Pavilhão Mourisco, Botafogo, Rio de Janeiro, Brasil
Rio de Janeiro - RJ
Fotografia
O Rio de Janeiro de 1906 era um canteiro de obras, tomado pelas
reformas urbanas do prefeito Pereira Passos (1902-1906). A cidade se expandia
no sentido zona sul e as ruas, antes estreitas, passaram a ser largas, para que
comportassem o trânsito de carros. A Avenida Beira Mar, trecho que liga o
centro da cidade ao bairro de Botafogo pela orla, foi uma das últimas obras
inauguradas pelo prefeito. Para coroar este grande empreendimento, no fim da
Avenida, em Botafogo, teve início a construção de uma das edificações mais
bonitas da capital no início do século XX: o pavilhão mourisco.
Aberto em 1907, o pavilhão foi concebido pelo arquiteto Alfredo
Burnier, chefe da Seção de Arquitetura da Diretoria Geral de Obras e Viação,
para servir como café e restaurante, um pouso depois de longas caminhadas pela
Avenida Beira Mar e suas cercanias. Contava com três grandes terraços, onde
ficava o café, uma grande área interna destinada ao restaurante e uma pequena
construção à parte, onde ficava um teatro de marionetes, para as crianças.
A construção possuía quatro torres e cinco cúpulas douradas, de
inspiração árabe; seu exterior era revestido por cerâmicas e azulejos
importados da Espanha. O estilo arquitetônico ao qual pertencia, o neomourisco ou neoislâmico,
típico da época, também havia influenciado uma famosa edificação de
1905: o Castelo Mourisco, obra do arquiteto Luis Moraes Junior, que
abriga a Fundação Oswaldo Cruz, em Manguinhos.
Considerado por muitos anos como um lugar da moda, o pavilhão
mourisco começou a entrar em decadência na década de 1920. Já com o café e
o restaurante fechados, a construção abrigaria entre 1934 e 1937 uma
biblioteca infantil pública gerida por Cecília Meireles, sendo depois cedida ao
clube Botafogo de Futebol e Regatas, que teve ali uma de suas sedes
desportivas.
Em 1952, o pavilhão foi, enfim, demolido, para dar passagem ao
túnel do Pasmado. Após anos de terreno vazio, um acordo com o clube, nos anos
1990, permitiria a construção do Centro Empresarial Mourisco, edifício
comercial de grandes proporções e estética polêmica, cujas obras
terminaram em 1998.
Ainda que o centro empresarial erguido em seu lugar não lembre em nada a glória do pavilhão e da Avenida Beira Mar no início do século passado, a memória do esplendor dessa região permanece. O pavilhão Mourisco foi retratado por fotógrafos como Augusto Malta e figurou no imperdível filme de 1936 ‘Rio de Janeiro: City of Splendour’, de autoria de James Fitzpatrick. Texto de Manuela Bezamat.
Ainda que o centro empresarial erguido em seu lugar não lembre em nada a glória do pavilhão e da Avenida Beira Mar no início do século passado, a memória do esplendor dessa região permanece. O pavilhão Mourisco foi retratado por fotógrafos como Augusto Malta e figurou no imperdível filme de 1936 ‘Rio de Janeiro: City of Splendour’, de autoria de James Fitzpatrick. Texto de Manuela Bezamat.


Nenhum comentário:
Postar um comentário