Leite, pois é marcado pelo revezamento entre Presidentes vinculados às elites paulistas (produtoras de café) e mineiras (famosas pelos laticínios). Esse período durou até o ano de 1930, quando houve a Revolução de 1930.
As eleições de 1930 contaram com um candidato que não pertencia nem a São Paulo, nem a Minas Gerais, o gaúcho Getúlio Vargas. Concorreram a este pleito os candidatos Júlio Prestes, pelo Partido Republicano Paulista (PRP) e Getúlio Vargas, pela Aliança Liberal (AL). Essa época foi marcada pelo voto de cabresto, e uma pequena parte da população tinha direito ao voto, ficando excluídos mulheres e analfabetos.
Vargas perdeu as eleições para Prestes, e a AL deu início à mobilização dos militares para a tomada do poder. Antes de Prestes assumir a presidência, João Pessoa Cavalcanti de Albuquerque, candidato à vice-presidência da chapa de Vargas, foi assassinado. Embora não tivesse nenhuma relação política, a morte de João Pessoa serviu como gatilho para a Revolução de 1930. O velório levou centenas de pessoas às ruas e trouxe apoio popular ao golpe. Isso foi suficiente para que os militares exigissem a renúncia do então presidente Washington Luís e entregassem o poder a Getúlio Vargas.
Vargas assume o poder provisoriamente, tornando nula a constituição brasileira elaborada em 1891. Em 1932, o governo provisório de Vargas permanecia sem nenhuma constituição. Vargas nomeava interventores para São Paulo que não correspondiam aos interesses da elite paulista. Isso fez com que os paulistanos dessem início a uma mobilização popular, exigindo não apenas a escolha de um interventor, mas a formação de uma assembleia constituinte e eleições.
No dia 23 de maio de 1932, na cidade de São Paulo, uma passeata reuniu milhares de pessoas para protestar contra a nomeação de um interventor e reivindicar a formação de uma Assembleia Constituinte.
Próximo à Praça da República, os manifestantes tiveram um confronto com os partidários da Legião Revolucionária, que apoiava Vargas. Na troca de tiros, quatro jovens morreram. Euclides Miragaia, Mário Martins, Dráusio Marcondes e Antonio de Camargo foram os mortos no confronto, cujas iniciais foram usadas para nomear a sociedade secreta M.M.D.C. que representou o Movimento Constitucionalista.
Essas mortes foram o estopim para a revolução. Os Paulistas perderam apoio de outros estados e acabaram lutando sozinhos contra o exército nacional. A luta armada teve início no dia 9 de julho de 1932 e durou três meses, deixando mais brasileiros mortos do que a 2ª Guerra Mundial iria deixar anos depois.
A revolução acabou com a rendição dos paulistas e o compromisso de Vargas lançar uma constituinte em 1934.
Cabe destacar que historiadores divergem sobre a verdadeira motivação para esta revolução. Enquanto alguns alegam que a motivação foi pressionar o governo a organizar uma Assembleia Constituinte, outros afirmam que era uma luta da elite paulista pela retomada ao poder, e que a constituição foi utilizada como argumento mobilizador das massas. Os paulistas investiram fortemente em material gráfico para a campanha revolucionária. Texto da Biblioteca Nacional.

Nenhum comentário:

Postar um comentário