domingo, 2 de junho de 2024

Volkswagen Kombi Karmann Ghia Mobil Safari 1987, Brasil

 











Volkswagen Kombi Karmann Ghia Mobil Safari 1987, Brasil
Fotografia


Ao se pensar em Karmann Ghia, a imagem que vem à mente é a dos elegantes cupês montados sobre mecânica Volkswagen. Porém, o grupo Karmann sempre foi eclético, fazendo ferramentais para fábricas de carros e autopeças.
E a “Kombi-casa” era mais uma de suas criações. Espaçosa para seu pouco comprimento e mantendo a robustez herdada do Fusca, a história da Kombi no mundo sempre envolveu seu uso como dormitório de campistas.
A Karmann brasileira, que já construía trailers, resolveu enveredar na outra face do campismo motorizado: a de motor homes. E esse cargo foi confiado à Kombi, uma vez que já havia o projeto no exterior.
O furgão fechado era o “pão de fôrma” escolhido para a tarefa, já que possuía comunicação da cabine com a traseira. Porém, dele pouco sobraria, pois das portas dianteiras para trás, exceto o assoalho, tudo era cortado fora, inclusive a parede atrás dos bancos dianteiros.
Para contornar essa falta de rigidez, a casa nas costas era também um sobrechassi, feito de aço e amarrado à estrutura que sobrava, formando um conjunto único.
Já em 1977 estreava o primeiro motor home nacional derivado da Kombi. Era a Touring, basicamente uma traseira acrescentada à frente do utilitário, cujo teto ganhava um bagageiro. Para pernoite, apenas a mesa reversível da traseira, cujo tampo abaixava e os encostos preenchiam o resto do “colchão de casal”. Ainda assim, era homologado para até três passageiros.
Havia um banheiro com vaso sanitário químico, pia e chuveiro, mais uma minúscula cozinha com fogão de duas bocas com forno e uma geladeira, ambos ou apenas um alimentado por um bujão externo de 2 quilos.
O reinado da Touring seria curto, pois dois anos depois a Karmann apresentava outra Kombi com a casa nas costas: a Safari, que logo seria a única produzida devido ao melhor custo-benefício, pois em versão básica podia abrigar quatro pessoas divididas em dois casais.
Havia a possibilidade de no veículo pernoitarem mais duas pessoas, caso se montasse um beliche opcional de lona sobre a cama traseira. A água potável podia vir do tanque que também servia ao banheiro.
Não era incomum que houvesse alterações como o uso dos cantos do banheiro para instalar mais armários e mesmo um rack para TV. Já a energia ficava a cargo de duas baterias, uma dedicada à parte automóvel e outra para as luzes internas e eletrodomésticos.
Com velocidade máxima de 80 km/h, não é veículo que tolere abusos, uma vez que é sensível a ventos laterais. Ainda assim, alguns tentavam melhorar a estabilidade, adaptando aros de talas mais largas às rodas traseiras praticamente escondidas.
A Karmann Ghia sofreu os efeitos da crise originada no governo Collor, mas o pior golpe veio em 1997, dois anos depois de ela encerrar a fabricação, com o artigo 143 do Código de Trânsito. Ele exigia carteira tipo D para dirigir motor homes, o que forçou proprietários a deixar suas casas sobre rodas a maior parte do tempo paradas em campings.
Hoje as 450 Safari fabricadas continuam na mira dos viajantes, podendo atingir preços muito altos se em bom estado. Mas, ao contrário dos colecionadores que encostam seus carros, essa Kombi continua seguindo seu propósito original, como a unidade que ilustra esta matéria, feita em 1987 e com pouco mais de 65.000 quilômetros rodados, pertencente ao vendedor de trailers Sérgio Abreu.
Original:
Em 1960, a própria VW quis aproveitar o espaço da Kombi. A transformação ficou com as empresas Mercantil Suíça e Camas Bruno. O resultado foi bom: bancos que viravam cama de casal, sofá, mesa, caixa-d'água, lavatório e dois armários. Saiu de linha em 1962.
Ficha técnica Volkswagen Kombi Karmann Ghia Mobil Safari 1987:
Motor: traseiro, longitudinal, 4 cilindros contrapostos, 1584 cm3, refrigerado a ar, 2 válvulas por cilindro, alimentação por 2 carburadores de corpo único; 
Diâmetro x curso: 85,5 x 69 mm; 
Taxa de compressão: 7,2:1;
Potência: 54 cv a 4200 rpm;
Torque: 11,2 mkgf a 2600 rpm;
Câmbio: 4 marchas, tração traseira;
Carroceria: motor home, 3 portas, 4 a 6 passageiros;
Dimensões: comprimento 486 cm, largura total 204 cm, altura total 271 cm, altura interna 204 cm, entreeixos 240 cm; 
Peso: 1820 kg;
Suspensão: Dianteira: independente com barras de torção transversais em feixe, amortecedores e barra estabilizadora. Traseira: independente, braços arrastados, barras de torção e amortecedores
Freios: disco na frente e tambor atrás
Direção: setor e rosca sem-fim
Rodas: aço aro 14, pneus 185/80 R 14. Texto de André Fiori / Quatro Rodas.

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