quinta-feira, 23 de abril de 2020

Casa Onde Morou Marília / Marília de Dirceu, Noiva de Tomás Antônio Gonzaga, Ouro Preto, Minas Gerais, Brasil


Casa Onde Morou Marília / Marília de Dirceu, Noiva de Tomás Antônio Gonzaga, Ouro Preto, Minas Gerais, Brasil
Ouro Preto - MG
Foto Postal Colombo N. 53
Fotografia - Cartão Postal

Obra essencial do arcadismo brasileiro, o extenso poema autobiográfico Marília de Dirceu foi composto pelo poeta luso-brasileiro Tomás Antônio Gonzaga. 
O poema, dividido em três partes, foi escrito e divulgado em diferentes momentos da vida do escritor. A publicação saiu em 1792 (primeira parte), em 1799 (segunda parte) e em 1812 (terceira parte).
Em termos de estilo literário, a escrita mescla características do arcadismo com uma emoção pré-romântica.
Com forte cunho autobiográfico, os versos de Marília de Dirceu fazem referência ao amor proibido de Maria Joaquina Dorotéia Seixas e do poeta, que se vê refletido nos versos como o pastor Dirceu.
Dirceu é, portanto, sujeito lírico de Gonzaga, e canta seu amor pela pastora Marília, sujeito lírico de Maria Joaquina. Era uma convenção da altura cultuar as musas como sendo pastoras.
A jovem é idealizada pela sua beleza, assim como o cenário onde os dois se encontram.
Deixando um pouco de lado o poema, na vida real a imensa diferença de idade entre o casal (ele tinha quarenta anos e ela apenas dezessete) foi um dos fatores que levou a família da moça a proibir a relação.
No entanto, apesar de todas as desavenças, os dois ainda chegaram a noivar, embora nunca se tenham efetivamente casado.
No poema, o entorno do amor é marcado por um bucolismo típico dos poetas da época: a natureza é tida de modo altamente idealizado, primaveril, alegre e acolhedor.
Aspira-se uma vida tranquila, equilibrada e feliz no cenário campestre, singelo e simplório, em sintonia com os que estão ao redor.
O nome de batismo da pastora Marília do poema é Maria Dorotéia Joaquina de Seixas. Ela chegou a ser noiva do poeta Tomás António Gonzaga. A jovem, nascida em 1767 fruto de uma família abastada, vivia em Ouro Preto e apaixonou-se quando tinha apenas quinze anos.
Maria Dorotéia ficou órfã de mãe aos sete anos, quando passou a ser criada pela família. Tradicionalmente o seu sobrenome era associado à coroa portuguesa, esse teria sido um dos fatores que dificultaram a sua relação com Tomás António Gonzaga (que participou ativamente da Inconfidência Mineira).
A pastora Marília representa uma típica pastora do movimento árcade, uma jovem bela, altamente idealizada e cheia de dotes, que vive no campo e é cortejada por um talentoso pastor.
Pastor Dirceu é a personagem poética que representa Tomás António Gonzaga. O escritor aos quarenta anos caiu nos encantos de Maria Dorotéia Joaquina de Seixas, que era apenas uma adolescente na época.
Devido a enorme diferença de idade e as divergências políticas e ideológicas, a família da moça foi contra a relação. O poeta participou da Inconfidência Mineira e acabou sendo preso em 1792 e condenado. O matrimônio anunciado, portanto, nunca chegou a acontecer.
O pastor de ovelhas Dirceu é um representante bastante característico do movimento árcade. O eu-lírico é um entusiasta do campo e da vida não citadina e divide o seu tempo louvando a natureza e a amada, a pastora Marília.
Nascido em agosto de 1744, na cidade do Porto, o autor viveu no Brasil (foi levado para Pernambuco pelo pai brasileiro) e morreu degredado na África entre 1807 e 1809.
Foi jurista, poeta árcade e ativista político. Enquanto poeta, Gonzaga foi fortemente influenciado por Cláudio Manuel da Costa.
Trabalhou como Ouvidor Geral na cidade de Ouro Preto, onde conheceu seu grande amor. A eleita, Maria Doroteia Joaquina de Seixas, nasceu no dia 8 de novembro de 1767, em Vila Rica, e era vinte e três anos mais jovem que o poeta.
Tomás precisou se afastar da amada porque foi condenado durante a Inconfidência Mineira, tendo sido preso em 1789. O escritor esteve preso na Ilha das Cobras, no Rio de Janeiro, onde aguardou julgamento desde 1789, até finalmente sair a sentença no dia 20 de abril de 1792, quando foi condenado ao degredo.
Degredado pela rainha Maria I, foi enviado para Moçambique. 1792 foi um ano simultaneamente doce e amargo para o poeta: se na vida pessoal o destino ia de mal a pior, foi neste mesmo ano que, em Lisboa, seus versos ganhavam forma pela Tipografia Nunesiana.
Enquanto esteve na prisão, em Fortaleza, escreveu parte significativa de Marília de Dirceu.
A paixão por Marília ficou tão famosa na região que, a cidade no interior de São Paulo onde a eleita nasceu foi batizada com esse nome em homenagem à obra do poeta Tomás Antônio Gonzaga.
Nota do blog: A casa da foto, como a maioria dos bens históricos brasileiros, foi demolida.

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