DKW Universal / DKW Vemaguet, o Primeiro Carro Nacional, Brasil - Artigo
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O dia era 19 de novembro de 1956. Naquela data, saíam da fábrica da Vemag (acrônimo de Veículos e Máquinas Agrícolas S.A.) no bairro Ipiranga, em São Paulo, as primeiríssimas unidades da DKW Universal. A perua, rebatizada posteriormente de Vemaguet, tornou-se, então, primogênita entre os automóveis nacionais. Até tal momento, o país apenas montava automóveis, com todas as peças vindas do exterior.
A iniciativa de criar uma indústria automobilística no Brasil, que incluísse a manufatura completa, inclusive de autopeças, surgiu por iniciativa do ex-presidente Juscelino Kubitscheck. Nas décadas de 1950 e de 1960, vários outros fabricantes também viriam a se instalar no país.
Uma dessas montadoras que trabalhava com peças importadas, em um esquema conhecido como CKD (Completely Knock-Down) era justamente a Vemag. Representante das marcas Studebaker, Scania Vabis e Massey-Harris Ferguson no país, a empresa interessou-se em produzir, de fato, veículos no país após a concessão de incentivos fiscais por parte do governo.
Após fechar um acordo com a Auto Union, na Alemanha, a Vemag adquiriu os direitos de produção de veículos DKW por 10 anos. A empresa trouxe ao Brasil o ferramental necessário para iniciar a empreitada. Os projetos dos automóveis, claro, também faziam parte desse pacote.
A perua F-91, chamada por aqui de Universal e, a partir de 1961, de Vemaguet, foi a primeira a ganhar as linhas de produção, porque o Grupo Executivo da Indústria Automotiva (Geia), formado pelo governo, priorizava a nacionalização de modelos utilitários (nesse ponto, vale lembrar que o país ainda era desindustrializado e tinha uma malha viária extremamente precária).
A Vemag, porém, logo aumentou a linha de produtos. Em 1958, vieram o sedã Belcar e o jipe Candango. O cupê Fissore chegou em 1962: nesse caso, o projeto foi desenvolvido no Brasil, a partir de um design criado pelo estúdio homônimo, localizado na Itália. A mecânica DKW, capitaneada pelo motor de três cilindros, dois tempos e 980 cm³, equipou ainda o esportivo fora-de-série GT Malzoni, que deu origem à marca Puma.
Ao longo de uma década, a Vemag tornou-se uma das maiores e mais importantes fabricantes de veículos do Brasil. Contudo, em 1966, a fabricante acabou sendo adquirida pela Volkswagen, que a extinguiu no ano seguinte. A empresa, contudo, conquistou lugar na história graças ao pioneirismo com a Vemaguet. Com sorte, é possível ver um exemplar em bom estado em encontros de carros antigos.
Vale lembrar que, antes da Vemag, outra empresa brasileira já fabricava veículos legitimamente nacionais. Em junho de 1956, as Indústrias Romi, de Santa Bárbara d’Oeste (SP) já haviam produzido a primeira unidade da Romi-Isetta. O projeto, de autoria da italiana Iso, também era feito sob licença. O modelo chegou ao mercado em setembro daquele mesmo ano.
Então, se o Romi Isetta chegou um pouco antes, por que a Vemaguet é considerada pioneira entre os carros nacionais? Simplesmente porque o Geia assim determinou. O órgão não classificou o veículo das Indústrias Romi como automóvel, alegando que ele tinha apenas uma porta (em posição frontal) e não dispunha de espaço para bagagem.
Outras características incomuns da Romi-Isetta eram o porte diminuto e os eixos com bitolas muito diferentes. O traseiro é tão mais estreito que o dianteiro que faz parecer que o veículo tem apenas três rodas, quando, na verdade, são quatro. Por todas essas peculiaridades, sob a ótica do Geia, o modelo se assemelhava mais a uma motocicleta.
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