segunda-feira, 28 de junho de 2021

Escola Prática de Agricultura Getúlio Vargas, 1945, Ribeirão Preto, São Paulo, Brasil


 Escola Prática de Agricultura Getúlio Vargas, 1945, Ribeirão Preto, São Paulo, Brasil
Ribeirão Preto - SP
Fotografia





Pode-se dizer que a criação do Campus da USP em Ribeirão Preto tem raízes nos tempos dourados do Café e de sua crise. Destaca-se, em particular, a história da contabilidade no mundo, que possui uma relação significativa com a crise de 29, considerada um marco mundial à sua evolução. Data-se que o Campus da USP em Ribeirão Preto, em especial, guarda diversos tesouros históricos, que estão ligados aos 152 anos de fundação desta cidade. Uma cidade que manteve no seu percurso histórico uma tradição na agricultura, primeiramente, cafeeira, que foi considerada o primeiro grande polo de desenvolvimento, tanto foi à aptidão regional, das características destas terras para agricultura, que aqui reside, atualmente, um dos principais, se não o principal centro de produção de açúcar e etanol do planeta.
A primeira parte desta história tem início em 1874, com um fazendeiro que plantava café, também criador de gado e comerciante de escravos, conhecido por João Franco, que adquiriu terras e construiu a Fazenda Monte Alegre, que hoje é o núcleo principal, chamado Campus Universitário. Conta-se que a primeira grande residência erguida, como sede da Fazenda, abriga atualmente o Museu Municipal da Cidade (dentro do Campus, o Museu do Café). Nesse período a prosperidade do café foi tão pujante que a referida Fazenda foi o primeiro local da cidade a ter energia elétrica. Momentos não muitos felizes vieram a assombrar a Fazenda Monte Alegre (problemas de saúde, somados a perdas políticas) e levaram, em 1890, João Franco a vender suas terras e mudar-se de Ribeirão Preto. A propriedade passa a ter um novo gestor, o imigrante alemão, de origem judaica, Francisco Schmidt, que havia chegado ao Brasil em 1858, com apenas 9 anos de idade, vindo da aldeia de Ostoffer. A aquisição da Fazenda não se deu como fruto de seu trabalho em terras brasileiras, mas sim do empréstimo tomado da firma Theodor Wille, de Hamburgo, Alemanha.
O sucesso de Francisco Schmidt nos negócios foi tão vigoroso que aproximadamente em 1913, foi considerado o maior produtor mundial de café, recebendo o título de "Rei do Café". Conta-se também que a riqueza, o status e a sofisticação propiciada pelas plantações deram tanto a Ribeirão Preto e à Fazenda Monte Alegre requinte e conforto desfrutados na Europa, nesse período. O grande desenvolvimento econômico e social da região podia ser notado pela transformação da região, incluindo uma ferrovia particular, que atravessava algumas as fazendas. O poderio econômico era tão pujante, em meados da década de 20 que nesse período havia 14 mil colonos trabalhando em 60 propriedades. Uma área que contemplava 14 milhões de pés de café, com uma produção anual de 700 mil sacas. O coronel Schmidt, como vinha a ser chamado, adquiriu tal poder econômico, que teve uma moeda cunhada em alumínio, com o seu próprio nome, com plena circulação no comércio local.
A segunda parte desta história inicia-se com a com morte de Francisco Schmidt, em 1924, aos 73 anos. Os seus herdeiros liquidam seus débitos com a firma Theodor Wille, usando, para isso, grande parte de seus bens. No entanto, a Fazenda Monte Alegre é preservada pelo seu herdeiro, Jacob, que sofre uma derrocada nos negócios, com a quebra da bolsa de Nova York, pois o café passava a ser uma péssima opção, então. Os efeitos foram tão fortes que a cultura cafeeira, que nos 30 anos seguintes seria substituída pela cultura do algodão. No período ditatorial de Getúlio Vargas, no final da década de 30, surgem toadas de que a Fazenda Monte Alegre, então poderia ser fruto de desapropriação pelo governo, para fins educacionais. Jacob vendeu sua propriedade ao fazendeiro João Marquese, no entanto, o negócio não chega a receber escritura definitiva. De fato a Fazenda Monte Alegre vem a ser desapropriada em 1940, em janeiro de 42 é criada a "Escola Prática de Agricultura Getúlio Vargas" (EPA), que tinha como objetivo desenvolver um campo de formação de técnicos. Esse projeto era considerado uma "etapa da reforma agrária brasileira". Na Escola Prática de Agricultura os alunos moravam em sistema de internato, com todo o conforto. Mas foram raros os que, depois de formados, quiseram abandonar o conforto da cidade para se dedicar ao campo [...].
No final dos anos 40, devido às mudanças políticas e a redemocratização do país, os planos da Era Vargas são esquecidos e, consequentemente, a Escola Prática de Agricultura é desativada. No ano de 1948 é criada a Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto (FMRP), cujas atividades iniciariam, de fato, apenas em maio de 1952, considerada como uma unidade solitária, numa área de 270 alqueires do Campus. Em 1960, ocorre a instalação da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras. Nos anos 70, instala-se a Escola de Enfermagem e a Faculdade de Farmácia e Odontologia, que mais tarde (1973) seriam desmembradas nas Faculdade de Ciências Farmacêuticas de Ribeirão Preto e Faculdade de Odontologia de Ribeirão Preto. Devido à necessidade de uma estrutura que aglutinasse os interesses comuns das unidades, cria-se, então, a Coordenadoria do Campus e, posteriormente, seria a Prefeitura do Campus Administrativo de Ribeirão Preto.
A terceira parte desta história, constitui-se em 1992, com a criação da Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade (FEA-RP), que se inicia como uma extensão da Unidade de São Paulo, atendendo a antigas demandas da sociedade. Uma Unidade capaz de gerar e difundir conhecimentos nas áreas de Economia, Administração e Contabilidade. A FEA-RP foi instalada num prédio histórico, atualmente tombado como patrimônio cultural (antiga Biblioteca Central), onde procura, com intensa atuação de seus docentes, alunos e funcionários, manter-se na vanguarda do ensino, da pesquisa e extensão em Economia, Administração e Contabilidade, procurando oferecer, ao mesmo tempo, uma importante contribuição ao aprimoramento e uma maior intensificação da ligação Empresa-Universidade- Comunidade, por meio do aperfeiçoamento da formação humanística de seus estudantes, visando assegurar não só o eficiente desempenho profissional, mas também credenciá-los a enfrentar os desafios que a sociedade moderna, extremamente dinâmica, apresenta a cada momento.

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