domingo, 8 de março de 2020

Rua do Gasômetro, Brás, São Paulo, Brasil


Rua do Gasômetro, Brás, São Paulo, Brasil 
São Paulo - SP
Revista Life - Estados Unidos
Fotografia 

Quando o bonde caia da Praça da Sé, entrando pela Avenida Rangel Pestana, a esquerda via –se um enorme caldeirão de aço, que causa muita curiosidade as pessoas que por ali passavam pela primeira vez. “Aquele caldeirão”, nada mais era do que o Gasômetro de São Paulo, próximo à Avenida Mercúrio, onde muitas mães levavam seus filhos com bronquite para aspirar o gás que exalava.
A história da Rua do Gasômetro começou a partir do século XIX. Por muitos anos a iluminação de São Paulo era de azeite de peixe. Em 1847, mudou para gás de hidrogênio líquido e, em 1863, para querosene.
Na noite de 31 de março de 1872, diante da família Imperial, 55 lampiões foram acesos com uma nova substancia – o gás produzido no estabelecimento que deu o nome a rua e se tornou conhecidíssimo: o Gasômetro.
A Rua do Gasômetro foi à passarela dos meus passos por três anos consecutivos. 1954-55-56, anos antes (cinco) havia sido inaugurado o viaduto que levou o nome da rua, o que evitou ter que abrir e fechar a porteira para passar o trem. Na hora do almoço tanto eu como os colegas de escola andávamos por ela.
Foram anos que estudei na escola SENAI do Brás na Rua Monsenhor Andrade, que fazia esquina com a rua Salvador Correia e seguindo a frente à Rua Assumpção.
Um dia que faltou dinheiro para pegar o bonde, por gastar com as balas futebol, resolvi ir a pé até o Anhangabaú, afinal não era muito longe. E também as ruas do Brás eram um convite a curiosidade, quantas coisas tinham para se ver. Então resolvi ir pela Rua Assumpção, até o Parque Don Pedro, dali era um pulo passando pela antiga Assembleia Legislativa que ficava no prédio do antigo Palácio das indústrias. Depois estávamos em meio ao centro atacadista da Cantareira, passando pela frente do Mercadão. Essa caminhada tinha início no cruzamento da rua Correia de Andrade, passando pelas Ruas Oiapoque, Lameirão, Vasco da Gama, Alfândega, Monsenhor Anacleto, até a Rua da Figueira. Era época de um Brás mais residencial do que comercial e industrial, com casas simples e de gente saudável com cadeiras nas calçadas nos domingos à tarde, um bairro de uma cidade que mesmo sendo grande, a vizinhança se conhecia.
Era um Brás também de muitas indústrias. Em frente à escola SENAI, por exemplo, tinha uma enorme fabrica da Matarazzo, a Mariângela, o Cotonifício Conde Rodolfo Crespi, a São Paulo Alpargatas, etc, que empregavam muitas pessoas.
Como dizia Silvio Caldas na canção é o Brás a ter viadutos, e onde não tinha um viaduto, era na Avenida Rangel Pestana, no cruzamento da linha férrea, no Largo da Concordia, e que era o nosso divertimento nas duas horas de almoço que tínhamos. Ajudar a abrir e fechar a porteira do Brás para o trem passar, era o nosso divertimento, o próprio funcionário encarregado a fazer essa tarefa ria e deixava por nossa conta.
Antes da fundação do Dante Alighieri, São Paulo teve uma primeira escola com esse nome, conta Jacob Penteado no seu livro, Belenzinho,1910. Esse primeiro Dante Alighieri foi fundado pelo professor italiano Luige Basile, nos primeiros anos do século XX (o atual surgiu em 1911). O Dante Alighieri do professor Basile, segundo Jacob Penteado, ficava num sobradão existente no ângulo das Ruas Monsenhor Andrade e Assunção, no Brás, chegando, depois, a funcionar na Rua do Gasômetro. Clélia Tessari Basile, casada com o professor, Tessari Basile, "lecionou até os derradeiros minutos de sua vida, pois morreu em plena aula, vítima de mal súbito".
Isso tudo foi na época da imigração, principalmente italiana. Os imigrantes que não foram desenvolver a agricultura no interior do estado, ficaram, em grande parte, na capital e no bairro do Brás.
Texto de Arlindo Bellayres.





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