segunda-feira, 28 de dezembro de 2020

Os Dias Finais do Theatro Carlos Gomes, Ribeirão Preto, São Paulo, Brasil






Os Dias Finais do Theatro Carlos Gomes, Ribeirão Preto, São Paulo, Brasil
Ribeirão Preto - SP
Fotografia

Um dos maiores questionamentos da população de Ribeirão Preto é a respeito dos motivos da demolição do Theatro Carlos Gomes, localizado na praça homônima. Todos que apreciam as belas imagens que chegaram até nós do referido prédio, fazem a mesma pergunta.
Para tentar esclarecer os motivos, resolvi fazer um pequeno resumo do tema.
Para tanto, efetuei a leitura de alguns livros, textos e artigos pela internet, tanto em sites como nas redes sociais. Este resumo é um trabalho de diversos autores, alguns que vivenciaram o período e outros que embora não o viveram, o estudaram com afinco.
Não há pretensão de estar certo ou de esgotamento do tema. Ao contrário, caso alguém tenha uma versão diferente, desde já agradeço que manifeste-se nos comentários para atualizarmos a postagem.
A intenção do post é discutir o tema e ativar memórias.
Feita essa introdução, observemos a imagem do post: o Theatro Carlos Gomes já se encontrava em péssimas condições de conservação, com vários vidros das janelas quebrados e tampados com placas de madeira, infestado de cupins, entre outros diversos problemas.
Também se vê uma pilha de metais recolhidos na campanha do esforço de guerra contra o Eixo (estávamos em plena Segunda Guerra Mundial) realizada em Ribeirão Preto. 
Notem que a realização de tal campanha na frente do Theatro Carlos Gomes já era um bom indicativo da ausência de prestígio e uso em seus dias finais. Um prenúncio do futuro que o aguardava.
Segundo comentam, o principal motivo da demolição foi uma infestação de cupins que tornou o Theatro Carlos Gomes irrecuperável. Esse teria sido o fator decisivo que selou a sorte do prédio.
Mas também houveram outros motivos: a falta de um protetor/patrocinador (o Cel. Francisco Schmidt, o "Rei do Café", seu principal mecenas, já havia falecido), interesses financeiros (os proprietários do Theatro Pedro II tinham interesse óbvio na sua demolição), as mesquinharias políticas de sempre, a pressão da Prefeitura que queria o terreno cedido em comodato de volta (o Theatro Carlos Gomes era uma propriedade privada construída em área pública), a falta de lucratividade, etc.
Portanto, não houve um motivo único para a demolição, foram a soma de diversos fatores.
Assim, inaugurado em 1897 com uma apresentação da ópera "O Guarani" pela Companhia Lírica Italiana, o Theatro Carlos Gomes foi demolido entre os anos 1944-1945. 
Em 1946, o terreno já se encontrava completamente limpo. Atualmente o referido espaço é ocupado pela Praça Carlos Gomes.
Outra coisa que gostaria de citar, é se vocês conseguem imaginar a quantidade de saques/furtos/apropriações que houveram de seus materiais construtivos, muitos importados e verdadeiras obras de arte, antes e durante a demolição? 
Suas partes devem ter acabado nas casas de várias autoridades e pessoas influentes da época. Dizem, inclusive, que grande parte dos tijolos do Carlos Gomes, retirados durante a demolição, foram utilizados na construção do muro do Cemitério da Saudade.
De qualquer forma, ainda existem ao menos dois resquícios do Theatro Carlos Gomes na cidade: um é uma placa de mármore que está na parede do Museu Histórico e de Ordem Geral Plínio Travassos dos Santos, no complexo do Museu do Café (não é possível conhecer por motivos já sabidos). O outro é uma escadaria de mármore de Carrara, que foi desmontada no Carlos Gomes e remontada no prédio da Sociedade União dos Viajantes, SUV, na rua Álvares Cabral.
Finalizando, menos ruim que temos boa quantidade de fotos do Theatro Carlos Gomes para lembrança dele e desse período da história da cidade. Em vários outros casos, nem isso temos...

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