quarta-feira, 28 de dezembro de 2022

Dacon Pag Chubby 1990, Brasil

 











Dacon Pag Chubby 1990, Brasil
Fotografia


Produzido entre 1984 e 2006, o Santana teve duas gerações e três opções de carroceria: duas-portas, quatro-portas e a perua de quatro portas Quantum. O Brasil só não teve a carroceria hatchback: coube à concessionária autorizada Dacon criar o PAG Chubby.
Fundada por Paulo de Aguiar Goulart, a PAG (Projects d’Avant Garde) era uma divisão da Dacon S.A. Instalada em Santana de Parnaíba, a PAG foi o berço de inúmeras criações do designer Anísio Campos.
Egressos das pistas de competição, tanto Goulart quanto Campos tinham vasta experiência com a mecânica VW. A dupla foi a responsável pelo icônico Dacon 828, um microcarro de luxo para duas pessoas. E, em meados dos anos 1980, pelo PAG Nick, um minicarro de dois lugares baseado na plataforma encurtada da VW Saveiro.
A demanda motivou o desenvolvimento de uma versão de quatro lugares em 1989, desta vez baseada no monobloco original do VW Voyage.
O sucesso dessa versão foi determinante para que Paulo e Anísio iniciassem o desenvolvimento de um modelo ainda maior e mais espaçoso, executando as mesmas técnicas de produção artesanal: nascia o Chubby.
Numa época em que o Volkswagen Golf ainda era um sonho muito distante, a solução foi basear o projeto no Santana GLS de duas portas, modelo 10 cm mais largo e com 20 cm a mais entre os eixos que o Voyage.
O processo de transformação tinha início com a eliminação do terceiro volume, com o devido cuidado para reposicionar o sistema de escapamento.
Fixada com adesivo industrial, a traseira de plástico reforçado com fibra de vidro recebia as lanternas da VW Quantum e o para-choque traseiro com a inscrição PAG (as iniciais de Paulo) em baixo-relevo.
A tampa do porta-malas era ancorada pela parte inferior e a falta de espaço levou Anísio a adotar um estepe temporário: a Dacon fornecia um jogo de malas específico para o Chubby.
“Uma das preocupações foi ocultar um detalhe típico dos Volkswagen da época: as calhas no teto”, conta o designer André Durgante da Cunha Cintra, pupilo de Anísio que participou do projeto.
“Para tanto foi preciso desenvolver apliques específicos para suavizar a junção das laterais com o teto, semelhante ao que a Volkswagen fez no Santana de segunda geração.”
“A parte mais trabalhosa foi a dianteira: não foi fácil harmonizar as dimensões do Santana a uma carroceria hatchback”, conta Jorge Rocha, ex-modelador da Dacon.
“Cada vez que o Paulo aparecia na fábrica, a frente era redesenhada, pois o enorme radiador do Santana impedia um balanço dianteiro reduzido como o do PAG Nick”, lembra.
Os para-lamas alargados e o para-choque dianteiro formavam uma peça única. Os faróis do Santana foram trocados pelos do VW Gol, incluindo os faróis auxiliares de neblina.
A menor altura do conjunto óptico permitiu o uso de um capô mais baixo e arredondado, que incorporava a grade dianteira. O ângulo entre o capô e o para-brisa era suavizado por apliques fixos às colunas dianteiras.
Apesar da ousadia, o Chubby não atraiu o mesmo número de interessados que o irmão mais velho Nick: estima-se que apenas sete unidades foram produzidas, todas para a carteira de clientes fiéis da Dacon.
As poucas unidades remanescentes são bem valorizadas entre os colecionadores de veículos fora de série. “A PAG chegou a construir uma versão perua do Chubby, mas seu paradeiro é incerto”, relata Cintra.
A Dacon seguiu como representante da Porsche e também como referência na personalização de Volkswagen até fechar as portas, em 1996.
Sua relevância para o folclore automotivo nacional foi tão grande que a obra de Paulo Goulart e Anísio Campos continua sendo reverenciada pelos entusiastas, que não medem esforços na preservação de unidades originais ou na criação de carros-tributo.
O prédio da antiga concessionária, localizado na confluência das avenidas Cidade Jardim e Brigadeiro Faria Lima, em São Paulo (SP), é uma das construções mais emblemáticas da cidade e está tão associada aos automóveis que seu nome acabou sendo mantido: Edifício Dacon.
Ficha Técnica:
Motor: longitudinal, 4 cilindros em linha, 1.984 cm³, comando de válvulas simples no cabeçote, alimentação por carburador Potência: 99 cv a 5.200 rpm;
Torque: 16,2 kgfm a 3.400 rpm;
Câmbio: manual de 5 marchas, dianteira; carroceria, fechada, 2 portas, 5 lugares;
Dimensões: comprimento 403 cm, largura 169,5 cm, altura 140 cm, entre-eixos 255 cm, peso 1110 kg;
Pneus: 195/60 R14. Texto Felipe Bitu / Quatro Rodas.

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