segunda-feira, 30 de novembro de 2020

Chevrolet Chevette GP II, Brasil

 






Chevrolet Chevette GP II, Brasil
Fotografia




Lançado em 1970, o Ford Corcel GT inaugurou um nicho de mercado bem particular do mercado brasileiro. Ele foi nosso primeiro compacto com visual esportivo e comportamento quase manso.
Algumas respostas de pouca expressão vieram mais tarde, já com atraso, como o VW TL Sport, de 1972, e o Dodge 1800 SE, de 1974. Porém concorrência mesmo o Corcel GT só enfrentaria na linha 1976, quando chegaram VW Passat TS e Chevrolet Chevette GP.
Se o Passat comprovava na pista que fazia jus a sua aparência, o Chevette seguia a cartilha escrita pela Ford (mais visual, menos comportamento) para pegar carona na grande publicidade proporcionada pela condição de a Chevrolet ser a patrocinadora oficial do GP do Brasil de Fórmula 1.
Com faróis de neblina (opcionais), vistosas faixas negras na frente, atrás e nas laterais e rodas e pneus esportivos, o Chevette GP aparentava ser o mais nervoso do trio. Complementavam o arsenal estético o retrovisor externo tipo concha, a ponteira de escapamento cromada, as rodas negras exclusivas com tala de 6 polegadas (as demais versões tinham 5 polegadas) e os sobrearos de aço inox.
Para arrematar, grade, protetores dos para-choques, limpadores de para-brisa e bordas das janelas eram pintados de preto. Por dentro, o volante era esportivo, mas não havia sinal de conta-giros, termômetro, manômetro de óleo e amperímetro.
Graças à taxa de compressão, aumentada de 7,8:1 para 8,5:1, o motor 1.4 de 72 cv tinha só 3 cv a mais que o Chevette básico. QUATRO RODAS constatou que a melhoria no desempenho era ínfima, apesar do maior consumo. De 137,404 km/h da versão comum, a máxima passou a 137,931 km/h.
A rigor, quem senta ao volante de um Chevette GP conhecendo as reações e o desempenho do Chevette normal, acha apenas que se trata de um carro muito bem regulado, de reação um pouco mais pronta que o normal. Nada mais, dizia o texto de janeiro de 1976.
O preço do pequeno ganho era pago em prestações diretamente no posto: somente a gasolina azul resolvia a pré-ignição a popular “batida de pino, causada pela octanagem insuficiente da gasolina comum.
Quando comparado com seus principais concorrentes, apanhava feio do Passat TS e se equiparava ao Corcel GT. No comparativo de agosto do mesmo ano, o Volks foi bem mais veloz, com 155,676 km/h, seguido pelo GP, com 140,077 km/h, e o GT, com 137,931 km/h.
Na aceleração de 0 a 100 km/h, outra vitória fácil do Passat, com 14,67 segundos. O Corcel demorou 18,62 segundos e o Chevette ficou com 19,52.
A limitação no desempenho não melhorou com o GP II, de 1977. De novidade, só a presença das rodas de tala 5,5 polegadas, os pneus radiais e o painel, que trazia os instrumentos que lhe faltavam na primeira versão.
Ainda no interior, bancos e forros das portas de curvim e um painel revisado com o aguardado conta-giros e até relógio elétrico. Num console central ficavam o marcador do nível de combustível, voltímetro, termômetro de água e vacuômetro, este para controlar o consumo.
Não bastassem os números pouco animadores, o motor de 72 cv, vermelho (o de 69 cv era azul) passou a ser item opcional, como o ventilador de ar quente, o servofreio e os sobre-aros.
É desse ano o exemplar na cor amarelo-lótus fotografado, que pertence ao juiz de direito José Gilberto Alves Braga Júnior. O estoque de peças de uma antiga concessionária Chevrolet, que foi parar num ferro-velho do Mato Grosso do Sul, ajudou na restauração completa do Chevette. Até o som foi trocado por um rádio de ondas curtas e médias da época.
Com a remodelação da linha Chevette para 1978, ganhou grade bipartida que lembrava os Pontiac americanos da época. O GP, novamente sem algarismos romanos, perdia o spoiler dianteiro e as faixas laterais. O capô pintado todo de preto tentava compensar a ausência de faixas laterais, mas não conseguia evitar a decepção de quem ia à concessionária atrás de um Chevette de visual mais nervoso.
Com a apresentação da linha 1979, o GP ainda constava no catálogo Chevrolet. Na edição de fevereiro de 1979 de QUATRO RODAS ele já vinha sem preço. Também não aparecia nos panfletos das concessionárias.
O toque de esportividade do GP não ia além das aparências. Seu desempenho era semelhante aos das outras versões, o que não chegava a ser uma carta de referência. Sua breve existência no leque de opções de carros oferecidos pela GM limita as possibilidades de se achar um exemplar em bom estado.
Um Chevette esportivo só voltaria a ser oferecido com o S/R, já na carroceria hatch, em 1980. Ele pouco duraria, assim como o Opala SS. Ambos abririam caminho para o Monza S/R surgir em meados dos anos 80 como representante do espírito esportivo na Chevrolet.


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