segunda-feira, 6 de julho de 2020

Pavilhão Mourisco, Botafogo, Rio de Janeiro, Brasil


Pavilhão Mourisco, Botafogo, Rio de Janeiro, Brasil
Rio de Janeiro - RJ
Fotografia 


O Rio de Janeiro de 1906 era um canteiro de obras, tomado pelas reformas urbanas do prefeito Pereira Passos (1902-1906). A cidade se expandia no sentido zona sul e as ruas, antes estreitas, passaram a ser largas, para que comportassem o trânsito de carros. A Avenida Beira Mar, trecho que liga o centro da cidade ao bairro de Botafogo pela orla, foi uma das últimas obras inauguradas pelo prefeito. Para coroar este grande empreendimento, no fim da Avenida, em Botafogo, teve início a construção de uma das edificações mais bonitas da capital no início do século XX: o pavilhão mourisco.
Aberto em 1907, o pavilhão foi concebido pelo arquiteto Alfredo Burnier, chefe da Seção de Arquitetura da Diretoria Geral de Obras e Viação, para servir como café e restaurante, um pouso depois de longas caminhadas pela Avenida Beira Mar e suas cercanias. Contava com três grandes terraços, onde ficava o café, uma grande área interna destinada ao restaurante e uma pequena construção à parte, onde ficava um teatro de marionetes, para as crianças.
A construção possuía quatro torres e cinco cúpulas douradas, de inspiração árabe; seu exterior era revestido por cerâmicas e azulejos importados da Espanha. O estilo arquitetônico ao qual pertencia, o neomourisco ou neoislâmico, típico da época, também havia influenciado uma famosa edificação de 1905: o Castelo Mourisco, obra do arquiteto Luis Moraes Junior, que abriga a Fundação Oswaldo Cruz, em Manguinhos.
Considerado por muitos anos como um lugar da moda, o pavilhão mourisco começou a entrar em decadência na década de 1920. Já com o café e o restaurante fechados, a construção abrigaria entre 1934 e 1937 uma biblioteca infantil pública gerida por Cecília Meireles, sendo depois cedida ao clube Botafogo de Futebol e Regatas, que teve ali uma de suas sedes desportivas.
Em 1952, o pavilhão foi, enfim, demolido, para dar passagem ao túnel do Pasmado. Após anos de terreno vazio, um acordo com o clube, nos anos 1990, permitiria a construção do Centro Empresarial Mourisco, edifício comercial de grandes proporções e estética polêmica, cujas obras terminaram em 1998.
Ainda que o centro empresarial erguido em seu lugar não lembre em nada a glória do pavilhão e da Avenida Beira Mar no início do século passado, a memória do esplendor dessa região permanece. O pavilhão Mourisco foi retratado por fotógrafos como Augusto Malta e figurou no imperdível filme de 1936 ‘Rio de Janeiro: City of Splendour’, de autoria de James Fitzpatrick. Texto de Manuela Bezamat.





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