Casa Onde Morou Marília / Marília de Dirceu, Noiva de Tomás Antônio Gonzaga, Ouro Preto, Minas Gerais, Brasil
Ouro Preto - MG
Foto Postal Colombo N. 53
Fotografia - Cartão Postal
Obra essencial do arcadismo brasileiro, o extenso poema
autobiográfico Marília de Dirceu foi composto pelo poeta luso-brasileiro Tomás
Antônio Gonzaga.
O poema, dividido em três partes, foi escrito e divulgado em
diferentes momentos da vida do escritor. A publicação saiu em 1792 (primeira
parte), em 1799 (segunda parte) e em 1812 (terceira parte).
Em termos de estilo literário, a escrita mescla características
do arcadismo com uma emoção pré-romântica.
Com forte cunho autobiográfico, os versos de Marília de Dirceu
fazem referência ao amor proibido de Maria Joaquina Dorotéia Seixas e do poeta,
que se vê refletido nos versos como o pastor Dirceu.
Dirceu é, portanto, sujeito lírico de Gonzaga, e canta seu amor
pela pastora Marília, sujeito lírico de Maria Joaquina. Era uma convenção da
altura cultuar as musas como sendo pastoras.
A jovem é idealizada pela sua beleza, assim como o cenário onde
os dois se encontram.
Deixando um pouco de lado o poema, na vida real a imensa
diferença de idade entre o casal (ele tinha quarenta anos e ela apenas
dezessete) foi um dos fatores que levou a família da moça a proibir a relação.
No entanto, apesar de todas as desavenças, os dois ainda
chegaram a noivar, embora nunca se tenham efetivamente casado.
No poema, o entorno do amor é marcado por um bucolismo típico
dos poetas da época: a natureza é tida de modo altamente idealizado,
primaveril, alegre e acolhedor.
Aspira-se uma vida tranquila, equilibrada e feliz no cenário
campestre, singelo e simplório, em sintonia com os que estão ao redor.
O nome de batismo da pastora Marília do poema é Maria Dorotéia
Joaquina de Seixas. Ela chegou a ser noiva do poeta Tomás António Gonzaga. A
jovem, nascida em 1767 fruto de uma família abastada, vivia em Ouro Preto e apaixonou-se
quando tinha apenas quinze anos.
Maria Dorotéia ficou órfã de mãe aos sete anos, quando passou a
ser criada pela família. Tradicionalmente o seu sobrenome era associado à coroa
portuguesa, esse teria sido um dos fatores que dificultaram a sua relação com
Tomás António Gonzaga (que participou ativamente da Inconfidência Mineira).
A pastora Marília representa uma típica pastora do movimento
árcade, uma jovem bela, altamente idealizada e cheia de dotes, que vive no
campo e é cortejada por um talentoso pastor.
Pastor Dirceu é a personagem poética que representa Tomás
António Gonzaga. O escritor aos quarenta anos caiu nos encantos de Maria
Dorotéia Joaquina de Seixas, que era apenas uma adolescente na época.
Devido a enorme diferença de idade e as divergências políticas
e ideológicas, a família da moça foi contra a relação. O poeta participou da
Inconfidência Mineira e acabou sendo preso em 1792 e condenado. O matrimônio
anunciado, portanto, nunca chegou a acontecer.
O pastor de ovelhas Dirceu é um representante bastante
característico do movimento árcade. O eu-lírico é um entusiasta do campo e da
vida não citadina e divide o seu tempo louvando a natureza e a amada, a pastora
Marília.
Nascido em agosto de 1744, na cidade do Porto, o autor viveu no
Brasil (foi levado para Pernambuco pelo pai brasileiro) e morreu degredado na
África entre 1807 e 1809.
Foi jurista, poeta árcade e ativista político. Enquanto poeta,
Gonzaga foi fortemente influenciado por Cláudio Manuel da Costa.
Trabalhou como Ouvidor Geral na cidade de Ouro Preto, onde
conheceu seu grande amor. A eleita, Maria Doroteia Joaquina de Seixas, nasceu
no dia 8 de novembro de 1767, em Vila Rica, e era vinte e três anos mais jovem
que o poeta.
Tomás precisou se afastar da amada porque foi condenado durante
a Inconfidência Mineira, tendo sido preso em 1789. O escritor esteve preso na
Ilha das Cobras, no Rio de Janeiro, onde aguardou julgamento desde 1789, até
finalmente sair a sentença no dia 20 de abril de 1792, quando foi condenado ao
degredo.
Degredado pela rainha Maria I, foi enviado para Moçambique.
1792 foi um ano simultaneamente doce e amargo para o poeta: se na vida pessoal
o destino ia de mal a pior, foi neste mesmo ano que, em Lisboa, seus versos
ganhavam forma pela Tipografia Nunesiana.
Enquanto esteve na prisão, em Fortaleza, escreveu parte
significativa de Marília de Dirceu.
A paixão por Marília ficou tão famosa na região que, a cidade
no interior de São Paulo onde a eleita nasceu foi batizada com esse nome em
homenagem à obra do poeta Tomás Antônio Gonzaga.
Nota do blog: A casa da foto, como a maioria dos bens históricos brasileiros, foi demolida.

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