sábado, 3 de outubro de 2020

Land Rover Defender Twisted V8, Inglaterra - Jeremy Clarkson




 Land Rover Defender Twisted V8, Inglaterra - Jeremy Clarkson
Artigo



Nunca fui fã do Land Rover Defender, e não entendo o sentimentalismo de homens barbados que verteram lágrimas quando ele saiu de linha, em 2016. Para mim, era como a cabine telefônica vermelha em relação a carros. Funcionava porque sempre esteve por aí.
Mas a verdade é que é melhor telefonar de um iPhone que de dentro de uma cabine com correntes de ar frio e cheiro de gente estranha. E é melhor, caso você more no campo, dirigir uma picape que um Defender lento, mal construído e de dirigibilidade ruim.
Bem, um dia, do lado de fora do escritório estava o tipo de coisa que faria qualquer bebedor de cerveja profissional perder o equilíbrio.
Era, ou tinha sido uma vez, um Defender 110, mas alguém colocou pneus gordos, rodas enormes, molduras de para-lama aumentadas, uma barra de faróis com o poder de um sol em colapso e, a julgar pelo escapamento duplo, algum tipo de motor estranho com 1 milhão de cavalos.
Investigação mais cuidadosa revelou que, sob o capô, em vez de uma caldeira resfolegante que funcionava com uma mistura profana de sidra e carvão, estava o inconfundível V8 6.2 LS3 de 430 cv do Chevrolet Corvette.
De fato, não é um motor ruim, mas estava fora do lugar, no que eu pensei que era a última compra insensata do meu colega Richard Hammond. Aliás, o nome do veículo era Twisted, com o “S” escrito ao contrário. E isso é a cara bem dele.
“Harrumph” disse a mim mesmo, de forma beligerante. “Não vou ser afetado por essa chantagem emocional.” Por mais bem escrita que tenha sido.
Especialmente quando vi o preço desta versão topo de linha: mais de 150.000 libras (R$ 740.000). “Hummm”, pensei, “isso pode ter sido fabricado na tradicional North Yorkshire, mas com um preço desses não acho que vão vender muitos”.
No dia seguinte, fui à minha casa de campo e, ao sair, o tempo estava encoberto e escuro, mas não havia sinal do que eu encontraria à frente. Todos já dissemos “nunca vi uma chuva assim”, mas eu realmente não tinha visto uma dessas.
Já passei por chuvas de monção na Índia e tempestades no Vietnã, mas nada chegou perto do bombardeio daquela noite. Era como dirigir debaixo de um avião que apaga incêndios.
E não há outro jeito de dizer isso: eu não poderia imaginar, nessas condições, um carro melhor do que o Twisted. Ele esmurrava seu caminho pelos lagos que se formavam a cada depressão e pelos rios escoando a cada ladeira.
Sim, seus faróis montados no teto causavam um ofuscamento cada vez que eu entrava em água funda, e o jato que lançava ao ar era igual ao de um submarino nuclear que tivesse acabado de explodir perto da superfície, mas o carro como um todo fazia com que mesmo o másculo Mercedes Classe G ficasse parecendo um brinquedinho.
E tem mais. Em geral, as pessoas capazes de instalar bloqueio de diferencial Air Locker nos dois eixos, freios Alcon e uma suspensão reforçada ao que basicamente era uma carroça de feno são totalmente ineptas para projetar interiores.
Bem, tem alguém na Twisted que sabe, porque exceto pela falta inerente de espaço para ombros, ali há um belo espaço para se sentar. Eles até acharam um sistema de controle e GPS sensato, sem aquele monte de funções de que ninguém precisa.
No dia seguinte, sem chuva, dei uma olhada de perto nesse monstro bem-acabado.
No porta-malas havia um grande e bem construído baú para gim, licores e todos aqueles suquinhos para melhorar a mira de que os matadores de faisões britânicos precisam. Tinha até compartimentos para suas armas de caça. Embora elas não estejam incluídas no preço.
O que está incluído é uma aceleração difícil de acreditar. A trilha sonora diz que há um pouco de vida sob seu pé direito, mas sua cabeça está dizendo que você está num Defender 110, e é necessário muito mais para levar um velho tanque desajeitado a algo mais rápido que um trote.
Mas sua cabeça está errada, pois quando você pisa fundo, o câmbio automático reduz uma ou duas marchas, o bico levanta e, com um urro capaz de atordoar uma vaca a 400 metros, ele decola com uma aceleração que faz você abrir um grande sorriso.
Essa coisa não é só rápida. Ela é hilariantemente rápida.
E você não precisa reduzir muito a velocidade nas curvas. Claro que, com pneus Cooper lameiros, ele não tem o nível de aderência de um superesportivo, mas, graças aos bancos Recaro e à suspensão retrabalhada, você pode fazer muita coisa.
O único ponto irritante era o jeito como as pessoas indo na direção oposta também em um Defender acenavam enquanto eu rasgava a estrada. “Não temos nada em comum!”, eu queria gritar. Não é que esses caras sabem fazer um belo interior?
Sei que é importante ter o carro certo num evento cheio de executivos com relógios grandes e ternos caros. Nessa hora, um simples Range Rover não é suficiente.
E eu adoraria aparecer nesses lugares com este monstruoso Twisted, sabendo que poderia me embrenhar no mato e voltar para casa mais rápido do que qualquer um ali.
Então, Molly, tudo bem. Mesmo que ele tenha começado a vida como um Land Rover, que eu detesto mais do que você deve detestar alguns de seus professores, gostei do carro do seu pai.
E se eu não tivesse acabado de comprar um Range Rover, ficaria muito tentado por ele. Especialmente pelo gabinete de bebidas.

Mercedes Benz Classe A, Alemanha - Jeremy Clarkson




 

Mercedes Benz Classe A, Alemanha - Jeremy Clarkson
Fotografia



Muitos dizem que os alemães não têm senso de humor. Mas não é verdade, porque a Mercedes lançou um hatch do tamanho do VW Golf com motor 1.3 turbo ao preço hilário – ao menos na versão que dirigi – de 30.000 libras.
E aqui está a conclusão da piada: é possível que você vá querer ter um…
Nunca entendi por que interiores luxuosos e bem equipados são colocados só em carros grandes. Quem é que decidiu que pessoas que querem couro macio e tapetes espessos também precisam de 5 metros de espaço para as pernas no banco de trás.
Na maior parte do tempo, carros grandes são um incômodo. Você passa um tempo enorme procurando vagas na rua e, quando encontra uma que poderia acomodar com facilidade um Golf, é forçado a segurar o tráfego enquanto faz papel de bobo. E daí é obrigado a seguir adiante.
Automóveis grandes significam que você terá de caminhar mais até chegar aonde quer ir.
Também há o problema das ruas com faixas estreitas. Num carro pequeno você consegue rodar por elas sem pensar, mas num grande precisa apertar os olhos e espremer os ombros contra o corpo. E mesmo o menor erro de avaliação pode resultar em um espelho voando.
A única solução é evitar essas vias, o que significa que você vai levar ainda mais tempo para chegar ao destino.
E tem mais. Um carro grande é mais pesado, o que o torna menos divertido de dirigir que um pequeno. E devora combustível, o que significa que você passará mais tempo no posto de gasolina do que em casa com seus filhos.
E, como resultado de sua ausência, eles se tornarão marginais ou cheiradores de cola. A solução óbvia, se você não quiser que seus filhos acabem com bolhas no nariz, é comprar um carro pequeno.
Mas se fizer isso você terá couro indecente, um motor sonolento e porta-objetos de plástico nas portas, que farão com que as chaves da sua casa e seu celular façam um barulho de coisas raspando sempre que você virar uma esquina.
O que nos leva de volta ao início: por que alguém não fabrica um carro pequeno com o luxo de um carro grande?
A Renault tentou no passado, com uma versão do modelo 5 chamada de Monaco. Mas foi um fracasso porque, por baixo dos toques de luxo, continuava a ser uma caixa de horrores dos anos 80. Ele quebrava muito, enferrujava e não dava partida quando o motor estava quente.
Felizmente, nada disso afetará o novo Mercedes Classe A, que está tentando atender ao mesmo nicho do Monaco. Como resultado, você entra na versão A 200 AMG Line que eu testei e imediatamente sai e diz ao vendedor: “Eu tenho de ter um”.
Meu carro tinha alguns opcionais, mas, Deus do Céu, é um lugar legal para se sentar. O painel tem uma placa com aparência de zinco, e as cinco saídas de ar circulares se parecem com a parte de trás das turbinas do Lockheed SR-71 Blackbird.
E veja esta: quando estão ventilando ar frio elas brilham em azul, e com ar quente reluzem em vermelho.
E há iluminação por todos os lados. Você pode pedir um opcional que o permite escolher dentre literalmente qualquer cor conhecida pela ciência e, quando não conseguir decidir a cor que quer em cada ponto, basta colocar o sistema no automático, que ele vai alterná-las suavemente enquanto você dirige. É como estar testemunhando uma aurora boreal. E eu amei.
Também tem duas telas digitais, uma para o GPS, sistema de som etc., e outra para os instrumentos, que também pode ser personalizada para corresponder ao seu humor. Passei 85% do meu tempo fazendo isso e só 15% olhando para a rua.
É incoerente: é infração de trânsito falar ao celular ou brincar com o passageiro enquanto se está ao volante, porque tais coisas são consideradas distrações. No entanto, não há restrições a dirigir sentado à frente do que parece a mesa de luz de um show do Pink Floyd.
Tecnicamente, o carro não é tão pequeno assim. É um tanto quanto maior do que, digamos, o Classe A original. O qual foi projetado, segundo me contaram, para ser um carro elétrico, e tinha dois pisos para que o espaço entre eles pudesse ser usado para se colocar baterias.
Mas a Mercedes abandonou a ideia de fazer um elétrico próprio e resolveu investir na Tesla, esperando que um dia o dono ficasse maluco e a Mercedes conseguisse todo o seu trabalho de desenvolvimento de graça.
Então eles venderam o Classe A como um carro de motor normal que tinha dois pisos “por razões de segurança”. Um marketing que foi por água abaixo quando ele capotou num teste que simulava o motorista desviando subitamente de um alce.
O Classe A se tornou cada vez maior ao longo dos anos, e o último tem quase o tamanho do Honda Civic. Ainda pequeno para um Mercedes, mas grande o suficiente para uma família de cinco pessoas.
E é por isso que o motor de 1,3 litro é uma surpresa. Uma unidade 1.3 era adequada para um Austin, mas em um carro pesando mais de 1,3 tonelada parece meio fraco. E, honestamente, é.
Sim, ele tem um turbo, e, sim, pode levá-lo de 0 a 100 km/h em 8 segundos, mas parece que ele está sendo forçado o tempo inteiro.
E é acoplado a um câmbio de sete marchas que nunca sabe qual delas é a melhor para o momento. O que faz com que o avanço seja frequentemente barulhento e aos trancos.
Mas não que você vá notar, porque estará muito ocupado fazendo com que o velocímetro fique verde.
E como é dirigir? Bem, o modelo básico tem uma suspensão traseira por eixo de torção, o que fez com que os fãs puristas da Mercedes ficassem doidos. Mas eu entendo a Mercedes. Dificilmente o motor 1.3 vai causar algum esforço lá atrás.
A do meu carro era multilink, e sei que deveria dizer que é algo bom, mas quando se está imerso na aurora boreal é difícil prestar atenção à absorção de irregularidades na traseira. Tudo o que vou dizer é que, como todos os veículos modernos, é firme demais.
E neste carro em especial – que será vendido para pessoas que se interessam mais pela iluminação da cabine do que por dirigibilidade – é exageradamente firme.
Então, como carro, ele não é bom. O motor, câmbio, conforto ao rodar e preço estão todos errados. Mas eu entendo se você achar que absolutamente tem de ter um, porque terá toda a graça elegante moderna de uma cobertura de frente para o mar, em uma quitinete.

Propaganda "Não Tem Cara de Tiozão", Nissan Sentra, Nissan, Brasil







Propaganda "Não Tem Cara de Tiozão", Nissan Sentra, Nissan, Brasil
Propaganda

O público-alvo tradicional dos sedãs médios reside em homens com mais de 35 anos. Muitos possuem visual demasiadamente sóbrio, sendo rejeitados por uma parcela desse público que não quer “ter um carro que o envelheça”. Sabendo disso, a Nissan fez uma peça publicitária para o Sentra, cujo design se mostrava mais esportivo e jovial que os concorrentes.
Os publicitários buscaram fazer um ataque sutil ao Toyota Corolla, que  era na época (e atualmente) o líder de vendas da categoria, porém considerado por muitos “carro de velho”, por conta de seu design, o “legitimo sucessor” do Ford Galaxie, Ford Landau, Ford Del Rey...rs.
Na propaganda a  Nissan se ateve ao seu público-alvo e criou a banda The Uncles, com forte menção à jovem guarda, ao rock e ao centro velho, lembrados com carinho por quem era jovem nos anos 60 e 70. O refrão “não é carro de tiozão” criou um chavão para tratar dos veículos preferidos da faixa etária superior a 35 anos. 
O paradoxo é que embora a propaganda tenha obtido sucesso e popularidade, caindo no gosto do público, o mesmo não aconteceu com o Nissan Sentra, que ficou marcado como “carro de velho”, ainda mais “tiozão” que o Toyota Corolla, com números de vendas baixíssimos em relação ao seu maior concorrente. Embora fosse um bom carro e ainda tenha evoluído nas gerações seguintes, nunca conseguiu se livrar da alcunha “tiozão” da propaganda de lançamento, um verdadeiro mico...rs.


sexta-feira, 2 de outubro de 2020

Vista de Ouro Preto, 1939, Minas Gerais, Brasil

 


Vista de Ouro Preto, 1939, Minas Gerais, Brasil
Ouro Preto - MG
Fotografia

Juscelino Kubitschek, Oscar Niemeyer, Israel Pinheiro e Lúcio Costa Analisando os Projetos da Construção de Brasília, 1958, Rio de Janeiro, Brasil


 

Juscelino Kubitschek, Oscar Niemeyer, Israel Pinheiro e Lúcio Costa Analisando os Projetos da Construção de Brasília, 1958, Rio de Janeiro, Brasil
Rio de Janeiro - RJ
Fotografia



Debruçados sobre os planos e maquetes da cidade que nascia, o presidente Juscelino Kubitschek (1956-1961), Oscar Niemeyer (1907-2012) e Lúcio Costa (1902-1998) planejavam a construção da capital modernista, situada a centenas de quilômetros dos grandes centros urbanos, que seria inaugurada em 21 de abril de 1960.
Em junho de 1958, o Palácio da Alvorada foi inaugurado e JK registrou naquela ocasião que Brasília já era um “arcabouço de cidade, viam-se, disseminados por toda a área do Plano-Piloto, os fundamentos criados pela mão do homem, perfeitamente integrados no cenário em que a cidade fora plantada (...). Lúcio Costa e Oscar Niemeyer, na concepção do que deveria ser a futura a futura capital, tiveram em mente a necessidade de criar uma obra que fosse o prolongamento do cerrado.” Do helicóptero, JK viu as colunas do Palácio da Alvorada de outro ângulo: “pareciam caules das mesmas árvores que se viam nas imediações, as quais já deixavam a terra inclinada num capricho de sinuosidade que a secura do ar impõe à vegetação do Planalto.” (Juscelino Kubitschek. Meu caminho para Brasília – a escalada política. Bloch Editores, 1974, pag. 213).
Na imagem, Juscelino Kubitschek com Oscar Niemeyer (1º), Israel Pinheiro (4º) e Lúcio Costa (5º). Rio de Janeiro, 1958.
Nota do blog: Infelizmente, de uma ideia boa (desenvolver a região central do Brasil), criaram um “reino da fantasia”, um lugar que parece viver em uma realidade paralela, gastando recursos públicos como água para manter as “corporações” do Executivo, Legislativo e Judiciário, onde acontecem todos os tipos de negociata, tráfico de influência e corrupção, sempre combinado com a maior praga brasileira, a impunidade. Uma capital que era para ser motivo de orgulho dos brasileiros, ao contrário, virou sinônimo de corrupção...

Último dos Puma GT 4R é Restaurado, Brasil








 

Último dos Puma GT 4R é Restaurado, Brasil
Fotografia


Produzir apenas três unidades de um automóvel seria loucura nos dias atuais. Mas foi justamente o que a QUATRO RODAS fez em 1969.
O primeiro (e até hoje único) carro brasileiro criado sob encomenda em série limitada foi desenvolvido por Rino Malzoni (um fazendeiro apaixonado por carros esportivos) em parceria com o designer Anísio Campos, ambos criadores do Puma original.
À época, o trio foi produzido em uma ação de marketing da revista – os carros foram sorteados entre os leitores. As décadas se passaram e os três esportivos ainda existem. Mas só um não havia sido totalmente restaurado.
Eis que o atual proprietário iniciou os trabalhos de recuperação e agora o carro está pronto para desfilar.
Desde quando foi dado ao bancário Ildefonso Gonçalves, o Puma teve outros três proprietários até chegar às mãos do atual dono, que prefere se identificar apenas como Fernandez. Foi ele quem decidiu reformar o antigo esportivo, adquirido juntamente com seu irmão há uma década.
A restauração foi acompanhada de perto pelos Fernandez e contou com a ajuda de colecionadores e especialistas em Puma. Um dos amigos que mais colaborou no processo foi Felipe Niconiello, ex-presidente do Puma Clube do Brasil e membro da diretoria da Federação Brasileira de Veículos Antigos (FBVA).
Felipe, infelizmente, faleceu em agosto de 2017 e não pôde ver o Puma restaurado.
“Precisamos fazer todas as peças pelo menos duas vezes até chegarmos ao nível de perfeição desejado”, afirmou Fernandez, que usou as imagens da época como referência para confeccionar os moldes em papelão antes de fazer as peças de forma artesanal.
Bastam poucos minutos apreciando o esportivo para notar que tanto esforço valeu a pena. É preciso uma boa dose de contorcionismo para entrar no GT 4R.
Do banco do motorista se vê apenas o belo volante Fórmula e o acabamento refinado mesclando couro bege com detalhes em jacarandá. O interior, aliás, foi todo refeito seguindo o padrão original, inspirado nas Ferrari e Lamborghini da época.
Algumas peças precisaram ser adquiridas fora do país. Foi o caso das lanternas redondas de Chevrolet Corvair, vindas diretamente dos Estados Unidos. O formato das peças, aliás, costuma gerar polêmica entre os fãs do Puma. “Posso garantir que as lanternas eram circulares. Meu pai até usava um Puma VW 1968 com motor seis cilindros de Corvair”, afirmou Kiko Malzoni, filho de Rino.
O atual dono diz que a parte mais difícil de ser encontrada foi o chassi, na época vindo do Volkswagen Karmann-Ghia nacional.
Sem achar uma peça em boas condições no Brasil, Carmelo resolveu importá-la da Alemanha. Da Europa também veio uma peça inusitada: o reservatório de água do para-brisa, na verdade uma bolsa de couro fixada no para-lama dianteiro esquerdo.
Segundo Fernandez, todo o processo de restauração seguiu o padrão da época em que os GT 4R foram produzidos. É por isso que o colecionador guarda pilhas de revistas QUATRO RODAS de 1969 e recortes de anúncios que mostram qualquer parte do GT 4R. Foi a partir destes registros que alguns detalhes foram recuperados, principalmente os detalhes de acabamento interno.
O motor 1.600 com dois carburadores Solex 40 tem aproximadamente 77 cv e só havia rodado 28 km antes da sessão de fotos. O ronco encorpado só não chama mais atenção do que as linhas clássicas, realçadas pela bela pintura azul – a mesma tonalidade da época.
A suspensão parece rebaixada de tão colada ao chão, mas o dono diz que apenas seguiu as especificações do projeto original.

Puma GTE, Brasil






 Puma GTE, Brasil
Fotografia


O anúncio do fim da DKW-Vemag, em 1967, após a marca ter sido absorvida pela VW, transformou a alma do primeiro Puma num fantasma. A mecânica do esportivo estava com os dias contados. Entre GT Malzoni e Puma DKW, cerca de 170 exemplares foram fabricados.
A necessidade de criar uma nova base para o esportivo deu origem a um carro completamente novo. A solução encontrada estava no chassi do Karmann Ghia, encurtado em 25 centímetros. O motor boxer 1500 refrigerado a ar ganhava um carburador extra e escapamento esportivo. A fórmula rendia 60 cv e 150 km/h de máxima.
“A Puma estreou a carburação dupla de fábrica no Brasil, antes até da Volks”, diz Felipe Nicoliello, presidente do Puma Clube. O novo desenho mantinha-se fiel à escola italiana, mas, enquanto o Puma DKW se assemelhavam às Ferrari, o novo tinha clara influência do Lamborghini Miura.
Diferentemente do que muita gente pensa, assim como o GT Malzoni, o “Puma VW” foi criado pelo fazendeiro Genaro “Rino” Malzoni em sua fazenda em Matão (SP), e não por Anísio Campos. “Dei só alguns palpites”, diz Anísio.
Em 1970, a primeira grande mudança. A Puma passa a utilizar o chassi da Brasília e troca os tambores dianteiros por discos de freios. Visualmente, as lanternas traseiras da C10 dão lugar às do Zé do Caixão.
Surgiram também kits Puma com diferentes comandos de válvulas e relações de marchas, conjuntos de pistão e cilindro que iam de 1.600 a 2.100 cm3, entre outros itens. Segundo Nicoliello, estima-se que se conseguia extrair de 80 a 90 cv dos motores.
Na edição de outubro de 1970 de QUATRO RODAS, um teste com seis modelos nacionais realizado pelo piloto inglês Stirling Moss incluiu o Puma GT. Moss elogiou a posição ao volante e elegeu a estabilidade como ponto alto. Outro teste coletivo viria em março de 1971. Colin Chapman e Emerson Fittipaldi criticaram os pedais de curso longo, o nível de ruído e a falta de potência, mas gostaram da estabilidade.
O primeiro teste feito pela revista veio em outubro de 1970. Era um GTE de exportação que trazia melhorias no acabamento e carburação dupla Solex 40. Com 70 cv, ele chegava a 165 km/h. O texto notava a saída de traseira e elogiava a embreagem, as respostas da direção e o consumo.
Em 1971, a linha foi enriquecida com o Puma GTE Spider, versão conversível, com teto de lona e, opcionalmente, rígido. Em 1973, os piscas dianteiros já eram embutidos, acima do para-choque, e o painel de madeira deu lugar a um de fibra. O conversível passava a se chamar GTS.
É também um GTE o exemplar das fotos, do arquiteto Adhemar Dizioli Fernandes. Ele conta que seu GTE 1974 tem a pintura Amarelo Camber, estofamento e pneus originais. “Ele ficou parado em uma garagem por 15 anos”, diz o arquiteto. “Localizei o proprietário, irmão de um amigo, e em 2002 adquiri o Puma, que está com 13.000 quilômetros originais.”
Outros nomes marcaram a vida do Puma VW. Em 1981, o GTI e o GTC substituíram, respectivamente, o GTE e o GTS. Os pára-choques passaram a ser envolventes, mas o desempenho deixava os esportivos atrás de carros de série mais baratos.
Outra revisão de estilo viria um ano mais tarde, com o P018. Com linhas mais retas e próximas do Puma GTB (seu irmão maior com mecânica de Opala), o modelo ainda usava motor VW a ar, mas com suspensão McPherson de Variant II. “Ficou mais estável, parecia um kart”, diz Nicoliello. Ar-condicionado e vidros elétricos conferiam o alento da sofisticação.
Após o fim da produção, em 1985, os Puma voltaram a ser fabricados pela Alfa Metais em 1988 depois de uma tentativa da Araucária S.A., em Curitiba, com o nome AM-1 e AM-2 (conversível). O motor AP-1600 refrigerado a água foi a maior diferença do AM-3 de 1989. Também havia um chassi tubular e bancos Recaro. Cupê e conversível, batizado de AM-4, usaram ainda o motor AP-1800. Pouco depois, em 1994, com a grande oferta importados, o Puma saía definitivamente de linha para entrar na história.

quinta-feira, 1 de outubro de 2020

Capa da Revista "Ilustração Portuguesa" em Homenagem ao Centenário da Independência do Brasil, 1922, Portugal


 

Capa da Revista "Ilustração Portuguesa" em Homenagem ao Centenário da Independência do Brasil, 1922, Portugal
Fotografia

Ousada para a época de sua publicação – 1922 – a capa da revista “Ilustração Portuguesa” apresenta uma alegoria de duas mulheres que simbolizam as pátrias do Brasil e de Portugal se beijando de maneira a homenagear o primeiro centenário da Independência do Brasil.
Será que se publicada em uma revista brasileira em 2020 – época onde tantos retrocessos vem sendo cometidos e se usando o nome da pátria e as cores nacionais de maneira equivocada – seriam bem aceitos ?
Neste 7 de Setembro, já à beira do bicentenário (198 anos), que a data sirva para reflexão e principalmente respeito ao próximo e a todas as minorias. A pátria é de todos e para todos.

Vista Aérea da Cidade Universitária, UFRJ, Dezembro de 1968, Rio de Janeiro, Brasil


 

Vista Aérea da Cidade Universitária, UFRJ, Dezembro de 1968, Rio de Janeiro, Brasil
Rio de Janeiro - RJ
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Vista de Diamantina, Minas Gerais, Brasil



Vista de Diamantina, Minas Gerais, Brasil
Diamantina - MG
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Berço do ex-presidente da república Juscelino Kubitschek e de Francisca da Silva de Oliveira, a Xica da Silva, Diamantina está localizada no Vale do Jequitinhonha, e fica a aproximadamente 290 km de Belo Horizonte. O município chama atenção pela exuberante beleza natural que, em harmonia ao seu conservado e majestoso casario do século 18, traduz-se em um maravilhoso cartão postal.
Dona de um extenso patrimônio histórico, a cidade é tombada pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN) desde 1938 e, em dezembro de 1999, foi consagrada com o título de Patrimônio Histórico da Humanidade, outorgado pela UNESCO. Dentre as construções coloniais mais antigas, destacam-se a Igreja Nossa Senhora do Bonfim dos Militares, a Casa da Xica da Silva, o Chafariz do Rosário, entre outros.
Diamantina conta com uma musicalidade que lhe é peculiar, manifestada através de uma série de eventos artístico-culturais, bem como seu artesanato, que fazem do município um destino para os mais diversificados gostos. A Vesperata, um dos principais eventos da cidade, é um interessante concerto noturno ao ar livre, onde os músicos tocam sob os balcões dos sobrados da tradicional Rua da Quitanda.
Na Praça do Mercado, o Mercado Velho (também conhecido como Mercado do Tropeiro), construído em 1835, chama a atenção por sua arquitetura, de influência árabe. Ele era utilizado pelos tropeiros como polo de distribuição de mercadorias para o Vale do Jequitinhonha. Nos dias atuais, atrai turistas pela singularidade cênica e pela venda de produtos regionais típicos.
Em meio às montanhas e serras de Diamantina, se encontram cachoeiras que dão origem a deliciosas piscinas naturais de areias brancas. A cidade conta ainda com uma vasta manifestação cultural, marcada pelo seu famoso carnaval de rua, pela Semana Santa, pela Festa do Padroeiro Santo Antônio, entre outras.