As cinco primeiras colocadas da esquerda para a direita:
Virgina Lee (Miss Hong Kong, 3ª colocada), Martha Rocha (Miss Brasil, 2ª
colocada), Miriam Stevenson (Miss EUA, 1ª colocada), Regina Ernst (Miss
Alemanha, 4ª colocada) e Ragnhild Clausson (Miss Suécia, 5ª).
Martha Rocha, durante o concurso de Miss Universo em 24 de julho de 1954.
Martha Rocha dias após ser eleita como Miss Brasil, em 7 de julho de 1954.
Chegada de Martha Rocha ao Rio de Janeiro, quase dois meses após ficar com o 2º lugar no concurso de Miss Universo.
Em visita ao Brasil, o encontro das duas primeiras colocadas no
concurso Miss Universo de 1954 - A americana Miriam Stevenson (à esq.),
primeira colocada e a brasileira Martha Rocha.
A Miss Brasil Martha Rocha entre os atores Jeff Chandler (à
esq.) e Tony Curtis (à dir.), em Los Angeles.
Destaque na capa do GLOBO de 24 de julho de 1954.
Destaque na capa do GLOBO de 26 de julho de 1954.
Martha Rocha, a Eterna e Mais Famosa Miss Brasil - Artigo
Artigo
Houve um tempo no Brasil em que tudo o que acontecia de curioso
e caia nas graças da população virava tema de marchinha de carnaval. Quando, em
24 de julho de 1954, a Miss Brasil Martha Rocha perdeu o concurso de Miss
Universo para a americana Miriam Stevenson, não foi diferente. No carnaval do
ano seguinte, a marchinha "Duas Polegadas", de autoria de Pedro
Caetano, Alcyr Pires Vermelho e Carlos Renato, exaltaria a beleza da brasileira
e suas polêmicas duas polegadas a mais de quadril. De acordo com uma falsa
versão que ficou conhecida na época, mas esclarecida mais tarde, essa medida
teria sido responsável pela derrota.
A própria brasileira brincou com o episódio, interpretando ela
mesma uma versão da música, que pedia clemência dos juízes no seguinte refrão:
“Por duas polegadas a mais, passaram a baiana pra trás/Por duas
polegadas, e logo nos quadris/Tem dó, tem dó, seu juiz!”.
Mesmo derrotada, Martha saiu como a grande figura daquele
concurso, que lhe renderia a fama de mulher mais bonita do Brasil por um longo
tempo, além de um convite para trabalhar em filmagens na Universal
International por três meses e contratos publicitários. A brasileira chegou a
participar de gravações com os atores americanos Jeff Chandler e Tony Curtis
durante a sua estada em Los Angeles após o fim da competição.
Na edição de 24 de julho de 1954 do GLOBO, um dia após o
concurso, que aconteceu em Long Beach no estado americano da Califórnia, o
jornal a descreveu como uma linda baianinha de pele amorenada, olhos azuis e
cabelos dourados. Apesar da derrota em solo americano, os jurados que a
elegeram Miss Brasil quase um mês antes do concurso de Miss Universo, em
Petrópolis, não hesitaram em refazer os elogios após o segundo lugar.
O poeta Manuel Bandeira disse na época que os americanos já
conheciam uma baiana — "Carmen Miranda" — e, agora, conheciam outra,
graciosa e jovem, "mostrando que a Bahia tem de tudo". O cronista
Paulo Campos também defendeu a brasileira ao dizer que o júri do Quitandinha
tinha "uma calorosa confiança nos olhos límpidos e claros da jovem
baiana", e completou: "Na tonalidade de sua pele, que as fotografias
não mostram, vi uma das coisas mais belas deste mundo".
Ainda nas páginas do GLOBO, o escritor Fernando Sabino
comemorou o vice-campeonato e publicou: "Foi a vitória da beleza
autêntica, genuinamente brasileira. Marta Rocha é loura e de olhos azuis, mas
tem em si o caldeamento das raças que caracteriza a mulher brasileira. Não é
loura em excesso, nem de pele trigueira em excesso. É surpreendente que não
tenha classificado em primeiro lugar".
O fator desfavorável da brasileira em relação a americana foi,
por muito tempo, atrelado às duas polegadas a mais de quadril. Conforme o
próprio jornal publicou na edição de 26 de julho de 1954, os juízes disseram
que a americana "tinha medidas perfeitas de 36 polegadas de busto e de
quadris", enquanto a brasileira tinha 38 de quadril".
Um bom folclore, esse motivo foi disseminado por um jornalista
da época que trabalhava na revista "O Cruzeiro". Na época, a própria
Martha Rocha gostou da versão e acabou entrando na brincadeira, levando toda a
imprensa brasileira com ela. A Miss Brasil 1954 só revelaria que a história era
falsa depois de muito tempo, quando lançou o livro "Martha Rocha: uma
biografia", em 1993.
Sessenta e cinco anos após a derrota em Long Beach, a vida da
baiana ainda teve muitos desafios além das passarelas. Em 1996, passou a cobrar
para aparecer em júris de concursos de beleza alegando complicações financeiras
em função da falência da empresa do cunhado Jorge Piano, dono de uma das maiores
casas de câmbio do Rio. A partir de 2000, Martha descobriu ter um câncer de
mama, que logo foi tratado, e decidiu se mudar para Volta Redonda, no Sul do
Rio.
Em março deste ano, a Miss Brasil 1954 publicou em sua conta
pessoal no Facebook que estava morando em uma casa para idosos e que não
pretendia pedir a ajuda de ninguém.
“Meus amigos, participo que estou morando numa pousada para
idosos por questões financeiras. Não me sinto diminuída, humilhada por isso.
Pelo contrário, pois minha dignidade segue sem mácula. (...) Se, em 1995, com a
fuga de Jorge Piano com todo o meu dinheiro, nem pensei em pedir ajuda. Superei
meus problemas com suporte de meus dois filhos, duas amigas e o meu trabalho
honrado, vendendo quadros pintados por mim, e ganhando cachê para divulgar o
concurso de Miss Brasil". E conclui: “Para mim, meus amores, este assunto
está encerrado. Ponto final”. Texto do jornal O Globo.
Nota do blog: Embora Martha Rocha tenha ficado na segunda colocação, tornou-se mais famosa do que as outras duas que ganharam o concurso (Martha Vasconcellos e Ieda Maria Vargas). Ninguém fala delas, quando se fala em miss, lembramos de Martha Rocha. É automático. Isso prova, mais uma vez, uma teoria que defendo, cujo teor, basicamente, é que a derrota apaixona muito mais que a vitória. Mas esse debate fica para outra ocasião...
Nota do blog: Embora Martha Rocha tenha ficado na segunda colocação, tornou-se mais famosa do que as outras duas que ganharam o concurso (Martha Vasconcellos e Ieda Maria Vargas). Ninguém fala delas, quando se fala em miss, lembramos de Martha Rocha. É automático. Isso prova, mais uma vez, uma teoria que defendo, cujo teor, basicamente, é que a derrota apaixona muito mais que a vitória. Mas esse debate fica para outra ocasião...








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