segunda-feira, 17 de junho de 2019

Fiat Tipo 2.0 16V Sedicivalvole, Brasil






Fiat Tipo 2.0 16V Sedicivalvole, Brasil
Produzido na Itália e exportado para o Brasil
Fotografia


Pouquíssimos automóveis agitaram o mercado como o Fiat Tipo: apresentado no segundo semestre de 1993, o hatch italiano aniquilou concorrentes como Chevrolet Kadett e Ford Escort e ofuscou o lançamento do VW Pointer. Moderno e acessível, trouxe um bom nível de equipamentos mas o motor de 1,6 litro e 82 cv deixava a desejar.
Situação inversa vivia o Tempra: o sedã ítalo-mineiro era o mais rápido e veloz do segmento, indo de 0 a 100 km/h em menos de 10 segundos e beirando 200 km/h. Mérito do motor de 2 litros e 16 válvulas, cuja potência declarada de 127 cv parecia ser conservadora demais. O que todos suspeitavam acabou sendo confirmado com a chegada do Tipo 2.0 16V.
Apresentado em 1991, a versão italiana Sedicivalvole foi um dos melhores hot hatches da década: ia de 0 a 100 km/h em 8,4 segundos e chegava aos 208 km/h de velocidade máxima, graças ao 2.0 de 16 válvulas que rendia ótimos 147 cv (bem acima dos 127 cv do Tempra, apesar de ser basicamente o mesmo motor). A adequação à gasolina brasileira fez com que ele perdesse 10 cv, mas ainda assim a relação peso-potência de 8,8 kg/cv era digna de respeito.
Seu 0 a 100 km/h era cumprido no mesmo intervalo do Tempra 16V: 9,85 segundos. Mas não demorou para que o público percebesse que o Tipo era um automóvel mais refinado: os 137 cv eram entregues de forma muito mais suave, graças a árvores de balanceamento que reduziam a aspereza do motor em altas rotações.
O câmbio de relações longas e a boa aerodinâmica resultavam em outra vantagem: a máxima de 206,7 km/h, quase igual à do modelo italiano. O Sedicivalvole era líder isolado em desempenho, seguido de perto pelos franceses Citroën ZX Volcane 16V e Renault 19 16V. O idolatrado VW Golf GTI era só uma visão distante no espelho retrovisor. Nenhum de seus rivais superava seus números.
A dirigibilidade também era favorecida pelas suspensões independentes: dianteira McPherson e traseira por braços arrastados. A firmeza comprometia o conforto, mas proporcionava saídas de traseira no limite da aderência (0,93 g), garantia de muito prazer ao volante. Os freios eram a disco nas quatro rodas, com ABS opcional. Além de colaborar com a estabilidade, os largos pneus 195/60 incrementavam o visual esportivo das rodas de liga aro 14. O visual externo era de bom gosto, com saias laterais, frisos vermelhos nos para-choques, lanternas traseiras com novas lentes e a inscrição Sedicivalvole na moldura da placa traseira.
A esportividade se mostrava presente também no interior: bancos esportivos, volante com aro revestido em couro e painel de instrumentos com manômetro e termômetro de óleo. Um detalhe charmoso era o pedal do acelerador em alumínio vazado, posicionado de forma a facilitar a realização do punta-tacco.
Encontrar um Sedicivalvole hoje não é tarefa fácil: em virtude da oferta limitada (pouco mais de um ano), os poucos exemplares remanescentes são ferrenhamente disputados pelos aficionados. Um deles é o colecionador paulistano Marcelo Paolillo, proprietário deste modelo 1995 em perfeito estado de conservação.
A carreira do Sedicivalvole foi abreviada por um revés econômico: em fevereiro de 1995, a alíquota do imposto de importação subiu de 20% para 70%, afetando sua viabilidade econômica. A solução encontrada pela Fiat foi nacionalizar a produção do hatch, mas apenas com o motor de 1,6 litro. Para tristeza dos entusiastas, nenhum Sedicivalvole deixou as portas da fábrica em Betim.

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