Curitiba - PR
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A Santa Casa de Curitiba foi instituída em 9 de junho de 1852. A sua primeira sede foi na Rua Direita, atual Rua Treze de Maio.
No início era conhecida como “Hospital de Caridade”. O hospital era um local de tratamento dos pobres, os ricos eram tratados em suas casas.
A construção do prédio, localizado no Campo do Olho D’Água (atual Praça Rui Barbosa), foi iniciada em 1868, terminando em 1880, sendo inaugurada pelo Imperador D. Pedro II no dia 22 de maio de 1880.
D. Pedro II escreveu em seu diário: “Inauguração do hospital novo da Misericórdia, entre a visita da primeira aula e o resto. Está bem situado. Ouvi missa na capela que é de bonitas madeiras das quais uma é o lindo cipó florão. Bom relógio de torre e necrotério demasiado grande para o resto. As enfermarias são boas e têm bastante espaço para aumentar o edifício, que aliás devia ser construído conforme os hospitais modernos. Tem pára-raios e um deles foi fulminado durante a trovoada de Paranaguá. O Dr. Murici foi quem mais concorreu para a construção do hospital. O provedor, Dr. Pires Albuquerque, seu genro, leu um discurso bem feito em que recordou comovido os serviços de Murici. É cirurgião militar. A enfermaria militar com bonita botica, acha-se no hospital que tem diversos quartos e alguns com grades para alienados.”
O Dr. Muricy (o nome passou a ser escrito assim, com “y”, no século XX) havia morrido um ano antes da conclusão da obra.
O hospital recebeu uma nova visita imperial em 3 de dezembro de 1884, visitado pela Princesa Isabel e pelo Conde d’Eu.
O responsável pela obra foi o alemão Gottlieb Wieland, autor da igreja gótica luterana (não existe mais, atingida por um raio). Ele contratou os também alemães Frederico Warnecke, responsável pelos trabalhos em alvenaria e Christian Strobel, incumbido das partes em madeira. Pouco antes do término do prédio contratou Henrique Henning, mestre-de-obras alemão recém-instalado em Curitiba, que teria um papel fundamental na construção da Catedral de Curitiba.
O prédio é no estilo eclético, uma mistura de diversos estilos arquitetônicos, muito usado à época, pelos que queriam fazer algo diferente do estilo colonial. O prédio é muito bonito, está bem conservado e é uma unidade de interesse de preservação.
Quando falamos da Santa Casa, destaque especial deve ser dado ao trabalho árduo das Irmãs de São José de Moutiers, que chegaram a Curitiba, em 1896.
O jornal “A República” publicou na primeira página de sua edição de 29 de setembro de 1896, dois meses após a chegada das irmãs, o seguinte: “O Hospital de Caridade de Curityba como que resurge agora do abandono e abatimento a que há tempos atraz havia cahido, não que a benefica interferencia dos governos republicanos houvesse abandonado, mas porque esses mesmos recursos eram mal empregados, e fazendo-se sobre tudo sentir a falta de pessoal habilitado para o desempenho da dificil missão de tratar dos enfermos. Devemos porém accentuar bem claramente, que o aceio e ordem, conforto e carinho que hoje se notam, só poderiam encontrar os infelizes enfermos nessas mulheres de sublime abnegação, que, como um raio de luz, illuminão com a affeição maternal de sua santa missão, até o resgate da saúde ou até o dia da morte, os que ali pedem guarida. Nem os recursos avultados que o Estado dispensa, nem a solicitude do digno provedor e do não menos esforçado thesoureiro da Irmandade da Santa Casa, nem os desvelos dos medicos internos, poderiam valer, se não fôra a lembrança de uma bôa hora, buscar o auxilio das Irmãs de S. José.”
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