Praça Francisco Schmidt / Avenida Jerônimo Gonçalves, Ribeirão Preto, São Paulo, Brasil
Ribeirão Preto - SP
Photo Sport
Fotografia - Cartão Postal
Texto 1:
Imagem da avenida Jerônimo Gonçalves, vista a partir do telhado da Cia. Cervejaria Paulista.
À direita vemos a praça Francisco Schmidt, a estação Ribeirão Preto e o armazém da Cia. Mogiana. Também podemos ver as mudas de palmeiras imperiais plantadas ao longo da avenida.
Informações obtidas no cartão postal situam a imagem no ano de 1935 (a confirmar).
Texto 2:
Praça Schmidt: Entre os anos 1884-1900, o local ocupado hoje pela praça Schmidt era conhecido como largo da Estação ou praça da Estação.
Em 03/11/1900, por indicação do vereador Aureliano de Gusmão, a área do terreno composto pela praça da Estação da Cia. Mogiana e dos terrenos entre esta, a avenida Jerônimo Gonçalves e ruas São Sebastião, General Osório e Duque de Caxias (pertencentes a Manoel Francisco de Carvalho e Dona Veridiana Prado e filhos), deveriam ser adquiridos para construção de uma praça em homenagem ao Cel. Francisco Schmidt. A indicação foi aceita pelo plenário.
Sobre as obras para construção da praça, no relatório de 1901, apresentado pelo intendente Joaquim Alfredo de Siqueira em janeiro de 1902, há referencia de que as casas de madeira existentes na praça da Estação foram condenadas pela Delegacia de Higiene, devendo ser reformadas. Ao invés da reforma das casas, optou-se pelo alargamento da praça através da aquisição dos terrenos entre as ruas Duque de Caxias e São Sebastião. O aterro da praça e a construção dos parapeitos ao lado do córrego foram realizados pela Cia. Mogiana através de um convênio com a Câmara Municipal.
No relatório da Prefeitura Municipal de 1923, apresentado por João Guião, há referência do calçamento com paralelepípedos na praça e no paredão do ribeirão Preto.
No relatório da Presidência da Câmara de 1925, elaborado por Fábio Barreto, foram apresentadas as obras realizadas na praça da Estação, "transformada em um parque com soberbo gramado e esplendidos passeios de mosaicos de cor, instaladas artísticas balaustradas de cimento e esbeltos suportes de ferro que sustentam belos globos de luz elétrica".
Ainda no ano de 1925, quando foi apresentado o relatório da Prefeitura Municipal de 1924, faz-se referência ao "embelezamento e construção de uma pequena casa onde acham-se instalados uma privada, um mictório e uma bomba de água para a irrigação" da praça Schmidt.
Em 1927 foi inaugurado o busto do Cel. Francisco Schmidt na referida praça.
Finalmente, no relatório da Prefeitura do exercício de 1928, apresentado pelo prefeito José Martimiano da Silva para a Câmara Municipal em 15/01/1929, na Seção de Inspetoria de Matas e Jardins, informa-se que foi reformada a praça Schmidt, seus canteiros, além de colocados bancos e um chafariz com água potável.
Texto 3:
Palmeiras: São da mesma espécie das que foram plantadas por Dom João VI no Rio de Janeiro.
As palmeiras foram plantadas por Max Bartsch, então jardineiro contratado pela Prefeitura Municipal, e por Cassiano Esteves, funcionário da Prefeitura entre os anos de 1913-1916, ambos também responsáveis pelo plantio da vegetação das praças Carlos Gomes, XV de Novembro, Schmidt e da Bandeira.
No trabalho "Nossas Verdejantes Palmeiras", de José Pedro Miranda, o autor cita que as primeiras palmeiras plantadas nos arredores da avenida Jerônimo Gonçalves datam de 1903 e localizavam-se próximas ao Mercado Municipal (não o atual e sim o primeiro Mercado Municipal, inaugurado em 1900 e destruído por um incêndio em 1942). As palmeiras da avenida propriamente dita foram plantadas entre os anos de 1912 e 1927.
Vale lembrar que a data é sujeita a confirmação, existem controvérsias a respeito.
O historiador Plínio Travassos dos Santos e o memorialista Prisco da Cruz Prates, por exemplo, discordam, apresentando datas diferentes para o plantio.
Um fato a ser considerado é que o busto do Cel. Francisco Schmidt foi inaugurado em 1927, podendo já ser visto no cartão postal deste post. Portanto, as palmeiras da referida imagem não podem ter sido plantadas entre os anos 1912 e 1927. E como se isso não bastasse, o cartão postal menciona 1935 como ano da imagem (informação a confirmar), mostrando as palmeiras ainda recém plantadas.
Também existe uma versão que diz que as palmeiras originalmente plantadas foram perdidas na enchente do ribeirão Preto de 1927, sendo as mostradas nessa imagem outras, posteriormente plantadas no lugar das originais (informação a confirmar).
Texto 4:
Avenida Jerônimo Gonçalves: É a avenida que margeia o ribeirão denominado "Preto" (o nome da cidade de Ribeirão Preto advém desse córrego).
A avenida Jerônimo Gonçalves começa na confluência da avenida Fábio Barreto com avenida Francisco Junqueira.
Foi denominada através da Lei n. 32 de 29 de junho de 1897, retificada através do Ato n. 75, de 05 de setembro de 1939.
A avenida foi um dos primeiros referenciais viários da cidade, no seu entorno foram instalados ao longo do tempo vários edifícios, equipamentos e complexos comerciais, industriais e de transporte, como, por exemplo, a estação Ribeirão Preto da Cia. Mogiana e seus armazéns, etc. Além disso, fábricas de bebidas (Antarctica e Paulista), Mercado Municipal, hotéis, etc.
As obras de intervenção urbana realizadas na avenida e em seu entorno datam da década de 1880, segundo os documentos oficiais da Intendência e Prefeitura Municipal, responderam a princípio à necessidade de saneamento dos córregos da cidade, em função da epidemia de febre amarela e, posteriormente, aos postulados de "limpeza e embelezamento" empreendidos durante as décadas de 1910 e 1920.
As obras para evitar as enchentes (retificação, aterramento e desobstrução do leito do ribeirão Preto) são citadas nos relatórios oficiais da Intendência, Presidência da Câmara e Prefeitura Municipal, desde o ano de 1896.
A partir da década de 1930, com a decadência da economia cafeeira e declínio do transporte ferroviário, novos equipamentos foram instalados na avenida, como por exemplo o Pronto Socorro Municipal e a estação Rodoviária; ao mesmo tempo, foram mantidas as casas comerciais e o Mercado Municipal.
Apesar do intenso processo de transformação ocorrido a partir da década de 1960, com a demolição do complexo ferroviário, a avenida Jerônimo Gonçalves e suas palmeiras mantêm-se como um importante elemento de representação da identidade cultural de Ribeirão Preto, sendo sua imagem apresentada, ainda nos dias de hoje, como um dos principais "cartões-postais" da cidade.