sábado, 8 de outubro de 2022

Selos "Série Mercosul: Fauna e Flora - Suculentas", 2022, Brasil

 


Selos "Série Mercosul: Fauna e Flora - Suculentas", 2022, Brasil
Selo


Sobre os Selos:
Para representar a enorme diversidade das suculentas, foram escolhidas quatro plantas: o raro cacto Quiaboda-lapa (Uebelmannia pectinifera), o Mandacaru (Cereus jamacaru), símbolo do sertão, a exótica Plantapedra (Lithops lesliei) e o resistente Sisal (Agave sisalana), retratados em belíssimas fotos. A técnica usada foi fotografia.
Série Mercosul: Fauna e Flora – Suculentas:
As plantas suculentas são objeto de fascínio há séculos, principalmente pela sua relevância como mestres no uso de água e formas maravilhosamente extravagantes. Apesar de serem comumente tratadas como um único grupo, “suculenta” não é uma classificação botânica, e sim uma característica amplamente difundida no reino vegetal. Para uma planta ser considerada suculenta basta que esta seja capaz de acumular água em alguma parte de seu corpo, podendo ser no caule, nas folhas ou até nas raízes. Ou seja, cactos, echeverias, rosa-do-deserto (Adenium obesum) e até algumas orquídeas podem ser considerados plantas suculentas.
Suculência é uma característica altamente associada a resiliência. Por isso, ela está tão presente em plantas que habitam regiões áridas do globo. Em especial porque a falta de água é o maior fator que impede a sobrevivência de uma planta. Contudo, podemos encontrar plantas suculentas nos mais diversos ambientes, inclusive em matas úmidas. Um exemplo clássico são os cactos epifíticos da mata atlântica, como Rhipsalis, o cacto-macarrão. Pode ser contraintuitivo, mas as copas das árvores onde estes cactos habitam tem pouca disponibilidade de água. Neste nicho, as epífitas não têm acesso as reservas de água do solo e, portanto, precisam sobreviver apenas da água da chuva ou da umidade presente no ar. Este incrível mecanismo permite que no Brasil sejam encontradas suculentas habitando desde os rochedos no Rio Grande Sul até a floresta amazônica.
Estima-se que existam mais de 12mil espécies de suculentas distribuídas principalmente no sul e leste da África, na Cordilheira dos Andes, no Brasil, no México e desertos da América do Norte. Entretanto, estas plantas possuem um alto grau de endemismo, ou seja, são espécies que ocorrem apenas em lugares muito restritos, o que torna a maior parte das suculentas muito suscetíveis a perda de habitat e as mudanças climáticas e, como consequência, muitas estão ameaçadas de extinção.
Se por um lado o aquecimento global afeta a sobrevivência de diversas suculentas em seus ambientes naturais, por outro estas plantas representam o futuro da agricultura. Hoje já se cultivam muitas suculentas em larga escala, como a babosa (Aloe vera), a palma (Opuntia fícus-indica) e os agaves. Estas plantas, assim como a cana-de-açúcar, têm a capacidade de acumular muitos açúcares que podem ser convertidos em biocombustíveis. Contudo, há um grande diferencial: o consumo de água. Estas suculentas conseguem utilizar até 80% menos água que as culturas tradicionais. Em um mundo com chuva cada vez mais irregular, isto é uma hora chove de mais e outra de menos, manejar bem a água será fundamental.
Nesta seleção nós representamos duas plantas raras que encantam os olhos (Uebelmannia pectinifera e Lithops lesliei) e duas suculentas que estão no cerne cultural do sertão brasileiro (Cereus jamacaru e Agave sisalana).
Uebelmannia pectinifera subsp flavispina (Buining & Brederoo):
Família: Cactaceae
Nome popular: Quiabo-da-lapa
Uebelmannia pectinifera é um dos cactos mais raros da flora brasileira. Ao contrário dos demais cactos brasileiros, esta espécie apresenta aréolas lanosas muito próximas, formando uma fileira quase contínua de espinhos em suas costelas. Uebelmannia é um gênero de cactos altamente endêmicos sendo encontrados apenas nos campos rupestres da Cadeia do Espinhaço em Minas Gerais, região considerada um centro de biodiversidade entre o Cerrado e a Mata Atlântica. A subespécie com espinhos amarelos, aqui representada, é ainda mais rara, tanto no cultivo quanto na natureza, e é nativa apenas do município de Diamantina-MG.
Lithops lesliei (N.E.Br.):
Família: Aizoaceae
Nome popular: Planta-pedra
Lithops é um dos gêneros de suculentas mais icônicos. Estas plantas nativas de regiões desérticas na Namíbia e África do Sul têm em seu nome a junção de duas palavras gregas: Litho (“pedra) e ops (“face”). Em seu ambiente natural, estas espécies mimetizam pedras e, assim, evitam ser predadas. Estima-se que existam por volta de 300 espécies de Lithops, que são diferenciadas pelos diversos padrões de suas folhas suculentas. Além de serem mestres no disfarce, os Lithops apresentam inúmeras adaptações morfológicas e fisiológicas para prosperarem nestes ambientes extremos. Entretanto, estas características tornam estas plantas razoavelmente difíceis no cultivo.
Cereus jamacaru (DC.):
Família: Cactaceae
Nome popular: Mandacaru
Cereus jamacaru (Mandacaru) é um dos cactos mais típicos das paisagens do semiárido brasileiro. Esta espécie, que pode superar os 10m de altura, é encontrada naturalmente desde o Piauí até Minas Gerais, porém pode ser cultivado em praticamente todo Brasil. O Mandacaru possui flores noturnas, grandes e brancas que são geralmente polinizadas por morcegos ou mariposas e que geram frutos carnosos e comestíveis. O Mandacaru já foi muito utilizado na construção civil, porém agora se destaca pelo seu potencial biotecnológico na indústria de cosméticos e alimentícia.
Agave sisalana (Perrine):
Família: Asparagaceae
Nome popular: Sisal
Os agaves são plantas nativas do semiárido mexicano, e lá são utilizados há séculos como fonte de fibras, açúcares, comida, bebidas, sabão e até como agulhas. Contudo, o Brasil é o maior produtor de fibra de Agave do mundo. Esta fibra, conhecida como Sisal, é obtida a partir das folhas do Agave sisalana e seu cultivo tem grande importância socioeconômica, sendo muitas vezes a única alternativa com ganhos econômicos no semiárido brasileiro. Hoje, o Sisal é utilizado principalmente em cordoaria, em especial para artesanato e uso naval, porém seu bagaço tem mostrado potencial para bioinseticidas, manocelulose e até biogás.

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