Banco Auxiliar de São Paulo S/A, São Paulo, Brasil
São Paulo - SP
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Houve uma época – e isso perdurou por muito tempo – que banco era sinônimo de confiança. As pessoas depositavam seus recursos, suas economias nas instituições por conta da reputação de seus administradores. Temos nomes icônicos que fizeram a história do setor bancário no Brasil e um destes é de Alberto Bonfiglioli (Bolonha 1897 – São Paulo 1967), fundador do Banco Auxiliar de São Paulo.
De família tradicional da cidade de Bolonha, abre seu negócio em São Paulo o promissor banqueiro e industrial que havia se formado pela Faculdade de Comércio em 1918. Como parte de sua carreira, em 1928, era gerente da firma de despachos aduaneiros Carraresi & Cia. que posteriormente se transformou na Cia. Comissária Alberto Bonfiglioli.
Em 1938, a empresa se instala num pequeno prédio, mas de sólida aparência, na rua 3 de dezembro, no centro de São Paulo e simultaneamente, em suas instalações, também funcionava a Casa Bancária Alberto Bonfiglioli & Co. que viria a se tornar o Banco Auxiliar de São Paulo S/A (1942), depois simplesmente Banco Auxiliar S/A, instituição financeira de destaque em sua época.
Mas o grupo Bonfiglioli crescia e acabou se mudando em 22 de junho de 1948 para sua nova sede própria na tradicional “rua dos bancos”, a Rua Boa Vista hoje número 192 (na época 68/74).
Neste endereço passaram a funcionar não só as empresas financeiras do grupo, mas também a “CEASPA” Cia. Edificadora Auxiliar de São Paulo que foi responsável pela abertura de alguns conhecidos bairros da cidade. Talvez o mais conhecido seja o Jardim Bonfiglioli (região do Butantã) além do Jardim Maria Luiza (região do Rio Pequeno), o Jardim Trussardi (cujo nome foi dado em homenagem a outros diretores da CEASPA), o Jardim d’Abril (em Osasco), Jardim São Marco (região da Freguesia do Ó) entre outros.
O grupo também atuava no setor industrial, afinal, pela sua atividade aduaneira, Bonfiglioli acabou se associando a outras três famílias e fundou a CICA – Cia. Industrial de Conservas Alimentícias, com sede na cidade de Jundiaí e que ficou nacionalmente conhecida pela qualidade de seus produtos destacando-se o extrato de tomate “Elefante” e seu lema “Se a marca é CICA, bons produtos indica”.
Mas tudo começou a mudar já no início da década de 1980, quando o país passava por uma enorme crise econômica. O banco começou a perder credibilidade no mercado, foi perdendo depósitos e posições no mercado obrigando a pagar mais para reter seus clientes e isso começou a chamar ainda mais a atenção para a frágil situação da instituição.
Finalmente, em 19 de novembro de 1985, foi decretada a liquidação do banco (juntamente com o tradicionalíssimo Comind) numa operação que até hoje é cercada de questionamentos, porém já esquecida do grande público, mas não por aqueles que perderam grande parte de suas economias.
As agências foram desmanteladas e vendidas numa velocidade recorde e tudo se acabou. Eram 44 empresas que formavam a Corporação Bonfiglioli com sua sede na Avenida 9 de julho 4.877, seu centro de dados na rodovia Anhanguera, seu centro de artes e exposições na Rua Augusta, além do prédio da Rua Boa Vista.
Até hoje o prédio da Rua Boa Vista é conhecido – nos meios imobiliários – como edifício Bonfiglioli, porém nada lembra os tempos de glória, pois a agência se transformou num estacionamento, a entrada do lado esquerdo numa espécie de quiosque e a da direita, a entrada do prédio, fechada e com ar de total abandono. Nem mesmo o nome do edifício tem mais na fachada.
Para fazer frente aos compromissos do banco a CICA teve que ser vendida e assim foi transferido seu controle acionário para a o grupo italiano Ferruzzi.
Atualmente a lembrança dos Bonfiglioli na cidade, além do bairro homônimo, é o edifício Comendador Alberto Bonfiglioli na Avenida Paulista, 1.048 onde ele morava e, inclusive, existe um busto seu no jardim de entrada. Texto de J. Vignoli.
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