sábado, 14 de outubro de 2023

A "Ponte Seca" e a "Ponte Preta" / Viaduto João Negrão, Curitiba, Paraná, Brasil








A "Ponte Seca" e a "Ponte Preta" / Viaduto João Negrão, Curitiba, Paraná, Brasil
Curitiba - PR
Fotografia


A modernidade alcançou o ápice em Curitiba, com a construção da “Ponte Seca” em 1885, o primeiro viaduto de Curitiba.
Até esse momento, a cidade só conhecia duas pontes rudimentares usadas para a passagem de pedestres, carroças, cavaleiros e tropas. Uma sobre o Rio Belém, na altura do Passeio Público. Outra, na Praça Zacarias, sobre o Rio Ivo.
Quando iniciou-se a construção da terceira ponte na cidade, com um misto de descrédito e assombramento, as pessoas corriam para ver a novidade, e com chacotas e zombarias, molestavam os operários perguntando se eles sabiam para onde tinha ido o rio daquela ponte. Em tom jocoso, a população passou a chamá-la de "Ponte Seca", assim ficando conhecida.
Desde a sua construção, a "Ponte Seca" foi uma das sensações da cidade, um ponto de referência para muitos moradores. Mesmo assim, alguns a chamavam "Ponte da Rua Schmidlin", pois a rua, também sem nome, era conhecida como "Rua dos Schmidlin", nome de uma família que morava por lá.
Construída para evitar a passagem de gado e tropas em frente à Estação, e já prevendo o crescimento da cidade, a "Ponte Seca" foi inaugurada pelo primeiro trem que chegou a Curitiba, no dia 10 de dezembro de 1884. Era uma locomotiva de serviço, trazia materiais que faltavam para o acabamento da Estação.
Em 1944, passados sessenta anos de sua inauguração, a ponte foi substituída por outra mais reforçada e pintada na cor preta, semelhante a ponte anterior.
Sem um nome oficial, a parte mais antiga da população ainda a chamava de "Ponte Seca". Os mais novos, atentos ao detalhe da cor, passaram a chamar-lhe de "Ponte Preta".
Na década de 1960, frente à ameaça de remoção – já que sua altura era “insuficiente para atender o tráfego atual, tendo frequentes esbarros de cargas altas de caminhões”, a "Ponte Preta" foi tombada pelo IPHAN/PR, em 1976. 
Com a retirada dos trilhos, a ponte perdeu sua função – ultrapassada pela modernidade –, mas acabou renovada em seus traços surreais, como uma ligação entre espaços que não mais existem.
Resumindo: no início, sem nome, com as chacotas devido à falta de rio, foi chamada "Ponte Seca". Ainda sem nome, a população também chamou-lhe "Ponte da Rua Schmidlin". Ainda sem nome, os anteriores foram esquecidos, passando a ser lembrada apenas por sua cor: "Ponte Preta".
Finalmente, em 1944, com a construção da nova estrutura, foi denominada "Viaduto João Negrão". 
Mas o que vale mesmo é a vontade do povo, que consagrou-a, "Ponte Preta".
Nota do blog 1: Imagem 1, estado atual da ponte. Imagem 2, a "Ponte Seca". Imagem 3, construção da nova estrutura, a "Ponte Preta". Imagem 4, placa alusiva a construção do "Viaduto João Negrão".
Nota do blog 2: O blog é contrário a sua demolição. Os veículos e os incomodados que desviem por outro caminho.


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