terça-feira, 18 de julho de 2023

Carro de Boi, Curitiba, Paraná, Brasil

 


Carro de Boi, Curitiba, Paraná, Brasil
Curitiba - PR
Fotografia - Cartão Postal

Texto 1:
Cartão Postal de Curitiba intitulado "Carro de Boi".
A cena é de dar arrepios nas pessoas que gostam de história. Mostra o conjunto, três parelhas de bois, o carro todo feito em madeira, inclusive suas barulhentas rodas, e o condutor com sua vara, tendo ao fundo as terras que durante muito tempo foram chamadas "Campos de Quereitiba".
Na parte inferior consta: "editor Max Rosner, Curityba, Brazil". Seu nome completo era Johannes Max Carl Rosner, um imigrante alemão que chegou em Curitiba no fim do século 19 e se casou com Maria Senff. Em 1896 funda a Papelaria Popular, a qual foi muito importante para o desenvolvimento das artes gráficas da cidade, onde eram impressos jornais e publicações de David Carneiro.
Texto 2:
Belíssimo e raro cartão-postal intitulado "Carro de Boi", editado por Max Rosner, com datação aproximada do início do século XX (circa 1900-1905).
A cena é emblemática ao remeter ao uso da tração animal como meio de transporte de pessoas e bens, além, é claro, de constituir-se num dos produtos principais da chamada “indústria pastoril”, hoje denominada “pecuária”, simplesmente. Sebastião Paraná, no seu “Corografia do Paraná” (1899) aludiu que o Estado do Paraná, dotado de enormes pastagens naturais, “…parece haver sido também destinado para a indústria pastoril…”
Citou o estado rudimentar e precário que os estancieiros da época adotavam nos seus rebanhos, ausentes quaisquer métodos e, portanto, qualquer princípio científico. Naqueles fins do século XIX e início do XX, atestava o autor supra que os campos de Palmas eram os melhores do Estado para o presente segmento, aparecendo na sequência os campos de Guarapuava, Palmeira, Ponta Grossa e Castro.
O carro de boi como meio de transporte liga-se diretamente ao panorama viário da época, sistema fundamental para a circulação de riquezas, através dos modais terrestre, fluvial ou marítimo. “…Infelizmente, porém, o Estado do Paraná ainda não dispõe de um perfeito sistema de viação, de que tanto precisa para tirar proveito dos enormes tesouros naturais que jazem desaproveitados em seu vastíssimo território. Os Planaltos dos Campos Gerais e de Guarapuava, onde incontestavelmente se acham os maiores cabedais do Estado, ressentem-se da falta de meios fáceis de transporte, o que muito tem prejudicado, retardando a era de sua prosperidade…”
Esta brevíssima abordagem, aliada à imagem que ilustra a postagem, atesta as limitações evidentes das estradas ao longo do Estado naquele período, especialmente nas áreas desprovidas, deveras afastadas, dos modais ferroviário, fluvial e marítimo.
A vocação do Paraná para o agronegócio, setor de importância central da balança comercial do país e onde este Estado aparece como agente relevante (hoje é a quarta economia do Brasil), foi profetizada por alguns estudiosos visionários há mais de cem anos e o já citado jornalista, escritor e professor Sebastião (1864-1938), que leva o Paraná na composição de seu nome, registrou: “…a construção de boas estradas e os diligentes imigrantes europeus que vêm à custa própria expandir a sua atividade na abençoada terra do mate e dos pinheirais, hão de sem dúvida dar conveniente e fecunda direção e valor à propriedade rural, elevando este auspicioso Estado ao ponto de progresso que lhe está reservado…”

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