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segunda-feira, 16 de março de 2020
O Triste Fim da Nilza, Ribeirão Preto, São Paulo, Brasil
O Triste Fim da Nilza, Ribeirão Preto, São Paulo, Brasil
Artigo
A antiga Indústria de Alimentos Nilza S/A foi vendida por R$ 23,5 milhões para a empesa JV Naves. A venda inclui os dois imóveis da Nilza que, juntos, somam 250 mil metros quadrados, na altura do km 312 da Rodovia Anhanguera.
Por meio de nota, a JV Naves Administração e Participação Societária LTDA confirmou a aquisição, mas, “por questões estratégicas, não vai se pronunciar a respeito por enquanto”, informou.
Segundo o advogado Alexandre Borges Leite, administrador judicial da massa falida da Nilza, existia um leilão em andamento e a maior proposta a ser ofertada por essa área tinha sido de R$ 16 milhões, no final do ano passado. “Mas, recebemos essa proposta de R$ 23,5 milhões e entramos com um recurso. Em dezembro, o juiz abriu novamente o prazo, de 30 dias, para qualquer interessado que tivesse apresentado algum valor em leilão pudesse cobrir essa proposta. Então, agora em março, essa venda foi homologada”, conta.
O valor negociado representa 42,7% da avaliação total dos imóveis com os equipamentos, mas a Justiça autorizou a venda mesmo não sendo alcançado o valor de 50% previsto em lei nesses casos. “Já fizemos seis leilões pela área e nunca recebemos nenhuma proposta como essa. Visando a depreciação dos equipamentos e também a desvalorização do mercado imobiliário, além da crise econômica, o juiz achou prudente aceitar essa proposta, pois já existe uma jurisprudência nesse caso”, explica.
Alexandre esclarece ainda a importância da negociação, pois o imóvel tem um custo mensal de R$ 45 mil para manutenção e segurança "A venda foi muito importante para conseguirmos fazer caixa pagar os credores trabalhistas. Já foram pagos 50% para cerca de 600 credores trabalhistas. Tem uma segunda lista nos autos com cerca de 300 credores que receberão mais 50% e ficará faltando aproximadamente 150 credores trabalhistas para receber esses 50% iniciais que estamos pagando", explica.
A Nilza ainda tem uma unidade industrial em Itamonte, Minas Gerais, com os equipamentos. A dívida está em R$ 700 milhões, mas, segundo o advogado, a previsão com todas as vendas é arrecadar R$ 70 milhões. “A diferença é muito grande.”
Com a organização de sete cooperativas, a Indústria de Alimentos Nilza foi criado em 2004. Em 2006, a Nilza foi comprada por Adhemar de Barros Neto, que planejou um plano de expansão, com a compra, em 2008, de unidades de Itamonte e Campo Belo, passando a processar 1,5 milhão de litros de leite por dia em suas três unidades. A empresa chegou a 1 mil profissionais.
Porém, a crise no setor de leite nacional fez a empresa entrar em uma profunda dificuldade financeira, que a levou a entrar com um pedido de recuperação judicial. Mas, em janeiro de 2011 pela 4ª Vara Cível de Ribeirão decretou a falência da empresa após constatar fraudes no processo de recuperação judicial e na negociação de venda da companhia.
Cinco meses depois, a decisão de falência foi revogada e 40 funcionários foram recontratados. Foram feitos testes no laticínio, mas a produção comercial não chegou a acontecer. No mês de outubro de 2012, a segunda -e definitiva- falência, foi decretada pelo Tribunal de Justiça de São Paulo.
Um pouco da história:
A Cooperativa Nacional Agro Industrial (Coonai) teve início em 1941, quando cerca de 20 produtores de leite da região de Franca se uniram e inauguraram a Cooperativa de Laticínios de Patrocínio do Sapucaí (Hoje Patrocínio Paulista), com sede em Itirapuã. O negócio teve rápido desenvolvimento e se consolidou no mercado. Em 1974, visando fortalecer o setor lácteo, fundiu-se com a Cooperativa de Laticínios de Brodowski, criando a Coonai, que iniciou as atividades em 1 de janeiro de 1975, com sede em Ribeirão Preto e com 2.700 associados.
A década de 80 foi marcada por franca expansão do setor e consequentemente da Coonai, que incorporou outras cooperativas, implantando novos serviços, lançando novos produtos e ampliando o patrimônio. Em 1984, possuía cerca de 650 funcionários, 3.850 cooperados distribuídos em 52 municípios, recebendo diariamente cerca de 270 mil litros de leite, colocados no mercado sob as marcas Nilza, Dollar e Alpha, participando ainda da marca Paulista, da CCL (Cooperativa Central de Laticínios), com os produtos: leite pasteurizado, queijos, requeijões, cremes de leite, manteigas e lactose, além de café torrado e moído.
A longa história da Coonai inclui o pioneirismo nacional na granelização da coleta de leite junto aos produtores. Os testes para a implementação deste processo tiveram início em 1997 e em 2000, 100% da coleta já estava sendo feita a granel. Para viabilizar esta modernização, a cooperativa financiou o maquinário necessário para os produtores mecanizarem a ordenha e os tanques de expansão para armazenarem o leite acumulado. As principais vantagens deste tipo de coleta são: maior qualidade do produto, redução de custos e melhoria da qualidade de vida do produtor.
A união da Coonai com outras cooperativas, em agosto de 2001, deu origem à Central Leite Nilza.
Nota do blog: Quando me mudei para Ribeirão Preto, entre os anos 1986-1987, conheci os produtos da Nilza, que na época chamava Coonai (Cooperativa Nacional Agro Industrial). Produzia leite, queijo, manteiga, requeijão, etc. As condições financeiras, dívidas, guerra fiscal, a prejudicaram muito, porém, foi muito mal administrada, com inúmeros casos de corrupção. Triste ver como acabou uma empresa que era exemplo em Ribeirão Preto...
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