Igreja das Dores / Basílica Nossa Senhora das Dores, Porto Alegre, Rio Grande do Sul, Brasil
Porto Alegre - RS
Fotografia - Cartão Postal
A Igreja Nossa Senhora das Dores é localizada à rua dos Andradas, 587.
É a mais antiga igreja da cidade ainda de pé. Sua construção se arrastou por muito tempo e o plano da fachada foi modificado quando ainda estava em obras, exibindo hoje um estilo eclético, mas o interior é ricamente decorado com talha dourada num estilo Barroco tardio com elementos neoclássicos, além de possuir um importante grupo de estátuas barrocas de Cristo em tamanho natural representando o ciclo da Paixão. Sede de antigas tradições religiosas e edifício de grande significado histórico e artístico, foi tombado em nível nacional pelo IPHAN.
O culto a Nossa Senhora das Dores:
As celebrações em torno dos sofrimentos de Maria tem origem no século XV, mas somente em 1667 foi estabelecida uma liturgia com iconografia definida. Assim, as chamadas Sete Dores de Maria — a profecia de Simeão, a fuga para o Egito, a perda de Jesus no Templo aos doze anos, o caminho da cruz, a crucificação, a deposição e o sepultamento de Jesus — passaram a ser representados simbolicamente por sete espadas, ou às vezes uma só, cravadas no coração da Virgem. Esta devoção foi introduzida em Portugal pelos padres Oratorianos, e chegou ao Brasil por volta de 1770, estabelecendo-se primeiramente em Minas Gerais.
A Irmandade:
Em Porto Alegre o culto já era registrado em 1779, quando um grupo de devotos mandava celebrar uma missa especial todas as sextas-feiras em honra de sua Padroeira, entronizada num dos altares laterais da antiga Matriz da Mãe de Deus. Este núcleo foi a origem da Irmandade de Nossa Senhora das Dores, que foi organizada definitivamente em 1801. Em 1819 um Indulto Apostólico elevou a Irmandade à categoria de Ordem Terceira, subordinada aos padres Servitas, mas só foi confirmada em 18 de setembro de 1824, com uma série de exigências para admissão de novos membros, o que ameaçou a Ordem de extinção. Por causa disso o Prior da Irmandade revogou os impedimentos, admitiu antigos integrantes e aumentou as contribuições. Em 24 de outubro de 1832 foi criada como freguesia autônoma, desmembrada da paróquia da Mãe de Deus, mas por ser uma comunidade pobre e ainda estar envolvida em uma construção dispendiosa só recebeu um pároco em 1859, quando o Imperador Dom Pedro II indicou o padre José Soares do Patrocínio Mendonça para o cargo.
Histórico do prédio:
É a igreja mais antiga da cidade ainda existente, tendo sua pedra fundamental lançada em 2 de fevereiro de 1807. Em meados de 1813 já estava concluída a capela-mor, e em 23 de junho deste ano foi trasladada a imagem de Nossa Senhora das Dores da antiga Matriz até a sua nova casa.
O corpo do edifício até 1846 estava ainda limitado à capela-mor, quando o Luís Alves de Lima e Silva destinou-lhe quatro contos de réis para início da construção da nave. Com as paredes erguidas por volta de 1857, João do Couto e Silva instalou o telhado e terminou a fachada (ainda sem revestimento) e a abóbada, terminando esta etapa em 1860. Como o projeto inicial fora alterado, uma comissão foi constituída em 1863 para realizar as necessárias correções, supervisionadas por Luiz Vieira Ferreira e concluídas em 1866. O templo foi então consagrado em 10 de maio de 1868 por Dom Sebastião Dias Laranjeira. A escadaria monumental da frente só seria terminada em 1873, sendo que o acesso anteriormente se dava pela rua Riachuelo, atrás da igreja.
Até o fim do século XIX o edifício não recebera revestimento nem possuía torres, e então a comunidade reuniu forças para os arremates necessários. O projeto original em estilo barroco colonial, já desfigurado, foi definitivamente abandonado, e encomendou-se um novo do arquiteto Júlio Weise, que traçou uma fachada em estilo eclético com influência germânica, onde se incluíram três esculturas do artista João Vicente Friedrichs, representando a Fé, a Esperança e a Caridade, mais um frontão em baixo-relevo.
As obras só foram terminadas em 1904. Segundo a lenda, a demora na sua conclusão ocorreu devido à maldição de um escravo, condenado à forca injustamente pela acusação do roubo de um colar da imagem de Nossa Senhora. Contudo, o historiador Sérgio da Costa Franco alega que a história é falsa, e a condenação do dito escravo ocorreu em virtude de um assassinato.
Foi tombada e declarada patrimônio histórico e artístico nacional em 1938, sendo a única igreja de Porto Alegre tombada em nível nacional, sob fiscalização do IPHAN.
No período de 1951 até finais dos anos 70, a igreja ficou aos cuidados dos Padres da Congregação do Santíssimo Sacramento, convidados pelo então Arcebispo de Porto Alegre, Dom Alfredo Vicente Scherer para dar início à Obra da Adoração Perpétua na capital gaúcha, tendo como Santuário a Matriz das Dores.
O interior:
Seu interior ainda apresenta muito das primitivas feições coloniais. A entrada se faz através de três portas, sendo que a central desemboca em um pára-vento envidraçado. Acima existe um coro de madeira, suportado por arcos e colunas coríntias. Há uma só nave, ladeada por uma série de altares ricamente entalhados e dourados por João do Couto e Silva, com perfil em arco redondo e larga moldura decorada, colunas salomônicas e baldaquinos, além de nichos para estatuária. Também se alinham na nave diversas tribunas com portas de vitral e gradis bombée em ferro trabalhado, e dois púlpitos. A pintura do teto, dividido em caixotões, é obra de Germano Traub, basicamente em motivos florais e geométricos, com medalhões figurativos. Os lustres são um trabalho contemporâneo.
A capela-mor é delimitada por um grande arco redondo com um friso floral e uma pintura com querubins. Possui também tribunas e o altar-mor é uma bela peça em estilo escalonado, já de traços neoclássicos, com um grupo escultórico no topo, com imagens de Cristo na cruz, ladeado pela Mater Dolorosa e por São João. Desta capela abrem-se portas para uma outra capela à esquerda, mais simplesmente decorada, e salas de administração à direita.
O templo possui diversas estátuas preciosas, dentre elas sete imagens representando os passos da Paixão de Jesus Cristo, trazidas de Portugal em 1871; duas imagens da santa padroeira da igreja, uma de 1820, com rosto de porcelana, e outra da segunda metade do século XVII, com espada e diadema de prata; um São Francisco Xavier, vindo da Itália, e um Sagrado Coração de Maria, oriundo da Espanha.
Projetos de restauro:
Depois de sua conclusão, com o passar dos anos a igreja sofreu séria deterioração, e obras de restauro foram realizadas em caráter emergencial em 1980 no telhado e forro, em 1996 na capela-mor, e em 1998 na escadaria. De 2001 em diante novas obras, desta vez para remodelamento do estacionamento e ampliação do salão de festas, utilizando os recursos provenientes da comunidade e das Leis de Incentivo à Cultura em nível estadual e federal, um projeto que foi continuado a partir de 2003 para recuperação dos bens integrados do interior, tais como altares, forro, pinturas decorativas, coro e outras peças e imagens destinadas a formarem futuramente um museu de arte sacra.
A partir de 2007 teve início a recuperação do exterior, tendo sido incluída no Projeto Monumenta, com participação do BID, da UNESCO e do Banco Mundial. Também está sendo planejada a prospecção arqueológica do subsolo da igreja e de seus arredores, realizada em parceria com o Projeto de Arqueologia Urbana desenvolvido pelo Museu Joaquim Felizardo.
O culto a Nossa Senhora das Dores:
As celebrações em torno dos sofrimentos de Maria tem origem no século XV, mas somente em 1667 foi estabelecida uma liturgia com iconografia definida. Assim, as chamadas Sete Dores de Maria — a profecia de Simeão, a fuga para o Egito, a perda de Jesus no Templo aos doze anos, o caminho da cruz, a crucificação, a deposição e o sepultamento de Jesus — passaram a ser representados simbolicamente por sete espadas, ou às vezes uma só, cravadas no coração da Virgem. Esta devoção foi introduzida em Portugal pelos padres Oratorianos, e chegou ao Brasil por volta de 1770, estabelecendo-se primeiramente em Minas Gerais.
A Irmandade:
Em Porto Alegre o culto já era registrado em 1779, quando um grupo de devotos mandava celebrar uma missa especial todas as sextas-feiras em honra de sua Padroeira, entronizada num dos altares laterais da antiga Matriz da Mãe de Deus. Este núcleo foi a origem da Irmandade de Nossa Senhora das Dores, que foi organizada definitivamente em 1801. Em 1819 um Indulto Apostólico elevou a Irmandade à categoria de Ordem Terceira, subordinada aos padres Servitas, mas só foi confirmada em 18 de setembro de 1824, com uma série de exigências para admissão de novos membros, o que ameaçou a Ordem de extinção. Por causa disso o Prior da Irmandade revogou os impedimentos, admitiu antigos integrantes e aumentou as contribuições. Em 24 de outubro de 1832 foi criada como freguesia autônoma, desmembrada da paróquia da Mãe de Deus, mas por ser uma comunidade pobre e ainda estar envolvida em uma construção dispendiosa só recebeu um pároco em 1859, quando o Imperador Dom Pedro II indicou o padre José Soares do Patrocínio Mendonça para o cargo.
Histórico do prédio:
É a igreja mais antiga da cidade ainda existente, tendo sua pedra fundamental lançada em 2 de fevereiro de 1807. Em meados de 1813 já estava concluída a capela-mor, e em 23 de junho deste ano foi trasladada a imagem de Nossa Senhora das Dores da antiga Matriz até a sua nova casa.
O corpo do edifício até 1846 estava ainda limitado à capela-mor, quando o Luís Alves de Lima e Silva destinou-lhe quatro contos de réis para início da construção da nave. Com as paredes erguidas por volta de 1857, João do Couto e Silva instalou o telhado e terminou a fachada (ainda sem revestimento) e a abóbada, terminando esta etapa em 1860. Como o projeto inicial fora alterado, uma comissão foi constituída em 1863 para realizar as necessárias correções, supervisionadas por Luiz Vieira Ferreira e concluídas em 1866. O templo foi então consagrado em 10 de maio de 1868 por Dom Sebastião Dias Laranjeira. A escadaria monumental da frente só seria terminada em 1873, sendo que o acesso anteriormente se dava pela rua Riachuelo, atrás da igreja.
Até o fim do século XIX o edifício não recebera revestimento nem possuía torres, e então a comunidade reuniu forças para os arremates necessários. O projeto original em estilo barroco colonial, já desfigurado, foi definitivamente abandonado, e encomendou-se um novo do arquiteto Júlio Weise, que traçou uma fachada em estilo eclético com influência germânica, onde se incluíram três esculturas do artista João Vicente Friedrichs, representando a Fé, a Esperança e a Caridade, mais um frontão em baixo-relevo.
As obras só foram terminadas em 1904. Segundo a lenda, a demora na sua conclusão ocorreu devido à maldição de um escravo, condenado à forca injustamente pela acusação do roubo de um colar da imagem de Nossa Senhora. Contudo, o historiador Sérgio da Costa Franco alega que a história é falsa, e a condenação do dito escravo ocorreu em virtude de um assassinato.
Foi tombada e declarada patrimônio histórico e artístico nacional em 1938, sendo a única igreja de Porto Alegre tombada em nível nacional, sob fiscalização do IPHAN.
No período de 1951 até finais dos anos 70, a igreja ficou aos cuidados dos Padres da Congregação do Santíssimo Sacramento, convidados pelo então Arcebispo de Porto Alegre, Dom Alfredo Vicente Scherer para dar início à Obra da Adoração Perpétua na capital gaúcha, tendo como Santuário a Matriz das Dores.
O interior:
Seu interior ainda apresenta muito das primitivas feições coloniais. A entrada se faz através de três portas, sendo que a central desemboca em um pára-vento envidraçado. Acima existe um coro de madeira, suportado por arcos e colunas coríntias. Há uma só nave, ladeada por uma série de altares ricamente entalhados e dourados por João do Couto e Silva, com perfil em arco redondo e larga moldura decorada, colunas salomônicas e baldaquinos, além de nichos para estatuária. Também se alinham na nave diversas tribunas com portas de vitral e gradis bombée em ferro trabalhado, e dois púlpitos. A pintura do teto, dividido em caixotões, é obra de Germano Traub, basicamente em motivos florais e geométricos, com medalhões figurativos. Os lustres são um trabalho contemporâneo.
A capela-mor é delimitada por um grande arco redondo com um friso floral e uma pintura com querubins. Possui também tribunas e o altar-mor é uma bela peça em estilo escalonado, já de traços neoclássicos, com um grupo escultórico no topo, com imagens de Cristo na cruz, ladeado pela Mater Dolorosa e por São João. Desta capela abrem-se portas para uma outra capela à esquerda, mais simplesmente decorada, e salas de administração à direita.
O templo possui diversas estátuas preciosas, dentre elas sete imagens representando os passos da Paixão de Jesus Cristo, trazidas de Portugal em 1871; duas imagens da santa padroeira da igreja, uma de 1820, com rosto de porcelana, e outra da segunda metade do século XVII, com espada e diadema de prata; um São Francisco Xavier, vindo da Itália, e um Sagrado Coração de Maria, oriundo da Espanha.
Projetos de restauro:
Depois de sua conclusão, com o passar dos anos a igreja sofreu séria deterioração, e obras de restauro foram realizadas em caráter emergencial em 1980 no telhado e forro, em 1996 na capela-mor, e em 1998 na escadaria. De 2001 em diante novas obras, desta vez para remodelamento do estacionamento e ampliação do salão de festas, utilizando os recursos provenientes da comunidade e das Leis de Incentivo à Cultura em nível estadual e federal, um projeto que foi continuado a partir de 2003 para recuperação dos bens integrados do interior, tais como altares, forro, pinturas decorativas, coro e outras peças e imagens destinadas a formarem futuramente um museu de arte sacra.
A partir de 2007 teve início a recuperação do exterior, tendo sido incluída no Projeto Monumenta, com participação do BID, da UNESCO e do Banco Mundial. Também está sendo planejada a prospecção arqueológica do subsolo da igreja e de seus arredores, realizada em parceria com o Projeto de Arqueologia Urbana desenvolvido pelo Museu Joaquim Felizardo.
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