quarta-feira, 31 de março de 2021

Audi Q3 2021, Alemanha











 

Audi Q3 2021, Alemanha
Fotografia


Os SUVs ganharam tanta importância comercial que a Audi lançou o novo Q3 antes da gama A3. O primeiro foi apresentado na Europa no ano passado e chegou ao Brasil há cerca de seis meses; já o segundo acabou de ser totalmente reformulado e tem lançamento confirmado por aqui em 2021. Esses modelos são os responsáveis pelas maiores fatias de mercado para a marca alemã e, portanto, têm grande importância comercial.
Enquanto o novo A3 não chega, muito do que será visto nele é antecipado pelo Audi Q3. Experimentamos o SUV em um percurso de aproximadamente 200 km, entre Belo Horizonte e a histórica (e belíssima) Tiradentes, ambas em Minas Gerais.
O que se vê no modelo é, essencialmente, a adição de mais tecnologia a uma fórmula conhecida e consagrada.
Para começo de conversa, o motor é o mesmo 1.4 TFSI da geração anterior. Com 150 cv de potência e 25,5 kgfm de torque, a unidade é mais que suficiente para os 1.580 kg de peso do modelo. Na estrada, é possível fazer ultrapassagens com segurança e ganhar velocidade tranquilamente em trechos de subida.
Porém, com a disseminação de propulsores turboalimentados no mercado, o desempenho já não é mais destaque. É bom, correto, mas não empolgante. SUVs com menos pedigree, como Chevrolet Equinox, Chery Tiggo 5X e Citroën C4 Cactus THP oferecem nível parecido de performance por bem menos.
Até o T-Cross 250 TSI, uma espécie de “primo pobre” do novo Q3 (uma vez que Audi e Volkswagen integram o mesmo grupo empresarial), não deixa por menos quando o motorista pisa fundo no pedal da direita.
Então, por que alguém pagaria mais caro pelo SUV da Audi? Porque ele é superior aos demais em quesitos nos quais as marcas premium se fazem valer. O silêncio a bordo faz inveja em qualquer modelo generalista, assim como o acabamento.
Há uma abundância de materiais emborrachados no painel e nas portas, enquanto os bancos da versão Black, avaliada, são revestidos (opcionalmente) em Alcantara, uma espécie de camurça, além de proporcionarem apoio perfeito para o corpo. A impressão a bordo é de capricho nos mínimos detalhes.
Aliás, não só o acabamento, como o design e as soluções ergonômicas, tornam o interior do novo Q3 mais agradável que o do antigo. A central multimídia com tela de 8,8 polegadas, em conjunto com os instrumentos digitais em tela configurável de 10,2 polegadas, o volante esportivo e da iluminação ambiente personalizável transmitem sofisticação; o detalhe é que esse último item é opcional e vem junto com o tal revestimento em Alcântara. Por fora, o modelo também ficou mais contemporâneo, ainda que mantenha um estilo discreto, típico da Audi.
Outra impressão é que o SUV ficou maior. Nesse caso, não é apenas sensação, pois o novo Q3 realmente cresceu em relação ao antigo. São 9,7 cm a mais no comprimento e 7,7 cm extras na distância entre eixos. Consequentemente, o espaço interno também aumentou.
O banco traseiro agora corre sobre um trilho, o que permite aos ocupantes escolher entre um enorme vão para as pernas dos passageiros ou um porta-malas de até 530 litros.
Dinamicamente, o novo Audi Q3 também revela seus caprichos. A suspensão, que traz sistema independente do tipo multilink no eixo traseiro, tem calibragem invejável. Nas inúmeras curvas da BR-383, o SUV, apesar da altura elevada, demonstrou estabilidade digna de hatch. Já no calçamento de Tiradentes, não sacrificou o conforto de rodagem.
Também o câmbio mostra-se em um patamar de excelência. Automatizada com dupla embreagem e seis marchas, a transmissão trabalha de modo suave e faz trocas rapidíssimas, sempre nos momentos certos. Não faltam borboletas no volante para operar o sistema sequencialmente ou modo Sport. Por sua vez, a direção, com assistência elétrica, mostra-se igualmente afiada.
Além do mais, há cinco modos de condução, que alteram a assistência da direção e o giro das trocas de marchas, além da resposta do acelerador. O mais esportivo é o Dynamic; na outra ponta, há o Comfort, voltado para a suavidade ao rodar. Entre os dois, existem as opções Auto, Individual (programável) e Off Road, muito embora a tração seja dianteira.
O caso é que, em relação á dirigibilidade, o SUV da Audi sempre foi bom, certo? Aliás, qualquer carro de marca premium é. Pois essa é a parte da fórmula consagrada. O novo elemento é a adição de tecnologia, presente, em especial, em itens de auxílio à condução.
Antes de tomar a agradável BR-383, o trajeto começa pela movimentada BR-040. Além do grande volume de tráfego, o trânsito sofria retenções pontuais devido a obras. Sem ter como explorar a dinâmica do modelo, o momento foi propício para testar o controle de velocidade adaptativo, que mantém automaticamente uma distância predefinida do veículo à frente.
É um recurso bem útil em situações do tipo. Esse equipamento é vendido opcionalmente na versão Black, em um pacote que inclui ainda sistema de frenagem autônoma.
E o que poderia ser melhor no novo Audi Q3? Além do desempenho ser apenas satisfatório para a categoria, o 1.4 só aceita gasolina. Incoerente, já que outros modelos premium já oferecem sistema flex.
Além do mais, o consumo durante o percurso foi apenas razoável: as aferições indicaram uma média de 11 km/l. É menos que se espera de um SUV equipado com motor de baixa cilindrada, mesmo num percurso com algumas retenções.
A Audi afirmou durante o lançamento que, no futuro, poderá importar o novo Q3 nas versões equipadas com motor 2.0 TFSI. Não é de se esperar que elas tenham melhores números de consumo ou sistema flex. Porém, pelo menos, o desempenho será bem mais interessante.
Nota do blog: Atualmente o modelo vem para o Brasil importado da Hungria.

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