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quarta-feira, 22 de janeiro de 2025
Fazenda Monte Alegre, 1913, Ribeirão Preto, São Paulo, Brasil
Fazenda Monte Alegre, 1913, Ribeirão Preto, São Paulo, Brasil
Ribeirão Preto - SP
Fotografia
É possível observar a residência do Cel. Francisco Schmidt, que, futuramente, abrigaria o Museu Histórico e de Ordem Geral Plínio Travassos dos Santos, no Complexo do Museu Histórico e do Café.
Schmidt morreu em 1924, não viu a derrocada do café a partir da crise de 1929 na Bolsa de Nova York. Seus herdeiros venderam a Fazenda Monte Alegre para João Marchesi, empresário, fazendeiro, usineiro e banqueiro italiano radicado em Sertãozinho.
Em 1940, a fazenda foi adquirida pelo Governo do Estado de São Paulo que, em 1942, instalou a Escola Prática de Agricultura Getúlio Vargas no local.
Após um tempo, essas instalações se converteram na Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto, em 1952, embrião do que se transformou no atual campus Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo.
Nota do blog: Data 1913 / Autoria desconhecida.
terça-feira, 10 de dezembro de 2024
Herma de Francisco Schmidt, Praça Francisco Schmidt, Ribeirão Preto, São Paulo, Brasil
Herma de Francisco Schmidt, Praça Francisco Schmidt, Ribeirão Preto, São Paulo, Brasil
Ribeirão Preto - SP
Fotografia
Nota do blog: Data 1956 / Autoria desconhecida.
domingo, 24 de março de 2024
Busto de Francisco Schmidt, Museu Histórico e de Ordem Geral Plínio Travassos dos Santos, Complexo do Museu Histórico e do Café, Ribeirão Preto, São Paulo, Brasil
Busto de Francisco Schmidt, Museu Histórico e de Ordem Geral Plínio Travassos dos Santos, Complexo do Museu Histórico e do Café, Ribeirão Preto, São Paulo, Brasil
Ribeirão Preto - SP
Fotografia
Nota do blog: Data e autoria não obtidas.
domingo, 18 de fevereiro de 2024
Antiga Sede da Fazenda Monte Alegre / Atual Museu Histórico e de Ordem Geral Plínio Travassos dos Santos, Ribeirão Preto, São Paulo, Brasil
Antiga Sede da Fazenda Monte Alegre / Atual Museu Histórico e de Ordem Geral Plínio Travassos dos Santos, Ribeirão Preto, São Paulo, Brasil
Ribeirão Preto - SP
Fotografia
Nota do blog 1: Vista da antiga sede da Fazenda Monte Alegre, propriedade de Francisco Schmidt, o "Rei do Café" / atual Museu Histórico e de Ordem Geral Plínio Travassos dos Santos.
Nota do blog 2: Francisco Schmidt utilizava o veículo mostrado na imagem para visitar/vistoriar suas propriedades.
Nota do blog 3: Notar que naquela época existia uma edificação ao lado da entrada da sede (acabou demolida em algum momento).
Nota do blog 4: Data não obtida.
quinta-feira, 12 de outubro de 2023
Terreiro da Fazenda Monte Alegre, Ribeirão Preto, São Paulo, Brasil
Terreiro da Fazenda Monte Alegre, Ribeirão Preto, São Paulo, Brasil
Ribeirão Preto - SP
Fotografia
Nota do blog: Propriedade do Coronel Francisco Schmidt.
quinta-feira, 28 de setembro de 2023
Panorama da Fazenda Monte Alegre, Propriedade do Coronel Francisco Schmidt, Ribeirão Preto, São Paulo, Brasil
Panorama da Fazenda Monte Alegre, Propriedade do Coronel Francisco Schmidt, Ribeirão Preto, São Paulo, Brasil
Ribeirão Preto - SP
Fotografia
sexta-feira, 11 de novembro de 2022
Monumento ao Cel. Francisco Schmidt, Praça Francisco Schmidt, Ribeirão Preto, São Paulo, Brasil
Ribeirão Preto - SP
Fotografia
Histórico:
Listas de contribuição foram organizadas por homens como o Dr. Herculano Mendes e Daniel Kujawski. Políticos, empresas e homens de expressão econômica e cultural contribuíram para a construção da herma. (Diário da Manhã, 31/08/1924, p.1).
Biografia: Francisco Schmidt nasceu em Bremem, Alemanha, em 03/10/1850. Chegou ao Brasil, para trabalhar na Colônia São Lourenço, na Fazenda Felicíssima, de propriedade do Comendador Luiz Antônio de Souza Barros, em São Carlos do Pinhal (atual São Carlos). Posteriormente, transferiu-se para a cidade de Belém do Descalvado (atual Descalvado), onde trabalhou na fazenda de Rafael Tobias Aguiar. Em 1873, casou-se com Albertina Kolh e tiveram 8 filhos. No ano de 1878, adquiriu um armazém de secos e molhados. Neste período, começou a trabalhar como corretor de café para a firma Theodor Wille e Co. Em 1889, vendeu o seu estabelecimento em Descalvado e comprou sua primeira fazenda, denominada “Bela Paisagem”, no município de Santa Rita do Passa Quatro. Em 1890, comprou em sociedade com o Coronel Arthur de Aguiar Diederichsen, a Fazenda Monte Alegre (atual Museu do Café). Arthur Diederichsen vendeu sua parte na fazenda, o que tornou Schmidt, o único proprietário. Com o financiamento da Theodor Wille e Co., comprou inúmeras fazendas nos municípios de Ribeirão Preto, Franca, Brodósqui, Orlândia, Araraquara, Sertãozinho, Serrana, entre outros. Possuiu 62 fazendas, onde existiram aproximadamente, 16 milhões de pés de café. Em 1913, era o maior produtor de café do Brasil e recebeu o título de “Rei do Café”. Além do café, implantou o primeiro engenho de açúcar da região, em Sertãozinho, em 1906. Foi vereador em Ribeirão Preto por 6 Legislaturas, sendo nomeado Presidente da Câmara Municipal em 2 mandatos. Em 1895, junto com o Cel. Virgílio da Fonseca Nogueira, Doutor Luiz Pereira Barreto, Augusto Ribeiro de Loiola, Flávio de Mendonça Uchoa, entre outros, idealizou a construção do Theatro Carlos Gomes, inaugurado em 1897. Com a morte de sua esposa, em 1917, organizou com seus filhos, a Cia. Agrícola Francisco Schmidt, mudando-se, logo depois, para São Paulo. Faleceu em São Paulo, dia 18/05/1924.
Nota do blog 1: Monumento instalado em 1927.
Nota do blog 2: Imagens de 2022.
Nota do blog 3: O monumento encontra-se completamente vandalizado, uma vergonha para a cidade de Ribeirão Preto. Teve todos seus adornos furtados, inclusive a herma (que segundo informações da Prefeitura foi encontrado e está guardado em local seguro). Além disse, o que sobrou do monumento está desnivelado, afundando no chão de terra.
sexta-feira, 17 de abril de 2020
A Rivalidade entre Francisco Schmidt e Joaquim da Cunha Diniz Junqueira, Ribeirão Preto, São Paulo, Brasil
A Rivalidade entre Francisco Schmidt e Joaquim da Cunha Diniz Junqueira, Ribeirão Preto, São Paulo, Brasil
Ribeirão Preto - SP
Fotografia
Joaquim da Cunha Diniz Junqueira, mais conhecido por Quinzinho da Cunha, era um aristocrata, membro de uma das famílias mais tradicionais do interior paulista. Residia em um chalé de frente para o Quarteirão Paulista, no local onde hoje se encontra o Edifício Diederichsen. Francisco Schmidt era um imigrante alemão, que chegou ao Brasil junto com a família aos oito anos de idade. Vieram em busca de novas oportunidades, que surgiam na forma da expansão do plantio de café no interior paulista. Mais do que apenas personalidades influentes na sociedade e na economia de Ribeirão Preto, os dois foram arquirrivais políticos, lideranças regionais que alternavam poder e influência num dos períodos históricos mais importantes da cidade.
Schmidt trabalhou na lavoura por quase duas décadas, até juntar capital suficiente para montar a primeira venda de secos e molhados da cidade de Descalvado. Contribuiu muito para o sucesso de sua investida comercial o fato de que o município localizava-se bem no meio da rota Ribeirão Preto – Jundiaí, por onde se escorria a produção de café, que de Jundiaí era transportado por estrada de ferro até o porto de Santos, de onde seguia para exportação. Logo Schmidt pode comprar sua primeira fazenda, em Santa Rita do Passa Quatro, e durante os anos seguintes seus investimentos focavam-se na compra e revenda de terras na região. Pouco tempo depois tornou-se proprietário da fazenda Monte Alegre, em Ribeirão Preto, e foi dali que iniciou o seu império cafeeiro, o maior que o mundo já tinha visto.
Ao adquirir a Monte Alegre, Schmidt ainda estava distante do status de Henrique Dumont, pai de Santos Dumont e o maior produtor de café do país até aquele período. Mas soube buscar o melhor caminho na expansão dos seus negócios ao estabelecer uma parceria com a empresa alemã Theodor Wille, que já investia no café, açúcar e algodão brasileiro. O financiamento da produção através do grupo alemão foi fundamental para o crescimento dos lucros de Schmidt. Em seu auge, o Rei do Café era proprietário de 69 fazendas em 17 municípios, com mais de 12 milhões de pés de café plantados e 19 mil empregados. Nesta época, em apenas uma década – entre 1890 e 1900 – a população de Ribeirão Preto passava de 12 mil para 54 mil, efervescendo a vida econômica, cultural e social da cidade. O mundo inteiro voltava a atenção – e o dinheiro – para o café produzido na região, e Ribeirão consolidava-se como o maior polo econômico do interior paulista.
Quinzinho da Cunha também era proprietário de terras cafeeiras, herança da família Junqueira, mas comparado a Schmidt sua produção era modesta. Sua verdadeira paixão, no entanto, era a política. Conservador, monarquista ferrenho, chamado pelos amigos mais próximos de “o chefão”, o coronel Quinzinho foi eleito vereador municipal em 1889, num período turbulento da legislação eleitoral brasileira, modificada em todas as suas instâncias pela proclamação da República ocorrida um ano antes. O coronel acabou tendo seu mandato revogado em 1892, sob acusação de fraude eleitoral. Ele nunca mais disputaria um cargo eletivo, mas isto não significou o fim de sua carreira na política regional. Pelo contrário, Quinzinho tornava-se uma liderança cada vez mais influente nos bastidores.
Em 1901, o Presidente da República Campos Sales nomeou Francisco Schmidt como Coronel Comandante da 72ª Brigada de Infantaria da Guarda Municipal, título que lhe trouxe um prestígio ainda maior na sociedade ribeirãopretana. Foi quando o Rei do Café decidiu fortalecer ainda mais suas raízes na política municipal. O coronel alemão já havia se caracterizado como um líder político influente na década anterior, mas a disputa por cargos eletivos era um papel que cabia a seu sócio, Artur Diederichsen. Naquele mesmo ano Schmidt candidatou-se a vereador e foi eleito, exercendo o cargo por quatro mandatos na Câmara até 1920. O coronel Quinzinho, por sua vez, foi indicado pelo Clube da Agricultura e Comércio para a liderança regional do Partido Republicano Paulista (PRP), no ano de 1902. O PRP possuía um quadro de membros bastante eclético, agregando desde profissionais liberais como engenheiros e médicos a importantes proprietários de terra do interior paulista, partidários da imigração de mão de obra europeia para a lavoura do café. Quinzinho fazia parte deste segundo grupo. Campos Sales, admirador do empreendedorismo de Schmidt, também era membro do PRP, o que colocava o coronel alemão em proximidade com o partido.
Quinzinho e Schmidt eram rivais inseparáveis. Os embates entre ambos eram constantes, notadamente quando o assunto era o apoio a candidatos distintos em diversas instâncias eleitorais – Câmara dos Vereadores, Câmara dos Deputados do Estado de SP, até mesmo a Presidência da República. Em 1910, Quinzinho da Cunha contrariou o PRP por conta do seu apoio incondicional ao candidato a presidente Marechal Hermes da Fonseca, embora o partido fizesse coro para a eleição de Rui Barbosa. Fonseca venceu, mas no ano seguinte Quinzinho já fazia forte oposição ao governo do Marechal, principalmente por conta da tentativa de implementação da “Política das Salvações” (na prática, investidas militares para derrubar opositores políticos em cada estado) no Estado de São Paulo. Quinzinho, Schmidt e diversos outros produtores do interior uniram forças, e as intervenções não aconteceram. Apesar da rivalidade, os dois coronéis de Ribeirão Preto sabiam atuar em conjunto quando a situação exigia.
Em 1911, Quinzinho e alguns outros integrantes do PRP compraram todas as ações do principal jornal aliado do partido em Ribeirão Preto, cabendo o maior valor ao coronel Junqueira. Tal manobra foi essencial para o fortalecimento ainda maior da sua influência política, visto que o jornal era uma fonte de oposição ferrenha a Schmidt. Quando a Primeira Guerra Mundial eclodiu na Europa, o sentimento de anti-germanismo despertado entre a população brasileira aos poucos foi minando a credibilidade política do coronel alemão. Para piorar a situação, a empresa Theodor Wille, economicamente prejudicada pelo conflito, abandonou de vez a parceria com o Rei do Café.
Não fosse o valor do patrimônio acumulado ao longo dos anos, Schmidt teria ficado na miséria. Mas o alemão conseguiu reerguer seus negócios logo após o término da guerra, criando uma Sociedade Agrícola juntamente com seus filhos. Sua liderança política na região, por outro lado, havia desmoronado completamente. Ao final da década, pouco depois do fim da guerra, rompeu definitivamente com o PRP e fundou um partido de oposição reformista. Mas a empreitada durou pouco, e em 1920 encerrou definitivamente sua vida política.
Francisco Schmidt faleceu em 1924, pouco tempo antes da Revolta Tenentista do General Isidoro Dias. Naquela década, Quinzinho consolidara-se como principal figura política da região em absoluto, não tendo mais que dividir espaço com o coronel alemão. Sua reação à revolta foi rápida: através do jornal, convocou uma Guarda Provisória entre os próprios moradores da cidade para manter a ordem. Os poucos revoltosos que chegaram à região, no entanto, não vinham para tomar a cidade de assalto. Ao contrário, vieram pedir proteção contra as forças da capital. Quinzinho da Cunha concedeu o abrigo requerido, e quando as tropas perseguidoras chegaram a Ribeirão e pediram ao coronel que identificasse os inimigos, este respondeu: “Eu não tenho inimigos.”
No entanto, mesmo para o chefão o final da carreira política aproximava-se rapidamente. Em 1925, os líderes partidários regionais perderam o direito de indicar seus próprios candidatos a deputado estadual, o que desagradou ao coronel. No ano seguinte surgiu o Partido Democrático, e embora não dispusesse de tamanha força na região de Ribeirão Preto, ia tomando cada vez mais o espaço do PRP, que começou a assumir posturas cada vez mais liberais para assegurar sua liderança. Em 1929 o PRP apostou todas as suas fichas na candidatura à presidência de Luís Carlos Prestes contra Getúlio Vargas. Prestes venceu mas foi derrubado logo no ano seguinte, com Getúlio assumindo seu lugar. O PRP entra em colapso, e Quinzinho já estava afastado nesta época. O coronel viria a falecer em 1932, poucas semanas antes da Revolução Paulista de 32, que ele certamente teria apoiado.
Hoje, é possível encontrar o legado de ambos os coronéis em diversos patrimônios históricos da cidade. Alguns dos exemplos mais expressivos são o campus da USP (Universidade de São Paulo) e o Museu do Café, que foram respectivamente a fazenda Monte Alegre e a casa sede onde Schmidt vivia; e a Catedral Metropolitana de São Sebastião, a segunda Igreja Matriz da cidade, da qual Quinzinho participou da comissão de planejamento. Na Praça Francisco Schmidt, na avenida Jerônimo Gonçalves, foi erguida uma herma em homenagem ao Rei do Café, porém o busto e os medalhões de bronze foram roubados em 2006. Dois anos depois um novo busto foi colocado no lugar do anterior, mas os medalhões ainda não foram repostos. Não longe dali, na Praça XV, ao lado do Quarteirão Paulista, o monumento ao Coronel Joaquim da Cunha Diniz Junqueira também teve o busto furtado em 2008. O pedestal mantém-se solitário, com várias letras de bronze faltando em sua inscrição. Triste destino para os dois coronéis, homenagens desgastadas pelo tempo e pela ação descabida de alguns de seus conterrâneos, que provavelmente desconheciam suas histórias. Texto de Gabriel Monge.
quarta-feira, 10 de julho de 2019
Pessoas em Frente a Câmara Municipal, Ribeirão Preto, São Paulo, Brasil
Ribeirão Preto - SP
Fotografia
No meio da fotografia, vê-se Francisco Schmidt, o "Rei do Café".
Nota do blog: Data e autoria não obtidas.
quarta-feira, 4 de abril de 2018
Coronel Francisco Schmidt, O "Rei do Café", Ribeirão Preto, São Paulo, Brasil
Coronel Francisco Schmidt, O "Rei do Café", Ribeirão Preto, São Paulo, Brasil
Ribeirão Preto - SP
Fotografia
Francisco Schmidt, ou Franz Schmidt (1850-1924), seu nome original, é um dos personagens mais fascinantes da história de Ribeirão Preto. Imigrante alemão que fez fortuna com o café, foi ele quem por mais anos ostentou o título de “Rei do Café”, dado pela imprensa para o fazendeiro que liderasse o ranking anual de produção de grãos – medida em arroubas.
Ele nasceu a 3 de outubro de 1850, em Osthofen, então um pequeno vilarejo (hoje uma pequena cidade) do distrito de Alzey-Worms, que naquele tempo pertencia ao Reino da Prússia, mas que hoje encontra-se no estado da Renânia-Palatinado, na Alemanha. Fugindo da crise econômica na Europa, a família Schmidt chegou ao Brasil ainda na época do Império, em 1858.
Seus pais Jakob e Gertrud Schmid, trabalharam inicialmente como colonos na Fazenda Ibicaba, que hoje pertence ao município de Cordeirópolis – antes ficava em terras de Limeira. Foi nesta propriedade que Francisco Schmidt, aos oito anos de idade, entrou em contato pela primeira vez com o café, ajudando seus pais no cultivo de cafezais da tradicional família Campos Vergueiro, proprietária da terra.
Poucos anos depois a família Schmidt se transferiu para a colônia São Lourenço, na Fazenda Felicíssima, de propriedade do comendador Luís Antônio de Sousa Barros, em São Carlos do Pinhal (atual São Carlos). Em 1873, aos 23 anos, Francisco Schmidt casou-se com Albertine Kohl (nascida em Cubatão), de família prussiana oriunda da Turíngia, com a qual teve oito filhos.
Após o matrimônio, o casal trabalhou na fazenda de Antônio Leocádio de Mattos, e, em 1875, mudou-se para a fazenda de Rafael Tobias de Aguiar (brigadeiro Tobias de Aguiar – que dá nome para as Rondas Ostensivas Tobias de Aguiar, a Rota, tropa de elite da Polícia Militar (PM) paulista –, ambas localizadas em Belém do Descalvado (atual Descalvado).
Em 1879, Francisco Schmidt adquiriu um armazém de secos e molhados, ainda em Descalvado. Neste período, começou a trabalhar também como corretor de café para a Theodor Wille & Co (sediada em Hamburgo, na Alemanha, com filiais em Santos, São Paulo e Rio de Janeiro), empresa que seria por toda a vida a principal parceira de negócios e referência em logística para o alemão.
Em 1889 Francisco vendeu o seu estabelecimento em Descalvado e compra a sua primeira fazenda, denominada Bela Paisagem, no município de Santa Rita do Passa Quatro. Aproveitando o período de alta no mercado do café, passou a investir na compra e venda de fazendas, conseguindo com isso aumentar o seu capital. Em 1890, comprou, em sociedade com o coronel Arthur de Aguiar Diederichsen, a Fazenda Monte Alegre, em Ribeirão Preto, até então de propriedade de João Franco de Moraes Octávio.
Poucos dias após a compra, adquiriu a parte de seu sócio na Monte Alegre, para onde se mudou com a família – a casa-grande da fazenda é o hoje Museu Histórico Plínio Travassos dos Santos, no campus Monte Alegre da Universidade de São Paulo (USP), na Zona Oeste – ao lado foi construído o Museu do Café Francisco Schmidt, uma homenagem ao alemão. Com o financiamento Theodor Wille Co. (de Hamburgo, Alemanha), comprou inúmeras fazendas nos municípios de Ribeirão Preto, Franca, Brodowski, Orlândia, Araraquara, Sertãozinho e Serrana, entre outros.
No auge, ele chegou a possuir 62 propriedades (22.461 hectares), onde 7.361 colonos cultivavam mais de 16 milhões de pés de café. Em 1913, Francisco Schmidt já era o maior produtor do Brasil e por isso recebeu o título de “Rei do Café”. Apesar da predominância do produto, investiu na diversificação de atividades, implantando o primeiro engenho de açúcar da região, no município de Sertãozinho, em 1906 (Engenho Central, atual Pontal).
Com a morte de sua esposa em 1917, organizou com seus filhos (Gertrudes Schmidt Whitaker, Anna Schmidt Ferreira Ramos, Guilherme Schmidt, Jacob Schmidt, Albina Schmidt Whately, Arthur Schmidt, Magdalena Schmidt Villares e Ernesto Schmidt) a Cia. Agrícola Francisco Schmidt.
Em 1901 Francisco Schmidt foi nomeado, pelo então presidente da República Campos Sales, coronel-comandante da 72ª Brigada de Infantaria da Guarda Nacional. Era um título honorífico, concedido pelo governo aos cidadãos mais proeminentes (leia-se ricos). Francisco Schmidt foi vereador em Ribeirão Preto por seis legislaturas, sendo nomeado presidente da Câmara Municipal duas vezes.
Em 1899 apresentou uma indicação à Câmara Municipal para aquisição da mata existente na Chácara Olympia, localizada no então chamado Morro do Cipó. A proposta foi aprovada e graças à iniciativa do alemão hoje existe, no coração de Ribeirão Preto, a Área de Preservação Permanente (APP) Morro do São Bento – o Morro do Cipó mudou de nome. Não haveria o zoológico do Bosque Municipal Doutor Fábio de Sá Barreto se não fosse por Francisco Schmidt.
Em 1895, ele liderou a mobilização da elite cafeeira que culminou com a construção do Teatro Carlos Gomes, inaugurado em 1897 – e demolido em 1942.
Na época áurea do café, a imprensa tinha o costume de designar como “Rei do Café” aquele fazendeiro que ostentasse a condição de maior produtor do grão que fazia a riqueza da cidade. O primeiro a ser assim chamado foi Joaquim José de Sousa Breves. Depois, Henrique Dumont, pai de Santos Dumont. O terceiro, que por mais tempo ostentou o pomposo “título”, foi Francisco Schmidt, sucedido pelo quarto e último “monarca”, o italiano Geremia Lunardelli.
Apesar de derrotado durante toda a sua trajetória política nos principais embates como o coronel Joaquim da Cunha Diniz Junqueira – ambos eram do Partido Republicano Paulista (PRP), que então monopolizava a política nacional –, Francisco Schmidt deu o troco depois de morto. Isso porque, de Joaquim da Cunha, o popular Quinzinho da Cunha, nascido aqui mesmo em Ribeirão Preto e falecido na terra natal em 1932, não resta uma só recordação relevante.
Uma pequena praça, ao lado do Mercado Municipal, o “Mercadão”, que tinha seu nome, deu lugar primeiro ao terminal de ônibus Antônio Achê, e depois ao Centro Popular de Compras (CPC). A praça “Coronel Joaquim da Cunha Diniz Junqueira” simplesmente desapareceu. Porém, a menos de 200 metros dali, segue imponente, ainda que sem o brilho do passado, a praça Francisco Schmidt, homenagem de Ribeirão Preto a seu terceiro “Rei do Café” – um alemão imortalizado na história da cidade, ao contrário de seu desafeto, que o derrotou em vida mas levou o troco após a morte.
Trajetória política:
Nascimento: 03 de outubro de 1850 – Osthofen, Alemanha
Falecimento: 18 de maio de 1924 – São Paulo (SP), Brasil
Filho de Jacob Schmidt e de Gertrudes Rauskolb Schmidt
Vereador na 7ª legislatura da Câmara de Ribeirão Preto (1892-1896)
Vereador (suplente) na 8ª legislatura da Câmara de Ribeirão Preto (1896-1899)
Vereador e vice-presidente da Câmara na 9ª legislatura (1899-1902)
Vereador na 13ª legislatura da Câmara de Ribeirão Preto (1911-1914)
Vereador e presidente da Câmara na 14ª legislatura (1914-1917)
Vereador e presidente da Câmara na 15ª legislatura (1917-1920) –
renunciou em 1917.
Fazenda Monte Alegre:
A partir de 1890, sob administração de Francisco Schmidt, teve início um novo período na história da Fazenda Monte Alegre, marcado pela prosperidade econômica e pelo desenvolvimento estrutural. Nos últimos anos do século XIX e no início do século XX, o alemão construiu não só a nova tulha – hoje Sala de Concertos do Departamento de Música da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo (DM-FFCLRP/ USP) –, como também ampliou e melhorou a estrutura geral da casa grande, sede da propriedade.
A área hoje é ocupada pelo Museu Histórico Plínio Travassos dos Santos e pelo Museu do Café Francisco Schmidt. O alemão que virou “monarca” em Ribeirão Preto morreu em 1924 e não viu a derrocada do produto a partir da crise de 1929 na Bolsa de Nova York (EUA). Seus herdeiros venderam a Fazenda Monte Alegre para João Marchesi (nascido Giovanni Pietro Marchesi), empresário, fazendeiro, usineiro e banqueiro italiano radicado desde criança em Sertãozinho.
Em 1940, a fazenda foi adquirida pelo governo de São Paulo que, em 1942, instalou ali a Escola Prática de Agricultura. Quando a unidade fechou, o Estado cedeu o prédio para a instalação da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto, em 1952, embrião do que se transformou no campus Monte Alegre da Universidade de São Paulo. Texto de Nicola Tornatore.
sexta-feira, 23 de fevereiro de 2018
Vista da Fazenda Central Schmidt, Ribeirão Preto, São Paulo, Brasil
Vista da Fazenda Central Schmidt, Ribeirão Preto, São Paulo, Brasil
Ribeirão Preto - SP
N. 13722
Fotografia - Cartão Postal
Nota do blog: Propriedade de Francisco Schmidt.
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