terça-feira, 11 de outubro de 2022

Antiga Estação Ferroviária, Curitiba, Paraná, Brasil




Antiga Estação Ferroviária, Curitiba, Paraná, Brasil
Curitiba - PR
Fotografia


A linha unindo Curitiba a Paranaguá, a mais antiga do Estado, foi aberta pela E. F. Paraná de Paranaguá a Morretes em 1883, chegando a Curitiba em fevereiro de 1885. Durante seus 120 anos de existência ela pouco mudou, apenas dentro de Curitiba e na mudança de um ou outro túnel na serra. É considerada um dos marcos da engenharia ferroviária nacional, projetada por André Rebouças e construída por Teixeira Soares, depois de firmas estrangeiras recusarem a obra devido à dificuldade do trecho da serra, entre Morretes e Roça Nova. É também uma das poucas linhas que continua ter trens de passageiros, embora de forma turística apenas, desde os anos 1990, hoje explorado por uma concessionária privada, a Serra Verde. Em 1942, a E. F. Paraná foi englobada pela R. V. Paraná-Santa Catarina, e esta, em 1975, transformada em uma divisão da RFFSA. Em 1996, o trecho passou a ser operado pela ALL, que obteve a concessão da antiga RVPSC.
A estação de Curitiba foi inaugurada em 1885 para servir à linha Curitiba-Paranaguá. Em 1891, a linha foi continuada para atingir Ponta Grossa, em 1894, e daí o resto do Paraná. A partir de 1909, passou também a ser o ponto de saída da E. F. Norte do Paraná, que depois se tornou o ramal de Rio Branco do Sul. Mas a grande conquista para Curitiba foi nesse mesmo ano, 1909, ano em que a cidade saiu de seu isolamento: foi quando foi inaugurada a ligação ferroviária com as cidades de São Paulo e Rio de Janeiro, através da junção do ramal de Itararé, da Sorocabana, e da linha Itararé- Uruguai, na então São Pedro do Itararé. No ano seguinte, por Marcelino Ramos, seria possível também viajar de Curitiba a Porto Alegre de trem. As estradas de acesso a Curitiba eram péssimas; por navio, via Paranaguá, era demorado demais. Há autores que afirmam que até meados dos anos 1920 o único acesso para Curitiba era por trem, pois as outras alternativas continuavam precaríssimas. Somente nos anos 1960, com a abertura da rodovia Regis Bittencourt, através do vale do Ribeira, Curitiba passou a ter um acesso decente e mais rápido por automóvel e o trem passou a ser bem menos usado, pois vir de automóvel por Itararé e Ponta Grossa era extremamente longo e pela estrada do Ribeira, via Capão Bonito e Apiaí... bem, essa teve trechos de terra até 2006, quando foi finalmente asfaltada no trecho paranaense. A estação permaneceu ativa até 13/11/1972, quando dela saiu o último trem para Paranaguá. Nesse dia, foi inaugurada a estação de Curitiba-nova, ou Rodoferroviária, como é mais chamada. Alguns trens turísticos para a Lapa ainda saíram dessa estação por algumas oportunidades, até os anos 1980. No início dos anos 1990, os trilhos foram definitivamente retirados e antiga ligação com a Rodoferroviária e a saída para Ponta Grossa, que ainda persistia, foi finalmente desfeita. Hoje, somente sobram os trilhos à frente da plataforma, abrigando algumas locomotivas e carros que fazem parte do museu que dentro da estação está instalado.
Hoje parte do Shopping Estação, a velha e original estação de Curitiba manteve somente o prédio principal. O pátio foi para o saco no início dos anos 1990. Ele ocupava toda a área à frente do prédio da estação (que sempre deu frente para a Avenida Sete de Setembro) e chegava até a Avenida Silva Jardim. Um dos extremos laterais – até onde hoje chega o prédio do shopping – ficava na Avenida Floriano Peixoto. O outro lado chegava até a Rua João Negrão. A linha saía do pátio cruzando esta última rua por cima em um viaduto de ferro, a “Ponte Preta”. Ainda existe, embora não seja a original de 1884. O shopping tem prédios grandes e novos, que “abafam” a pequena estação, principalmente para quem olha por dentro. A plataforma e sua cobertura original ainda estão lá, mas esta é inútil: entre o prédio da estação e os do shopping há uma cobertura metálica em arco branco, que lembra as novas estações da CPTM na linha do rio Pinheiros, em São Paulo. O shopping ocupou boa parte do pátio, mas não todo: sua parte traseira dá para a Rua Rockfeller, que faz um “S” ao sair da Avenida Sete de Setembro e depois cruza a Silva Jardim. Ou seja, o pátio foi engolido pelo shopping e por prédios que ficam hoje dando frente para a Silva Jardim. A Rua Rockfeller cortou o local onde ficava a rotunda do pátio, uma rotunda de 180 graus. Porém, parece que ela não havia sobrevivido até o arrasamento do pátio, já havia sido desativada e demolida tempos antes. O fato é que uma área aberta e com alguns prédios ferroviários grandes e pequenos (e a rotunda), que poderia ser um magnífico museu a céu aberto junto ao centro da cidade, foi destruída.

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