Monumento à Independência, São Paulo, Brasil
São Paulo - SP
Foto Postal N. 42
Fotografia - Cartão Postal
O Padre Belchior Pinheiro de Oliveira, testemunha do Grito do Ipiranga, nos deixou o seguinte relato sobre o ocorrido nesta data no ano de 1822:
"Dom Pedro, tremendo de raiva, arrancou de minhas mãos os papéis e, amarrotando-os, pisou-os e deixou-os na relva. Eu os apanhei e guardei. Depois, virou-se para mim e disse:
— E agora, padre Belchior?
Eu respondi prontamente:
— Se Vossa Alteza não se faz rei do Brasil será prisioneiro das cortes e, talvez, deserdado por elas. Não há outro caminho senão a independência e a separação.
Dom Pedro caminhou alguns passos, silenciosamente, acompanhado por mim, Cordeiro, Bregaro, Carlota e outros, em direção aos animais que se achavam à beira do caminho. De repente, estacou já no meio da estrada, dizendo-me:
— Padre Belchior, eles o querem, eles terão a sua conta. As cortes me perseguem, chamam-me com desprezo de rapazinho e de brasileiro. Pois verão agora quanto vale o rapazinho. De hoje em diante estão quebradas as nossas relações. Nada mais quero com o governo português e proclamo o Brasil, para sempre, separado de Portugal.
Respondemos imediatamente, com entusiasmo:
— Viva a Liberdade! Viva o Brasil separado! Viva dom Pedro!
O príncipe virou-se para seu ajudante de ordens e falou:
— Diga à minha guarda, que eu acabo de fazer a independência do Brasil. Estamos separados de Portugal."
Os eventos da proclamação da independência continuaram após os fatos narrados pelo padre Belchior, o que os relatos de outra testemunha, o Coronel Manuel Marcondes de Oliveira Melo, nos permitem conhecer:
"Poucos minutos poderiam ter se passado depois da retirada dos referidos viajantes (Bregaro e Cordeiro), eis que percebemos que o guarda, que estava de vigia, vinha apressadamente em direção ao ponto em que nós achávamos. Compreendi o que aquilo queria dizer e, imediatamente, mandei formar a guarda para receber dom Pedro, que devia entrar na cidade entre duas alas. Mas tão apressado vinha o príncipe, que chegou antes que alguns soldados tivessem tempo de alcançar as selas. Havia de ser quatro horas da tarde, mais ou menos. Vinha o príncipe na frente. Vendo-o voltar-se para o nosso lado, saímos ao seu encontro. Diante da guarda, que descrevia um semicírculo, estacou o seu animal e, de espada desembainhada, bradou:
— Amigos! Estão, para sempre, quebrados os laços que nos ligavam ao governo português! E quanto aos topes daquela nação, convido-os a fazer assim!
E arrancando do chapéu que ali trazia a fita azul e branca, a arrojou no chão, sendo nisto acompanhado por toda a guarda que, tirando dos braços o mesmo distintivo, lhe deu igual destino.
— E viva o Brasil livre e independente! — gritou dom Pedro.
Ao que, desembainhando também nossas espadas, respondemos:
— Viva o Brasil livre e independente! Viva dom Pedro, seu defensor perpétuo!
E bradou ainda o príncipe:
— Será nossa divisa de ora em diante: Independência ou Morte!
Por nossa parte, e com o mais vivo entusiasmo, repetimos:
— Independência ou Morte!"

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