Último dos Puma GT 4R é Restaurado, Brasil
Fotografia
Produzir apenas três unidades de um automóvel seria loucura nos dias atuais. Mas foi justamente o que a QUATRO RODAS fez em 1969.
O primeiro (e até hoje único) carro brasileiro criado sob encomenda em série limitada foi desenvolvido por Rino Malzoni (um fazendeiro apaixonado por carros esportivos) em parceria com o designer Anísio Campos, ambos criadores do Puma original.
À época, o trio foi produzido em uma ação de marketing da revista – os carros foram sorteados entre os leitores. As décadas se passaram e os três esportivos ainda existem. Mas só um não havia sido totalmente restaurado.
Eis que o atual proprietário iniciou os trabalhos de recuperação e agora o carro está pronto para desfilar.
Desde quando foi dado ao bancário Ildefonso Gonçalves, o Puma teve outros três proprietários até chegar às mãos do atual dono, que prefere se identificar apenas como Fernandez. Foi ele quem decidiu reformar o antigo esportivo, adquirido juntamente com seu irmão há uma década.
A restauração foi acompanhada de perto pelos Fernandez e contou com a ajuda de colecionadores e especialistas em Puma. Um dos amigos que mais colaborou no processo foi Felipe Niconiello, ex-presidente do Puma Clube do Brasil e membro da diretoria da Federação Brasileira de Veículos Antigos (FBVA).
Felipe, infelizmente, faleceu em agosto de 2017 e não pôde ver o Puma restaurado.
“Precisamos fazer todas as peças pelo menos duas vezes até chegarmos ao nível de perfeição desejado”, afirmou Fernandez, que usou as imagens da época como referência para confeccionar os moldes em papelão antes de fazer as peças de forma artesanal.
Bastam poucos minutos apreciando o esportivo para notar que tanto esforço valeu a pena. É preciso uma boa dose de contorcionismo para entrar no GT 4R.
Do banco do motorista se vê apenas o belo volante Fórmula e o acabamento refinado mesclando couro bege com detalhes em jacarandá. O interior, aliás, foi todo refeito seguindo o padrão original, inspirado nas Ferrari e Lamborghini da época.
Algumas peças precisaram ser adquiridas fora do país. Foi o caso das lanternas redondas de Chevrolet Corvair, vindas diretamente dos Estados Unidos. O formato das peças, aliás, costuma gerar polêmica entre os fãs do Puma. “Posso garantir que as lanternas eram circulares. Meu pai até usava um Puma VW 1968 com motor seis cilindros de Corvair”, afirmou Kiko Malzoni, filho de Rino.
O atual dono diz que a parte mais difícil de ser encontrada foi o chassi, na época vindo do Volkswagen Karmann-Ghia nacional.
Sem achar uma peça em boas condições no Brasil, Carmelo resolveu importá-la da Alemanha. Da Europa também veio uma peça inusitada: o reservatório de água do para-brisa, na verdade uma bolsa de couro fixada no para-lama dianteiro esquerdo.
Segundo Fernandez, todo o processo de restauração seguiu o padrão da época em que os GT 4R foram produzidos. É por isso que o colecionador guarda pilhas de revistas QUATRO RODAS de 1969 e recortes de anúncios que mostram qualquer parte do GT 4R. Foi a partir destes registros que alguns detalhes foram recuperados, principalmente os detalhes de acabamento interno.
O motor 1.600 com dois carburadores Solex 40 tem aproximadamente 77 cv e só havia rodado 28 km antes da sessão de fotos. O ronco encorpado só não chama mais atenção do que as linhas clássicas, realçadas pela bela pintura azul – a mesma tonalidade da época.
A suspensão parece rebaixada de tão colada ao chão, mas o dono diz que apenas seguiu as especificações do projeto original.
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