Chevrolet Tracker 2020, Brasil
Fotografia
Semelhanças entre o Onix e a nova geração do Chevrolet Tracker são
inevitáveis, até porque ambos são baseados na plataforma GEM, desenvolvida na
China em parceria com a SAIC.
Mas o SUV compacto estreia agora com sistemas,
equipamentos e até motor exclusivo – e inédito.
Nosso primeiro contato com o novo Tracker ocorreu
justamente com a versão topo de linha, Premier 1.2, que concentra tudo que há de
exclusivo no SUV compacto.
O principal é o novo motor três-cilindros 1.2 turbo da
família CSS Prime. Por fora ele é praticamente igual ao 1.0 de 116 cv e 16,8
kgfm que estreou no Onix, e que também está nas versões mais em conta do
Tracker.
Mas o virabrequim modificado para aumentar o curso dos
pistões (que também são maiores), o cabeçote próprio e o turbocompressor
exclusivo ajudaram a alcançar os 133 cv e 21,4 kgfm com etanol e 132 cv e 19,4
kgfm com gasolina.
Isso mesmo mantendo o sistema de injeção multiponto
convencional – a injeção direta ficou no passado, com o motor 1.4 turbo de 153
cv agora restrito ao Cruze.
Coxins e suportes do motor também parecem iguais, mas seu
material (ou a pressão do fluido, no caso dos coxins hidráulicos) muda para
lidar com as vibrações específicas do motor com deslocamento maior.
Essa preocupação mostra seu valor principalmente nas saídas,
quando o Tracker 1.2 se revela sensivelmente mais suave que um Onix. E olha que
o câmbio automático de seis marchas é comum aos dois.
Significa também que não foi desta vez que o SUV compacto
ganhou borboletas para trocas sequenciais e que os botões na alavanca de câmbio
perderam esta função.
Agora, servem apenas para limitar o número de marchas que
podem ser usadas em modo L – útil para usar o freio-motor em longas descidas,
por exemplo, mas que não serve para o motorista impor sua vontade nas trocas de
marcha.
A sensação de sobra de potência que se sentia no antigo
Tracker passou. Mas o motor 1.2 turbo tem o mérito de fazer o SUV embalar sem
grande esforço.
O câmbio responde rápido nas retomadas e consegue
explorar o motor até além das 6.000 rpm, se necessário, sem sofrimento.
O pique do 1.2 diminui um pouco conforme a velocidade
avança além dos três dígitos. Frente aos rivais com motores aspirados na faixa
de potência, porém, a disposição extra proporcionada pelo turbo faz uma boa
diferença.
Em nossos testes de pista, sempre abastecido com
gasolina, o Tracker Premier chegou aos 100 km/h em 10,1 s, contra os 9,4 s do
Tracker antigo com motor 1.4 turbo. O consumo ficou em 11,5 km/l em ciclo
urbano e 13,8 km/l no rodoviário, o que representa melhora apenas na cidade,
onde o antigo Tracker fazia 10,3 km/l.
Na estrada, praticamente empatava, com 14 km/l. A nova
geração tem o peso a seu favor: com 1.271 kg é 142 kg mais leve na comparação
entre as versões Premier.
Também houve um esforço para manter a aerodinâmica no
mesmo patamar. O novo Tracker não está 5 cm mais baixo apenas para ficar mais
invocado, mas para romper o ar com mais facilidade.
Isso também explica a existência de pequenos defletores
nas molduras das caixas de roda traseiras e grandes direcionadores de ar à
frente das rodas dianteiras – que reduzem o vão livre a 15,7 cm.
O acerto dinâmico representa uma evolução e tanto. O
Tracker que vinha do México não era ruim de curvas, mas a suspensão tinha pouco
curso, não filtrava tão bem as imperfeições do piso e batia seco ao passar por
buracos.
Agora nacional, o Tracker filtra boa parte das
imperfeições e o conjunto tem curso suficiente para não bater seco ao passar
por lombadas, por exemplo.
Se sai até melhor que o Onix, que sofre um pouco com a
pressão de 35 psi (mesma do Tracker) em seus pneus aro 16.
O lado bom é que esse compromisso com conforto não
comprometeu o comportamento em curvas: a carroceria continua inclinando pouco e
segue bem controlada mesmo no limite.
Dois itens exclusivos do Tracker merecem crédito por
isso. Um é mecânico, o subchassi dianteiro com mais pontos de fixação e uma
barra de amarração à frente do conjunto para aumentar sua rigidez – e a
precisão ao volante.
O outro é eletrônico, o bloqueio eletrônico do
diferencial dianteiro, que a GM chama de Torque Vectoring by Brake, que atua nos freios para
ajustar a distribuição de torque nas rodas dianteiras com o objetivo corrigir a
trajetória no limite da aderência. Também funciona para adiar a entrada do
controle de estabilidade.
A habitabilidade melhorou e o conforto também. Os
balanços dianteiro e traseiro parecem grandes, mas o comprimento do carro
aumentou meros 2 cm, chegando a 4,27 m.
Quase todo esse ganho foi repassado ao entre-eixos, que
cresceu 1,5 cm na comparação com o antigo Tracker e é 1,9 cm maior que o do
Onix, mas na prática o aumento de espaço para as pernas no banco traseiro foi
de bons 7,4 cm.
O porta-malas de 306 litros era acanhado, mas passou a
393 l contando com o compartimento de 36 l que existe para deixar o porta-malas
plano quando a segunda fileira for rebatida – o que aumenta a capacidade a
1.278 litros.
A habitabilidade melhorou e o conforto também. Os bancos
dianteiros do Tracker parecem poltronas perto dos do Onix. Além de ter encosto
de cabeça com ajuste de altura, tem assento mais comprido, com suporte melhor
para as pernas e encosto mais largo.
Na versão Premier, o vinil que reveste os bancos tem tom
de azul, que também aparece em grande área das portas e na faixa central do
painel, que acaba sendo a única superfície com toque macio em meio aos
plásticos rígidos.
O console central do Tracker não é simétrico como no
Onix, mas levemente voltado para o motorista. Em destaque no topo, a central
MyLink tem tela maior, de oito polegadas e não sete, como no resto da família
de compactos.
As saídas de ar centrais também são maiores. Para
completar, o trilho do câmbio é emoldurado por acabamento em preto brilhante.
Volante e mostradores analógicos do quadro de
instrumentos vieram do Onix, mas o Tracker Premier tem tela colorida para o
computador de bordo. Isso pode soar moderno, mas a peça parece arcaica perto de
rivais que possuem quadros mais atuais e com resolução melhor, sejam parcial ou
totalmente digitais.
Há outros equipamentos exclusivos da versão topo de
linha, caso do indicador de distância para o carro da frente, da frenagem
autônoma de emergência em baixa velocidade e do sistema de monitoramento de
pressão dos pneus.
O Tracker Premier também é o único com teto solar
panorâmico com abertura elétrica, rodas aro 17 diamantadas (de cinco furos,
diga-se), lanternas de leds e os faróis full-led, que integram as luzes diurnas
e as luzes de conversão em manobras.
Estas não ficam em peças à parte no conjunto óptico
dianteiro, como em outros carros, mas sim localizado na área interna dos
faróis, e têm foco direcionado para as laterais do carro.
Já as linhas de led verticais para-choque, que são as
luzes diurnas nas outras versões, assumem a função de seta no Premier. A cor
Azul Power das fotos também é exclusiva da versão, mas custa tanto quanto as
outras metálicas: R$ 1.600.
Se com o Onix a estratégia da Chevrolet foi apostar em
pacote de equipamentos farto e preço abaixo da maioria dos concorrentes, o
Tracker tem proposta mais ousada.
A lista de equipamentos até é interessante. Contudo, o degrau de preços entre as versões é maior e cada uma
delas está perfeitamente alinhada com as versões mais badaladas de Jeep
Renegade e Volkswagen T-Cross, os SUVs compactos mais vendidos do Brasil nos últimos tempos.
Os alvos não foram escolhidos por acaso: a Chevrolet
prevê que até o final do ano a fábrica de São Caetano do Sul (SP) terá
capacidade suficiente para alçar seu SUV compacto ao pódio do segmento.
Se a estratégia da GM for acertada, desta vez o Tracker não
será mero coadjuvante.Nota do blog: Tem um bom motor e visual. Mas o acabamento é péssimo. Excesso de peças plásticas, especialmente nas versões de entrada. Faz barulho em excesso ao passar por buracos ou depressões, parece uma sinfonia...
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