Mirante da Luz / A "Torre de Pisa" Paulistana, São Paulo, Brasil
São Paulo - SP
Fotografia
Uma “Torre de Pisa” bem no centro de São Paulo!
Ocorreu no Jardim da Luz, região central de São Paulo.
Numa era em que o Parque do Ibirapuera sequer estava nos sonhos, o parque mais badalado de São Paulo era o Jardim da Luz. Localizado no coração da cidade, ele foi por muitos anos o ponto de encontro favorito da alta sociedade paulistana.
Por décadas, visitantes ali só podiam entrar de chapéu e paletó. Alinhados, os homens não abriam mão da bengala e do cebolão, o famoso relógio pendurado no colete. Isto combinava com os vestidos elegantes usados pelas senhoras.
Esse cartão postal paulistano era um dos pontos mais disputados pelos lambe-lambes no começo do século passado.
E é neste local que, idealizado pelo presidente da então Província de São Paulo, João Teodoro, o Mirante da Luz foi construído e inaugurado em 1874. Era uma curiosa construção de aparência neoclássica erguida por Antônio Bernardo Quartim. Em seu mandato, que foi de 1872 a 1875, o Jardim da Luz foi alvo de muitas melhorias e entre elas estava o mirante de 20 metros erguido para ser um observatório e batizado jocosamente de “Canudo de João Teodoro”.
O edifício, à época era o mais alto da cidade e de fato ganharia um observatório meteorológico em 1886 e cumpria por assim ser a função de mirante. Mas a construção feita de tijolos trazidos da Inglaterra, por um erro de engenharia acabou não suportando o próprio peso e começou a pender para o lado, como a famosa Torre de Pisa. Aliás foi nesse momento que a população não deu perdão a duvidosa construção e agregou a ela o famoso apelido de “Canudo de João Teodoro”.
Em 1900, já abandonado e servindo apenas de encontros furtivos de casais (prostituição) acabou sendo demolido na gestão do então prefeito Antônio Prado.
O escritor Clóvis de Athayde Jorge descreve a construção: “torre circular de tijolos, à maneira de mirante e observatório, ao preço de seis contos de réis. A obra elevou-se, com cerca de vinte metros de altura, fronteira à Estação da Luz e ganhou o apelido de ‘canudo do dr. João Teodoro’. Era uma peça arquitetônica edificada à imitação de farol marítimo, com escadas circulares internas, unindo os cinco andares, e desvões escuros que casais aproveitavam para atitudes menos escusas. Foi fechada em 1890 e, com a lei n. 496, de 14 de novembro de 1900, demolida, reutilizando-se o material para murar parte inicial da rua dos Imigrantes, atual José Paulino, em paralelo com a linha ferroviária.”

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