Museu Paulista, São Paulo, Brasil
OST - 222x152 - 1925
O quadro retrata uma cena em uma floresta com uma formação rochosa e um riacho ao lado esquerdo com um bandeirante trajando camiseta branca sobre um colete marrom, preso por um cinto escuro, e calças avermelhadas. Também utiliza um chapéu cinza ao estilo Panamá sobre um lenço vermelho e uma bolsa cuja alça segue do ombro esquerdo para o lado direito de sua cintura. O bandeirante apoia a mão esquerda com o braço flexionado sobre uma arma de cano curto na cintura, enquanto o braço direito está estendido, repousando a mão sobre uma espingarda apoiada na formação rochosa na qual está de pé. Ao fundo, há seis índios seminus, sendo que dois deles carregam madeira e um pano branco, ao lado direito da pintura. No terceiro plano do quadro, há outro bandeirante com vestimentas semelhantes ao primeiro, apontando para o interior da mata em que se encontram.
Ciclo de Caça ao Índio foi uma encomenda de Afonso d'Escragnolle Taunay, diretor do Museu Paulista na época, visando a elaboração de um acervo especial para a comemoração do Centenário da Independência do Brasil.
A pintura integra o projeto de Taunay para representação das quatro fases capitais da história nacional ao lado dos painéis Criadores de Gado, de João Batista da Costa, O ciclo do ouro, de Rodolpho Amoedo e Tomada de posse da Amazônia por Pedro Teixeira, de Fernandes Machado. Taunay ressaltou em seu projeto a importância da figura dos bandeirantes paulistas na construção da História do Brasil que, ao adentrarem o interior do país e aumentarem a extensão territorial nacional, colaborando para que São Paulo se tornasse um centro econômico relevante.
Taunay se correspondia com os pintores de seu projeto dando-lhes orientações para que a elaboração das obras não ficasse sujeita à interpretação dos artistas, uma vez que considerava que os quadros eram documentos históricos. No caso de Ciclo da Caça ao Índio, Taunay escreveu carta para Bernardelli, pedindo que o artista não retratasse o bandeirante fumando cachimbo de forma relaxada e pouco heroica. Também foi contra a inserção de um cão na cena, de forma que Bernardelli precisou recomeçar a obra. A segunda versão deu origem ao quadro "O Chefe dos Bandeirantes", em 1923, disponível no acervo do Museu Mariano Procópio (MMP).
A obra de Henrique Bernardelli demonstra o intuito de Afonso Taunay e de outros intelectuais brasileiros da época de exaltar a figura do bandeirante, a fim de construir uma identidade nacional baseada em um suposto passado glorioso dos paulistas.
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