Colégio Metodista Encerra as Atividades, Ribeirão Preto, São Paulo, Brasil
Ribeirão Preto - SP
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Texto 1:
O Colégio Metodista, no Centro de Ribeirão Preto, anunciou o fechamento da unidade após 122 anos de história. As famílias dos alunos já começaram a ser avisadas sobre a decisão.
Em nota, o Grupo Metodista informou que suas atividades estão suspensas desde o dia 21 de janeiro devido ao agravamento de sua situação financeira.
Disse também que está prestando todo o apoio escolar e administrativo às famílias e aos alunos, para que possam prosseguir regularmente com seu ano letivo em outra instituição.
O Colégio Metodista era um dos mais antigos de Ribeirão Preto ainda em operação. Foi fundado em 5 de setembro de 1899, na Igreja Metodista de Ribeirão Preto, por Leonora Smith, missionária norte-americana
Em 1914, o colégio mudou para o imóvel da rua Florêncio de Abreu, onde até o ano passado, atendia alunos do ensino infantil ao médio.
A Rede Metodista é integrada por colégios e instituições de educação superior, com cursos de graduação, mestrado, doutorado e especializações no Rio Grande do Sul, São Paulo e Minas Gerais.
Em crise financeira desde 2015 e agravada ainda mais pela pandemia, o grupo Metodista acumulava dívidas até o ano passado de cerca R$ 500 milhões - 60% do valor era referente ao passivo trabalhista e o restante a bancos e fornecedores.
A situação acabou levando a um pedido recuperação judicial em abril de 2021, que foi suspenso em novembro pelo STJ (Superior Tribunal de Justiça).
À época, o ministro Raul Araújo disse que o planejamento da instituição para seguir funcionando enquanto saldava as dívidas não atendia às condições legais para obtenção do benefício e traria prejuízo aos credores.
O grupo Metodista, contudo, recorreu da decisão que foi reconsiderada pela Corte em dezembro, deferindo então a tutela de urgência para prosseguimento da recuperação judicial da empresa.
Texto 2:
No final do século XIX, a cidade de Ribeirão Preto no Estado de São Paulo - Brasil ficou famosa por possuir terra roxa, produzir e exportar café. A cidade, naquele período, era essencialmente rural.
Leonora Smith, missionária norte-americana, empenhou-se em inaugurar uma escola em nossa cidade, mas não conseguiu recursos em seu país para a fundação da referida escola. Mesmo com dificuldades, Leonora Smith não desanimou. No dia 5 de setembro de 1899, na Igreja Metodista de Ribeirão Preto, com 9 alunos, foi fundado o Colégio Metodista. Como a cidade era essencialmente católica, as matrículas eram raras para uma escola protestante, mas a resistência foi vencida com o tempo.
Em 1914, o Colégio mudou para o prédio atual. Em 1950, por solicitação dos membros da Igreja Metodista, foi criado o curso ginasial. O primeiro diretor foi o Prof. Waldemar Arruda e em 1973, foi construído o prédio anexo para ampliação das atividades no Colégio. As missionárias norte-americanas permaneceram em Ribeirão Preto até 1949.
Texto 3:
Leonora Dixon Smith relata que chegou ao Brasil com sua família em 1868, com apenas seis anos de idade. A família fixou residência em de Santa Bárbara d’Oeste, SP, berço do metodismo no Brasil: “O primeiro desembarque foi em 1868, em companhia de meus pais, Thomas Dixon Smith e Elizabeth Carlton Kidd Smith, e de minha irmã Laura Adella, quase três anos mais moça que eu (isto é, da idade de três anos incompletos)”.
Em 1871, Leonora Smith e sua família estavam presentes no culto de fundação da primeira Igreja Metodista no Brasil, na cidade de Saltinho, SP, localizada entre as cidades de Americana e Santa Bárbara d’Oeste. Este culto, sob a liderança do Rev. Junius Eastman Newman, foi realizado no dia 20 de agosto de 1871, terceiro domingo do mês. Conta a história que, algumas semanas depois, Leonora fez a sua pública Profissão de Fé.
A família de Leonora Smith continuou residindo em Santa Bárbara d’Oeste até 1879. Enquanto isso, nos primeiros anos desta década, Leonora Smith foi residir na cidade do Rio de Janeiro, RJ, onde iniciou seus estudos no Colégio Progresso. Depois, em 1884, Leonora voltou aos Estados Unidos e lá completou os seus estudos, retornando ao Brasil já como missionária apenas em 1896, com 34 anos de idade.
Em 1896, Leonora Smith inicialmente desenvolveu atividades docentes em Piracicaba, SP, no Colégio Piracicabano. Em 1898, com o retorno de Miss Moore aos Estados Unidos, chegou a estar na direção do Colégio Piracicabano.
Com o apoio do Bispo Eugene Hendrix, a escola em Ribeirão Preto foi finalmente instalada: Leonora Smith obteve do Bispo uma “licença” para abrir a escola, porém sem o apoio financeiro dos metodistas norte-americanos. E mais: ela deveria sustentar financeiramente a escola usando o próprio salário que recebia como missionária.
Leonora Smith, contudo, era uma mulher de fibra e fé inquebrantáveis. Aceitou o desafio na certeza de que estava agarrando “uma oportunidade dada por direção divina” e, decididamente, partiu de Piracicaba no dia 30 de agosto de 1899, chegando a Ribeirão Preto neste mesmo dia, depois de um “longo e fatigante” dia de viagem, hospedando-se na casa do pastor da Igreja Metodista, Rev. Jovelino de Camargo. No dia 5 de setembro deste mesmo ano, com um Culto de Abertura, foi fundada em Ribeirão Preto, sob a bênção de Deus, a “Escola Metodista”, que nas primeiras semanas, com apenas 9 alunos, reuniu-se nas dependências da própria igreja local.
Da fundação até setembro de 1902, Leonora Smith esteve na direção do Colégio Metodista de Ribeirão Preto e, nestes três anos, o número de alunos matriculados saltou de 9 para 60. No final de 1902, Leonora Smith viajou para os Estados Unidos, retornando ao Brasil no início de 1905, reassumindo a direção da escola e nela permanecendo até o final de 1906.Texto 4:
O Colégio Metodista anunciou aos alunos e professores que vai fechar suas portas em Ribeirão Preto. A notícia de que unidade, localizada na Rua Florêncio de Abreu, no Centro, não vai mais funcionar pegou pais e professores de surpresa.
Na noite dessa quinta-feira, 20, os alunos foram comunicados que não poderão mais estudar na escola. Já os professores foram dispensados na manhã desta sexta-feira, 21.
O professor de Filosofia e Sociologia Matheus Arcaro contou que começou a trabalhar no Metodista em 2019 e o colégio já não estava bem financeiramente. “Pagavam salário atrasado e não pagavam algumas coisas, como o vale alimentação. Eles foram nos convencendo de que a situação estava melhorando, tanto que entrou em recuperação judicial em abril de 2021 e, a partir daí, começamos a receber o salário em dia. A gente foi descobrir depois que eles nunca depositaram nosso FGTS. Tem pessoas que a escola está devendo R$ 200 mil, que já até saíram de lá e entraram na Justiça”, disse.
Ele afirmou que a reunião com os professores, para comunicar o fechamento da unidade, foi marcada de última hora. “Avisaram aos alunos ontem, mas muitos já tinham até comprado o material didático. Na semana passada, pediram a disponibilidade de grade dos professores. A escola já não estava indo bem, mas foi todo mundo pego de surpresa com o fechamento. E eles nos avisaram só agora, em 21 de janeiro, quando muitas escolas voltam às aulas na próxima semana e já contrataram seus professores, e deixaram um monte de profissionais na mão, sem possibilidade de procurar outro colégio para trabalhar”, denunciou Matheus.
Ainda de acordo com o professor, houve uma reunião no começo de dezembro do ano passado, na qual foi comunicado que daria tudo certo por já estarem em recuperação judicial. “Já na reunião de hoje, eles simplesmente anunciaram o fechamento da escola, sem nenhum tipo de respaldo, e esperaram justamente o dia 21. Afirmaram que vão pagar todos os direitos trabalhistas de forma parcelada, mas eles vêm fazendo promessas para a gente há cerca de três anos e nunca cumprem”, ressaltou. Ele também disse que está bastante preocupado com sua situação financeira a partir de agora. “Trabalho em outra escola, mas não é o suficiente e preciso urgente de outra fonte de renda”, destacou Matheus.
Procurado, o Colégio Metodista de Ribeirão Preto informou, em nota, que suspendeu suas atividades no dia 21 de janeiro devido ao agravamento de sua situação financeira. “Todo apoio escolar e administrativo está sendo prestado às famílias e aos alunos, para que possam prosseguir regularmente com seu ano letivo em outra instituição”, finaliza o comunicado.
A assessoria da escola não respondeu sobre a falta de pagamento do FGTS dos professores e nem sobre quais acordos serão feitos para o pagamento dos direitos trabalhistas dos docentes
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