Rua Voluntários da Pátria com a Praça XV de Novembro, Circa 1880-1890, Porto Alegre, Rio Grande do Sul, Brasil
Porto Alegre - RS
Fotografia
Texto 1:
A partir da última década do século XIX, sanitarização e urbanismo se tornaram discussões centrais em Porto Alegre. Médicos como Ramiro Barcelos discursavam na câmara sobre a higiene pública e as teorias higienistas estavam em alta.
Desse modo, a circulação de animais foi sendo progressivamente restringida nos perímetros urbanos, pois tais teorias vinculavam a sujeira que se acumulava nas vias públicas (dejetos humanos e de animais, cortiços etc) à proliferação de inúmeras doenças. Cavalos, burros, bois e outros animais similares já não eram mais aceitos em todas as vias públicas e, preferencialmente, deveriam circular fora do que hoje conhecemos como primeiro distrito, ou seja, o Centro Histórico.
Até o final do século XIX, a capital gaúcha ainda não tinha energia elétrica e, portanto, o transporte público e individual eram, ainda em sua maioria, feitos por tração animal. A partir da virada do século, os coletivos puxados por burros começaram a dar lugar aos bondes elétricos, e, lentamente, aos carros.
O transporte por tração animal foi comum até a primeira metade do século XX, sendo legalmente extinto a partir do século XXI, com as leis municipais que restringem a circulação de carroças na capital.
Texto 2:Desse modo, a circulação de animais foi sendo progressivamente restringida nos perímetros urbanos, pois tais teorias vinculavam a sujeira que se acumulava nas vias públicas (dejetos humanos e de animais, cortiços etc) à proliferação de inúmeras doenças. Cavalos, burros, bois e outros animais similares já não eram mais aceitos em todas as vias públicas e, preferencialmente, deveriam circular fora do que hoje conhecemos como primeiro distrito, ou seja, o Centro Histórico.
Até o final do século XIX, a capital gaúcha ainda não tinha energia elétrica e, portanto, o transporte público e individual eram, ainda em sua maioria, feitos por tração animal. A partir da virada do século, os coletivos puxados por burros começaram a dar lugar aos bondes elétricos, e, lentamente, aos carros.
O transporte por tração animal foi comum até a primeira metade do século XX, sendo legalmente extinto a partir do século XXI, com as leis municipais que restringem a circulação de carroças na capital.
A abertura de uma nova via de acesso à Vila de Porto Alegre, fora do esquema viário primitivo, começou em 1806. Esse caminho marginal ao rio Guaíba recebeu o nome de Caminho Novo. Dom Diogo de Souza, primeiro capitão-general da capitania de São Pedro do Rio Grande do Sul, deu prosseguimento às obras, numa extensão de quase quatro quilômetros, até a Várzea do Gravataí, construindo um solar para residência dos governadores quase na extremidade do percurso, usado para este fim até 1824.
Joaquim José de Azevedo logo instalou um estaleiro junto ao rio, nas imediações da atual Praça Rui Barbosa, que foi o prenúncio do destino comercial e industrial que estava reservado ao novo caminho.
O desenvolvimento urbano do Caminho Novo permaneceu estagnado durante vários anos, como o de toda Porto Alegre, devido à Revolução Farroupilha. Em razão do prolongado sítio imposto pelos rebeldes, entre 1836 e 1840, o valo que protegia a cidade, com baluartes artilhados, cortava o Caminho Novo na altura da atual Rua Pinto Bandeira, onde existia um portão, com ponte levadiça, que controlava o acesso à praça. Durante o cerco, os equipamentos públicos essenciais foram instalados dentro da área do entrincheiramento. Por essa razão, o matadouro de gado foi transferido para a então chamada Praça do Estaleiro (atual Praça Rui Barbosa - Centro Popular de Compras), onde aportavam as embarcações que traziam gado ou carne.
A Municipalidade de Porto Alegre travou uma luta histórica por conservar, como domínio público, para que toda a população pudesse usufruir, o lado da rua que dava fundos para o litoral. Todavia, o município não resistiu à constante pressão dos particulares que pleiteavam para si o aforamento daqueles terrenos, considerados da Marinha e, por isso, confiados ao domínio direto do Governo Imperial. A Câmara conseguiu apenas garantir a doação, para logradouro público, da área situada entre as embocaduras das atuais ruas Vigário José Inácio e Barros Cassal, formalizada em 1861 pelo Conselheiro Joaquim Antão Fernandes Leão, presidente da província. Todo o restante da margem do rio, a contar da embocadura da Rua Barros Cassal, foi concedido pelo governo central, a partir de 1869, em aforamento perpétuo, aos proprietários de outra face da rua, na proporção de suas respectivas testadas.
Em 1870, o Caminho Novo recebeu o nome oficial de Rua dos Voluntários da Pátria. O nome Voluntários da Pátria foi uma homenagem aos voluntários que lutaram na Guerra do Paraguai, deflagrada em 1865 com a invasão de São Borja e Uruguaiana pelas forças de Francisco Solano López. Junto com os gaúchos do 39º Batalhão, uma flâmula imperial os acompanhou, e hoje é guardada como relíquia na Igreja da Matriz, juntamente com a bandeira nacional do Império
.No mesmo ano, a Câmara providenciou o início do calçamento da primeira quadra, até a Rua do Rosário.
A rua sofreu expressiva alteração com a implantação da ferrovia para São Leopoldo, ao longo de toda sua extensão, cuja estação foi edificada em 1874, sob protestos dos moradores e da Câmara Municipal, na esquina da Rua da Conceição. A presença da ferrovia, e a utilização da margem do rio para o estabelecimento de trapiches, depósitos, estaleiros e oficinas, traçaram definitivamente o destino do Caminho Novo, transformando-o, de um passeio bucólico, numa rua suja, repleta de armazéns de atacado e indústrias. A prosperidade das empresas, contudo, refletia-se, na solidez e ornatos dos sobrados neoclássicos.
A partir de 1881, começaram os esforços para retirar os carreteiros que freqüentavam a Praça Rui Barbosa (chamada de Praça das Carretas). Esse processo foi lento, pois os comerciantes da rua eram contrários à retirada dos carreteiros. Só em 1894, quando a intendência municipal fixou o Campo da Redenção como paradeiro oficial das carretas, estas deixaram definitivamente a Voluntários da Pátria. A rua continuou sendo, todavia, por muitos anos, o paraíso das carroças puxadas a cavalo ou burro. Tais carroças, até serem substituídas totalmente pelos caminhões, na década de 1940, povoavam toda a rua.
A construção do novo cais do porto, nas décadas de 1950 e 1960, que aterrou uma larga faixa de terrenos, isolou a Rua Voluntários da Pátria do Guaíba, acarretando uma degradação que acabou afastando dali as sedes de inúmeras empresas e de diversos clubes náuticos.
Nota do blog: Data efetiva não obtida (provável 1880-1890) / Imagem dos Irmãos Ferrari.
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