sexta-feira, 31 de julho de 2020

Delmiro Gouveia e a Concorrência Desleal da Machine Cotton, Brasil - Artigo





Delmiro Gouveia e a Concorrência Desleal da Machine Cotton, Brasil - Artigo
Artigo


No início do século passado, em meio ao começo do processo de industrialização do Brasil, o interior do Nordeste sediou um complexo industrial inovador, com fábricas, estradas e até uma usina hidrelétrica para fornecer energia à produção. Fundada pelo empresário Delmiro Gouveia, a unidade, localizada no interior de Alagoas, sediava a fabricante de linhas de costura Estrela — que chegou a liderar o mercado brasileiro e exportava para diversos países da América Latina.
O crescimento acelerado da fabricante, no entanto, chamou a atenção da principal concorrente, a inglesa Machine Cotton, que iniciou um processo de perseguição à fabricante brasileira e passou a registrar a marca Estrela nos países vizinhos, dificultando a exportação brasileira — além de praticar dumping e pressionar comerciantes para que não comprassem produtos fabricados no Nordeste.
O assassinato de Delmiro Gouveia, em circunstâncias até hoje misteriosas, abriu caminho para que a Machine Cotton finalmente comprasse o parque fabril alguns anos depois. Os gestores ingleses, no entanto, optaram por alterar a fábrica e jogaram o maquinário da Estrela no rio São Francisco. A iniciativa acabou por implodir a chance de industrialização daquela parte do Nordeste e, de maneira indireta, preservando a desigualdade social da região, segundo especialistas. "Esse episódio, simbolicamente, significa a morte das fábricas no interior do Nordeste", disse Edvaldo Nascimento, doutor em história da educação pela UFPE (Universidade Federal de Pernambuco).
Considerado um dos principais empreendedores do século 20 no Brasil, Delmiro Gouveia teve uma infância relativamente pobre. Nascido em 1866, em Sobral, no Ceará, perdeu o pai na Guerra do Paraguai e sua mãe, desamparada, mudou-se a Pernambuco. Lá, casou-se novamente, mas faleceu quando Gouveia tinha apenas 15 anos. Para sobreviver, o jovem perambulou por diversos empregos até começar a intermediar o comércio de couro, que vinha do sertão nordestino, com comerciantes do Recife.
Com os negócios indo bem e tendo proximidade à elite local, Gouveia passou a fechar contratos com o poder público para realizar obras em Pernambuco. Algumas desavenças acerca de contratos, porém, fizeram com que o empresário apoiasse a oposição local. Segundo Edvaldo Nascimento, o empreendedor, então, passou a entrar em confronto com a oligarquia política que comandava Pernambuco na época, simbolizada pelo senador e então vice-presidente da República, Francisco de Assis Rosa e Silva.
A fim de resolver as desavenças, Gouveia vai ao Rio de Janeiro procurar Rosa e Silva, mas, após uma discussão, o empresário agride o político. Com receio das consequências, Delmiro Gouveia se muda para Alagoas, onde contava com o apoio de Euclides Malta -- governador alagoano da época e também opositor do grupo de Rosa e Silva.
"Delmiro chega a Alagoas pelas mãos de Euclides Malta, que o envia ao sertão para ser protegido", conta Edvaldo Nascimento.
Na cidadezinha de Água Branca, no interior de Alagoas, Gouveia compra terras e volta a comercializar couro. Logo, inicia a construção de uma fábrica de linhas industriais, de costura e de crochê que levaria o nome de Estrela.
Para abastecer a nova indústria, Gouveia inicia a construção da primeira hidrelétrica do Nordeste, finalizada em 1914. Além da fábrica e da usina de energia elétrica, o industrial também construiu cerca de 520 km de estradas para escoar a produção e uma vila de casas para os cerca de 800 dos 2000 funcionários, com esgoto e luz elétrica. De acordo com o livro "Pioneiros & Empreendedores", de Jacques Marcovitch, a produção da Estrela alcançava 216 mil carretéis — além de produzir linhas para costura, bordado, crochê e malharia. Médicos, dentistas e professores, contratados pela empresa, davam assistência às famílias dos funcionários na região, comandada a punho de ferro por Gouveia.
"Havia uma transição tecnológica baseada na chegada da energia elétrica. Gouveia era um inovador em série, com a atividade industrial e a preocupação com a produtividade, além de implementar novas tecnologias de que ele se apropriou das viagens que fez pelo mundo", conta Marcovitch.
Com a Primeira Guerra Mundial, a inglesa Machine Cotton — que era líder do mercado até então — perdeu espaço devido às dificuldades enfrentadas no translado das linhas pelos oceanos. A Estrela começou, então, a estabelecer escritórios em diversos países. Assim, tomou boa parte do mercado dos ingleses, principalmente no Brasil e na América Latina como todo.
A ascensão da Estrela, no entanto, incomodou o alto escalão da Machine Cotton, que começou a combater o crescimento da indústria brasileira. A companhia inglesa passou a boicotar comerciantes que comprassem as linhas da Estrela e também derrubou os preços ao limite, afetando a concorrência, praticando dumping. Além disso, a companhia inglesa também registrou o nome Estrela em países como Argentina e Uruguai. A medida obrigou Gouveia a comercializar seus produtos com o nome de Linhas Barrilejo.
Em meio a pressão econômica, os ingleses tentaram, ainda, comprar a fábrica de Delmiro Gouveia por diversas vezes.
Um certo dia, em uma das visitas dos ingleses, o brasileiro teria destratado os executivos da concorrente e dito que seria ele quem compraria a fábrica da Machine Cotton.
Em 1917, com o crescimento da Estrela a todo vapor, Delmiro Gouveia é assassinado a tiros, aos 54 anos. Três pessoas foram presas na época — e desavenças pessoais, como a perda do emprego por um dos assassinos, foram apontados como os motivos do crime. Dos três presos, dois morreram logo depois, assassinados na prisão. Em 1982, foi pedido a revisão do processo criminal em que o Tribunal de Justiça diz que dois desses autores materiais não tiveram participação no crime. Até hoje, no entanto, historiadores que estudam a vida e obra de Gouveia ainda desconfiam da versão.
"Alguns historiadores defendem a tese que a Machine Cotton estaria por trás da morte, e isso foi difundido no imaginário popular. Uns dizem que as motivações foram conjugais, outras falam sobre conspirações políticas, mas ninguém sabe ao certo", diz Marcovitch.
Após a morte de Gouveia, os filhos passaram a comandar a indústria. Mas, nos bastidores da política, os ingleses também mexeram suas peças no tabuleiro. Com a eleição de Washington Luís para a presidência alguns anos depois, que comandava uma política liberal, o Brasil passa por uma abertura comercial e acaba cedendo à pressão dos ingleses para abolir tarifas de linhas importadas.
"Com [o presidente] Washington Luiz, o embaixador da Inglaterra da época conseguiu pressionar o presidente a revogar especificamente a taxação sobre linhas importadas. Assim, a Estrela entrou em crise", conta Nascimento. Os filhos acabam por vender a fábrica para outra empresa que, logo depois, repassa a companhia para a Machine Cotton. Os gestores ingleses optam por não produzir mais linhas no interior de Alagoas. O maquinário da indústria é levado até o cânion de Paulo Afonso e jogado nas águas do rio São Francisco, a modo de nunca mais ser utilizado pela indústria local.
O maquinário despejado nas águas do rio São Francisco marca o fim da era de ouro da indústria no sertão nordestino e acaba não só com os planos de Delmiro Gouveia, mas também afeta sociedade local, aumentando a desigualdade na região. Segundo Paulo Gala, diretor-geral da Fator Administração de Recursos e professor da FGV (Fundação Getúlio Vargas), com indústrias, a região poderia ter um desenvolvimento mais acelerado e menos desigual. "A industrialização promove empregos de melhor qualidade e com maiores salários", disse.
Para Fernanda Cardoso, professora de ciências econômicas da UFABC (Universidade Federal do ABC), a industrialização do interior do Nordeste poderia incrementar a complexidade econômica na região, gerando emprego e renda. "Levar formas de produção com maior complexidade associada, maior nível de produtividade e de salário potencial, como na indústria, faz com que a economia gere uma série de desencadeamentos positivos, como desenvolver o setor de serviços ou o fornecimento de insumos".
"Se você tem regiões só com atividades de baixíssimo valor agregado, como agricultura de subsistência, que é o caso de partes do Nordeste, os efeitos de encadeamento gerados na cadeia produtiva são praticamente inexistentes", completou.
Para Marcovitch, a morte de Delmiro Gouveia e o fim da Estrela, no entanto, não são os únicos culpados pela ausência de desenvolvimento industrial da região. "Quando você tem uma receita assegurada, o apetite por inovação é menor. Ali, os coronéis viviam de açúcar e a região se desenvolveu através dessa cultura. Então, a industrialização era iniciativa de poucos — até porque ela desestabiliza as estruturas de poder, calcadas na agricultura, e a preservação disso inibiu uma modernização muito maior."

Teleférico Caminho Aéreo Pão de Açúcar, Rio de Janeiro, Brasil




Teleférico Caminho Aéreo Pão de Açúcar, Rio de Janeiro, Brasil
Rio de Janeiro - RJ
Fotografia

O Bondinho do Pão de Açúcar é um teleférico localizado no bairro da Urca, no município do Rio de Janeiro, no estado do Rio de Janeiro, no Brasil. Liga a Praia Vermelha ao Morro da Urca e ao Morro do Pão de Açúcar.
É uma das principais atrações turísticas da cidade. Foi inaugurado (o seu primeiro trecho, entre a Praia Vermelha e o Morro da Urca) em 27 de outubro de 1912 e, desde então, já transportou cerca de 37 milhões de pessoas, mantendo uma média atual de 2 500 visitantes por dia.
O seu nome vem da semelhança dos carros do teleférico com os bondes que circulavam no Rio de Janeiro à época de sua inauguração. O Bondinho é privatizado, administrado pela concessionária Companhia Caminho Aéreo Pão de Açúcar, empresa criada pelo idealizador do projeto, o engenheiro Augusto Ferreira Ramos, desde a sua construção.
A vista da Baía da Guanabara, considerada uma das paisagens mais belas do mundo, era o atrativo que levava curiosos e alpinistas a escalar o Pão de Açúcar, já em fins do século XIX. O desenvolvimento das técnicas de engenharia e a realização da Exposição Nacional Comemorativa do 1º Centenário da Abertura dos Portos do Brasil, em 1908, no bairro da Urca, motivaram o engenheiro Augusto Ferreira Ramos a idealizar um sistema teleférico que facilitasse o acesso ao cume do monte. Quando o bondinho foi construído, só existiam dois no mundo: o teleférico de Monte Ulia, na Espanha, com uma extensão de 280 metros e que foi construído em 1907; e o teleférico de Wetterhorn, na Suíça, com um extensão de 560 metros, construído em 1908. Ramos teve de recorrer a figuras conhecidas da alta sociedade carioca, como Eduardo Guinle e Raymundo Ottoni de Castro Maya, para promover a ideia do teleférico.
Para construir o teleférico, foram necessários mais de 400 operários-escaladores, cada um subindo com algumas peças para os topos dos morros da Urca e do Pão de Açúcar para que fossem montadas. Um guincho auxiliou na subida dos cabos de aço. Até hoje é possível ver os pinos que foram colocados por estes escaladores na rocha na subida pelo Costão do Pão de Açúcar. Os carrinhos, com capacidade para 22 pessoas, foram importados da Alemanha. À inauguração do bondinho, em 27 de outubro de 1912, o teleférico só subia da Praia Vermelha até o morro da Urca. Três meses depois, em 18 de janeiro de 1913, já ia até o alto do Pão de Açúcar.
Em outubro de 1972, uma segunda linha, paralela, foi inaugurada, e os cabos de aços e os bondinhos foram trocados. As novas cabines importadas da Itália tinham capacidade para 75 passageiros. Com mais espaço e dois bondes em funcionamento, o fluxo aumentou de 115 para 1 360 passageiros por hora. Posteriormente, a capacidade foi reduzida para 65 por questões de conforto.
O bondinho foi cenário do filme 007 Contra o Foguete da Morte, de 1979, no qual o agente secreto britânico James Bond (interpretado pelo ator Roger Moore) derrota seu inimigo Dentes de Aço, interpretado por Richard Kiel. Ainda em 1979, o equilibrista Steven McPeak caminhou sobre o cabo de aço, no trecho mais alto do percurso do bondinho.
Em 2002, quando completou 90 anos, a data foi comemorada com um grande show do cantor Roberto Carlos, no Aterro do Flamengo. Em 2011, a estação da Urca foi escolhida para o lançamento do filme Harry Potter and the Deathly Hallows – Part 2, com direito à presença do ator Tom Felton. Em 2012, ano que completou 100 anos, foi homenageado pelo Google com um doodle.
O bondinho funciona das 8 às 20 horas ao longo de duas rotas: uma ligando a base do morro da Babilônia ao morro da Urca e outra ligando o morro da Urca ao pico do Pão de Açúcar.
A primeira linha (estação inicial - morro da Urca) possui extensão de 600 metros e a velocidade máxima durante a viagem é de 6 metros por segundo (21,6 quilômetros por hora). A segunda linha (morro da Urca - Pão de Açúcar) possui extensão de 850 metros e a velocidade máxima durante a viagem é de 10 metros por segundo (36 km/h).
A capacidade atual é de 65 passageiros por viagem. Como o trajeto de cada linha é realizado em aproximadamente 3 minutos, a capacidade do teleférico é de 1 200 passageiros por hora. Mais de 40 milhões de passageiros já circularam no bondinho.

Cia. Antarctica Paulista, Mooca, São Paulo, Brasil






Cia. Antarctica Paulista, Mooca, São Paulo, Brasil
São Paulo - SP
Fotografia

Pelourinho, Alcântara, Maranhão, Brasil




Pelourinho, Alcântara, Maranhão, Brasil
Alcântara - MA
Fotografia - Cartão Postal



O pelourinho de Alcântara, feito em pedra de lioz artisticamente trabalhada terá vindo de Portugal (pois que em Alcântara não havia essa pedra marmórea) e para felicidade nossa escapou à sanha destruidora dos "símbolos" da escravidão negra que se seguiu após a Abolição e, nomeadamente, após a Proclamação da República, a fim de eliminar o "entulho" da monarquia. Hoje constituem raridade nas cidades brasileiras, mandados retirar – quem sabe? - por autoridades tocadas por súbito sentimento de remorso ou de revolta.
Mais de 350 anos se passaram desde o surgimento da aldeia indígena Tapuitapera à histórica Alcântara. Os costumes da cidade, que se fez afamada pela promessa de visita do Imperador Dom Pedro II, emergiram da mistura de raças. Por um lado, a aristocracia branca instalada em imponentes casarões datados do século XVIII, do outro os serviçais negros, cuja influência é notória na cultura do município (há para mais de 250 comunidades quilombolas), ademais da contribuição pioneira do índio com o surgimento da aldeia, ainda no século XVII. Alcântara é reconhecida nacionalmente como Patrimônio Histórico Nacional, desde a década de 1940. A riqueza arquitetônica e os costumes de sua gente são os atrativos turísticos mais divulgados daquele pedaço continental de solo maranhense. A aproximação com São Luís - apenas uma hora de barco - estimula à prática de um turismo expressivo, mas de curta duração, ou seja, o visitante chega pela manhã, passeia somente pelo centro histórico e se vai à tarde.
Em 1648 surgiu a vila brasileira de Santo Antônio de Alcântara, hoje simplesmente Alcântara. Na praça principal implantou-se o pelourinho, símbolo da autoridade do rei e das prerrogativas do povo. Foi chantado em frente ao Senado da Câmara e da primitiva igreja de São Matias (V. em Fotos neste site).
Em virtude de sua importância exponencial no dia-a-dia das sociedades daquela época, eis que servia como símbolo da autonomia municipal e da justiça, o pelourinho - também referenciado popularescamente como picota - erguia-se soberbamente na praça principal da vila ou cidade – a simbolizar esta condição -, de ordinário à frente dos paços. “Levantar pelourinho” valia dizer receber foral de vila. Legalmente, para que tal ocorresse, fazia-se mister o real consentimento.
O pelourinho consistia, pelo geral, em coluna de pedra ou de madeira, no mais das vezes artisticamente esculpida e ornamentada com os símbolos reais, da colônia e/ou da vila (ou cidade), fincada a prumo, às vezes sobre baixo pedestal estagiado em degraus.
Mas para além da utilização de todos conhecida em que nele se infligia castigo aos que infringiam as leis, o pelourinho tinha outras serventias sociais, como a fixação de éditos reais, decisões das autoridades comunais a pleitos dos cidadãos ou informações de interesse da comunidade, verdadeiro elemento de ligação entre o poder constituído e o povo, por isso que se localizavam sempre em frente ao edifício da câmara ou na praça principal.
Alguns desses monumentos eram de tal forma imponentes, rebuscados de adornos e ornatos brasonados, que ofuscavam os demais prédios da comunidade, ou tamanha era a assiduidade de sua utilização, que acabavam por dar nome ao local: Largo ou Praça do Pelourinho, ou, como em Salvador, na Bahia, tão somente Pelourinho (conquanto ele próprio já lá de há muito não mais esteja), a nomear quadra tão importante do Centro Histórico, que é quase o “ex-líbris” da capital baiana. A imponência e sofisticação do conjunto estavam, quase sempre, ligadas à importância e florescência da sede da comuna. Só para pôr exemplo, o notável arquiteto régio bolonhês Antonio José Landi, que viveu no Grão-Pará entre 1753 e 1792, foi o projetista de alguns desses melancólicos monumentos, como o da vila de Borba, no Amazonas, e o de Belém do Pará (1757), este último magistralmente trabalhado por artesãos indígenas, com soberbos entalhes em peça nobre de pau d’arco e na forma de coluna dórica.
Quando instalou-se a República houve ordem da Junta do Governo Provisório para destruir os vestígios materiais da monarquia. Assim também se fez em Alcântara e o belo marco foi enterrado por ali mesmo. Sandice pura, eis que a história não se deve tentar apagar; ao revés, devemos sim conservá-la e admirá-la, pois representam marcos de uma época, com seus costumes e até poderão servir como modo de dissuasão a que se não repitam. Setenta anos mais tarde, quando se cogitou reergue-lo, foi uma ex-escrava nonagenária, Nhá Calu, quem indicou onde se achava “sepultada” a relíquia. A memória não a traiu. O local onde eram exibidos e castigados os criminosos e os escravos desobedientes é um dos mais importantes atrativos de Alcântara. Lá está ele de novo, o pelourinho, símbolo da continuidade histórica na histórica cidade que se recusa a morrer.   
Decorado com as armas do império português no cabeçote que encima mastaréu caprichosamente lavrado é hoje o mais bem conservado do País. Tivemos a oportunidade de vê-lo de perto (e obviamente fotografá-lo) nas duas vezes em que visitamos essa maravilhosa cidade que já foi aldeia indígena e capital da aristocracia maranhense. Oxalá os alcantarenses estejam todos imbuídos do desejo, diríamos melhor, da necessidade de preservação e conservação desse aparentemente singelo, mas monumental resquício da história colonial brasileira.

Pelourinho, Alcântara, Maranhão, Brasil


Pelourinho, Alcântara, Maranhão, Brasil
Alcântara - MA
Fotografia - Cartão Postal

Vista Aérea da Basílica do Senhor do Bonfim, Salvador, Bahia, Brasil


Vista Aérea da Basílica do Senhor do Bonfim, Salvador, Bahia, Brasil
Salvador -BA
Fotografia - Cartão Postal

Avenida Goiás, Goiânia, Goiás, Brasil


Avenida Goiás, Goiânia, Goiás, Brasil
Goiânia - GO
Edicard
Fotografia - Cartão Postal

Obras de Abertura da Avenida Nove de Julho, 1937, São Paulo, Brasil


Obras de Abertura da Avenida Nove de Julho, 1937, São Paulo, Brasil
São Paulo - SP
Fotografia


Nota do blog: Vista tirada da Praça Pedro de Toledo, atual 14 Bis, em direção ao Belvedere do Trianon, onde hoje se encontra o Masp na Avenida Paulista.

Obras de Construção da Avenida Nove de Julho e do Viaduto Major Quedinho, 1937, São Paulo, Brasil


Obras de Construção da Avenida Nove de Julho e do Viaduto Major Quedinho, 1937, São Paulo, Brasil
São Paulo - SP
Fotografia


Com os limitados recursos técnicos e materiais da época, éramos capazes de produzir belas e duradouras obras públicas. Vemos a construção do Viaduto Major Quedinho com sua escadaria característica. De autoria de um dos engenheiros das obras para a abertura da avenida — no verso da foto consta a data de 16/07/1937. Ao fundo, a rua homônima em direção à Consolação. Todo o casario do entorno cedeu espaço para edifícios se interpondo a outros. No entanto, passadas oito décadas do registro desta cena, o estado deste e outros viadutos denuncia a falta de manutenção e cuidados por parte da administração pública. Um estudo feito pelo Sindicato da Arquitetura e Engenharia em 2017 encontrou um rosário de problemas: fissuras, corrosão, sistema de drenagem deficiente. Mais? Juntas de dilatação obstruídas com asfalto, instalações elétricas expostas, precariedade nas escadarias e guarda- corpos. Veja abaixo imagem capturada pelo Google Maps do Viaduto Major Quedinho em março/2023.



Teleférico Bondinho do Pão de Açúcar, Rio de Janeiro, Brasil


Teleférico Bondinho do Pão de Açúcar, Rio de Janeiro, Brasil
Rio de Janeiro - RJ
Fotografia 


quinta-feira, 30 de julho de 2020

Theatro José de Alencar, Fortaleza, Ceará, Brasil




Theatro José de Alencar, Fortaleza, Ceará, Brasil
Fortaleza - CE
Fotografia



O Theatro José de Alencar é um teatro brasileiro, localizado na cidade de Fortaleza, no Ceará. É referência artística, turística e arquitetônica no país, além de ser tombado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional. Enquanto teatro-monumento, conta com seleta programação cênica e diversificada pauta de atividades sócio-culturais e artísticas. Além disso, por meio das construções e equipamentos anexos, é considerado um grande espaço aglutinador de pesquisa, formação, produção e difusão artística.
Foi inaugurado oficialmente em 17 de junho de 1910. Apresenta arquitetura eclética e sala de espetáculo em estilo art nouveau de três andares que comporta 800 lugares. O complexo do Theatro conta ainda com auditório de 120 lugares, foyers, espaço cênico a céu aberto e o prédio anexo, com 2 600 metros quadrados, que sedia seu Centro de Artes Cênicas (CENA), além do Teatro Morro do Ouro; a praça Mestre Pedro Boca Rica, com palco ao ar livre de capacidade para 600 pessoas; a Biblioteca Carlos Câmara; a Galeria Ramos Cotôco, quatro salas de estudos e ensaios; oficinas de cenotécnica, de figurino e de iluminação; o Colégio de Dança do Ceará e o Colégio de Direção Teatral do Instituto Dragão do Mar; a Orquestra de Câmara Eleazar de Carvalho; o Curso Princípios Básicos de Teatro e o grande jardim projetado por Burle Marx.
A peça fundamental do Theatro foi lançada em 1896, no centro da praça Marquês do Herval, hoje Praça José de Alencar, mas o projeto original não foi concretizado. Em 1904, na administração de Nogueira Acioli, foi oficialmente autorizada a construção do Theatro José de Alencar, através da lei n° 768, de 20 de agosto. Em 6 de junho de 1908, as obras oficialmente tiveram início, durando dois anos. O Theatro tem sua estrutura arquitetônica constituída de peças de ferro fundido importadas de Glasgow, na Escócia.
No início do século, ao fazer o projeto arquitetônico do Theatro, o capitão Bernardo José de Mello imaginou um teatro-jardim. Mas a parte verde e estatuária só foi construída décadas depois da festa de inauguração, na reforma de 1975. O jardim ocupa todo o espaço vizinho ao Theatro, na ala leste, em área que já sediou o Quartel de Cavalaria de Fortaleza. O local abriga um busto de Delmiro Gouveia, considerado o precursor da industrialização na Região Nordeste do Brasil. O prédio do complexo que hoje é conhecido como anexo foi incorporado na reforma realizada de 1990.

Theatro José de Alencar, Fortaleza, Ceará, Brasil


Theatro José de Alencar, Fortaleza, Ceará, Brasil
Fortaleza - CE
Fotografia

Ponte da Boa Vista, Recife, Pernambuco, Brasil


Ponte da Boa Vista, Recife, Pernambuco, Brasil
Recife - PE
Fotografia - Cartão Postal

Novas Escavações, Largo di Torre Argentina, Roma, Itália


Novas Escavações, Largo di Torre Argentina, Roma, Itália
Roma - Itália
Fotografia - Cartão Postal

Capela, Cemitério da Consolação, Circa 1900, São Paulo, Brasil


Capela, Cemitério da Consolação, Circa 1900, São Paulo, Brasil
São Paulo - SP
Fotografia

Pelourinho e Igreja Nossa Senhora do Rosário dos Pretos, Salvador, Bahia, Brasil


Pelourinho e Igreja Nossa Senhora do Rosário dos Pretos, Salvador, Bahia, Brasil
Salvador - BA
Fotografia - Cartão Postal

Coreto, Praça da Matriz, Década de 30, Ariranha, São Paulo, Brasil


Coreto, Praça da Matriz, Década de 30, Ariranha, São Paulo, Brasil
Ariranha - SP
Fotografia

Monumento ao Expedicionário, Porto Alegre, Rio Grande do Sul, Brasil


Monumento ao Expedicionário, Porto Alegre, Rio Grande do Sul, Brasil
Porto Alegre - RS
Edicard
Fotografia - Cartão Postal




O Monumento ao Expedicionário é um monumento histórico da cidade de Porto Alegre, e foi inaugurado em 1957. A ideia para o monumento foi lançada pelo jornal Correio do Povo em 1946, o que gerou um concurso público para a elaboração de um arco do triunfo, onde saiu vencedor o projeto de Antônio Caringi, autor também da Estátua do Laçador, símbolo de Porto Alegre.
Contudo, a escolha dividiu o júri, do qual faziam parte João Fahrion e Tasso Corrêa, que se retiraram inconformados com a quebra do regulamento, uma vez que o projeto de Caringi se desvia do padrão usual de arco do triunfo, com uma abertura central e às vezes mais duas laterais menores, ao passo que o seu possui duas aberturas iguais. Riopardense de Macedo também o criticou como um "grave erro arquitetônico". Com a polêmica sua construção atrasou, sendo inaugurado apenas em 16 de junho de 1957.
É uma estrutura de granito em forma de arco duplo, com esculturas em relevo representando soldados de diversas armas, e uma estátua em bronze na parte posterior, uma figura feminina alegórica inspirada nas estátuas de Atena, com armadura, a pisar uma serpente, representando, segundo Walter Spalding, a Vitória, ou segundo a imprensa da época, a Bravura. Na frente traz a inscrição "À Força Expedicionária Brasileira - A Pátria agradecida".
O monumento homenageia os "pracinhas" da Força Expedicionária Brasileira (F.E.B), que lutaram na Segunda Guerra Mundial. Está localizado no Largo General Yeddo J. Blauth, no Parque Farroupilha, em frente ao Colégio Militar, e serve de cenário para cerimônias cívicas e apresentações do Exército em datas comemorativas.
Aos domingos, quando acontece o tradicional Brique da Redenção, o monumento vira palco de espetáculos realizados pelos artistas locais e nacionais.

quarta-feira, 29 de julho de 2020

Antigo Banco Construtor, Ribeirão Preto, São Paulo, Brasil






Antigo Banco Construtor, Ribeirão Preto, São Paulo, Brasil
Ribeirão Preto - SP
Fotografia

Nota do blog: Propriedade de Antônio Diederichsen e João Hibbeln.

Vista Aérea do Estádio Santa Cruz, Botafogo Futebol Clube, Ribeirão Preto, São Paulo, Brasil


Vista Aérea do Estádio Santa Cruz, Botafogo Futebol Clube, Ribeirão Preto, São Paulo, Brasil 
Ribeirão Preto - SP
Fotografia

DKW-Vemag, Anos 50, São Paulo, Brasil


DKW-Vemag, Anos 50, São Paulo, Brasil
São Paulo - SP
Fotografia

Praça Getúlio Vargas, Aracaju, Sergipe, Brasil




Praça Getúlio Vargas, Aracaju, Sergipe, Brasil
Aracaju - SE
Fotografia - Cartão Postal

A Praça Getúlio Vargas, conhecida popularmente como Praça do Mini Golf, foi inaugurada no dia 10 de novembro de 1938 e está localizada no Bairro São José. Na Praça se encontra o primeiro ponto de ônibus da cidade, que na época de sua construção era o local por onde passava o bonde, o número um indo para o Bairro Industrial, e o número dois seguindo para a Zona Sul.

Vista Aérea do Cristo Redentor, Rio de Janeiro, Brasil


Vista Aérea do Cristo Redentor, Rio de Janeiro, Brasil
Rio de Janeiro - RJ
Fotografia - Cartão Postal

Vale do Anhangabaú, São Paulo, Brasil




Vale do Anhangabaú, São Paulo, Brasil
São Paulo - SP
Fotografia - Cartão Postal

Grande Hotel e Praia, Guarujá, São Paulo, Brasil


Grande Hotel e Praia, Guarujá, São Paulo, Brasil
Guarujá - SP
N. 444
Fotografia - Cartão Postal

Grupo Escolar Pedro II, Belo Horizonte, Minas Gerais, Brasil


Grupo Escolar Pedro II, Belo Horizonte, Minas Gerais, Brasil
Belo Horizonte - MG
N. 46
Fotografia - Cartão Postal

Prefeitura Municipal, Petrópolis, Rio de Janeiro, Brasil


Prefeitura Municipal, Petrópolis, Rio de Janeiro, Brasil
Petrópolis - RJ
Foto Postal Colombo N. 1
Fotografia - Cartão Postal

Avenida e Túnel Nove de Julho, São Paulo, Brasil


Avenida e Túnel Nove de Julho, São Paulo, Brasil
São Paulo - SP
Fotografia - Cartão Postal

Vista Parcial do Parque Dom Pedro II, São Paulo, Brasil – Werner Haberkorn


Vista Parcial do Parque Dom Pedro II, São Paulo, Brasil – Werner Haberkorn
São Paulo - SP
Fotografia

Faculdade de Direito do Largo de São Francisco, Anos 50, São Paulo, Brasil - Werner Haberkorn


Faculdade de Direito do Largo de São Francisco, Anos 50, São Paulo, Brasil - Werner Haberkorn
São Paulo - SP
Fotografia

Rio Tamanduateí, São Paulo, Brasil (Rio Tamanduateí) - Antônio Ferrigno



Rio Tamanduateí, São Paulo, Brasil (Rio Tamanduateí) - Antônio Ferrigno
São Paulo - SP
Acervo da Bolsa de Valores de São Paulo, São Paulo, Brasil, cedida em comodato para o MASP, São Paulo, Brasil
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Várzea do Carmo e Rio Tamanduateí, 1858, São Paulo, Brasil (Várzea do Carmo e Rio Tamanduateí, 1858) - José Wasth Rodrigues


Várzea do Carmo e Rio Tamanduateí, 1858, São Paulo, Brasil (Várzea do Carmo e Rio Tamanduateí, 1858) - José Wasth Rodrigues
São Paulo - SP
Museu Paulista, São Paulo, Brasil
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Rua General Carneiro, Anos 50, São Paulo, Brasil - Werner Haberkorn


Rua General Carneiro, Anos 50, São Paulo, Brasil - Werner Haberkorn
São Paulo - SP
Fotografia 

Nota do blog: Vista à partir do Parque Dom Pedro II.

Viaduto Dona Paulina, São Paulo, Brasil


Viaduto Dona Paulina, São Paulo, Brasil
São Paulo - SP
Fotografia

Nota do blog: À esquerda, o Fórum Hely Lopes Meirelles.

terça-feira, 28 de julho de 2020

Construção do Viaduto Dona Paulina, São Paulo, Brasil



Construção do Viaduto Dona Paulina, São Paulo, Brasil
São Paulo - SP
Fotografia


Vista das obras do Viaduto Dona Paulina em 1947. À extrema direita, visualiza-se a Catedral da Sé sendo construída. Muitos desconhecem que 3 três viadutos que passam sobre a Avenida 23 de Maio: o Dona Paulina, Condessa de São Joaquim e Pedroso, possuem uma estrutura interna capaz de abrigar até estações de metrô — com escadas desembocando no que seriam as plataformas laterais. Alguns afirmam que destinadas à terminais para linhas de bondes e a ideia não prosperou.
O local, com as garagens sob o viaduto seria ocupado pelo Serviço Funerário Municipal e Departamento de Estradas de Rodagem cujas instalações ficavam ao lado do Palácio Mauá. Na visão de muitos, foi outra destas obras da prefeitura onde se desperdiçou muito dinheiro público e não houve serventia adequada para o espaço.
Devemos nos lembrar que o projeto preliminar de implementação da Avenida 23 de Maio — denominada anteriormente como Itororó e Anhangabaú e construída aos poucos — remonta ao ano de 1927 sob a gestão do prefeito José Pires do Rio. A abertura do trecho inicial, entre a Praça da Bandeira e Viaduto Dona Paulina começou em 1951 com apenas 200 metros de extensão. A 23 de Maio seria a haste esquerda do sistema "Y" no ambicioso Plano das Avenidas do prefeito Prestes Maia, concretizado anos depois. 




Vendedora de Flores (Vendedora de Flores) - Antonio Rocco


Vendedora de Flores (Vendedora de Flores) - Antonio Rocco
Coleção privada
OST - 56x32

Araucária (Araucária) - Cacciaro


Araucária (Araucária) - Cacciaro
Coleção privada
Aquarela sobre papel - 40x25

Pau D'Alho (Pau D'Alho) - João Batista da Costa


Pau D'Alho (Pau D'Alho) - João Batista da Costa
Coleção privada
Óleo sobre madeira - 18x23

Paisagem (Paisagem) - Edgar Walter


Paisagem (Paisagem) - Edgar Walter
Coleção privada
Óleo sobre placa - 30x40

Praça XV, Rio de Janeiro, Brasil (Praça XV) - Gustavo Dall'Ara


Praça XV, Rio de Janeiro, Brasil (Praça XV) - Gustavo Dall'Ara
Rio de Janeiro - RJ
Coleção privada
Óleo sobre placa - 58x34 - 1901

Fortaleza de Santo Amaro da Barra Grande, Guarujá, São Paulo, Brasil


Fortaleza de Santo Amaro da Barra Grande, Guarujá, São Paulo, Brasil
Guarujá - SP
Fotografia

A Fortaleza de Santo Amaro da Barra Grande, também referida como Fortaleza de São Miguel, Fortaleza da Praia Grande e Fortaleza da Barra Grande, localiza-se a sudeste na ilha de Santo Amaro, entre a praia do Góis e a praia de Santa Cruz dos Navegantes, batendo a Barra Grande, canal de acesso ao porto da vila (hoje cidade) de Santos, no atual município do Guarujá, no litoral do estado brasileiro de São Paulo.
A fortaleza foi erguida a partir de 1584, no contexto da Dinastia Filipina (1580-1640), após o ataque do corsário inglês Edward Fenton (dezembro de 1583) a Santos, rechaçado por Andrés Higino, cuja frota estava sob o comando do Almirante D. Diogo Flores de Valdés no sul do Brasil, quando encontrou uma nau atacada por Edward FentonDiogo Flores de Valdés tinha a missão de navegar pela costa brasileira até a entrada do Estreito de Magalhães em busca de corsários como Sir Francis Drake conhecido como El Dragon, sabendo das notícias Valdés designa Higino como comandante de três Galeões para retornar à Vila de Santos e atacar os corsários. A sua planta original é atribuída ao arquiteto militar italiano Giovanni Battista Antonelli, integrante dessa armada (1582-1584), e foi artilhada com algumas peças de um galeão capturado a corsários na ocasião. SOUZA (1885) entende que essa fortificação era de fraca construção, não tendo oferecido resistência ao ataque do corsário inglês Thomas Cavendish (1590). Rechaçou a tentativa de reabastecimento do almirante neerlandês Joris van Spielbergen (3 de fevereiro de 1615), e posteriormente a tentativa de assalto do corsário francês Jean-François Duclerc (agosto de 1710), que se dirigiu em seguida ao Rio de Janeiro.
Passou a comandar a praça em 1702, o Capitão Luiz da Costa de Siqueira (Carta Patente de 23 de julho de 1702), e sua guarnição compunha-se de um alcaide e de cem soldados. A Carta-régia de 11 de setembro de 1709 mandou aumentá-la, e que do Rio de Janeiro se remetesse artilharia de grosso calibre para sua defesa. Manuel de Castro de Oliveira, um particular residente em Santos, propôs em 1711 à Coroa Portuguesa reconstruir e armar a fortaleza às suas custas, em troca de algumas mercês. A Coroa, pela Carta-régia de 26 de janeiro de 1715, aceitou o oferecimento daquele particular residente em Santos "para reconstruí-la e armá-la, mediante a mercê do foro de fidalgo, o Hábito [da Ordem] de Cristo, tença anual de 80$000 e um ofício nas Minas [Gerais], que tivesse de rendimento 400$000, para seu filho". São deste período o projeto assinado por Manuel Pinto de Villa Lobos (Fortaleza que se há de fazer na praia grande de Santos, 1712. Arquivo Histórico UltramarinoLisboa) e outros (Planta da Fortaleza desenhada de novo na barra grande de Santos, c. 1712; Planta da Fortaleza projetada na barra da vila de Santos, c. 1712. AHU, Lisboa). Essas obras foram iniciadas sob a orientação do engenheiro francês Brigadeiro Jean Massé (Planta de uma Fortaleza desenhada de novo na vila de Santos, c. 1714. AHU, Lisboa), com o auxílio do argento-mor Antônio Francisco Lustosa.
Em 1717 o então governador de Santos designou Luiz Antônio de Sá Queiroga para adicionar à fortaleza parapeitos, reduto, cortina, casa de pólvora e outras obras, orçadas à época em 4.000 cruzados. Durante o governo do Vice-rei e Capitão General de Mar e Terra do Estado do Brasil, D. Vasco Fernandes César de Meneses (1720-1735), foi terminada a muralha (1721), sendo a praça finalmente artilhada com trinta e duas peças (1723-1725). Novas reformas foram efetuadas em 1731-1732. Por volta de 1739 aqui esteve o Brigadeiro José da Silva Pais, com a missão de examinar esta e outras defesas no litoral santista. Este oficial foi o responsável pelo projeto da nova Casa da Pólvora e de uma capela, erguida no local da antiga Casa da Pólvora e inaugurada em 1742. ("Fortaleza de Santo Amaro da Barra Grande". In: Patrimônio: 70 anos em São Paulo).
Uma nova campanha de obras teve lugar em 1765, sendo governador da capitania de São Paulo o capitão-general D. Luís Antônio de Sousa Botelho Mourão - quarto morgado de Mateus (1765-1775), que mandou repará-la e ampliá-la devido ao seu estado precário. Cruzando fogos com o Forte da Estacada, para complemento deste sistema defensivo, mandou ainda edificar a Bateria da praia do Góis (1766), para servir como posto avançado à fortaleza. Data deste período ainda o chamado "Portão Espanhol" que a liga àquela fortificação. Em Relatório à Coroa, acerca das fortificações da Capitania, datado de 30 de junho de 1770, este governador informou que a praça estava artilhada com vinte e oito peças: três de 24, oito de 18, três de 12, três de 8, e onze de 6.
Um relatório manuscrito descreve o estado da fortificação, entre o final do século XVIII e o início do século XIX:
"Na Barra Grande achei as portas podres e despedaçadas, o Quartel arruinado e parte dele a cair, a Casa da Pólvora por acabar; na bateria de baixo achei algumas peças montadas em carretas podres e outras no chão, muito maltratadas, de sorte que toda esta bateria está impossibilitada de fazer fogo, sendo a melhor que tem esta fortaleza por serem os seus tiros quase horizontais, e pela curta distância a que chegam os navios pode esta bateria servir de balas ardentes, de balas fixas, de balas encadeadas de plaqueta, além de ter velas e cartuchos de pinha, e até pelo ângulo que forma o canal, por onde necessariamente passam os navios, oferecem ao inimigo nove bocas de fogo reto e duas em cada flanco, que sendo bem providos, podem fazer grande dano.
Na bateria superior achei quatorze peças montadas em carretas novas, cuja bateria é inferior nas suas vantagens à de baixo por serem os seus tiros mergulhantes e só podem ser bons em maior distância, ficando incertos pela falta de bons artilheiros. Pelo prolongamento da cortina, até à porta, que dá saída para o forte da praia do Goes, se acham três peças montadas em carretas novas e nove desmontadas, algumas destas muito maltratadas, de sorte que não poderão fazer fogo por se acharem cheias de escaravelhos e uma encravada.
Na bateria baixa há um telheiro encostado à muralha superior, o qual se pode acrescentar unindo a este a casa de um índio que serve à fortaleza; em cujo telheiro se pode ter recolhida a maior parte da artilharia, com seus reparos, para se livrar dos grande sóis e imensas chuvas que há de ordinário neste país, e porque a plataforma está móvel com o terrapleno da praça e com facilidade vem esta artilharia ao seu lugar na bateria em todo e qualquer lugar.
Na mesma circunstância se pode por a bateria superior, poupando Sua Majestade por este modo a imensa despesa que continuamente está fazendo com o carretame, devendo ser este pintado a óleo de linhaça [ou] na falta deste com azeite de mamona, e uma terra que há em Cananéia que é semelhante ao roxo-terra da Itália (...)."
Ao longo da sua história, as instalações da fortaleza foram utilizadas como presídio político. O Mapa das Fortificações de 1847 aponta-lhe apenas vinte e duas peças. Novamente reparada em 1885, durante a Revolta da Armada (1893-1894), as suas baterias trocaram tiros com o Cruzador República e o Cruzador Palas, a caminho do Sul (20 de setembro de 1893), tendo sofridos danos nas muralhas. Passou para a jurisdição do Ministério da Marinha (Aviso do Ministério da Guerra de 28 de agosto de 1889). Em 1894 teve lugar a última obra nesta fortificação: a reforma inacabada do quartel (MORI, 2003:155).
No século XX foi desarmada e o seu material entregue ao 3º Batalhão de Artilharia, a fim de aquartelar um Destacamento do 24º Batalhão de Infantaria que iria trabalhar nas obras do Forte de Itaipu (Aviso nº 484, de 17 de março de 1905), dentro do projeto de reforma da defesa do Porto de Santos. À medida que as obras do Forte de Itaipu evoluíram, perdeu importância estratégica, até ser finalmente desativada (1911). Durante a Revolução Constitucionalista de 1932, aquartelou a 3ª Companhia do Batalhão de Engenharia de Santos, servindo como Posto Angular (Posto de Paralaxes): recebeu aparelhos telefônicos e alto-falantes, a fim de manter comunicação constante entre a defesa minada da barra de Santos e os oficiais engenheiros de plantão que as comandavam. Em uma das guaritas da fortaleza, assim como em pontos estratégicos do canal, foram instaladas baterias acumuladoras para a detonação das minas. Ao final da década de 1940 abrigou instalações da extinta Polícia Marítima e Aérea, e a partir de 1956 passou a ser utilizada como sede náutica do Círculo Militar de Santos. O imóvel, de propriedade da União, e o entorno do fortaleza foram tombados pelo Patrimônio Histórico e Artístico Nacional em 23 de abril de 1964, e pelo Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Arqueológico, Artístico e Turístico (CONDEPHAAT), órgão do Governo do estado de São Paulo, em 1981.
Em 1990, a comunidade estudantil do Guarujá se movimentou em defesa deste patrimônio, e finalmente, em 2 de setembro de 1993, foi assinado um Protocolo de Intenções entre o IPHAN, a Prefeitura Municipal de Guarujá e a Universidade Católica de Santos (UNISANTOS), visando a restauração do conjunto. A reinauguração teve lugar em 21 de abril de 1997, tendo como padrinho o professor Élcio Rogério Secomandi, assim homenageado pelo entusiasmo e dedicação do trabalho desenvolvido. Destaca-se no processo a doação para a capela do conjunto, do mural "Vento Vermelho", de vinte metros quadrados, pela família do artista plástico Manabu Mabe.
Homenageada pela ECT com a emissão de uma bonita peça filatélica e carimbo comemorativo (21 de abril de 1999), o acesso à fortaleza pode ser feito por Santa Cruz dos Navegantes ou, de barco, com saída pela Ponte Edgard Perdigão, em Santos.