domingo, 5 de julho de 2020

Grupo Sérgio, São Paulo, Brasil


Grupo Sérgio, São Paulo, Brasil
São Paulo - SP
Fotografia



A gente não tinha McDonald’s. Nem Burger King. Não tinha Habib’s. Se alguém sugerisse algo parecido com uma temakeria, seria chamado de maluco. Mas a gente tinha o Grupo Sérgio. No começo dos anos 1980, era para lá que íamos nós, jovens famintos, sem dinheiro e sem noção.
Você pode ler por aí que o Grupo Sérgio era um rodízio de pizzas. Uma definição imprecisa. Era muito mais que isso. Era uma arena. Lá se disputava um dos esportes favoritos da juventude primitiva daqueles tempos: a maratona dos glutões.
Havia restaurantes do Grupo Sérgio espalhados pela cidade. O salão era monstruoso de grande. Para ter uma ideia da dimensão, os imóveis do grupo depois foram ocupados por igrejas evangélicas.
Depois da escola, pegávamos o ônibus Sacomã e desembarcávamos na Lins de Vasconcelos, quase esquina com a Heitor Peixoto, no Cambuci. Íamos em grupos de dez, 15 moleques. As meninas, não entendo o porquê, nunca nos acompanhavam.
O objetivo: comer até passar mal. Ao sentar, pedíamos um suco de laranja (ajuda na digestão). Estava dada a largada.
Pizza de mussarela, calabresa, atum, portuguesa, alho e óleo. Ainda não existia frango com Catupiry nem tomate seco com rúcula. Frango assado. Pastel. Nhoque. Lasanha. Tinha até picanh... carne.
O bom competidor se concentrava nas pizzas, já que cada fatia valia um ponto no jogo.
Ninguém sequer sonhava em vencer o Tchê, um grandalhão gaúcho do nosso grupo. Ele comia pedaços de pizza às dezenas. Falavam coisas dele. Diziam que já fora expulso por comer demais. Que havia almoçado e jantado no mesmo dia, sem intervalo.
No final, nenhum de nós sabia ao certo o quanto havia comido. Queríamos dar risada, mas a dor de barriga não deixava. Restavam a azia e o arrependimento. Saudade do Grupo Sérgio.
Nota do blog 1: Que saudade...
Nota do blog 2: Texto de Marcos Nogueira.

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