Chevrolet Série 10/20, Brasil
Fotografia
Instalada no
Brasil em 1925, a GM iniciou a produção de utilitários em 1958, com a picape
Chevrolet 3100 (conhecida como Brasil), substituída pela C-14 (depois C-10) em
1964. Com estilo exclusivamente nacional, seis cilindros e suspensão dianteira
independente, ela seguiu quase sem alterações até 1985, quando foi apresentada
a Série 10/20.
O estilo era típico das americanas, com
linhas retas, para-brisa inclinado e conjunto óptico dianteiro do Opala, que
também cedia o seis-cilindros a álcool (A-10/A-20) e gasolina (C-10/C-20). A
carga variava com a configuração: duas medidas de chassi (2,92 e 3,23 metros de
entre-eixos) e duas capacidades (750 kg para a Série 10 e 1 020 kg para a Série
20).
A antiga concepção era mantida: chassi de
longarinas, tração traseira por eixo rígido e suspensão dianteira independente.
Só a Série 20 oferecia o motor diesel, Perkins Q20B, de muita vibração, pouco
desempenho e preço alto. Ainda assim, a D-20 respondia por mais de 75% das
vendas – as C-20/A-20 eram rápidas, velozes e silenciosas, mas seu consumo
voraz logo secava o tanque de 88 litros.
Havia a versão básica e a Custom, esta com
pintura em dois tons, rodas esportivas e acabamento superior. Ambas traziam
painel envolvente de plástico. A espaçosa cabine era arejada pela ventilação
forçada (com ar quente e desembaçador), teto com tampa basculante e janela
traseira corrediça. O banco do motorista trazia ajustes individuais, mas
faltavam apoios de cabeça e cintos de três pontos.
Era uma picape
confortável e de fácil condução: era notável pela maciez da suspensão e pela
leveza do câmbio e dos pedais, especialmente o do freio, com discos ventilados
na frente. Entre os opcionais da D-20, a direção hidráulica e o câmbio de cinco
marchas.
Logo ganhou a preferência dos jovens solteiros
– as famílias as adquiriam para transformá-la em cabine dupla. Para suprir essa
demanda, uma versão com quatro portas surgiu em 1986: o projeto foi
desenvolvido pela Brasinca (com apoio da GM), que também criou duas peruas: a
Passo Fino (de duas portas) e a Mangalarga (de quatro), depois incorporadas
pela GM e rebatizadas de Bonanza e Veraneio.
Em 1988 as versões passavam a se chamar
Custom S e Custom DeLuxe, e em 1989 veio a tração 4×4, com suspensão dianteira
independente e rodas livres automáticas. Apesar do pioneirismo, não fez
sucesso, pela baixa confiabilidade – usava as frágeis cruzetas no lugar das
robustas homocinéticas.
A cabine dupla das fotos é uma modelo 1991,
do colecionador Alfredo Anastasi Sturlini, e representa o ápice da Série 10/20:
foi neste ano que a Ford contra-atacou, colocando um turbo na F-1000. A D-20
reagiu com o motor Maxion S4 turbinado e as A-20/C-20 receberam a quinta
marcha. Em vão: nesse ano estreava a nova geração da F-1000.
A
reestilização de 1993 trouxe os faróis trapezoidais do finado Opala: a direção
hidráulica adotava controle eletrônico e a embreagem passou a ser também
hidráulica. O painel de instrumentos foi redesenhado e havia mais itens de
série: trio elétrico, alarme, volante com regulagem de altura e rodas de liga.
A cabine dupla poderia vir com bancos dianteiros individuais e console central.
Mas a Série 10/20 já havia cumprido sua
missão: a D-20 encerrou a carreira com um belo motor Maxion S4T-Plus de 150 cv
e a C-20 finalmente recebeu injeção eletrônica (a A-20 foi descontinuada
antes). Ambas receberam diferencial de escorregamento limitado Positraction e
ABS traseiro, despedindo-se do mercado brasileiro em 1997 ao som de um tango:
as últimas unidades foram produzidas em Córdoba, na Argentina.
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