Monumento à Independência, São Paulo, Brasil (Monumento à Independência) - Luiz Carlos Peixoto
São Paulo - SP
Pinacoteca do Estado de São Paulo, São Paulo, Brasil
OST - 80x112 - 1893
Após decidir ficar no Brasil e desobedecer às ordens da classe política portuguesa, Dom Pedro recebeu o título de “defensor perpétuo e protetor do Brasil”.
Os portugueses insistiram em dar ordens ao príncipe para que retornasse a Portugal e dissolvesse o novo governo, e iniciaram os preparativos bélicos para atacar o Brasil. Dom Pedro declarou seu descontentamento em carta ao pai: “É um impossível físico e moral Portugal governar o Brasil, ou o Brasil ser governado por Portugal”.
Devido aos rumores de rebeliões de separatistas, partiu em velozes viagens a cavalo rumo a cidades relevantes da época. Durante uma delas, no dia 2 de setembro, Dona Leopoldina organizou uma sessão extraordinária, onde os conselheiros analisaram as últimas ações de Portugal contra o Brasil.
Em 7 de setembro de 1822, o príncipe recebeu as mensagens da esposa, que o convencia a separar o Brasil de Portugal, e de José Bonifácio, que o informava que os atos do ministro haviam sido anulados pelos portugueses.
Às margens do Ipiranga, Dom Pedro deu o brado da Independência, desvinculando o Brasil de Portugal e dando início à nossa soberania. Seu discurso foi relatado pelo Padre Belchior da seguinte forma:
“Amigos, as Cortes portuguesas querem escravizar-nos e perseguem-nos. De hoje em diante, nossas relações estão quebradas. Nenhum laço nos une mais. Laços fora, soldados! Viva a independência, a liberdade, e a separação do Brasil! Pelo meu sangue, pela minha honra, pelo meu Deus, juro fazer a liberdade do Brasil. Brasileiros, a nossa divisa de hoje em diante será Independência ou Morte!”
Chegou em São Paulo anunciando a Independência, sendo recebido com grande festa e chamado Rei do Brasil.
Logo foi criada a primeira bandeira nacional, e Dom Pedro foi aclamado o Imperador do Brasil.
Escreveu a seu pai:
“Tive a honra de receber de Vossa Majestade uma carta (…) na qual Vossa Majestade me repreende pelo meu modo de escrever e falar da facção luso-espanhola (…); eu não tenho outro modo de escrever, e como o verso era para ser medido pelos infames deputados europeus e brasileiros do partido dessas despóticas cortes executivas, legislativas e judiciárias, cumpria ser assim (…).
“Embora se decrete a minha deserdação, embora se cometam todos os atentados que em clubes carbonários forem forjados, a causa santa não retrogradará, e eu antes de morrer direi aos meus caros brasileiros: ‘Vede o fim de quem se expôs pela pátria, imitai-me’. (…)
“Firme nestes inabaláveis princípios, digo (tomando a Deus por testemunha e ao mundo inteiro), a essa cáfila sanguinária, que eu, como Príncipe Regente do reino do Brasil e seu defensor perpétuo, hei por bem declarar todos os decretos pretéritos dessas facciosas, horrorosas, maquiavélicas, desorganizadoras, hediondas e pestíferas cortes, que ainda não mandei executar, e todos os mais que fizerem para o Brasil, nulos, írritos, inexequíveis, e como tais com um veto absoluto, que é sustentado pelos brasileiros todos, que, unidos a mim, me ajudam a dizer: ‘De Portugal nada, nada; não queremos nada’.
“Jazemos por muito tempo nas trevas; hoje vemos a luz. Se Vossa Majestade cá estivesse seria respeitado, e então veria que o povo brasileiro, sabendo prezar sua liberdade e independência, se empenha em respeitar a autoridade real, pois não é um bando de vis carbonários, e assassinos, como os que têm a Vossa Majestade no mais ignominioso cativeiro.
“Triunfa e triunfará a independência brasílica ou a morte nos há de custar.
“O Brasil será escravizado, mas os brasileiros não; porque enquanto houver sangue em nossas veias há de correr, e primeiramente hão de conhecer melhor o — Rapazinho — e até que ponto chega a sua capacidade, apesar de não ter viajado pelas cortes estrangeiras. (…)
“Sou de Vossa Majestade, com todo o respeito, filho que muito o ama e súdito que muito o venera.
“Pedro.”
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