Caixa D'Água Francesa, Praça Piratinino de Almeida, Pelotas, Rio Grande do Sul, Brasil
Pelotas - RS
Fotografia
Em 1871, um decreto imperial autorizou a implantação da
Companhia Hydráulica Pelotense em Pelotas, sob a direção de Hygino Corrêa
Durão. A primeira cláusula do contrato da Companhia previa a colocação de um
reservatório de água no centro da cidade. Assim, a caixa d’água foi comprada da
empresa Hanna Donald & Wilson, Makers, Abbey Works, localizada na cidade de
Paisley, Escócia, no ano de 1875. O reservatório veio de navio em peças para
ser montado, juntamente com o engenheiro responsável por coordenar os trabalhos
de montagem. Para conduzir o material, a Companhia Ferro Carril, estendeu
trilhos até a praça. Em maio de 1875, começou a ser erguido no Largo da
Caridade, hoje Praça Piratinino de Almeida, e as obras foram concluídas em
setembro do mesmo ano. O Reservatório R1, é um monumento de ferro construído
com a técnica da pré fabricação em peças. Sua planta é em coroa circular, de
forma cilíndrica, com a caixa elevada sobre quarenta e cinco elegantes colunas.
Tem capacidade para 1500 m³ de água. No centro superior destaca-se uma cúpula,
rodeada de colunas, que destinava-se ao passeio público da época, com acesso
através de um escada helicoidal, sob vigilância de um guarda. A caixa d’água é
ornada com consoles, grades, molduras e arcos em ferro fundido. A Praça da Caixa
d'Água, como também é conhecida, passou por reformas de restauração em 2011,
onde inclusive foi modificada a cor, apresentando atualmente uma coloração
avermelhada.
A caixa d’água é um dos quatro bens tombados de Pelotas no Instituto do
Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN), do Ministério da Cultura. O
reservatório está registrado no livro de Belas Artes, sob a inscrição nº 561,
processo 1064-T-82, com data de 19 de julho de 1984.
Sobre a "caixa d'água francesa", ser, na realidade, "escocesa": Um deslize nos relatos da história do saneamento de Pelotas foi o que descobriu a pesquisadora Janaína Xavier. Formada no curso de especialização em “Artes, Patrimônio Cultural e Conservação de Artefatos” pela Universidade Federal de Pelotas (UFPel), ela defende em sua monografia que a caixa d’água situada na praça Piratinino de Almeida foi construída em 1875 na Escócia e não França como se supunha. “Essa dúvida é antiga. Em 1987 Geraldo Gomes da Silva já levantava a polêmica em seu livro Arquitetura do ferro no Brasil, mas até hoje ninguém havia pesquisado a fundo o assunto”, diz Janaína.
Sobre a "caixa d'água francesa", ser, na realidade, "escocesa": Um deslize nos relatos da história do saneamento de Pelotas foi o que descobriu a pesquisadora Janaína Xavier. Formada no curso de especialização em “Artes, Patrimônio Cultural e Conservação de Artefatos” pela Universidade Federal de Pelotas (UFPel), ela defende em sua monografia que a caixa d’água situada na praça Piratinino de Almeida foi construída em 1875 na Escócia e não França como se supunha. “Essa dúvida é antiga. Em 1987 Geraldo Gomes da Silva já levantava a polêmica em seu livro Arquitetura do ferro no Brasil, mas até hoje ninguém havia pesquisado a fundo o assunto”, diz Janaína.
Em um artigo publicado pelo Diário Popular em fevereiro de 2004 o historiador
Mario Osorio Magalhães também havia falado sobre a hipótese de a caixa d’água
não ser francesa, com base em notícias publicadas no Correio Mercantil que
relatam a obra. Faltava ainda reunir outras evidências que comprovassem a
teoria.
De tanto ouvir boatos, Janaína, que é funcionária do Serviço Autônomo de Saneamento de Pelotas (Sanep), disse ter resolvido incluir a discussão em sua pesquisa, que também aborda a história dos chafarizes de Pelotas, esses sim de origem francesa. “Os elementos do primeiro sistema de abastecimento de água implantado pela então Companhia Hydráulica Pelotense foram importados, em sua maioria, da Europa. É uma mistura. As antigas bombas da represa do Moreira, por exemplo, vieram da Inglaterra, já o relógio da casa de máquinas é francês, assim como os chafarizes”, afirma. “Apenas pela análise estética é difícil afirmar a procedência dessas peças. Esse reservatório central, por exemplo, tem elementos arquitetônicos muito limpos, com poucos adornos, o que é típico da produção industrial europeia da época, mas não se pode dizer que são característicos de algum país específico”, comenta.
O ponto de partida da pesquisa foi a caixa d’água de Rio Grande, que é idêntica à de Pelotas. As duas foram encomendadas por Hygino Correa Durão, que na época era diretor das companhias hidráulicas de ambas as cidades. Na caixa d’água de Rio Grande há uma placa da empresa fabricante, ao contrário do reservatório de Pelotas, que não possui identificação. A partir daí começou a busca pela localização da fábrica e descobriu-se que a empresa Hanna Donald & Wilson, que fabricou os reservatórios, tinha sede na cidade de Paisley, na Escócia, e construía embarcações navais, pontes, caldeiras, estações de ferro e sistemas de água e gás.
Notícias publicadas em jornais da época ajudam a sustentar a tese de que o reservatório é escocês. Em 24 de janeiro de 1875, o jornal Correio Mercantil anuncia a chegada de um navio contendo a maior parte do material destinado à construção do reservatório (as peças vinham em partes e eram compradas por catálogo). A origem da embarcação, conforme a imprensa, é Glasgow, cidade escocesa vizinha a Paisley (onde ficava situada a fábrica) e também cidade de origem dos engenheiros responsáveis pelo projeto de construção, conforme relatórios da Companhia Hydráulica Pelotense. “Paris, onde geralmente eram construídas as peças importadas da França, não aparece em nenhum documento referente à caixa d’água da praça Piratinino de Almeida”, ressalta Janaína.
De tanto ouvir boatos, Janaína, que é funcionária do Serviço Autônomo de Saneamento de Pelotas (Sanep), disse ter resolvido incluir a discussão em sua pesquisa, que também aborda a história dos chafarizes de Pelotas, esses sim de origem francesa. “Os elementos do primeiro sistema de abastecimento de água implantado pela então Companhia Hydráulica Pelotense foram importados, em sua maioria, da Europa. É uma mistura. As antigas bombas da represa do Moreira, por exemplo, vieram da Inglaterra, já o relógio da casa de máquinas é francês, assim como os chafarizes”, afirma. “Apenas pela análise estética é difícil afirmar a procedência dessas peças. Esse reservatório central, por exemplo, tem elementos arquitetônicos muito limpos, com poucos adornos, o que é típico da produção industrial europeia da época, mas não se pode dizer que são característicos de algum país específico”, comenta.
O ponto de partida da pesquisa foi a caixa d’água de Rio Grande, que é idêntica à de Pelotas. As duas foram encomendadas por Hygino Correa Durão, que na época era diretor das companhias hidráulicas de ambas as cidades. Na caixa d’água de Rio Grande há uma placa da empresa fabricante, ao contrário do reservatório de Pelotas, que não possui identificação. A partir daí começou a busca pela localização da fábrica e descobriu-se que a empresa Hanna Donald & Wilson, que fabricou os reservatórios, tinha sede na cidade de Paisley, na Escócia, e construía embarcações navais, pontes, caldeiras, estações de ferro e sistemas de água e gás.
Notícias publicadas em jornais da época ajudam a sustentar a tese de que o reservatório é escocês. Em 24 de janeiro de 1875, o jornal Correio Mercantil anuncia a chegada de um navio contendo a maior parte do material destinado à construção do reservatório (as peças vinham em partes e eram compradas por catálogo). A origem da embarcação, conforme a imprensa, é Glasgow, cidade escocesa vizinha a Paisley (onde ficava situada a fábrica) e também cidade de origem dos engenheiros responsáveis pelo projeto de construção, conforme relatórios da Companhia Hydráulica Pelotense. “Paris, onde geralmente eram construídas as peças importadas da França, não aparece em nenhum documento referente à caixa d’água da praça Piratinino de Almeida”, ressalta Janaína.
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