Adamo CRX, Brasil
Fotografia
O gosto por automóveis e o incentivo do pai foram os elementos que fizeram Milton fundar a Adamo Indústria e Comércio de Veículos em 1968, fabricante paulistano de grande sucesso que chegou ao ápice do desenvolvimento com o cupê CRX.
Inicialmente denominado Búzios, o CRX foi uma das estrelas do Salão do Automóvel de 1984. A Adamo oferecia versões fechada ou aberta, esta última com teto do tipo targa, com barra central longitudinal entre o quadro do para-brisa e o santantônio traseiro.
O bom nível do acabamento interno era realçado por vidros elétricos e bancos Recaro revestidos de couro. O estilo mantinha a esportividade do cupê Adamo GTM, com frente em cunha e faróis escamoteáveis.
A experiência adquirida durante a década de 70 foi essencial para que o novo projeto de Milton abandonasse o esquema mecânico do Fusca. Assim, a tradicional plataforma com tração traseira e motor refrigerado a ar foi substituída por uma estrutura monobloco, com motor refrigerado a água e tração dianteira.
“Nossa inspiração vinha de revistas estrangeiras e de viagens que fazíamos ao exterior”, relembra Milton. “O CRX seguia a tendência mundial de pequenos cupês de tração dianteira, como Dodge Shelby Charger e Toyota Celica.”
O conceito já havia sido adotado pela concorrente Miura, que desde 1981 já utilizava o conjunto motriz do VW Passat. A solução encontrada por Milton foi desenvolver seu próprio monobloco, tomando como base a plataforma do VW Gol e seus 2,4 metros de entre-eixos.
O custo do desenvolvimento era drasticamente reduzido por manter todos os pontos de fixação do subchassi original onde eram montados a suspensão dianteira, o câmbio e o motor de 1.8 do Gol GT. A suspensão traseira por eixo de torção também era fornecida pela VW.
“O resultado final foi dos melhores, pois o CRX tinha quase o mesmo peso do Gol GT”, relata Milton. O motor VW de 1,8 litro rendia pouco mais que os 99 cv declarados e boa parte dos seus 14,9 kgfm estava disponível desde as rotações mais baixas. O câmbio de cinco marchas foi adotado em 1986.
Segundo Milton, a velocidade máxima do CRX era ligeiramente superior à do Gol GT em razão de sua melhor aerodinâmica, superando facilmente os 170 km/h. A aceleração de 0 a 100 km/h era realizada em pouco mais de 11 segundos e a rigidez torcional era mantida mesmo na versão targa.
O bom comportamento dinâmico era realçado pela direção rápida e precisa (sem assistência) e pela eficiência dos freios.
O ponto mais forte do CRX era o estilo, definido pelo longo capô e traseira curta. O vidro traseiro levemente recuado em relação às colunas traseiras colaborava para harmonizar o balanço traseiro, marcado pelas longas lanternas do VW Santana.
As maçanetas vinham do Alfa Romeo 2300 e os pequenos faróis, do Fiat 147: os vidros eram exclusivos, especialmente desenvolvidos para o modelo.
Configurado como um cupê 2+2, o interior do CRX apresentava o que havia de melhor em sua época: volante Walrod, o completo quadro de instrumentos do Ford Del Rey, rádio/toca-fitas e console central com computador de bordo e instrumentos auxiliares como termômetro de óleo.
O elevado padrão de acabamento atraiu a atenção de investidores estrangeiros: o CRX estava em vias de ser exportado, mas as negociações acabaram não prosperando.
Abalado pela concorrência dos importados, Milton Adamo encerrou a produção em 1991, ocasião em que passou a utilizar a resina de poliéster na fabricação de móveis.
Entre cupês e targas, cerca de 600 unidades do CRX deixaram a fábrica no bairro da Vila Mascote, em São Paulo.
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