domingo, 30 de janeiro de 2022

Copo Stanley - Artigo

 







Copo Stanley - Artigo
Artigo


O copo térmico para manter a cerveja gelada parece ter encontrado de vez um lugar à mesa. Há um maior interesse nos copos por aqui — em particular, da marca Stanley — com picos de buscas no Google nos últimos dois anos.
A PMI Worldwide, grupo que detém a Stanley, cresceu 700% só na América Latina a partir de 2018. Andréa Martins, presidente da empresa na região, atribui o sucesso ao alto consumo de cerveja no Brasil. "Pelo clima do país, foi a união perfeita com a proposta de bebida gelada até o último gole. Caiu no gosto do brasileiro".
Mas afinal, o que há nas garrafas e copos térmicos que os tornam tão especiais?
O sistema de isolamento térmico empregado pela Stanley não muda muito do de outras marcas e se vale de uma solução de 1892: o isolamento térmico a vácuo.
O físico italiano Evangelista Torricelli (1608-1647) já havia provado que o vácuo atuava como isolante térmico, mas manter o vácuo era ainda um problema. Era preciso estabilizar temperaturas para manter soluções biológicas em bom estado.
A solução veio no século 19, quando o físico-químico escocês James Dewar (1842-1923) criou um frasco com paredes duplas — como uma garrafa menor dentro de outra, maior — e o lacrou, mantendo o vácuo entre elas.
Para retardar ainda mais a mudança de temperatura, espelhou as paredes de vidro do frasco, fazendo com que as ondas de calor que tentassem escapar fossem refletidas de volta.
Para explicar o que ajuda a manter o seu café quentinho ou a cerveja gelada, é preciso voltar ao conceito de calor.
"O calor nada mais é que a vibração de moléculas", explica Regina Pinto de Carvalho, pesquisadora aposentada do Departamento de Física da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e autora do livro "Física do Dia a Dia".
"Quando uma molécula fica quente, ela vibra e pode transmitir esta vibração para um objeto. O vácuo atua como um ótimo isolante térmico, pois não permite a transferência de calor por condução e convecção", acrescenta.
Há três formas de transmissão de calor que o sistema de Dewar busca isolar:
Radiação: quando um corpo emite radiação eletromagnética infravermelha e outro corpo a absorve -- como o Sol.
Convecção: ocorre em fluidos, como ar e água, que tem diferenças de temperatura em seu conteúdo. Quando é fornecido calor a um fluido, formam-se correntes que transmitem a energia até que todo o fluido entre em equilíbrio térmico;
Condução: transferência de calor por meio de contato entre dois corpos em diferentes temperaturas. Como quando você segura o cabo de uma panela que está no fogo e sente o calor por meio dele.
Fábio Raia, especialista em engenharia mecânica e elétrica da Universidade Presbiteriana Mackenzie, afirma que o calor se move sempre ao estado de equilíbrio: "A energia, em seu estado de entropia, tende a buscar o seu equilíbrio térmico entre as partes. O que está quente fica frio e o que está frio fica quente", afirma.
Além das paredes espelhadas e o vácuo, as garrafas térmicas possuem tampas, que impedem as trocas de calor por convecção com o ar do ambiente. Por isso, quanto menos você abri-las, maior será o tempo de conservação da temperatura.
Em 1892, James Dewar trouxe ao mundo seu invento. Mas somente em 1903 ele seria produzido comercialmente. O físico não pensou em patentear sua criação, considerando-a um presente para a humanidade. Mas Reinhold Burger, um fabricante de vidros de Glashütte, Alemanha, registrou a garrafa térmica para uso doméstico, sob o sugestivo nome de "Thermos".
Em 1913, William Stanley Jr. criava, nos Estados Unidos, as primeiras garrafas Stanley. Trabalhando com transformadores na época, ele percebeu que o processo de soldagem poderia isolar, no lugar de vidro uma garrafa de aço a vácuo. O material amplia a durabilidade e resistência do produto.
Alex Monteiro, engenheiro brasileiro para a PMI Worldwide, afirma que o princípio de conservação térmica é o mesmo. Porém, ao longo dos anos, novos processos deram um design mais moderno nas peças de aço inox.
"Além do vácuo, temos algumas técnicas e processos que aumentam a eficiência térmica, porém não podemos revelar publicamente", acrescenta.
Monteiro estima que um copo térmico pode manter a cerveja gelada por cerca de quatro a seis horas, ou até mais. "Existem fatores que influenciam o tempo de conservação térmica, entre eles: o volume, temperatura ambiente e se o produto tem, ou não, tampa ou rolha."

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