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quinta-feira, 13 de março de 2025

domingo, 2 de março de 2025

Fábrica da Pepsi Cola, 1974, Novorossiysk, União Soviética, Atual Rússia


 

Fábrica da Pepsi Cola, 1974, Novorossiysk, União Soviética, Atual Rússia
Novorossiysk - União Soviética - Atual Rússia
Fotografia 

Refrigerante de cola vende, independente da ideologia...rs.
Nota do blog: Data 1974 / Fotografia de Burt Glinn.

quarta-feira, 22 de janeiro de 2025

Cartaz de Propaganda Política "A Red Tapist is Worse Than a Rodent or a Worm for Fields and Machines", 1927, União Soviética / Atual Rússia


 



Cartaz de Propaganda Política "A Red Tapist is Worse Than a Rodent or a Worm for Fields and Machines", 1927, União Soviética / Atual Rússia
Propaganda

Nota do blog: Data 1927 / Autoria desconhecida.

sexta-feira, 17 de janeiro de 2025

Cartaz de Propaganda Política "Amizade dos Países Socialistas", 1985, União Soviética / Atual Rússia


 



Cartaz de Propaganda Política "Amizade dos Países Socialistas", 1985, União Soviética / Atual Rússia
Propaganda

Friendship of the Socialist Countries soviet lithuanian poster.
Czechoslovakia, Mongolia, Hungary, Romania, Bulgaria, Germany and Cuba.

Propaganda "Equipamentos de Rádio Soviéticos", Década de 60, União Soviética / Atual Rússia


 

Propaganda "Equipamentos de Rádio Soviéticos", Década de 60, União Soviética / Atual Rússia
Moscou - Rússia
Fotografia

Nota do blog: Data década de 60 / Autoria desconhecida.

sexta-feira, 10 de janeiro de 2025

Setor de Brinquedos em Loja, 1959, União Soviética / Atual Rússia




Setor de Brinquedos em Loja, 1959, União Soviética / Atual Rússia
Moscou - Rússia
Fotografia

Nota do blog: Data 1959 / Autoria desconhecida.

sábado, 4 de janeiro de 2025

Anéis Olímpicos, Leningrado / Atual São Petersburgo, 1980, União Soviética / Atual Rússia


 

Anéis Olímpicos, Leningrado / Atual São Petersburgo, 1980, União Soviética / Atual Rússia
São Petersburgo - Rússia
Fotografia


O símbolo máximo das Olimpíadas apresenta os aros nas cores azul, amarelo, preto, verde e vermelho, interligados sobre um fundo branco. A ideia de criar um símbolo para as Olimpíadas foi do grande idealizador dos Jogos Olímpicos da Era Moderna, Pierre de Férry, mais conhecido como o Barão Pierre de Coubertin. Ele afirmava que todos os países participantes tinham pelo menos uma daquelas seis cores (incluindo o branco) em suas bandeiras.
“Estão incluídos o azul e o amarelo da Suécia, o azul e o branco da Grécia, as bandeiras tricolores da França, Reino Unido, Estados Unidos, Alemanha, Bélgica, Itália e Hungria, o amarelo e o vermelho da Espanha, assim como as bandeiras inovadoras do Brasil e da Austrália, e os do antigo Japão e da China moderna. Este é, verdadeiramente, um emblema internacional”, escreveu o Barão de Coubertin na edição da revista Olympique em 1913.
Ele buscou inspiração na entidade que presidia na época, a União das Sociedades Francesas de Esportes Atléticos (USFSA), um órgão do governo criado para difundir os esportes na França, que tinha como símbolo dois anéis entrelaçados azul à esquerda e vermelho à direita, sobre um fundo branco, compondo as cores da bandeira francesa.
A bandeira olímpica foi criada para o Congresso do Jubileu Olímpico em 17 de junho de 1914, em Paris, em comemoração ao 20º aniversário do Movimento Olímpico. Nove dias depois, começou a Primeira Guerra Mundial, e a bandeira olímpica só pode ser hasteada pela primeira vez nas Olimpíadas da Antuérpia, na Bélgica, em 1920, na volta dos Jogos Olímpicos após o término daquela guerra.
O curioso é que essa bandeira sumiu depois dos Jogos de Antuérpia, o que levou o Comitê Olímpico Internacional a confeccionar uma nova bandeira para as Olimpíadas seguintes, em Paris, em 1924.
A bandeira da Antuérpia só foi recuperada em 2000, voltando a “dar as caras” nas Olimpíadas de Sydney. O saltador norte-americano Hal Haig Prieste confessou que tinha subido no mastro e roubado a bandeira, guardando-a durante décadas em uma mala. A devolução do item foi feita quando ele tinha 103 anos. Texto do Invest News.
Nota do blog: Data 1980 / Autoria desconhecida.

sexta-feira, 27 de dezembro de 2024

quinta-feira, 26 de dezembro de 2024

Cartaz de Propaganda Política "Não Force as Jovens a Casar-se", 1928, União Soviética / Atual Rússia


 

Cartaz de Propaganda Política "Não Force as Jovens a Casar-se", 1928, União Soviética / Atual Rússia
Propaganda


The Transcaucasian Socialist Federative Soviet Republic (Transcaucasian SFSR or TSFSR), also known as the Transcaucasian Soviet Federative Socialist Republic, or simply Transcaucasia, was a republic of the Soviet Union that existed from 1922 to 1936.
The TSFSR comprised Armenia, Azerbaijan, and Georgia, traditionally known as the "Transcaucasian Republics" as they were separated from Russia by the Caucasus Mountains. The TSFSR was one of the four republics to sign the Treaty on the Creation of the Union of Soviet Socialist Republics establishing the Soviet Union in 1922. The TSFSR was created ostensibly to consolidate the economic situation and Bolshevik control over the region. The TSFSR was dissolved upon the adoption of the 1936 Soviet Constitution and its constituent republics were elevated individually to republics of the Soviet Union.
The TSFSR comprised Armenia, Azerbaijan, and Georgia, traditionally known as the "Transcaucasian Republics" as they were separated from Russia by the Caucasus Mountains. The TSFSR was one of the four republics to sign the Treaty on the Creation of the Union of Soviet Socialist Republics establishing the Soviet Union in 1922. The TSFSR was created ostensibly to consolidate the economic situation and Bolshevik control over the region. The TSFSR was dissolved upon the adoption of the 1936 Soviet Constitution and its constituent republics were elevated individually to republics of the Soviet Union.
The roots of a Transcaucasian condominium state trace back to the dissolution of the Russian Empire in 1918, following the October Revolution, when the provinces of the Caucasus seceded and formed their own state called the Transcaucasian Federation. Competing ethno-national interests and confrontation with the Ottoman Empire in World War I led to the dissolution of the Transcaucasian Federation only two months later, in April 1918.
The three successor states—the First Republic of Armenia, the Democratic Republic of Azerbaijan, and the Democratic Republic of Georgia—lasted until the end of the Russian Civil War that was being fought across the mountains, when they were invaded by the Red Army and sovietized. Following the proposal by Vladimir Lenin the three now Soviet Republics, the Armenian, Azerbaijani and Georgian SSRs, were united into the Federative Union of Socialist Soviet Republics of Transcaucasia on 12 March 1922. On 13 December that year, the First All-Caucasian Congress of Soviets transformed this federation of states into a unified federal state and renamed it into the Transcaucasian Socialist Federative Soviet Republic, though keeping formally the autonomy of its constituent republics. The congress also adopted the constitution, appointed the Central Executive Committee (the highest legislative body between congressional sessions), and the Council of People's Commissars (the government). Mamia Orakhelashvili, a Georgian Bolshevik leader, became the first chairman of the Transcaucasian SFSR's Council of People's Commissars. Tbilisi was the capital of the republic.
The republic became a founding member of the Soviet Union on 30 December along with the Russian SFSR, the Ukrainian SSR, and the Byelorussian SSR. In December 1936, the Transcaucasian SFSR was dissolved and divided again among the Georgian, Armenian and Azerbaijani SSRs.
After the Red Army invasion of Georgia, Abkhazia (an autonomous province within the Democratic Republic of Georgia) was declared a Soviet Republic. In March 1922, the Abkhaz Revolutionary committee renamed the region the SSR of Abkhazia. Despite the declaration of this new Soviet Republic, its relations with Georgia and Russia had yet to be formally settled. On December 16, 1921, Abkhazia signed a treaty of alliance with the Georgian SSR codifying its status as a treaty republic (Russian: договорная республика). This agreement allowed the formation of an Abkhazia military while also establishing a political and financial union between the two Soviet republics. Thus, through Georgia, Abkhazia joined the TSFSR and was initially on an equal footing with the other republics of the federation. On February 19, 1931, Abkhazia's republican status was downgraded to that of an Autonomous Soviet Socialist Republic within the Georgian SSR.
The Adjar ASSR was established on July 16, 1921, within the Georgian SSR as a consequence of the Treaty of Kars. The treaty marking the end of the Caucasus Campaign in World War I provided for the division of the former Batum Oblast of the Kutais Governorate of the Russian Empire between Georgia and Turkey. According to the agreement the northern half with significant Georgian Muslim population would become part of the Soviet Georgia but granted autonomy.
Another autonomous republic was established in July 1920 in Nakhchivan, an area bordering Armenia, Turkey and Iran, which was claimed by Armenians and Azerbaijanis. After the occupation of the region by the Red Army, the Nakhchivan Autonomous Soviet Socialist Republic was declared with "close ties" to the Azerbaijani SSR. The Treaty of Moscow and the Treaty of Kars established the Nakhchivan region as an autonomous republic under the protection of the Soviet Republic of Azerbaijan. Texto da Wikipédia.
Nota do blog 1: Soviet poster from Transcaucasian SSR.
Nota do blog 2: Data 1928 / Autoria desconhecida.

sexta-feira, 20 de dezembro de 2024

Mulher Observando o Mapa do Metrô, 1979, Moscou, Antiga União Soviética / Atual Rússia

 


Mulher Observando o Mapa do Metrô, 1979, Moscou, Antiga União Soviética / Atual Rússia
Moscou - Rússia
Fotografia

Nota do blog: Data 1979 / Autoria desconhecida.

sábado, 26 de agosto de 2023

Moskvitch 402: O Carro Soviético que Quase Virou Brasileiro - Artigo

 


Moskvitch 402: O Carro Soviético que Quase Virou Brasileiro - Artigo
Artigo


Antes, muito antes de os primeiros Lada desembarcarem aqui, um automóvel soviético tentou conquistar os brasileiros - em especial, os militares, em plena época da Guerra Fria! E mais: produzido no frio de Moscou, o pequeno Moskvitch 402 por pouco não ganhou uma versão fabricada no calor do Rio de Janeiro. A promessa é de que seria o mais barato dos carros nacionais.
Essa história começa em 1957, quando Eleutério Tito Lemos do Canto, coronel reformado do Exército, professor de Física do Colégio Militar, engenheiro e advogado, montou a empresa Torgbrás para importar produtos e tecnologias do Leste da Europa - principalmente da União Soviética. "Torg" vinha de "Torgovlya" (comércio em russo) e "bras" de Brasil.
A representação, que também tinha como sócios os russos Valerian Odinstoff e Klimenty Odinstoff (filho e pai), abrangia não só bens de consumo (rádios, máquinas fotográficas, aparelhos de TV etc), como também sondas e refinarias de petróleo, metalúrgicas completas, sputniks e outros bichos.
Rompidas desde 1947, no governo Dutra, as relações Brasil-URSS estavam em vias de ser reatadas. Longe de ser "coisa de comunista", essa aproximação era apoiada pelo Ministério da Fazenda de Juscelino Kubitschek e por grandes produtores de café e cacau.
O coronel Tito do Canto teve então a ideia de importar nada menos que 10 mil (!) Moskvitch modelo 402, e oferecê-los a preços bem baixos, em 30 módicas prestações e com muitas facilidades, aos sócios do Clube Militar e a outros clientes em potencial, como os jornalistas filiados à Associação Brasileira de Imprensa (ABI). O carrinho soviético chegaria aqui por 80% do preço de um Volkswagen.
Seria um esquema de vendas diretas de automóveis a militares semelhante ao que já fora feito com os Morris Oxford e Mercedes-Benz 170D, no início da década de 50.
Produzido pela estatal MZMA, em Moscou, o Moskvitch 402 (1956-1958) era um pequeno sedã de quatro portas com motor cabeça chata de quatro cilindros, 1.220cm³ e 35cv, mais tarde trocado por um OHV. Com 4,05m de comprimento, o modelo estava na categoria dos Ford Taunus 12M e Fiat 1100 da época. Tinha câmbio de três marchas com alavanca na coluna e - que moderno! - rádio, acendedor de cigarros, desembaçador e parte elétrica de 12 volts... Na URSS havia até uma versão 4x4.
Em pleno degelo pós-stalinista, interessava ao líder soviético Nikita Khrushchev aumentar o comércio internacional de seu país. Como o Lada ainda não existia, coube ao Moskvitch ser o ponta de lança das exportações de automóveis da URSS: o carrinho fez sucesso em países escandinavos, foi montado na Bélgica e também vendido na França, na Inglaterra, no Canadá e até nos Estados Unidos! Versões tropicalizadas do Moskvitch já eram oferecidas nos mercados da Argentina do Uruguai quando se falou em trazê-lo ao Brasil.
"Automóvel a preço de lambreta", exagerou a imprensa da época. Logo começaram a ser publicadas acusações de que os soviéticos estariam fazendo dumping e prejudicariam a nascente indústria automobilística nacional.
As autoridades brasileiras, então, barraram o negócio, alegando que não havia cobertura cambial ou divisas para a importação dos carros. Vivíamos, afinal, os anos JK e marcas estrangeiras começavam a produzir veículos aqui.
O coronel Tito do Canto não se deu por vencido: como não poderia trazer os Moskvitch 402 prontos, propôs a importação de uma fábrica inteira. As instalações completas seriam compradas na URSS (na base de financiamento de longo prazo, com juros baratíssimos) e remontadas no Rio de Janeiro.
Segundo o coronel, os soviéticos pretendiam ajudar na industrialização do Brasil e não na "exploração colonial" do país. Alguns jornais, especialmente os de linha editorial mais anticomunista, iniciaram então uma agressiva campanha contra a Torgbrás.
O coronel Tito do Canto, por sua vez, afirmava que a Torgbrás era uma empresa de capital totalmente nacional e não se interessava por questões políticas, mas apenas pelos aspectos comerciais do negócio e no desenvolvimento do Brasil: "Carros russos não fazem ninguém comunista", dizia.
"Vamos fabricar automóveis para o Brasil, automóveis 100% brasileiros, com matéria-prima nacional e em condições de preço mais acessíveis que os carros americanos. Isso eu garanto, porque nenhuma dessas fábricas que estão se instalando por aí e se dizem brasileiras realmente o são. Os seus lucros vão para o exterior", afirmou o coronel numa entrevista ao Jornal do Brasil, em dezembro de 1957.
Fato é que, a essa altura, dezembro de 1957, o Grupo Executivo da Indústria Automobilística (GEIA) deixou de aceitar propostas para a instalação de novas fábricas de veículos no Brasil. Com pouco capital para investir, o criador da Torgbrás não avançou nos planos de produzir o Moskvitch no Rio.
Em 1958, conforme havia previsto o coronel Tito do Canto, o Brasil reatou oficialmente os laços comerciais com a URSS. Três anos depois, com João Goulart recém-empossado na Presidência da República, foi a vez de restabelecer as relações diplomáticas entre os dois países.
Em maio de 1962, uma exposição da indústria soviética no Pavilhão de São Cristóvão, Rio de Janeiro, apresentou o Moskvitch 407 - sucessor do 402 e já com motor OHV de 45 cv no lugar do velho "cabeça chata". Além do sedã normal, vieram suas versões sedã com tração 4x4 (410N) e station wagon (423).
Ônibus, caminhões de lixo, ambulâncias, motos e motonetas produzidos na URSS também foram mostrados, mas o que mais chamou a atenção do público carioca foram o sedã médio-grande GAZ M21 Volga, que daria um rival para o Aero-Willys, e a limusine GAZ-13 Chaika, com sete lugares e um pujante V8 de 5,5 litros e 193 cv.
Mesmo o regime militar pós-1964 manteve uma crescente interação com a grande potência comunista. A equipe econômica do marechal e presidente Castello Branco considerava importante ampliar as trocas com o bloco soviético e, em 1967, o Brasil já era o principal parceiro comercial da URSS na América Latina (afora Cuba). No mesmo ano, foi realizada em São Paulo uma exposição de produtos soviéticos, que incluiu automóveis e veículos 4x4.
Em 1968, o lendário jornalista Expedito Marazzi, chegou a testar para a revista Quatro Rodas um Moskvitch 408, usado por diplomatas soviéticos no Rio. O texto elogiava as características modernas do sedã compacto, que já estava uma geração à frente do modelo 402. Somente em 1990, porém, é que os carros russos chegaram ao nosso mercado, com a Lada.

terça-feira, 8 de junho de 2021

Chernobyl e a Tentativa da União Soviética de Esconder o Maior Acidente Nuclear da História - Artigo

 





Chernobyl e a Tentativa da União Soviética de Esconder o Maior Acidente Nuclear da História - Artigo
Artigo


É difícil imaginar uma tragédia pior que a de Chernobyl. Mas é ainda mais difícil compreender a ideia de como o alto escalão da União Soviética tentou evitar de todas as formas que o maior acidente nuclear da história viesse à tona.
Quando o reator número quatro explodiu, espalhando nuvens radioativas no hemisfério norte da Terra, da Checoslováquia ao Japão, e liberando na atmosfera o equivalente a 500 bombas de Hiroshima, o Partido Comunista da União Soviética tentou controlar informações para criar sua própria versão dos fatos.
"Esconderam a gravidade do acidente desde o início e se recusaram a evacuar Kiev (capital da Ucrânia)", diz a jornalista Irena Taranyuk, do serviço ucraniano da BBC.
Irena era uma estudante e vivia na época na parte ocidental da antiga URSS. Ela se lembra do medo e da confusão que sentiu quando a notícia foi divulgada.
"Nós nos informávamos por meio do 'inimigo' - a mídia ocidental, como a BBC - sobre o que estava acontecendo. Enquanto isso, muitos jovens e colegas universitários foram enviados para trabalhar na zona como voluntários, sendo expostos à radiação."
A URSS não conseguiu conter as notícias por muito tempo. "Não foi possível encobrir algo tão grande quanto isso. Os rumores começaram a se espalhar como água", diz Taranyuk.
Três décadas depois, ainda não sabemos a extensão total da tragédia ou quantas pessoas exatamente morreram de câncer ou de outras doenças decorrentes - estima-se que sejam cerca de 4 mil, mas este número pode ser maior.
Testemunhos, dados e histórias de sobreviventes, juntamente com o trabalho de pesquisadores, nos contam hoje como tudo aconteceu.
Mas vamos voltar aos fatos. O que exatamente aconteceu em 26 de abril de 1986 e como a antiga União Soviética tentou impedir que o mundo soubesse desse desastre?
Eram 5h da manhã quando Mikhail Gorbachev, o último líder da URSS, recebeu um telefonema. Ele foi informado de que havia ocorrido uma explosão na usina nuclear de Chernobyl, mas, aparentemente, o reator estava intacto.
"Nas primeiras horas e até mesmo no dia seguinte ao acidente, não se sabia que o reator havia explodido e que havia acontecido uma enorme emissão de material nuclear na atmosfera", disse o próprio Gorbachev mais tarde.
O homem mais poderoso da URSS naquela época não viu necessidade de acordar outros líderes políticos ou interromper seu fim de semana para realizar uma reunião de emergência, explica o historiador ucraniano Serhii Plokhii no livro Chernobyl: the History of a Nuclear Catastrophe (Chernobyl: a História de uma Catástrofe Nuclear, em tradução livre 2018).
Em vez disso, ele criou uma comissão do governo liderada por Boris Shcherbina, vice-presidente do conselho de ministros, para investigar as causas da explosão. Enquanto isso, os cidadãos corriam perigo. Mas ninguém se atreveu a ordenar uma evacuação.
A primeira aproximação de helicóptero, cerca de 24 horas após a explosão, mostrou a magnitude da catástrofe. "Quando eles desembarcaram, ainda não estavam prontos para aceitar o que havia ocorrido", diz o historiador.
O próprio Shcherbina escreveu em suas memórias que teve de se forçar a assimilar o que seus olhos viam.
"No começo, eles estavam em estado de choque e negação, não queriam aceitar o que havia acontecido, não queriam se responsabilizar pelo que aconteceu", diz Plokhii, que também é diretor do Instituto Ucraniano de Pesquisa da Universidade Harvard, nos Estados Unidos.
"Houve uma negação por parte daqueles que trabalhavam em Chernobyl e, além disso, era muito difícil dizer o que estava acontecendo sem se colocar em uma situação ainda mais perigosa."
Plokhii escreve em seu livro que "à medida que os níveis de radiação aumentavam, as autoridades ficavam cada vez mais nervosas, mas não tinham o poder de decidir pela evacuação". "O país levou 18 dias para falar sobre isso na televisão", acrescenta.
"A reação imediata foi esconder a tragédia e, em seguida, tentar minimizar a quantidade de informação publicada", diz Adam Higginbotham, autor de Midnight in Chernobyl (Meia-noite em Chernobyl, em tradução livre, 2019), que reúne testemunhos sobre o desastre.
O escritor aponta que havia uma "dimensão psicológica" nessa negação inicial. "O evento foi tão catastrófico e a escala do desastre foi tal que nem mesmo especialistas bem treinados, que entendiam exatamente a energia nuclear, conseguiram assimilar o que estavam vendo", diz Higginbotham.
"É preciso entender que a escala do acidente era muito grande até mesmo para os soviéticos para não se deixar levar por estereótipos típicos sobre como funcionava a URSS. A história é mais complexa e complicada do que isso."
Armen Abagian, na época diretor de um instituto de pesquisa em energia nuclear, disse a Shcherbina que a cidade tinha de ser evacuada. "Falei para ele que havia crianças correndo pelas ruas, gente colocando a roupa para secar no varal. E a atmosfera estava radioativa", teria afirmado Abagian, segundo o historiador Serhii Plokhii.
Mas a URSS avaliou que a retirada não era necessária. Ninguém queria assumir a responsabilidade de ordenar uma evacuação e, assim, fazer um mea culpa. Mas, enquanto a comissão pensava sobre o que fazer, as pessoas começavam a deixar a cidade.
O governo soviético não queria que as más notícias se espalhassem tão rapidamente quanto a radiação. Por isso, cortou as redes de telefonia, e os engenheiros e funcionários da usina nuclear foram proibidos de compartilhar informações sobre o que aconteceu com seus amigos e familiares, explica Plokhii.
Não era a primeira vez que os soviéticos enfrentavam uma situação assim. "Houve um outro desastre nuclear (muito menor) em setembro de 1957, em Kyshtym, nos Montes Urais, mas não havia nenhuma informação sobre isso", diz Plokhii. "Manter o silêncio era um protocolo padrão na URSS."
"Os americanos encontraram alguns sinais de que houve uma explosão e contaminação no primeiro desastre, mas não disseram nada porque eles próprios desenvolviam grandes planos nucleares e não queriam criar alarde."
Higginbotham também cita o acidente em Kyshtym, que os soviéticos conseguiram esconder com sucesso "Simplesmente adotaram a mesma abordagem em Chernobyl, mas, neste caso, a fronteira era mais próxima do Ocidente e a contaminação e seu alcance foram muito maiores."
"Foram os suecos que detectaram primeiro que algo estava errado e, em seguida, alguns britânicos que trabalhavam em outra usina nuclear", diz Plokhii.
Higginbotham diz que os suecos começaram a perguntar às autoridades soviéticas se houve um acidente nuclear, "mas, mesmo naquele momento, eles continuaram negando que algo tivesse acontecido."
Na Suécia, altos níveis de radiação foram detectados nos dias após o acidente cuja origem não tinha explicação.
"Autoridades europeis alertaram sobre o que estava acontecendo, e a URSS teve de divulgar informações. Revelaram mais e mais coisas, mas apenas pela pressão do Ocidente", concorda Plokhii, que acrescenta que o contexto da Guerra Fria é essencial para entender como os fatos se desenrolaram.
O historiador diz que a "insatisfação" daqueles que viviam na URSS naquela época também desempenhou um papel fundamental. As pessoas estavam se informando sobre os fatos por meio da mídia estrangeira e de rumores - alguns corretos e outros não - e não por seu próprio governo.
"Levou semanas, meses e até mesmo anos até que, gradualmente, a verdade emergisse, em parte porque eles capturaram correspondentes estrangeiros baseados em Moscou e os impediram de sair da cidade e se aproximar da zona do acidente", diz Higginbotham.
"Muitos desses jornalistas começaram a publicar qualquer informação que recebiam, mesmo que fossem rumores." Nos Estados Unidos, o jornal New York Post chegou a dizer que 15 mil pessoas haviam morrido, exatamente o oposto do que o governo queria.
"Eles não queriam que a população tomasse precauções", diz Irena. "Foi irônico que nos informássemos pela mídia estrangeira."
Mas Higginbotham diz que a história contada sobre Chernobyl no Ocidente é muitas vezes incompleta e que "muitas coisas que foram escritas são baseadas em ideias pré-concebidas sobre como era a vida na URSS", deixando de lado a dimensão psicológica e humana daqueles que tomaram as decisões.
"Chernobyl está frequentemente ligado a mudanças estratégicas na União Soviética e aos primórdios da sua abertura política, o princípio de tudo está em Chernobyl", explica Plokhii.
O historiador diz que queria escrever sobre a tragédia que fez parte de sua história pessoal. "Lembro-me do horror daqueles dias, não sabia o que ia acontecer e tentei reconstruir os fatos da melhor forma possível", diz Plokhii.
"A reconstituição me fez concluir que houve realmente uma ligação direta entre Chernobyl e a queda da URSS."
"A maneira como a União Soviética entrou em colapso não pode ser realmente entendida sem a história de Chernobyl."
Higginbotham considera que este foi um momento-chave "na desintegração da URSS, não só pelo custo econômico ou pela crescente desconfiança das instituições pelos soviéticos, mas também por causa de como isso mudou o próprio Gorbachev".
"O acidente revelou que Gorbachev corrompeu o império que havia herdado", diz ele.
"Mas a lição mais importante que Chernobyl nos deixa é o problema de confiar demais na tecnologia - as pessoas acreditavam que um acidente daquela escala era impossível mesmo após ter ocorrido - e também que uma cultura que nega evidências científicas e é baseada em mentiras e sigilo não é segura para ninguém."


terça-feira, 18 de junho de 2019

Vista do "Sarcófago" do Reator da Usina Nuclear de Chernobyl, União Soviética, Atual Ucrânia






Vista do "Sarcófago" do Reator da Usina Nuclear de Chernobyl, União Soviética, Atual Ucrânia
Fotografia

Reator RBMK 1, Usina Nuclear de Chernobyl, União Soviética, Atual Ucrânia



Reator RBMK 1, Usina Nuclear de Chernobyl, União Soviética, Atual Ucrânia
Fotografia


Nota do blog: Não foi esse que explodiu, a explosão foi no reator 4.

Desastre na Usina Nuclear de Chernobyl, União Soviética, Atual Ucrânia


Desastre na Usina Nuclear de Chernobyl, União Soviética, Atual Ucrânia
Artigo


Desastre de Chernobyl (em ucraniano: Чорнобильська катастрофа , Chornobylska Katastrofa – Catástrofe de Chernobyl; também conhecido como acidente de Chernobyl) foi um acidente nuclear catastrófico ocorrido entre 25 e 26 de abril de 1986 no reator nuclear nº 4 da Usina Nuclear de Chernobyl, perto da cidade de Pripyat, no norte da Ucrânia Soviética, próxima da fronteira com a Bielorrússia Soviética. O acidente ocorreu durante um teste de segurança durante o início da madrugada que simulava uma falta de energia da estação, durante a qual os sistemas de segurança de emergência e de regulagem de energia foram intencionalmente desligados. Uma combinação de falhas inerentes no projeto do reator, bem como dos operadores dos reatores que organizaram o núcleo de uma maneira contrária à lista de verificação para o teste, resultou em condições de reação descontroladas. A água superaquecida foi instantaneamente transformada em vapor, causando uma explosão de vapor destrutiva e um subsequente incêndio que jogou grafite ao ar livre e produziu correntes ascendentes consideráveis ​​por cerca de nove dias. O fogo foi finalmente contido em 4 de maio de 1986. As plumas de produtos de fissão lançadas na atmosfera pelo incêndio precipitaram-se sobre partes da União Soviética e da Europa Ocidental. O inventário radioativo estimado que foi liberado durante a fase mais quente do incêndio foi aproximadamente igual em magnitude aos produtos de fissão aerotransportados liberados na explosão inicial.
O número total de vítimas, incluindo os mortos devido ao desastre, continua a ser uma questão controversa e disputada. Durante o acidente, os efeitos da explosão de vapor causaram duas mortes dentro da instalação: uma imediatamente após a explosão e a por uma dose letal de radiação. Nos próximos dias e semanas, 134 militares foram hospitalizados com síndrome aguda da radiação (SAR), dos quais 28 bombeiros e funcionários morreram em meses. Além disso, cerca de quatorze mortes por câncer induzido por radiação entre esse grupo de 134 sobreviventes ocorreram nos dez anos seguintes. Entre a população em geral, um excedente de 15 mortes infantis por câncer de tireoide foi documentado em 2011. Levará mais tempo e pesquisa para determinar definitivamente o risco relativo elevado de câncer entre os funcionários sobreviventes, aqueles que foram hospitalizados inicialmente com SAR e a população em geral.
A catástrofe de Chernobyl é considerada o acidente nuclear mais desastroso da história, tanto em termos de custo quanto de baixas. É um dos dois únicos acidentes de energia nuclear classificados como um evento de nível 7 (a classificação máxima) na Escala Internacional de Acidentes Nucleares, sendo o outro o acidente nuclear de Fukushima I, no Japão, em 2011. A luta para salvaguardar cenários com potencial para uma catástrofe maior, juntamente com os esforços posteriores de descontaminação do entorno da usina, envolveu mais de 500.000 trabalhadores (denominados liquidadores) e custou cerca de 18 bilhões de rublos soviéticos.
Os restos do prédio do reator número 4 foram colocados em uma grande cobertura chamada "Estrutura de Abrigo", mas conhecida como "sarcófago". O objetivo da estrutura era reduzir a dispersão dos restos de poeira e detritos radioativos dos destroços, limitando assim a contaminação radioativa e a proteção do local contra intempéries. O sarcófago foi concluído em dezembro de 1986, numa época em que o que restava do reator estava entrando na fase de desligamento a frio. O invólucro não foi planejado para ser usado como um escudo de radiação, mas foi construído rapidamente como segurança ocupacional para os funcionários dos outros reatores não danificados na usina, com o nº 3, que continuou a produzir eletricidade até o ano de 2000. Uma equipe internacional incluiu o prédio número 4 do reator e o sarcófago original em um novo e maior revestimento de última geração em 2017. O acidente motivou a melhoria da segurança em todos os reatores RBMK projetados pela União Soviética, o mesmo tipo de Chernobyl, dos quais dez continuavam a alimentar redes elétricas em 2019.
O desastre começou durante um teste em 26 de abril de 1986 no reator 4 da Usina Nuclear V. I. Lenin, perto de Pripyat e nas proximidades da fronteira administrativa com a Bielorrússia e o rio Dnieper. Houve uma onda repentina e inesperada de energia. Quando os operadores tentaram um desligamento de emergência, ocorreu um aumento muito maior na produção de energia. Este segundo pico levou a uma ruptura do vaso do reator e a uma série de explosões de vapor. Esses eventos expuseram o moderador de grafite do reator ao ar, fazendo com que ele se inflamasse. Na semana seguinte, o incêndio resultante enviou longas plumas de pó altamente radioativo para a atmosfera, causando a precipitação radioativa em uma extensa área geográfica, incluindo o Pripyat. As plumas percorriam grandes partes da União Soviética e da Europa. De acordo com dados oficiais pós-soviéticos, cerca de 60% delas atingiram a Bielorrússia.
Trinta e seis horas após o acidente, as autoridades soviéticas estabeleceram uma zona de exclusão de 10 quilômetros, que resultou na rápida evacuação de 49 mil pessoas, principalmente de Pripyat, o centro populacional mais próximo. Durante o acidente o vento mudou de direção; o fato de as diferentes plumas do reator terem diferentes proporções de radioisótopos nelas indica que as taxas relativas de liberação de diferentes elementos do local estavam mudando.
As plumas e a precipitação subsequente continuaram a ser geradas, a zona de evacuação foi aumentada de 10 km para 30 km cerca de uma semana após o acidente. Outras 68.000 pessoas foram evacuadas, inclusive da própria cidade de Chernobyl. O levantamento e a detecção de pontos isolados de precipitação fora desta zona ao longo do ano resultaram na evacuação de outras 135.000 pessoas. Os anos entre 1986 e 2000 viram a quase triplicação no número total de pessoas permanentemente reassentadas das áreas mais severamente contaminadas para aproximadamente 350.000 indivíduos.
O acidente levantou as já crescentes preocupações sobre os reatores de fissão em todo o mundo e, embora a maior preocupação fosse a dos mesmos projetos, centenas de propostas diferentes de reatores nucleares, incluindo aquelas em construção em Chernobyl, os reatores 5 e 6, foram canceladas. Com a questão mundial sendo em grande parte devido ao aumento dos custos dos novos padrões de segurança dos reatores nucleares e aos custos legais e políticos em lidar com a opinião pública cada vez mais hostil e ansiosa, houve uma queda abrupta na taxa de novas inaugurações depois de 1986.
O acidente também levantou preocupações sobre a cultura de segurança na energia nuclear soviética, desacelerando o crescimento da indústria e forçando o governo soviético a tornar-se menos sigiloso sobre seus procedimentos. O encobrimento do desastre de Chernobyl foi um catalisador para a glasnost, que "pavimentou o caminho para as reformas que levaram ao colapso soviético".
Dia 25 de abril de 1986, o reator da Unidade 4 estava programado para ser desligado para manutenção de rotina. Foi decidido usar esta oportunidade para testar a capacidade do gerador do reator para gerar energia suficiente para manter seus sistemas de segurança (em particular, as bombas de água) no caso de perda do suprimento externo de energia. Reatores como o de Chernobyl têm um par de geradores diesel disponível como reserva, mas eles não são ativados instantaneamente – o reator é portanto usado para partir a turbina, a um certo ponto a turbina seria desconectada do reator e deixada a rodar sob a força de sua inércia rotacional, e o objetivo do teste era determinar se as turbinas, na sua fase de queda de rotação, poderiam alimentar as bombas enquanto o gerador estivesse partindo. O teste foi realizado com sucesso previamente em outra unidade (com as medidas de proteção ativas) e o resultado foi negativo (isto é, as turbinas não geravam suficiente energia, na fase de queda de rotação, para alimentar as bombas), mas melhorias adicionais foram feitas nas turbinas, o que levou à necessidade de repetir os testes.
A potência de saída do reator 4 devia ser reduzida de sua capacidade nominal de 3,2 GW para 700 MW a fim de realizar o teste com baixa potência, mais segura. Porém, devido à demora em começar a experiência, os operadores do reator reduziram a geração muito rapidamente, e a saída real foi de somente 30 MW. Como resultado, a concentração de nêutrons absorvendo o produto da fissão, xenon-135, aumentou (este produto é tipicamente consumido num reator em baixa carga). Embora a escala de queda de potência estivesse próxima ao máximo permitido pelos regulamentos de segurança, a gerência dos operadores decidiu não desligar o reator e continuar o teste. Ademais, foi decidido abreviar o experimento e aumentar a potência para apenas 200 MW. A fim de superar a absorção de nêutrons do excesso de xenon-135, as hastes de controle foram puxadas para fora do reator mais rapidamente que o permitido pelos regulamentos de segurança. Como parte do experimento, à 1:05 de 26 de abril, as bombas que foram alimentadas pelo gerador da turbina foram ligadas; o fluxo de água gerado por essa ação excedeu o especificado pelos regulamentos de segurança. O fluxo de água aumentou a 1:19 – uma vez que a água também absorve nêutrons. Este adicional incremento no fluxo de água requeria a remoção manual das hastes de controle, produzindo uma condição de operação altamente instável e perigosa.
À 1:23, o teste começou. A situação instável do reator não se refletia, de nenhuma maneira, no painel de controle, e não parece que algum dos operadores estivesse totalmente consciente do perigo. A energia para as bombas de água foi cortada, e como elas foram conduzidas pela inércia do gerador da turbina, o fluxo de água decresceu. A turbina foi desconectada do reator, aumentando o nível de vapor no núcleo do reator. À medida que o líquido resfriador aquecia, bolsas de vapor se formavam nas linhas de resfriamento. O projeto peculiar do reator moderado a grafite RBMK em Chernobyl tem um grande coeficiente de vazio positivo, o que significa que a potência do reator aumenta rapidamente na ausência da absorção de nêutrons da água, e nesse caso a operação do reator torna-se progressivamente menos estável e mais perigosa.
À 1:23:40, os operadores pressionaram o botão AZ-5 (Defesa Rápida de Emergência 5) que ordenou uma inserção total de todas as hastes de controle, incluindo as hastes de controle manual que previamente haviam sido retiradas sem cautela. Não está claro se isso foi feito como medida de emergência, ou como uma simples método de rotina para desligar totalmente o reator após a conclusão do experimento (o reator estava programado para ser desligado para manutenção de rotina). É usualmente sugerido que a parada total foi ordenada como resposta à inesperada subida rápida de potência. Por outro lado Anatoly Dyatlov, engenheiro chefe da usina Nuclear de Chernobyl na época do acidente, escreveu em seu livro:
Antes de 01:23, os sistemas do controle central... não registravam nenhuma mudança de parâmetros que pudessem justificar a parada total. A Comissão...juntou e analisou grande quantidade de material, e declarou em seu relatório que falhou em determinar a razão pela qual a parada total foi ordenada. Não havia necessidade de procurar pela razão. O reator simplesmente foi desligado após a conclusão do experimento.
Devido à baixa velocidade do mecanismo de inserção das hastes de controle (20 segundos para completar), as partes ocas das hastes e o deslocamento temporário do resfriador, a parada total provocou o aumento da velocidade da reação. O aumento da energia de saída causou a deformação dos canais das hastes de controle. As hastes travaram após serem inseridas somente um terço do caminho, e foram portanto incapazes de conter a reação. Por volta de 1:23:47, o a potência do reator aumentou para cerca de 30GW, dez vezes a potência normal de saída (3,2GW). As hastes de combustível começaram a derreter e a pressão de vapor rapidamente aumentou causando uma grande explosão de vapor, deslocando e destruindo a cobertura do reator, rompendo os tubos de resfriamento e então abrindo um buraco no teto.
Para reduzir custos, e devido a seu grande tamanho, o reator foi construído com somente contenção parcial. Isto permitiu que os contaminantes radioativos escapassem para a atmosfera depois que a explosão de vapor queimou os vasos de pressão primários. Depois que parte do teto explodiu, a entrada de oxigênio – combinada com a temperatura extremamente alta do combustível do reator e do grafite moderador – produziu um incêndio de grafite. Este incêndio contribuiu para espalhar o material radioativo e contaminar as áreas vizinhas.
Há alguma controvérsia sobre a exata sequência de eventos após 1:22:30 (hora local) devido a inconsistências entre declaração das testemunhas e os registros da central. A versão mais comumente aceita é descrita a seguir. De acordo a esta teoria, a primeira explosão aconteceu aproximadamente à 1:23:47, sete segundos após o operador ordenar a parada total. É algumas vezes afirmado que a explosão aconteceu antes ou imediatamente em seguida à parada total (esta é a versão do Comitê Soviético que estudou o acidente). Esta distinção é importante porque, se o reator tornou-se crítico vários segundos após a ordem de parada total, esta falha seria atribuída ao projeto das hastes de controle, enquanto a explosão simultânea à ordem de parada total seria atribuída à ação dos operadores. De fato, um fraco evento sísmico foi registrado na área de Chernobyl à 1:23:39. Este evento poderia ter sido causado pela explosão ou poderia ser coincidente. A situação é complicada pelo fato de que o botão de parada total foi pressionado mais de uma vez, e a pessoa que o pressionou morreu duas semanas após o acidente, envenenada pela radiação.
A primeira explicação oficial do acidente, mais tarde considerada errônea, foi publicada em agosto de 1986. Colocou efetivamente a culpa nos operadores das usinas elétricas. Para investigar as causas do acidente, a Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) criou um grupo conhecido como Grupo Consultivo de Segurança Nuclear Internacional (INSAG), que no seu relatório de 1986, INSAG-1, também apoiou esta visão, com base nos dados fornecidos pelos soviéticos e as declarações orais de especialistas. Nesta visão, o acidente catastrófico foi causado por graves violações das regras e regulamentos operacionais. "Durante a preparação e teste do gerador de turbina sob condições de funcionamento usando a carga auxiliar, os funcionários desconectaram uma série de sistemas de proteção técnica e violaram as disposições mais importantes de segurança operacional para a realização de um exercício técnico."
A Ucrânia desclassificou vários documentos da KGB do período entre 1971 e 1988 relacionados com a fábrica de Chernobyl, mencionando, por exemplo, relatos anteriores de danos estruturais causados ​​por negligência durante a construção da fábrica (como a divisão de camadas de concreto) que nunca foram postas em prática. Eles documentaram mais de 29 situações de emergência na fábrica durante este período, 8 das quais foram causadas por negligência ou pouca competência por parte do pessoal.
Em 1991, uma Comissão do Comitê Estadual da URSS para a Supervisão da Segurança na Indústria e da Energia Nuclear reavaliou as causas e as circunstâncias do acidente de Chernobyl e chegou a novas perspectivas e conclusões. Com base nisso, em 1992 o Grupo Consultivo de Segurança Nuclear da AIEA (INSAG) publicou um relatório adicional, INSAG-7, que revisou "aquela parte do relatório INSAG-1 em que a atenção primária é dada às razões do acidente" e foi incluído o relatório da Comissão de Estado da URSS como Apêndice I.
Segundo o relatório INSAG-7, as principais razões do acidente estão nas peculiaridades da física e na construção do reator. Existem duas razões:
· O reator tinha um fração de vazio positivo perigosamente alto. Dito de forma simples, isto significa que se bolhas de vapor se formam na água de resfriamento, a reação nuclear se acelera, levando à sobrevelocidade se não houver intervenção. Pior, com carga baixa, este coeficiente a vazio não era compensado por outros fatores, os quais tornavam o reator instável e perigoso. Os operadores não tinham conhecimento deste perigo e isto não era intuitivo para um operador não treinado.
· Um defeito mais significativo do reator era o projeto das hastes de controle. Num reator nuclear, hastes de controle são inseridas no reator para diminuir a reação. Entretanto, no projeto do reator RBMK, as pontas das hastes de controle eram feitas de grafite e os extensores (as áreas finais das hastes de controle acima das pontas, medindo um metro de comprimento) eram ocas e cheias de água, enquanto o resto da haste - a parte realmente funcional que absorve os nêutrons e portanto para a reação - era feita de carbono-boro. Com este projeto, quando as hastes eram inseridas no reator, as pontas de grafite deslocavam uma quantidade do resfriador (água). Isto aumenta a taxa de fissão nuclear, uma vez que o grafite é um moderador de nêutrons mais potente. Então nos primeiros segundos após a ativação das hastes de controle, a potência do reator aumenta, em vez de diminuir, como desejado. Este comportamento do equipamento não é intuitivo (ao contrário, o esperado seria que a potência começasse a baixar imediatamente), e, principalmente, não era de conhecimento dos operadores.
Embora não se possam fazer comparações informativas entre o acidente e uma detonação nuclear estritamente explodida por ar, ainda se tem aproximado que cerca de quatrocentas vezes mais material radioativo foi liberado de Chernobyl do que pelo bombardeio atômico de Hiroshima e Nagasaki, no Japão, durante a Segunda Guerra Mundial. Em contraste, o acidente de Chernobyl liberou cerca de um centésimo a um milésimo da quantidade total de radioatividade liberada durante a era dos testes de armas nucleares no auge da Guerra Fria, entre os anos de 1950 e 1960, com a variação de 1/100 a 1/1000 devido a tentando fazer comparações com diferentes espectros de isótopos liberados. Aproximadamente 100.000 km² de terra foram significativamente contaminados com cinza nuclear, sendo as regiões mais atingidas na Bielorrússia, Ucrânia e Rússia. Níveis menores de contaminação foram detectados em toda a Europa, exceto na Península Ibérica.
A evidência inicial de que uma grande liberação de material radioativo estava afetando outros países não vinha de fontes soviéticas, mas da Suécia. Na manhã de 28 de abril, trabalhadores da Usina Nuclear de Forsmark (aproximadamente 1.100 km (680 mi) do local de Chernobyl) tiveram partículas radioativas em suas roupas. Foi a busca da Suécia pela fonte de radioatividade, depois de terem determinado que não havia vazamento na fábrica sueca, que ao meio-dia de 28 de abril levou ao primeiro indício de um grave problema nuclear na União Soviética ocidental. Assim, a evacuação de Pripyat em 27 de abril, 36 horas após as explosões iniciais, foi silenciosamente concluída antes que o desastre se tornasse conhecido fora da União Soviética. O aumento dos níveis de radiação já havia sido medido na Finlândia, mas uma greve no serviço público atrasou a resposta e a publicação.
A contaminação do acidente de Chernobyl foi espalhada irregularmente, dependendo das condições meteorológicas, muitas das quais se depositaram em regiões montanhosas como os Alpes, as montanhas galesas e as Terras Altas da Escócia, onde o resfriamento adiabático causou chuvas radioativas. As manchas resultantes de contaminação eram frequentemente localizadas e os fluxos de água no solo contribuíam ainda mais para grandes variações na radioatividade em pequenas áreas. A Suécia e a Noruega também sofreram uma forte com a precipitação quando o ar contaminado colidiu com uma frente fria, o que provocou chuva.
Como muitas outras liberações de radioatividade no ambiente, a liberação de Chernobyl foi controlada pelas propriedades físicas e químicas dos elementos radioativos no núcleo. Particularmente perigosos são os produtos de fissão altamente radioativos, aqueles com altas taxas de decaimento nuclear que se acumulam na cadeia alimentar, como alguns dos isótopos de iodo, césio e estrôncio. O iodo-131 e o césio-137 são responsáveis pela maior parte da exposição à radiação recebida pela população em geral.
A usina nuclear de Chernobyl está localizada ao lado do rio Pripyat, que alimenta o sistema de reservatórios de Dnieper, um dos maiores sistemas de águas superficiais da Europa, que na época abastecia os 2,4 milhões de habitantes de Kiev e ainda estava inundado quando o acidente ocorreu. A contaminação radioativa dos sistemas aquáticos, portanto, tornou-se um grande problema imediatamente após o acidente. Nas áreas mais afetadas da Ucrânia, os níveis de radioatividade na água potável causaram preocupação durante as semanas e meses após o acidente, embora oficialmente tenha sido declarado que todos os contaminantes haviam se estabelecido no local fundo "em uma fase insolúvel" e que não se dissolveria por 800-1000 anos. Diretrizes para níveis de radio iodo na água potável foram temporariamente aumentadas para 3.700 Bq/L, permitindo que a maioria da água fosse relatada como segura, e um ano após o acidente foi anunciado que até mesmo a água da lagoa de resfriamento da usina de Chernobyl estava dentro das normas aceitáveis. Apesar disso, dois meses após o desastre, o abastecimento de água de Kiev foi mudado abruptamente do rio Dnieper para o rio Desna. Enquanto isso, enormes armadilhas de sedimentos foram construídas, juntamente com uma enorme barreira subterrânea de 30 m de profundidade do reator destruído que entra no rio Pripyat.
A bioacumulação de radioatividade em peixes resultou em concentrações (tanto na Europa Ocidental quanto na antiga União Soviética) que, em muitos casos, estavam significativamente acima dos níveis máximos de orientação para consumo. Os níveis máximos de orientação para o radiocaísio nos peixes variam de país para país, mas são aproximadamente 1000 Bq/kg na União Europeia. No reservatório de Kiev, na Ucrânia, as concentrações nos peixes eram vários milhares de Bq/kg durante os anos após o acidente.
Em pequenos lagos "fechados" na Bielorrússia e na região de Bryansk na Rússia, as concentrações em várias espécies de peixes variaram de 100 a 60.000 Bq / kg durante o período 1990-92. A contaminação dos peixes também causou preocupação de curto prazo em partes do Reino Unido e da Alemanha e a longo prazo (anos em vez de meses) nas áreas afetadas da Ucrânia, Bielorrússia e Rússia, bem como em partes da Escandinávia.
Após o desastre, quatro quilômetros quadrados de floresta de pinheiros, diretamente na direção do reator, tornaram-se marrom-avermelhados e morreram, ganhando o nome de "Floresta Vermelha". Alguns animais nas áreas mais atingidas também morreram ou pararam de se reproduzir. A maioria dos animais domésticos foi removida da zona de exclusão, mas os cavalos deixados em uma ilha no rio Pripyat, a 6 km da usina, morreram quando suas glândulas tiroides foram destruídas por doses de radiação de 150-200 Sv. Alguns gados na mesma ilha morreram e aqueles que sobreviveram sofreram de raquitismo por causa dos danos da tireóide. A próxima geração parecia normal.
Esperava-se que os efeitos posteriores de Chernobyl fossem vistos por mais 100 anos, embora a gravidade dos efeitos diminuísse nesse período. Os cientistas relatam que isso se deve aos isótopos de césio-137 radioativos sendo absorvidos por fungos como o Cortinarius caperatus, que por sua vez é comido por ovelhas enquanto pastam. Um robô enviado para o reator retornou com amostras de fungos radiotróficos negros, ricos em melanina, que crescem nas paredes do reator.
Após o acidente, 237 pessoas sofreram de síndrome aguda da radiação (SAR), dos quais 31 morreram nos primeiros três meses. Em 2005, o Fórum de Chernobil, composto pela Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), outras organizações das Nações Unidas e os governos da Bielorrússia, Rússia e Ucrânia, publicou um relatório sobre as consequências radiológicas ambientais e para a saúde do acidente de Chernobyl.
Sobre o número de mortos do acidente, o relatório afirma que 28 trabalhadores de emergência ("liquidadores") morreram de síndrome de radiação aguda, incluindo queimaduras beta, e 15 pacientes morreram de câncer de tireoide nos anos seguintes. No entanto, estima-se que cerca de 4.000 entre os 5 milhões de pessoas que residem nas áreas contaminadas possam ter desenvolvido câncer por conta do acidente. O relatório projeta mortalidade por câncer "aumento de menos de um por cento" (~ 0,3%) em um período de 80 anos, alertando que essa estimativa é "especulativa", já que apenas algumas mortes por câncer estão ligadas ao desastre de Chernobyl.
De todos os 66.000 trabalhadores de emergência bielorrussos, em meados dos anos 1990, apenas 150 (cerca de 0,2%) foram notificados pelo seu governo como tendo morrido. Em contraste, 5.722 vítimas foram relatadas entre os trabalhadores de limpeza ucranianos até o ano de 1995, pelo Comitê Nacional de Proteção Radiológica da População Ucraniana.
Os quatro radionuclídeos mais nocivos disseminados a partir de Chernobyl foram iodo-131, césio-134, césio-137 e estrôncio-90, com meias-vidas de 8,02 dias, 2,07 anos, 30,2 anos e 28,8 anos, respectivamente. O iodo foi inicialmente visto com menos alarme do que os outros isótopos, devido à sua curta meia-vida, mas é altamente volátil e pode ter viajado mais longe e causado os mais graves problemas de saúde a curto prazo. O estrôncio, por outro lado, é o menos volátil dos quatro, e de maior preocupação nas áreas próximas a Chernobyl. O iodo tende a se concentrar nas glândulas tireoide e do mamária, levando, entre outras coisas, ao aumento da incidência de cânceres de tireoide. O césio tende a acumular-se em órgãos vitais, como o coração, enquanto o estrôncio se acumula nos ossos e pode ser um risco para a medula óssea e os linfócitos. A radiação é mais danosa para as células que estão ativamente se dividindo. Nos mamíferos adultos, a divisão celular é lenta, exceto nos folículos capilares, na pele, na medula óssea e no trato gastrointestinal e é por isso que o vômito e a queda de cabelo são sintomas comuns da síndrome da radiação aguda.
No ano 2000, o número de ucranianos que alegavam ser "sofredores" de radiação (poterpili) e recebiam benefícios estatais havia saltado para 3,5 milhões, ou 5% da população. Muitos destes são populações reassentadas de zonas contaminadas ou ex-trabalhadores de fábricas de Chernobyl. De acordo com órgãos científicos afiliados à AIEA, esses aparentes aumentos de problemas de saúde resultam em parte de tensões econômicas nesses países e problemas de saúde e nutrição; além disso, eles sugerem que o aumento da vigilância médica após o acidente significou que muitos casos que anteriormente passaram despercebidos (especialmente de câncer) estão sendo registrados.
A Organização Mundial de Saúde afirma que "as crianças concebidas antes ou depois da exposição do pai não apresentaram diferenças estatisticamente significativas nas frequências de mutação". Esse aumento estatisticamente insignificante também foi observado por pesquisadores independentes que analisaram os filhos dos liquidadores de Chernobyl.
Um relatório da AIEA examina as consequências ambientais do acidente. O Comitê Científico das Nações Unidas sobre os Efeitos da Radiação Atômica estimou uma dose coletiva global de exposição à radiação do acidente "equivalente, em média, a 21 dias adicionais de exposição mundial à radiação de fundo natural"; as doses individuais eram muito mais altas que a média global entre as mais expostas, incluindo 530.000 trabalhadores da descontaminação, principalmente do sexo masculino (os liquidadores de Chernobyl), que calculavam uma dose efetiva equivalente a 50 anos extras de exposição à radiação natural.
Em 2004, o Fórum de Chernobyl revelou que o câncer de tireoide entre as crianças é um dos principais impactos do desastre sobre a saúde. Isso se deve à ingestão de produtos lácteos contaminados, juntamente com a inalação do isótopo altamente radioativo de vida curta, o iodo-131. Nessa publicação, mais de 4.000 casos de câncer de tireoide infantil foram relatados. É importante notar que não houve evidência de aumento de cânceres sólidos ou de leucemia. O documento afirma que houve um aumento nos problemas psicológicos entre a população afetada. O Programa de Radiação da OMS relatou que os 4.000 casos de câncer de tireoide resultaram em nove mortes.
Segundo o Comitê Científico das Nações Unidas sobre os Efeitos da Radiação Atômica, até o ano de 2005, um excesso de mais de 6.000 casos de câncer de tireoide foi relatado. Ou seja, acima da estimativa do índice basal de câncer de tireoide pré-acidente, mais de 6.000 casos casuais de câncer de tireoide foram relatados em crianças e adolescentes expostos no momento do acidente, número que deve aumentar. Eles concluíram que não há outras evidências de impactos importantes na saúde decorrentes da exposição à radiação.
Fred Mettler, um especialista em radiação da Universidade do Novo México, coloca o número de mortes por câncer em todo o mundo fora da zona altamente contaminada em "talvez" 5.000, para um total de 9.000 cânceres fatais associados a Chernobyl, dizendo que "o número é pequeno (representando uma pequena porcentagem) em relação ao risco espontâneo normal de câncer, mas os números são grandes em termos absolutos". O mesmo relatório delineou estudos baseados em dados encontrados no Registro Russo de 1991 a 1998, que sugeriram que "de 61.000 trabalhadores russos expostos a uma dose média de 107 mSv, cerca de 5% de todas as fatalidades ocorridas podem ter sido decorrentes da exposição à radiação."
É difícil estabelecer o custo econômico total do desastre. Segundo Mikhail Gorbachev, a União Soviética gastou 18 bilhões de rublos soviéticos (o equivalente a 18 bilhões de dólares na época, ou 41,1 bilhões de dólares em valores atuais) no processo de confinamento e descontaminação, o que praticamente faliu o país. Em 2005, o custo total em 30 anos somente para a Bielorrússia foi estimado em 235 bilhões de dólares, ou cerca de 301 bilhões em dólares de hoje, dadas as taxas de inflação.
Os custos contínuos são bem conhecidos; em seu relatório de 2003-2005, o Fórum de Chernobyl afirmou que entre 5% e 7% dos gastos do governo na Ucrânia ainda estão relacionados a Chernobyl, enquanto na Bielorrússia estima-se que mais de 13 bilhões foram gastos entre 1991 e 2003, com 22% o orçamento nacional direcionado aos efeitos do desastre em 1991, caindo para 6% em 2002. Em 2018, a Ucrânia gastou 5-7% do seu orçamento nacional em atividades de recuperação relacionadas ao acidente nuclear. A perda econômica global é estimada em 235 bilhões de dólares na Bielorrússia. Grande parte do custo atual está relacionado ao pagamento de benefícios sociais relacionados a Chernobyl para cerca de 7 milhões de pessoas nos três países.
Um impacto econômico significativo na época foi a remoção de 784.320 hectares de terras agrícolas e 694.200 hectares de florestas. Embora grande parte desta tenha sido devolvida ao uso, os custos de produção agrícola aumentaram devido à necessidade de técnicas especiais de cultivo, fertilizantes e aditivos.
Politicamente, o acidente deu grande significado à nova política soviética de glasnost e ajudou a forjar relações soviético-americanas mais próximas no final da Guerra Fria, através da cooperação biocientífica. O desastre também se tornou um fator chave na eventual dissolução da União Soviética em 1991 e uma grande influência na formação da nova Europa Oriental.
Tanto a Ucrânia quanto a Bielorrússia, em seus primeiros meses de independência, reduziram os limiares legais de radiação dos limiares anteriores elevados pela União Soviética (de 35 rems por vida ao longo da URSS para 7 rems por vida na Ucrânia e 0,1 rems por ano na Bielorrússia).
Após o acidente, surgiram dúvidas sobre o futuro da usina e seu eventual destino. Todo o trabalho nos reatores inacabados 5 e 6 foi interrompido três anos depois. No entanto, o problema na usina de Chernobyl não terminou com o desastre no reator 4. O reator danificado foi vedado e 200 metros cúbicos de concreto foram colocados entre o local do desastre e nos prédios operacionais. O trabalho foi administrado por Grigoriy Mihaylovich Naginskiy, o engenheiro-chefe adjunto da Diretoria de Instalação e Construção. O governo ucraniano continuou a deixar os três reatores restantes operar por causa de uma escassez de energia no país.
Em outubro de 1991, no entanto, um incêndio ocorreu no prédio da turbina do reator 2; as autoridades posteriormente declararam que o reator estava danificado e ele foi desligado. O reator 1 foi desativado em novembro de 1996 como parte de um acordo entre o governo ucraniano e organizações internacionais, como a AIEA, para encerrar as operações na usina. Em 15 de dezembro de 2000, o então presidente Leonid Kuchma desligou pessoalmente o reator 3 em uma cerimônia oficial, fechando todo o local.
Logo após o acidente, o prédio do reator foi rapidamente envolto por um gigantesco sarcófago de concreto em uma notável façanha de construção sob severas condições. Operadores de guindaste trabalhavam cegamente de dentro de cabines revestidas de chumbo, recebendo instruções de observadores de rádio distantes, enquanto pedaços gigantescos de concreto eram movidos para o local em veículos feitos sob medida. O propósito do sarcófago era impedir qualquer nova liberação de partículas radioativas na atmosfera, mitigar os danos caso o núcleo fosse crítico e explodisse, além de fornecer segurança para as operações continuadas dos reatores adjacentes 1, 2 e 3.
O sarcófago de concreto nunca teve a intenção de durar muito tempo, com uma duração de apenas 30 anos. Em 12 de fevereiro de 2013, uma seção de 600 m² do telhado do prédio da turbina colapsou, adjacente ao sarcófago, causando uma nova liberação de radioatividade e a evacuação temporária da área. Inicialmente, assumiu-se que o telhado desmoronou devido ao peso da neve, mas a quantidade de neve não foi excepcional e o relatório de um painel ucraniano de averiguação concluiu que o colapso foi o resultado de trabalhos de reparação desleixados e do envelhecimento da estrutura. Especialistas advertiram que o próprio sarcófago estava à beira do colapso.
Em 1997, o Fundo Internacional de Proteção de Chernobyl foi criado para projetar e construir uma cobertura mais permanente para o sarcófago instável e de curta duração. Recebeu mais de 810 milhões de euros e foi gerido pelo Banco Europeu para a Reconstrução e o Desenvolvimento (BERD). O novo abrigo teve a sua construção iniciada em 2010. Ele é composto por um arco de metal de 105 metros de altura e 257 metros de comprimento que foi construído em trilhos adjacentes ao prédio do reator 4, para que pudesse ser deslocado por cima do sarcófago existente. O novo abrigo foi concluído em 2016 e deslizou para o topo do sarcófago em 29 de novembro. O enorme arco de aço foi colocado no lugar ao longo de várias semanas.
Uma área que originalmente se estende por 30 quilômetros em todas as direções da usina é oficialmente chamada de "zona de exclusão". É em grande parte desabitada, com exceção de cerca de 300 moradores que se recusaram a sair. A área foi amplamente revertida para a floresta e foi retomada pela vida selvagem por causa da falta de competição com seres humanos por espaço e recursos. Mesmo hoje, os níveis de radiação são tão altos que os trabalhadores responsáveis ​​pela reconstrução do sarcófago só puderam trabalhar cinco horas por dia durante um mês antes de fazer 15 dias de descanso. Autoridades ucranianas estimaram que a área não voltaria a ser segura para a vida humana por mais 20.000 anos. No entanto, em 2016, 187 ucranianos locais tivessem retornado e estivessem vivendo permanentemente na zona. Em 2011, a Ucrânia abriu a zona selada em torno do reator de Chernobyl para turistas que desejam aprender mais sobre a tragédia que ocorreu em 1986. Sergii Mirnyi, um oficial de reconhecimento de radiação no momento do acidente, e agora um acadêmico na Universidade Nacional da Academia Kyiv-Mohyla em Kiev, na Ucrânia, escreveu sobre os efeitos psicológicos e físicos em sobreviventes e visitantes e trabalhou como consultor para grupos de turismo de Chernobyl.