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sábado, 26 de dezembro de 2020
Casa Sede da Fazenda Guatapará, Guatapará, São Paulo, Brasil
Casa Sede da Fazenda Guatapará, Guatapará, São Paulo, Brasil
Guatapará - SP
Fotografia
A Fazenda Guatapará consistia em seis mil alqueires e recebeu este nome devido ao Córrego chamado Guatapará que lhe corta as terras. Tal propriedade foi adquirida por Martinho da Silva Prado (1811-1891) por uma quantia de aproximadamente 60 contos de reis e pertencera, até então, a João Franco de Moraes Otávio.
A Guatapará contribuiu muito para essa efervescência da produção cafeeira, sendo considerada uma das primeiras fazendas organizadas nos moldes empresariais. Por algum tempo ela foi administrada pelo próprio Martinico, que pouco depois passou a exercer seu poder indiretamente, pois passou a administração dessa propriedade a um amigo, o italiano Giusepe Sartori, que assumiu diretamente as finanças da fazenda.
“A Fazenda refletia o pensamento de seu fundador: o conceito moderno de terra – terra cultivada, dos seus 6.268 alqueires, 1.111 eram cultivados, tinha 56 trabalhadores brasileiros para 1.610 imigrantes. Valia 6.616 contos de réis, enquanto a fazenda tinha sido comprada por 70 contos de réis passou a valer noventa vezes o preço de compra.
As terras da fazenda eram distribuídas. Assim, 2.688 ha eram cultivados em café; 480 ha em cereais e 48 ha em cana de açúcar. Por aí, se percebe o predomínio do café, produto destinado à exportação. Os demais produtos eram usados na pequena fazenda e o restante era vendido.
Para manter essa imensa cultura, era necessária muita gente e uma forte estrutura. A grande propriedade era dividida em quatro grandes seções: Marco de Pedra, Brejão Grande, Monteiro e Guatapará, possuindo no total 500 edifícios, destinados à casa dos diversos diretores, máquinas de café, oficinas, depósitos, farmácia, hospital, cocheiras e um grande número de casas dos trabalhadores. Cada seção era organizada de tal maneira que havia tudo para o seu custeio e vida própria. Segundo a revista Brasil Magazine: “É somente na parte administrativa que ellas estão todas ligadas a sede central que é Guatapará e que em meio dellas faz o papel da capital de uma pequena e bem ordenada federação”.
Na Guatapará, encontram-se algumas fábricas: uma de cerveja, uma de água gasosa, duas de tijolos e de ladrilhos. Elas fornecem seus produtos para as fazendas vizinhas, também para a Companhia Paulista de Estradas de Ferro. Há também um curtume de peles.
O sistema de transporte da fazenda era um dos mais modernos. As linhas da Mogiana passavam dentro da fazenda, onde havia uma estação junto à sede administrativa, perto da máquina de beneficiar e dos terreiros, e, em 1911, havia um ramal ferroviário particular para o trabalho exclusivo da grande lavoura. O transporte de café para vagões da estrada de ferro era feito por 20 carroções com 150 mulas.”
Em 1938, o governo federal determinou que Estados e municípios regularizassem e demarcassem suas divisas. Coube ao então prefeito de Ribeirão Preto, Fábio Barreto, em 30 de novembro do mesmo ano, criar o distrito de Guatapará, com sede localizada na fazenda onde permaneceu na fazenda até 1962. Neste ano, a sede do Distrito foi transferida para a parte fronteiriça à estação de Guatapará na época servida pelas Estradas de Ferro Paulista e Mogiana.
Em 1989, por meio de plebiscito, o povo de Guatapará decidiu pela emancipação do Distrito. Com isso, surgiu o município de Guatapará. Entretanto, somente em 1992, com eleições simultâneas em todo o país, a cidade pôde eleger o seu Prefeito e os seus Vereadores, os quais tomaram posse em 1993.
Da fazenda, considerada um colosso de modernização e produção, só restaram as lembranças dos postais e das memórias encontradas na internet. Quase tudo foi demolido, incluindo a casa sede.
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