quinta-feira, 27 de outubro de 2022

Escultura "Sem Título" é Inaugurada em Ribeirão Preto, São Paulo, Brasil















 

Escultura "Sem Título" é Inaugurada em Ribeirão Preto, São Paulo, Brasil
Ribeirão Preto - SP
Fotografia

Não é segredo para ninguém que Ribeirão Preto não dá a mínima para sua história ou para seu patrimônio artístico. Basta dar uma volta pela cidade que se nota o fato, é lugar comum encontrar praças/monumentos/prédios históricos vandalizados, pichados e sujos.
Fazem no mínimo cerca de 40 anos que situações assim são consideradas normais na cidade, as administrações públicas do período fizeram o possível (e muitas vezes até o impossível) para destruir o pouco de arte que restou em Ribeirão Preto.
E quando se achava que não tinha como piorar, Ribeirão Preto recebeu uma punicão da própria população, sob a forma da eleição de Duarte Nogueira para prefeito em 2017. E ainda houve o bis da punição, com sua reeleição em 2021.
Amigos, a cidade nunca sofreu como vem acontecendo agora, são várias obras necessárias paradas, outras sem a mínima necessidade sendo tocadas a peso de ouro (os famosos, caros e desnecessários corredores de ônibus com o consequente estreitamento de pistas), viadutos parados, vias interditadas, cidade sem zeladoria e suja, guarda metropolitana ineficiente, mutreta para transformar o Daerp em Saerp, derrubada indiscriminada de árvores pela cidade (com a desculpa do progresso), entre outras coisas. Se eu fosse citar tudo, teriámos assunto para mais de metro, o que não é o objetivo do presente post, ainda que eu tema que a cidade leve décadas para se recuperar dessa tragédia de administração.
A ideia do post é mostrar como essa administração não consegue decorar uma simples rotatória, já existente e modificada sem necessidade por eles mesmos. Conseguiram gastar dinheiro com uma suposta obra de arte que não diz nada com nada, não tem relação com a história do país/estado/cidade. Talvez, e ressalto o talvez, tenha sentido apenas para a artista que a fez (e tenho minhas dúvidas). 
O monumento possui zero por cento de relação/identidade com a cidade de Ribeirão Preto. 
E, claro, deve ter custado caríssimo, tanto que até agora não achei o custo da mesma na internet (mas estou procurando, quando encontrar a informação atualizo o post com a fábula que pagaram naquilo).
A tal escultura é construída de madeiras velhas/usadas (para parecer ecológico e ficar de bem com a turma do mimimi) dispostas de forma geométrica para parecer algo que surgiu na cabeça da artista. 
Eu até entenderia se a mesma estivesse em um museu de arte moderna ou exposição do gênero. Mas em um local público, deveriam escolher algo que se relacionasse com a cidade ou sua população. 
De cada dez pessoas que passam por lá, as dez não sabem o que aquilo significa ou é.
A única certeza que as pessoas tem, é que é feio, passa a aparência de velho, restos de construção/demolição, que precisa de cuidados, etc. 
E, pasmem, foi a decoração escolhida para uma obra que tenta (mas não é) fazer a cidade parecer moderna, com um sistema viário de primeiro mundo, que na verdade tratou-se apenas de gastar dinheiro público com algo desnecessário e caro (os motivos para se fazer tal coisa ficam a critério do leitor).
A escultura foi nomeada como "Sem Título" pela sua autora (talvez nem ela saiba o que é), mas os ribeirãopretanos já a apelidaram de "guilhotina do Nogueira", "coisa esquisita", "pau véio", "sucatão", "madeirão", etc. Sem dúvida, é o monumento mais feio da história cidade.
Dito isso, cumpre dizer que o texto acima é apenas minha opinião pessoal. Segue abaixo o que a Prefeitura divulgou sobre essa "escultura", suas justificativas, significados, entre outras bobagens:
"Reafirmando sua vocação para a arte e cultura, Ribeirão Preto recebe nesta segunda-feira, dia 26/09/2022, o início da instalação da obra da artista Elisa Bracher, que deverá ser finalizada e inaugurada dia 28 do mesmo mês. O local escolhido para a instalação é o cruzamento das avenidas João Fiusa e Independência.
A obra “Sem Título” (2013) foi confeccionada com materiais orgânicos e técnicas artesanais de construção provenientes de tradições culturais brasileiras. Utilizando-se de pilares de madeira de antigas casas da região do interior de São Paulo, a artista constrói uma estrutura de escala monumental que se equilibra por meio de um sistema de encaixes e de peso e contrapeso. A madeira, que antes fazia parte de uma árvore, depois de uma casa e agora de uma escultura, mantém suas marcas: dos veios dos troncos aos cortes e furos produzidos por máquinas. A ação do tempo também se faz presente nessas toras escolhidas por Bracher, deformações causadas pelo calor e pela umidade que nos permitem observar a impermanência da matéria viva. Ainda assim, é por meio de suas existências que podemos acessar outros tempos, talvez cem ou duzentos anos atrás.
“É fundamental mantermos o fomento a iniciativas artísticas, garantir que obras como essa continuem a ser instaladas em regiões diversas do município, tornando a cidade uma galeria a céu aberto. Essa iniciativa valoriza nossos espaços públicos e permite que a população tenha acesso e o sentimento de pertencimento dos espaços públicos”, destacou o prefeito Duarte Nogueira.
“O meu trabalho como escultora sempre se fortalece quando a obra pode ser pública, porque lugar público é de todo mundo. Fico muito feliz de Ribeirão Preto receber essa obra, realizada com madeira de construção antiga, de fazendas do período do café que também remete um pouco da história de Ribeirão Preto, uma cidade onde também tinham essas fazendas”, destacou a artista Elisa Bracher." O texto acima é de responsabilidade da PMRP.
Nota do blog 1: Resumindo, havia uma "obra de arte", feita em 2013 (encalhada) sobrando. Um grupo de "inteligentes" achou que a mesma tinha tudo a ver com Ribeirão Preto. Um outro grupo de "inteligentes", desta vez da Prefeitura, topou a ideia. Agora temos essa "beleza", paga a peso de ouro, enfeiando nossa cidade. 
Nota do blog 2: É difícil não rir das justificativas e explicações do significado/propósito da obra, tanto da artista quanto da Prefeitura. E mesmo que você consiga, resta sempre que a escultura tem zero de identidade com a cidade e sua população. As explicações/motivos/justificativas fornecidas só fazem sentido na cabeça dos idealizadores e patrocinadores (com dinheiro público, lógico) dessa coisa. A verdade é que essa estrovenga é (muito) feia mesmo. Melhor seria se tivessem investido o dinheiro na reforma dos (poucos) monumentos ainda existentes na cidade, monumentos esses que se encontram em péssima situação de conservação.
Nota do blog 3: Imagens de 2022.

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