sexta-feira, 21 de outubro de 2022

Vista Para a Praça Montevidéu e Paço Municipal, Circa 1925, Porto Alegre, Rio Grande do Sul, Brasil

 


Vista Para a Praça Montevidéu e Paço Municipal, Circa 1925, Porto Alegre, Rio Grande do Sul, Brasil
Porto Alegre - RS
Fotografia


A Praça Montevidéu está localizada no centro histórico da cidade, entre as ruas Sete de Setembro e Uruguai e o final da Avenida Borges de Medeiros, defronte ao Paço Municipal.
Sua origem é relativamente obscura, sendo nos documentos oficiais frequentemente confundida com a Praça XV de Novembro. Contudo, desde 1810 o local já era citado, ainda sem nome, como sendo uma área de uso público, embora de propriedade particular, e devendo ser ampliado com um fragmento, ficando a antiga Rua dos Ferreiros (a atual Rua Uruguai) no meio. Em 1830 foi ordenada sua demarcação para a construção nela de um mercado de peixes, e é registrado que seu território estava sendo invadido e cercado por terceiros. Mais tarde, o próprio governo da província desejou construir no local um liceu, e de fato iniciou o alinhamento do prédio, mas a Câmara embargou as obras alegando que o espaço já era praça pública.
Sua consolidação como logradouro só se deu em 1855, com a expedição de certificados de desapropriação dos terrenos inclusos, processo encerrado em 1858, mas o espaço permaneceria sem urbanização ainda por sessenta anos. Em 1901, em seu limite norte, foi erguido o Paço Municipal, quando seu nome foi definido como Praça Municipal. O ajardinamento da praça, em 1927, foi obra do intendente Otávio Rocha, que mandou criar um canteiro verde em forma de elipse no centro. Em 1935, no centenário da Revolução Farroupilha, o canteiro recebeu uma fonte doada pela colônia espanhola, sendo o nome do logradouro mudado para Praça Montevidéu.
Na praça Montevidéu encontram-se a Fonte Talavera, a placa de Guilherme Socias Villela (ex-prefeito de Porto Alegre) e o marco zero da cidade.
O Paço Municipal foi construído para ser a sede da Intendência de Porto Alegre, que até então funcionava em diversos espaços alugados no Centro Histórico de Porto Alegre. Eleito pelo Partido Republicano em 1897, o intendente José Montaury comprometeu-se com a construção de uma sede definitiva para o Poder Executivo local. Para tal, foram necessários o aterro da Doca do Carvão e a venda de terrenos municipais a fim de levantar fundos para a obra.
O primeiro projeto para a Intendência foi o do engenheiro Oscar Munis Bittencourt, mas devido a ponderações de ordem política o projeto foi vetado e encomendou-se um novo desenho ao veneziano João Antônio Luís Carrara Colfosco. A pedra fundamental foi lançada em 5 de abril de 1898, e a construção iniciou em 28 de setembro daquele mesmo ano. O prédio foi concluído em abril de 1901, sendo ocupado a partir de 15 de maio pelo Conselho Municipal, pela Secretaria, pela Contabilidade, pela Tesouraria e Arrecadação, além do Arquivo, da Inspetoria de Veículos, da Assistência Pública e do primeiro Posto Policial, com sua respectiva cadeia. O custo final da obra chegou a 500 contos de réis, e a maior parte dos materiais empregados proveio da própria Porto Alegre.
Constitui-se o primeiro prédio de caráter nitidamente positivista da cidade e cujo partido geral da planta, em forma de H, deixou profundas influências na arquitetura oficial do período. O edifício reflete o gosto pela monumentalidade vigente na época, e segue um estilo eclético derivado de padrões neoclássicos, e influenciado por diretrizes Positivistas, como se percebe pela estatuária alegórica na fachada. No grupo à direita, junto à Avenida Borges de Medeiros, a figura central representa a Liberdade e a da direita, a História; o busto de Péricles, a Democracia; já a figura da esquerda representa a Ciência. A figura central do grupo colocado próximo à rua Uruguai representa a Agricultura; a da direita representa o Comércio; e a da esquerda figura a Indústria. Em acréscimo, estátuas isoladas que representam a Justiça e a República. Na fachada frontal existem bustos de José Bonifácio e do Marechal Deodoro da Fonseca. No centro encontra-se o Brasão da República.
O emprego de ordens clássicas não impediu adaptações criativas e simbólicas dos padrões estilísticos tradicionais. Por exemplo, a ordem dórica no térreo representa o Poder, e a coríntia, ao alto, fala da Harmonia e da Justiça. O corpo do prédio tem volumetria movimentada, tripartida, com elementos angulares que se projetam à frente. Todas a quatro fachadas são decoradas com cuidado, embora a estatuária e maior ornamentação se concentrem na fachada principal, onde também se eleva uma pequena torre central. Janelas em edícula com tímpanos, platibandas, balaustradas, embasamento simulando pedra rústica, e grandes leões nas escadarias laterais da frente contribuem para acentuar a beleza e interesse do conjunto.
O edifício foi tombado pelo município em 21 de novembro de 1979 e passou por uma reforma total em 2003, adaptando-se diversos espaços internos para exposições de arte e para guarda do Acervo Artístico da Prefeitura de Porto Alegre.




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