Basílica de Santa Sofia (Hagia Sophia), Istambul, Turquia
Istambul - Turquia
Fotografia
A Basílica de Santa Sofia, também
conhecida como Hagia Sophia (em grego: Άγια Σοφία; transl.: Agia Sophia, que significa "Sagrada
Sabedoria"; em turco: Ayasofya) é um
imponente edifício construído entre 532 e 537 pelo Império Bizantino para
ser a catedral de Constantinopla (atualmente Istambul, na Turquia). Da data em que foi edificada, em
537, até 1453, ela serviu nesta função, com exceção do período entre 1204 e
1261, quando ela foi convertida para uma catedral católica romana durante
o Patriarcado
Latino de Constantinopla que se seguiu ao saque da capital
imperial pela Quarta Cruzada. O edifício foi uma mesquita entre 29 de maio de 1453 e 1931,
quando foi secularizada. Ela reabriu
como um museu em 1 de fevereiro de 1935.
A igreja foi
dedicada ao Logos, a
segunda pessoa da Santíssima Trindade, com a
festa de dedicação tendo sido realizada em 25 de dezembro, a data em que se
comemora o Nascimento de Jesus, a encarnação do Logos em Cristo. Embora ela seja chamada de
"Santa Sofia" (como se tivesse sido dedicada em homenagem a Santa Sofia), sophia é a transliteração fonética
em latim da palavra grega para "sabedoria" — o nome completo da
igreja em grego é Ναός της Αγίας του Θεού Σοφίας, "Igreja da Santa Sabedoria de
Deus".
Famosa
principalmente por sua enorme cúpula (ou domo), ela é considerada
a epítome da arquitetura
bizantina e é tida como tendo "mudado a história da
arquitetura". Ela foi a maior catedral do mundo por quase mil anos,
até que a Catedral de Sevilha fosse
completada em 1520. O edifício atual foi construído originalmente como uma
igreja entre 532 e 537 por ordem do imperador bizantino Justiniano I e foi a terceira igreja de
Santa Sofia a ocupar o local, as duas anteriores tendo sido destruídas em
revoltas civis. Ela foi projetada pelos cientistas gregos Isidoro de Mileto, um médico, e Antêmio de Trales, um
matemático.
A igreja
continha uma grande coleção de relíquias e tinha, entre outras coisas,
uma iconóstase de 15 metros
de altura em prata. Ela era a sede do Patriarcado
Ecumênico de Constantinopla e o ponto central da Igreja Ortodoxa por quase mil anos. Foi
ali que o Cardeal Humberto, em
1054, excomungou o
patriarca Miguel I Cerulário,
iniciando o Grande Cisma do
Oriente, que perdura até hoje.
Em 1453, Constantinopla foi
conquistada pelo Império Otomano sob
o sultão Maomé II, o Conquistador,
que subsequentemente ordenou que o edifício fosse convertido numa mesquita. Os sinos,
o altar, a iconóstase e os vasos sagrados foram removidos e diversos mosaicos
foram cobertos por emplastro e só foram
restaurados em 1931 na conversão da igreja , a um museu secular. Diversas características islâmicas — como o mirabe, o mimbar e os quatro minaretes — foram adicionados durante
esse período. Ela permaneceu como mesquita até 1931, quando Kemal Atatürk ordenou que ela fosse
secularizada. Ela permaneceu fechada ao público por quatro anos e reabriu em
1935 já como um museu da recém-criada República da Turquia. Não
obstante, os mosaicos coloridos remanesceram emplastrados na maior parte, e o
edifício deteriorou-se. Uma missão da UNESCO em 1993 notou
queda do emplastro, revestimentos de mármore sujos, janelas quebradas, pinturas
decorativas danificadas pela umidade e falta de manutenção na ligação da
telhadura. Desde então a limpeza, a telhadura e a restauração têm sido empreendidas.
Os excepcionais mosaicos do assoalho e da parede que estavam cimentados desde
1453 agora são escavados e recriados gradualmente.
Por quase 500
anos, a principal mesquita de Istambul, Santa Sofia serviu como modelo para
diversas mesquitas otomanas, principalmente a chamada Mesquita Azul, que fica em frente a Santa
Sofia, a Mesquita
Şehzade, a Mesquita Süleymaniye,
a Mesquita de Rüstem
Pasha e a Mesquita de
Kılıç Ali Paşa.
A primeira
igreja era conhecida como Μεγάλη Ἐκκλησία(em grego: Megálē
Ekklēsíā —
"A Grande Igreja"; em latim: Magna Ecclesia) por causa de sua
grande dimensão quando comparada com outras igrejas contemporâneas em
Constantinopla. Escrevendo em 440 d.C., Sócrates de
Constantinopla afirmou que a igreja foi construída por Constâncio II, que já trabalhava nela em 346. Inaugurada
em 15 de fevereiro de 360 pelo bispo ariano Eudóxio de Antioquia, ela
foi construída próxima da região onde o palácio imperial estava
sendo construído. A igreja chamada Hagia Irene ("Santa Paz") foi
completada antes e serviu como catedral até que Santa Sofia estivesse
completada. As duas foram as principais igrejas do Império Bizantino.
Uma tradição,
cuja origem não é mais antiga que o século VII ou VIII, relata que o
edifício fora construído por Constantino. O historiador Zonaras reconcilia as duas opiniões,
escrevendo que Constâncio havia restaurado o edifício consagrado por Eusébio de Nicomédia após
ele ter desabado. Como Eusébio fora bispo de
Constantinopla entre 339 e 341 e Constantino morrera em 337, é
possível que a primeira igreja tenha sido mesmo erigida por este.
O edifício foi
construído como uma basílica latina
colunada, com galerias e um teto de madeira. Ela tinha ainda um átrio.
O patriarca de
Constantinopla João Crisóstomo entrou
em conflito com a imperatriz Élia Eudóxia, esposa do imperador Arcádio, e foi enviado para o exílio em 404
(veja Controvérsia de João Crisóstomo).
Na rebelião que se seguiu, esta primeira igreja foi quase que completamente
incendiada e nada resta dela atualmente.
A segunda
igreja foi encomendada por Teodósio II, que a inaugurou em 10 de outubro
de 415. A basílica com teto de madeira foi construída pelo arquiteto Rufino. Um
incêndio iniciado durante a Revolta de Nika destruiu completamente a
segunda Santa Sofia em 13-14 de janeiro de 532.
Diversos
blocos de mármore da segunda igreja
ainda existem. Num deles está um alto-relevo mostrando 12 cordeiros representando os doze apóstolos. Originalmente parte de uma
entrada monumental, eles agora estão preservados nas escavações ao lado da
entrada do museu. Estes fragmentos foram descobertos em 1935 abaixo do pátio
ocidental por A. M. Schneider, que não pôde continuar com as escavações por
medo de comprometer a integridade da Basílica de Santa Sofia.
Em 23 de
fevereiro de 532, apenas alguns dias depois da destruição da segunda basílica,
o imperador Justiniano I decidiu
construir uma terceira — e completamente diferente — basílica, maior e muito
mais majestosa que as suas antecessoras.
Justiniano
escolheu o médico Isidoro de Mileto e o
matemático Antêmio de Trales como
arquitetos, mas Antêmio morreu ainda no primeiro ano da empreitada. A
construção foi descrita na obra "Sobre Edifícios" (em grego: Peri
ktismatōn; em latim: De aedificiis) do historiador
bizantino Procópio. O imperador mandou
buscar materiais de construção de todo o império — colunas helênicas retiradas
do Templo de Ártemis, em Éfeso (uma das Sete Maravilhas do
Mundo), grandes blocos de pórfiro de pedreiras
no Egito,
mármores verdes da Tessália, pedras negras
do Bósforo e amarelos da Síria.
Mais de dez mil pessoas foram empregadas na construção. Esta nova igreja foi,
ainda na época, reconhecida como um grande feito de engenharia e arquitetura. O
imperador, juntamente com o patriarca Eutíquio de
Constantinopla, inauguraram a nova basílica em 27 de dezembro de 537
com pompa e circunstância. Contudo, os mosaicos internos só foram completados
sob o reinado de Justino II (r.
565–578).
Santa Sofia se
tornou então a sede do Patriarcado
Ecumênico de Constantinopla e o local preferido para realização
de cerimônias oficiais do Império Bizantino,
como coroações.
Terremotos em agosto de 553 e em 14 de
dezembro de 557 racharam o domo prinicipal e o
semidomo oriental, sendo que o primeiro veio a desabar completamente no terremoto
seguinte, em 7 de maio de 558, destruindo o ambão, o altar e o cibório.
O colapso foi causado principalmente pelo peso da estrutura, grande demais, e
pela enorme carga de cisalhamento do domo,
que era plano demais. Estes problemas levaram à deformação das colunas que
sustentavam o domo. O imperador ordenou que a igreja fosse imediatamente
restaurada e confiou a tarefa a Isidoro, o Moço, sobrinho de Isidoro de Mileto,
que se utilizou de materiais mais leves e elevou o domo "por volta de 6,5
metros" — dando ao edifício a sua altura interior atual de 55,6
metros. Além disso, Isidoro trocou o tipo de domo, erigindo uma abóbada em cruzaria como pendículos com diâmetro entre 32,7 e 33,5
metros. Esta reconstrução foi completada no ano de 562 e o poeta
bizantino Paulo Silenciário compôs
um longo poema (ainda existente), conhecido como Ekphrasis,
onde ele a comparou a um "campo de mármore", tantas as cores
utilizadas. A reabertura foi presidida novamente pelo patriarca Eutíquio de Constantinopla no
dia 23 de dezembro de 562. A riqueza e o nível artístico da basílica teria
levado Justiniano a dizer Νενίκηκά σε
Σολομών ("Salomão, eu te superei!").
Em 726, o
imperador Leão III, o Isauro emitiu
uma série de éditos contra a veneração de imagens,
ordenando que o exército destruísse todos os ícones — iniciando o conturbado período
conhecido como Iconoclasma. Na época, todas
as pinturas e estátuas religiosas foram removidas de Santa Sofia. Após um breve
período de paz sob a imperatriz Irene (r. 797–802), os iconoclastas voltaram sob a liderança do
imperador Teófilo, que mandou colocar
uma grande porta de folha dupla em bronze com o seu monograma na entrada sul da igreja.
A basílica foi
danificada, primeiro num grande incêndio em 859 e, novamente, num terremoto em
8 de janeiro de 869, que causou o colapso de um semidomo. O imperador Basílio I, o
Macedônio ordenou que a igreja fosse restaurada mais uma vez.
Após o grande
terremoto de 25 de outubro de 989, que arruinou o grande domo, o
imperador Basílio II
Bulgaróctono pediu ao arquiteto armênio Tirídates,
criador das grandes igrejas de Ani e Argina,
que restaurasse o domo. Seu trabalho maior foi no arco ocidental e numa
parte do domo e a extensão dos danos requereram seis anos de trabalho. A igreja
foi reaberta em 13 de maio de 994. Além dos reparos, Basílio II também renovou
a decoração da basílica. Nos pendículos, ele mandou pintar quatro enormes querubins, no domo, uma representação de Cristo, e na abside, a Virgem e o Menino entre os apóstolos Pedro e Paulo. Nos grandes arcos laterais foram
pintados os profetas e os doutores da Igreja.
Em seu livro Sobre as Cerimônias,
o imperador Constantino VII (r.
913–919) escreveu um relato detalhado das cerimônias realizadas em Santa
Sofia pelo imperador e pelo patriarca.
O historiador
bizantino Nicetas Coniates descreveu
a captura de
Constantinopla durante a Quarta Cruzada, quando a basílica foi saqueada
e profanada pelos cristãos latinos. Muitas das mais famosas relíquias da igreja — como a pedra do
túmulo de Jesus, o leite da Virgem Maria, o sudário de Jesus e diversos
ossos de vários santos — foram enviados para igrejas no ocidente e hoje estão
preservados em vários museus. Durante o Império Latino (1204–1261), a cidade foi
ocupada e a basílica se transformou numa catedral da Igreja Católica
Romana. Balduíno I foi
coroado imperador em 16 de maio de 1204 em Santa Sofia, numa cerimônia muito
parecida com o ritual bizantino.
Após a
recaptura da cidade em 1261 pelos bizantinos, a igreja estava já num estado
deplorável. Em 1317, o imperador Andrônico II
Paleólogo ordenou que quatro novos contrafortes (em grego: Πυραμὶδας — "Piramídas") fossem construídos nas partes norte e
leste da igreja, financiando-os com a herança de sua recém-falecida
esposa, Irene. Novas rachaduras
apareceram no domo após o terremoto de outubro de 1344 e diversas partes do
edifício desabaram em 19 de maio de 1346. Por isso, a igreja permaneceu fechada
até 1354, quando novos reparos foram realizados pelos arquitetos Astras e
Peralta.
Em 1453, o
sultão Maomé iniciou o cerco de
Constantinopla, tendo entre seus objetivos converter a cidade
ao islamismo. O sultão prometeu às suas tropas
três dias de saques sem limites se a cidade caísse,
após o qual ele iria tomar para si a cidade e tudo o que ela continha. Santa
Sofia não foi poupada da pilhagem, tornando-se, ao invés disso, o seu ponto
focal, por conter, na visão de seus saqueadores, os maiores tesouros da cidade.
Logo após as
defesas da cidade terem sido rompidas, os saqueadores conseguiram chegar até
Santa Sofia e derrubaram as suas portas. Durante todo o certo, fiéis
participaram de missas e orações na igreja, que se tornou um refúgio para os
que eram incapazes de ajudar na defesa da cidade. Aprisionados na igreja,
fiéis e refugiados se tornaram nada mais do que saque para serem divididos
entre os invasores. O edifício foi dessecrado e saqueado, seus ocupantes, assassinados
ou escravizados. Os velhos e enfermos foram mortos e o resto foi
acorrentado imediatamente. Os padres continuaram a realizar os rituais até
que foram interrompidos pelos invasores. Quando o sultão e sua corte
entraram na igreja, eles insistiram que ela fosse transformada imediatamente
numa mesquita. Um dos ulamas então subiu no púlpito e recitou a Shahada.
Como dito,
imediatamente após a conquista de Constantinopla, Maomé II converteu Santa
Sofia na mesquita de Aya Sofia. Como foi descrito por diversos visitantes
ocidentais (como o nobre cordobês Pero Tafur e
o florentino Cristoforo
Buondelmonti), a igreja estava num estado muito deteriorado, com
várias de suas portas soltas. O sultão ordenou que ela fosse limpa e
convertida, comparecendo à primeira oração da sexta-feira, 1 de junho de 1453. Aya
Sofya se tornou a primeira mesquita imperial de Istambul. Para o seu waqf foi
designada a maioria das casas da cidade, assim como o local onde ficaria o
futuro Palácio Topkapi. Através
de decretos imperiais em 1526 (926H) e 1547 (954H), lojas e partes do Grande Baazar e de outros mercados foram
também incluídos.
Antes de 1481,
um pequeno minarete foi erigido no
canto sudoeste do edifício. Posteriormente, o sultão seguinte, Bajazeto II (1481–1512), construiu um
outro minarete no canto nordeste. Um deles desabou por causa do terremoto de 1509 e,
por volta do século XVI, eles foram ambos trocados por dois minaretes em
cantos diagonalmente opostos do edifício.
No século
XVI, o sultão Suleimão, o
Magnífico (1520–1566) trouxe como espólio de sua conquista
da Hungria, dois candelabros colossais. Eles
foram colocados em ambos os lados do mirabe. Durante o reinado de Selim II (1566–1577), o edifício começou
a dar sinais de fadiga e foi extensivamente reforçado com suportes estruturais
adicionais no lado exterior pelo grande arquiteto otomano Mimar Sinan. Além de reforçar a estrutura
bizantina histórica, Sinan construiu dois grandes minaretes adicionais no lado
ocidental do edifício, o loge original do sultão e
a türbe (Mausoléu) de Selim II a sudeste do
edifício entre 1576 e 1577. Para fazê-lo, ele fez demolir, um ano antes, partes
do patriarcado na parte sul da igreja. Além disso, o crescente dourado foi
montado no topo da cúpula e uma "zona de respeito" de
aproximadamente 24 metros de comprimento foi determinada à volta da igreja, o
que obrigou a demolição de todas as casas que ali estavam. Posteriormente, ali
foram erigidas 43 tumbas de príncipes otomanos. Em 1594, Mimar (arquiteto da corte) Davud Ağa construiu
a türbe de Murade III (1574–1595),
onde sultão e sua valide sultana, Safia Sultana foram
posteriormente enterrados. O mausoléu octogonal do filho deles, Maomé III, o Justo (1595–1603)
e sua valide sultana foi construído ali perto em 1608 pelo arquiteto real Dalgiç
Mehmet Aĝa. O filho dele, Mustafá I (1617–1618; 1622–1623)
converteu o antigo batistério em sua türbe.
Adições
posteriores foram a galeria do sultão, um mimbar decorado de mármore, uma plataforma
para os sermões e loggia para um muezzin.
Murade III também trouxe de Pérgamo duas enormes urnas de alabastro, atualmente colocadas em ambos os lados
da nave.
Em 1717, sob o
sultão Amade III (1703–1730), o emplastro, em ruínas, do interior foi
renovado, contribuindo indiretamente para a preservação de muitos mosaicos que,
de outra forma, teriam sido destruídos pelos trabalhadores da mesquita. Na
época, era costume entre eles venderem pedras de mosaicos — que se acreditava
serem talismãs — aos visitantes. O sultão Mamude I ordenou a restauração do
edifício em 1739 e adicionou um madraçal (uma escola corânica, atualmente a biblioteca do museu),
um imaret (uma
cozinha para os pobres) e uma biblioteca, além de, em 1740, uma Şadirvan (uma
fonte para abluções rituais). Em paralelo, o
sultão construiu uma nova galeria e um novo mirabe.
A mais famosa
restauração de Santa Sofia foi ordenada pelo sultão Abdul Mejide I e completada por
oitocentos trabalhadores entre 1847 e 1849, sob a supervisão dos irmãos suíço-italianos, os arquitetos Gaspare e
Giuseppe Fossati. Os irmãos consolidaram a cúpula e os arcos,
reforçaram as colunas e revisaram a decoração do interior e do exterior do
edifício. Os mosaicos da galeria superior foram limpos. Os antigos candelabros
foram substituídos por novos, suspensos. Discos gigantescos (ou medalhões)
foram pendurados nas colunas e inscritos com os nomes de Alá,
do profeta Maomé, dos quatro primeiros califas, Abacar, Omar, Otomão e Ali,
e de dois dos netos de Maomé: Haçane e Huceine, pelo calígrafo Kazasker İzzed Effendi
(1801–1877). Em 1850, os Fossati construíram uma nova galeria para o sultão
em estilo
neobizantino, ligando-a ao pavilhão imperial atrás da mesquita. Fora
de Aya Sofya, uma torre com um relógio e um novo madraçal foram construídos. Os
minaretes foram alterados para que tivessem todos a mesma altura. Quando a
restauração terminou, a mesquita foi reaberta com uma pomposa cerimônia em 13
de julho de 1849.
Santa Sofia é
um dos grandes exemplos ainda existentes da arquitetura
bizantina. Seu interior, decorado com pilares de mármore e mosaicos é de grande valor artístico. O
próprio imperador Justiniano supervisionou a finalização da maior catedral já
construída na época. Ela foi a maior conquista arquitetônica da antiguidade tardia e sua
influência se espalhou pelo mundo ortodoxo, católico e islâmico. As maiores
colunas são de granito, com entre 19 e 20 metros
de altura e pelo menos 1,5 metros de diâmetro, tendo a maior mais de 70
toneladas. Por ordens do imperador, oito colunas coríntias foram desmontadas em Baalbek, no Líbano, e enviadas para Constantinopla para a
construção de Santa Sofia.
O vasto
interior tem uma estrutura complexa. A nave é coberta por um
domo central que, no seu ponto mais alto, está a 55,6 metros do chão e repousa
sobre uma arcada com 40 janelas arqueadas.
Restaurações em sua estrutura o deixaram com uma forma algo elíptica, com o
diâmetro variando entre 31,24 e 30,86 metros.
Tanto no lado
da entrada ocidental e quanto no lado oriental, litúrgico, há aberturas em
forma de arco ampliadas por semi-domos de diâmetro idêntico ao domo central,
suportados por êxedras em forma de
semidomos: uma hierarquia de elementos encimados por domos construídos de forma
a criar um vasto interior de forma oblonga culminando no domo central, com uma
abertura de 76,2 metros no total.
As superfícies
interiores são cobertas com mármores policromáticos, verdes e brancos com pórfiro púrpura, além
dos mosaicos dourados.
O exterior,
revestido de estuque, foi pintado de amarelo e
vermelho nas restaurações do século XIX por ordem dos Fossati, os
arquitetos.
A igreja foi
ricamente decorada com mosaicos ao longo dos séculos. Eles geralmente
representam a Virgem Maria, Jesus, santos
ou imperadores e imperatrizes. Outras partes foram decoradas num estilo
puramente decorativo, com padrões geométricos.
Durante
o Saque de Constantinopla (1204),
os cruzados latinos vandalizaram itens valiosos em todas as estruturas
bizantinas mais importantes da cidade, incluindo os mosaicos dourados de Santa
Sofia. Muitos destes itens foram enviados para Veneza, cujo Doge, Enrico Dandolo, fora o organizador da invasão
e do saque.
Após a
conversão do edifício para uma mesquita, em 1453, muitos dos mosaicos foram
cobertos com emplastro por conta da
proibição islâmica às imagens. Este processo não se completou de uma vez e
existem reportes do século XVII em que viajantes notam que ainda era
possível ver imagens cristãs na antiga igreja. Em 1847–1849, o edifício foi
restaurado por dois irmãos suíço-italianos, Gaspare e Giuseppe Fossati, e
o sultão Abdul Mejide I permitiu que eles
documentassem quaisquer mosaicos que eles descobrissem no processo. Este
trabalho não incluía restaurá-los e, após preservar os detalhes sobre a imagem,
os Fossati pintavam sobre eles novamente. Este trabalhou incluiu cobrir as até
então descobertas faces dos dois mosaicos de serafins localizados no centro do edifício.
Atualmente, a igreja tem quatro dessas imagens, sendo duas delas restaurações à
tinta criadas pelos Fossati para substituir as duas que eles não conseguiram
encontrar vestígios. Em outros casos, os Fossati recriaram os padrões de
mosaicos danificados com tinta, por vezes redesenhando-os no processo. Os
registros dos Fossati são as fontes principais para diversos mosaicos que se
acredita terem sido totalmente ou parcialmente destruídos no terremoto de 1894,
incluindo o grande mosaico do Cristo Pantocrator no
domo, um mosaico que estaria sobre uma local não identificado chamado de
"Porta dos Pobres", uma grande imagem de uma cruz cravejada de jóias
e um grande número de imagens de santos, anjos, patriarcas e padres da Igreja. A maior parte das imagens
perdidas estavam localizadas nos dos tímpanos do
edifício. Os Fossati também acrescentaram um mimbar (púlpito) e os quatro grandes medalhões nas
paredes da nave com os nomes de Maomé e dos primeiros califas do Islã.
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