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quinta-feira, 16 de julho de 2020
Instalações da Companhia Cervejaria Paulista, Avenida Jerônimo Gonçalves com Rua Mariana Junqueira, Ribeirão Preto, São Paulo, Brasil
Instalações da Companhia Cervejaria Paulista, Avenida Jerônimo Gonçalves com Rua Mariana Junqueira, Ribeirão Preto, São Paulo, Brasil
Ribeirão Preto - SP
Fotografia
No dia 18 de abril de 1914, foi inaugurada a fábrica da Companhia Cervejaria Paulista.
A Cia. Cervejaria Paulista foi criada em 25 de abril de 1913, sendo o seu primeiro e principal incorporador o sr. Hanz Scherholz. As primeiras reuniões para a organização da fábrica foram realizadas na antiga sede da Sociedade Dante Alighieri (rua Duque de Caxias, 98). A primeira Diretoria era composta por João Alves Meira Junior (Presidente), Alfio Messina (Gerente) e Hanz Scherholz (Diretor-Técnico). Posteriormente, com a saída de Alfio Messina, o seu cargo foi confiado a José Rossi. A primeira fábrica foi instalada à Rua Visconde do Rio Branco (esquina com rua Barão do Amazonas) e, em 18 de abril de 1914, foi inaugurada a nova fábrica, construída à Avenida Jerônimo Gonçalves, às margens do Ribeirão Preto, próxima a Estação da Cia. Mogiana de Estradas de Ferro. Na margem oposta do mesmo córrego estava instalada a fábrica da Cia. Antárctica Paulista, também fabricante de bebidas e sua principal concorrente. As primeiras marcas de bebidas lançadas pela Cia. Cervejaria Paulista foram: STERLINA, CRYSTALINA, KHROMOS, CARABOO, ZURÊ, MALZBIER, NOZBIRE (preta doce), ZEBU e TRIÂNGULO (especiais para o Triângulo Mineiro) . Posteriormente foi lançada a cerveja TRUST. Com o tempo, as cervejas POKER (clara) e NIGER (preta) tornaram-se as principais marcas de cervejas produzidas pela Cia. Paulista. Ainda, caiu na preferência popular o GUARANÁ PAULISTA, mais adocicado do que aquele da Antarctica. A Cia. Paulista foi organizada com um capital inicial de Rs. 300.000$000, este foi elevado para Rs 450.000$000 em 1914 e para Rs. 1.000.000$000 em 1915. A Cia. Paulista desenvolveu-se no contexto econômico do ciclo do café, dos coronéis, dos cassinos, da imigração europeia e do desenvolvimento urbano que esta economia desencadeou no interior do Estado de São Paulo. Desde a sua inauguração, em 1914 até a década de 70, a fábrica de bebidas da Cia. Paulista foi, juntamente com a Cia. Antárctica, responsável pelo desenvolvimento urbano da cidade. Gerou inúmeros empregos e colaborou na formação de mão-de-obra especializada, operariado este formado por imigrante, na sua grande maioria. Contribuiu ainda para melhoramentos, quanto ao abastecimento de água e energia, impulsionando o crescimento do Bairro de Vila Tibério e região Central da cidade. A Cia. Paulista foi, também, precursora dos investimentos imobiliários que injetaram significativas cifras nas finanças locais em meio a crise iniciada em 1929. Em 1927, a Cia. Paulista investiu na compra de terrenos e antigos edifícios localizados na central Praça XV de Novembro e, em 1930, inaugurou um Teatro de Ópera, um Edifício Comercial e um Hotel (o chamado “Quarteirão Paulista”, tombado pelo Condephaat). Estes investimentos foram ainda responsáveis por lançar as bases do que viria a se tornar baseada a economia local até os nossos dias: uma cidade prestadora de serviços. Apesar de uma crise financeira sofrida pela Cia. Paulista nas décadas de 30 e 40, a fábrica continuou sua produção, baseada principalmente na marca NIGER de cerveja preta até que, em 23/03/1973, fundiu-se com a sua grande rival a Cia. Antárctica Paulista, tornando-se a Cia. Antárctica Niger. Com a criação da AMBEV em 1999, fusão entre a Antarctica e a Brahma, o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) exigiu a venda da marca Bavária e de cinco cervejarias pertencentes a elas, entre as cinco estava a Antarctica Niger, de Ribeirão Preto que foi vendida para a Molson Coors Brewing Company, de Montreal, Canadá. Em 25 de março de 2002, a Molson, adquiriu da Heineken, uma marca da Coca-Cola e de seus engarrafadores no Brasil, a Cervejaria Kaiser, em uma transação avaliada em US$ 765 milhões, depois de ter adquirido a Bavária da AmBev por US$ 190 milhões. Em julho de 2003, a Molson desativou a fábrica de Ribeirão Preto sob a alegação de que a fábrica, construída há 75 anos, era ineficiente, tinha alto custo de operação, e sua modernização exigiria muito investimento. A região de Ribeirão Preto passou a ser abastecida pela unidade de Araraquara, mais moderna, distante cerca de 80 quilômetros. Em 17 de Janeiro de 2006, a Fomento Econômico Mexicano S.A. (FEMSA), adquiriu 68% da Cervejarias Kaiser mediante o pagamento de 68 milhões de dólares à Molson Coors Brewing Company, ficando com 15% da Kaiser, enquanto os 17% restantes continuaram sendo propriedade de Heineken. Em 1º de março de 2007, exatos cinco anos depois da sua chegada ao Brasil, a Molson encerra, definitivamente, sua conturbada participação no mercado brasileiro de cervejas. Sem anúncio oficial ou alarde, a empresa canadense vendeu os 15% de participação que ainda detinha na Kaiser para a mexicana Femsa por US$ 16 milhões. Os edifícios da antiga fábrica, construídos pelo arquiteto-construtor Baudílio Domingues, tornaram patrimônio histórico e cultural tombado pelo Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Arqueológico, Artístico Turístico do Estado de São Paulo (CONDEPHAAT) e também pelo Conselho de Preservação do Patrimônio Cultural do Município de Ribeirão Preto (CONPPAC), através da inscrição nº355, p. 96 do Livro do Tombo Histórico em 20/12/2007.Atualmente encontra-se em processo de tombamento pelo IPHAN. Enquanto eram pertencentes à FEMSA do Brasil (controladora da Kaiser), esses imóveis foram cedidos, em comodato, para a São Paulo Film Commission, para desenvolver o seu centro de produção audiovisual, transformando-se em Estúdios Kaiser de Cinema. As obras de restauro, reformas e adequação foram viabilizadas pelo Governo do Estado de São Paulo (Secretaria de Estado da Cultura – ProAC), Prefeitura de Ribeirão Preto e também pelo setor da construção civil desta cidade. Nos Estúdios Kaiser de Cinema funcionaram, até recentemente, as sedes do Núcleo de Cinema de Ribeirão Preto, da São Paulo Film Commission, da Fundação Feira do Livro e do Projeto CineCidade. A FEMSA, no entanto, acabou por vendê-lo para a VIDE - Editorial Revistas e Periódicos Ltda., que pública a revista REVIDE, a qual, por sua vez, o alienou para o empresário Chaim Zaher, vindo a sair dos edifícios todas aquelas atividades culturais, sendo que o local, atualmente, está sendo ocupado pelo Instituto SEB e pelas emissoras de rádio e televisão do Sistema THATHI de Comunicação, com o propósito de transformá-lo em um centro cultural e de formação de alunos carentes. Texto da Plataforma Verri.
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