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quinta-feira, 1 de outubro de 2020
Propaganda "Château Comodoro, Safra 78", Chevrolet Opala Comodoro Château, Chevrolet, Brasil
Propaganda "Château Comodoro, Safra 78", Chevrolet Opala Comodoro Château, Chevrolet, Brasil
Propaganda
O Opala Château foi uma versão de revestimento interno, opcional, oferecida pela General Motors, entre 1978 e 1979 na linha Opala/Caravan e caracterizada pelo uso da cor vinho na forração.
Fruto da nacionalização do Opel Comodore 2 portas e Rekord 4 portas 1966, o GM Opala tinha um desenho conservador para os fins de 1970, mas a fama e diversas reestilizações, o mantinham em alta, nas versões: “Opala” (Standard), “Opala de Luxo”, “Opala Comodoro” e “Opala SS” (este apenas com 2 portas). A perua Caravan também seguia as mesmas linhas, sempre 2 portas.
Entre as novidades da linha 1978, que produziria o 500.000º Opala, a GM apresentou a opção Château, de revestimento interno em veludo vinho. Bonito e sofisticado, seria uma alegre alternativa ao preto e ao marrom, disponíveis para as linhas Luxo e Comodoro.
O “Château” não era uma versão do Opala propriamente, mas sim uma opção de acabamento. E qualquer Opala ou Caravan 1978/79 com interior vinho é um Château. Inclusive, o apelido foi criado informalmente pelo marketing da GM, já que Château em francês (se pronuncia ‘chatô’) significa castelo e designa as propriedades vinícolas de Bordeaux (França) que produzem alguns dos vinhos mais qualificados do mundo.
A GM tinha boas expectativas para a opção vinho, comum no exterior. Aliás, opções de interior colorido já estiveram disponíveis, em versões anteriores do Opala, como a Especial e Gran Luxo, com relativo sucesso. Porém, os tempos haviam mudado e a opção Château logo se transformaria numa mosca branca.
Topo da linha GM, a carroceria do Opala Comodoro não se alterava com a opção Château. Sua frente era marcada pelo vasto capô horizontal, com o nome Chevrolet escrito em letras metálicas, na borda externa.
Os faróis circulares ficavam numa moldura quadrada, da cor da carroceria, junto às setas alaranjadas. A grade do radiador, formada por quatro retângulos pretos com bordas prateadas, tinha um friso cruciforme, na cor do carro. O para-choque, em lâmina cromada, opcionalmente, vinha com friso de borracha, garras e faróis de milha.
Na versão coupé 2 portas, a larga coluna traseira descia suavemente com o vidro traseiro inclinado, no estilo fastback, emendava na tampa do porta-malas e terminava no painel traseiro. Um emblema circular “C”, na coluna, identificava o pedigree do carro, complementado por duas plaquetas “Comodoro”, nos para-lamas.
Havia um meio teto em vinil “Las Vegas”, nos tons preto, branco ou bege, de acordo com a cor do carro. Opcional, assim como um friso inox que emoldurava os para-lamas e a caixa de ar, complementando um segundo friso adesivo, que percorria a carroceria, na altura da maçaneta.
Já no sedã 4 portas, a curva da carroceria era menos acentuada, abrindo espaço para as portas traseiras. O teto em vinil inteiro também era opcional. As rodas 14 eram pretas, cobertas por uma grande calota cromada com sobrearos, tendo o logo GM ao centro.
Na traseira, as lanternas seguiam o icônico estilo “Impala” circular, duas de cada lado. Ao centro, ficava a tampa do tanque, escrito “Comodoro” e a fechadura do porta-malas. Um friso cromado circundava o conjunto, arrematado pelo para-choque traseiro, de lâmina cromada.
Havia 12 cores disponíveis de carroceria, entre sólidas e metálicas. As mais escolhidas, para harmonizar com acabamento Chatêau, eram: “Branco Everest”, “Prata Inca”, “Bege Areia” e o icônico “Vermelho Vinho” que deixava o carro praticamente monocromático.
A perua Caravan, embora 2 portas, seguia as linhas gerais do Opala sedã. Lateralmente, era possível ver sua silhueta, desenhada na traseira fechada, a partir da coluna C, pela carroceria Station Wagon.
Apesar da proposta Château, o interior não era monocromático. O painel de instrumentos, preto, era dividido na metade: à direita, ocupada pela tampa do porta-luvas e à esquerda, revestida de plástico simulando jacarandá, tinha três grandes mostradores de ponteiros laranja: agregado de temperatura/nível de combustível/luzes espias; relógio de horas no centro; e à direita, velocímetro.
Opcionalmente, poderia ser incluído um conta-giros no lado esquerdo. Os marcadores de temperatura e gasolina iam para o centro e o relógio para o console. Ao lado dos mostradores, estavam os principais comandos, em grupos de duas teclas. Mais ao centro, os controles da ventilação, acima do rádio e do cinzeiro.
O volante bumerangue, preto, tinha almofada central com acionamento da buzina e a identificação “Comodoro”. O câmbio poderia ficar na coluna da direção, no caso da caixa de 3 marchas, ou no túnel central, junto ao porta-objetos preto, no caso da 4 marchas.
A extensa lista de opcionais incluía direção hidráulica, ar-condicionado, rádios AM/FM e vidros verdes.
A alma do Opala Château eram os bancos inteiriços, forrados de veludo cotelê vinho, costurado com viés, em seis grandes gomos, no assento, e em “U” no encosto. E courvin vinho, nos lados e parte de trás.
Nas unidades com câmbio no chão, os bancos eram individuais, reclináveis e com apoia-cabeça, integrados (opcional).
As portas tinham ombreiras em courvin vinho. Um aplique em “J”, imitando jacarandá, abrigava a maçaneta. Um pouco abaixo, ficava um pequeno puxador e a manivela do vidro. Um enxerto de veludo, costurado em nove gomos, ficava ao centro e, no pé da porta, havia uma faixa de feltro vinho, com sinaleira de abertura.
O banco traseiro, seguia o esquema do dianteiro, assim como as laterais traseiras. Espessos carpetes vinho revestiam o assoalho, confortáveis e silenciosos, combinando com os cintos de segurança abdominais, também Château.
Essa mesma disposição de interior, estava presente nas Caravans Comodoro Château, acrescida do vasto porta-mala de 774 litros (ou 1.460 quando o banco traseiro rebatia), forrado também em vinho.
Por fora, a versão Opala de Luxo se diferenciava do Opala Comodoro, apenas o suficiente para mudar o nome. Faróis, grade, para-choque, frisos e demais itens continuavam os mesmos. Mas, as molduras dos faróis eram cinza, o logo Chevrolet manuscrito, ficava na esquerda do capô, não havia friso traseiro e o carro tinha a identificação “Opala (ou Caravan) de Luxo” nos para-lamas.
A principal mudança aparecia no interior. O padrão Château se repetia, mas sem veludo nem apliques de jacarandá/carpete nas laterais da porta.
Os bancos, dianteiro e traseiro eram forrados em cotelê vinho, desenhando gomos horizontais, em toda área de contato, com apliques de courvin nas extremidades. O efeito geral era mais simples, embora tão agradável quanto o Comodoro.
A motorização, em todos os modelos, ficava por conta dos conhecidos motores “151” de 2.474cc e “250” de 4.100cc com quatro e seis cilindros. Rendendo 90 cv (16,5 kgfm) e 148cv (22,8 kgfm) respectivamente.
O pacote “S”, da linha esportiva SS, também estava disponível como opcional, tendo 98cv (18,6 kgfm) no motor de 4 cilindros (de série no Comodoro) e 171 cv (28,8 kgfm), no de 6.
Com três transmissões possíveis, mecânica de três ou quatro marchas, e automática de quatro, rendiam 150 km/h (4 cil.) e 165 km/h (6 cil.) ou 160 km/h e 174 km/h na série “S”. A Caravan, um pouco mais pesada, (1264 kg contra 1122 kg do Opala) tinha uma final, em média, 10 km/h menor.
A suspensão, de molas helicoidais, dianteira independente e traseira de eixo rígido, era um conjunto funcional, mas tinha suas limitações numa direção esportiva, assim como os freios a disco ventilado na dianteira e tambor traseiro.
Em 1979, com a iminente chegada do novo top GM — o Diplomata — a linha Opala/Caravan foi remanejada. A opção “Luxo” foi extinta e o Comodoro desceu para posição intermediária, perdendo requintes, mas mantendo a opção Château de revestimento.
Por outro lado, a versão Opala (Standard) ficou mais refinada e ganhou a opção Château, estendida também ao Chevette SL.
A carroceria do Opala Comodoro em 1979 teve poucas mudanças: a moldura dos faróis passou para cinza, o friso traseiro desapareceu e o nome Chevrolet foi para esquerda do capô, deixando-o bem semelhante ao extinto Luxo. Já os retrovisores, antes redondos, passaram a ser o do Chevette, quadrados.
As novas rodas de ferro simples “repolho”, eram pintadas de alumínio e não tinham calotas, opcionais.
O motor 151 básico, com um carburador de duplo estágio, para maior economia, se tornou padrão, no lugar do 151“S”.
Por dentro, desapareceram os apliques de jacarandá, porém o volante, painel e console se tornaram vinhos, unificando o interior Château e criando um belo efeito monocromático.
Os bancos passaram a ser estofados com veludo cotelê, riscado, costurado em quatro gomos horizontais e o console foi remodelado, para abrigar a nova posição do freio de mão, antes localizado no painel.
Seguindo a lógica anterior, a carroceria Standard se diferenciava da Comodoro pela grade de borda única, ausência de frisos e emblemas.
No interior “Standard” Château, aparecia o mesmo cotelê vinho riscado, do Comodoro, com costura de gomos verticais. A lateral das portas mantinha o desenho geral, mas toda em courvin vinho.
Novamente, era difícil perceber as diferenças de um Opala (Standart) para o Opala Comodoro, por conta do estilo e a diversidade de acessórios.
No Brasil dos fins de 1970, comprar um automóvel 0km (ainda mais um Opala), era —ainda é — um alto investimento, para a maioria das pessoas e o momento econômico não ajudava. Assim, a escolha envolvia todos os detalhes, incluindo a desvalorização na revenda.
Um ponto crucial, que ficava em cheque, com o interior Château. Apesar da boa divulgação, as vendas foram muito fracas. Logo, em 1980, com a nova geração Opala, a opção foi discretamente suprimida. Não é possível saber quantas unidades foram produzidas pela falta de registros oficiais.
No mercado dos seminovos, os exemplares Château sofreram com o preconceito de mau gosto na época. Vários foram descaracterizados para forração preta, então a preferida, reduzindo ainda mais o número dos sobreviventes.
Em 1988, a GM tornou a oferecer o interior vinho Château, na linha Opala e Monza. Segundo fracasso, que levou a montadora a retirá-lo em definitivo, dando origem a outra família de “moscas brancas”, assunto futuro.
Enquanto isso, o Opala, prosseguia em sua brilhante carreira, num mercado cada vez mais carente, até completar um milhão de unidades e sair de linha em 1992, com a série final Diplomata Collectors.
Com o fim da produção, o Opala, logo assumiu o status de clássico nacional e como acontece nesses casos a lógica se inverteu, e são justamente os exemplares menos comuns, os mais valorizados.
Assim, o Opala Château é parte dos sonhos da maioria dos colecionadores brasileiros, pela nobreza e o estilo marcante que o acabamento vinho proporciona. Os poucos exemplares originais, remanescentes, tem grande destaque nos encontros, visto que as restaurações são dificílimas. Mostrando que em matéria de design, assim como de vinhos, o tempo é sempre o melhor juiz.
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