domingo, 24 de setembro de 2023

São Paulo Futebol Clube / Campeão da Copa do Brasil, 2023, Brasil











São Paulo Futebol Clube / Campeão da Copa do Brasil, 2023, Brasil
São Paulo - SP
Fotografia

Texto 1:
A taça que faltava, não falta mais. Em um Morumbi lotado, o São Paulo segurou o Flamengo, empatou por 1 a 1 e, por ter vencido o duelo de ida por 1 a 0, ficou com o troféu para completar sua coleção de conquistas.
Claro que a alcunha de "Campeão de tudo" deixa a torcida orgulhosa. O São Paulo tem no currículo Mundial, Libertadores, Sul-Americana, Brasileirão, Paulistão e agora Copa do Brasil, o único título que faltava entre os que já disputou. Terá agora a oportunidade de disputar a Supercopa do Brasil, troféu recriado em 2020 e que o Tricolor pegará o campeão do Brasileirão.
Mas levantar a taça que faltava no Morumbi devolveu o sonho para a torcida do São Paulo. Cinco meses antes, em abril, Dorival assinou com o São Paulo e avisou logo em sua chegada: coisas boas aguardavam o Tricolor. O técnico nunca cravou que falava de títulos, nem deu prazos, mas todo o entorno do clube tricampeão do mundo entendeu o recado.
Não foi de primeira, porém. Quando o recém-chegado Dorival falou ao seu elenco que o Tricolor chegaria em uma final ainda neste ano, não foram poucos os que duvidaram. Meses depois, no entanto, mesmo os mais céticos se renderam à previsão do treinador.
E que roteiro poderia ser melhor do que a volta de um ídolo e uma final com gostinho de vingança? A chegada de Lucas na semifinal para substituir o suspenso Luciano foi determinante (e de fato fundamental). E a decisão reservou ao técnico um reencontro com o Flamengo.
Dorival já havia entrado para a história do Rubro-Negro ao vencer Libertadores e Copa do Brasil na temporada passada. Mas a história não foi gentil com Dorival. Demitido, o técnico ficou quatro meses no mercado até acertar com o São Paulo.
No começo do ano, muitos poderiam dizer que para o oscilante Tricolor vencer de forma inédita a Copa do Brasil neste ano, a moeda teria que 'cair de pé'. Só que no São Paulo, não é de hoje que a moeda teima em girar em pé. O lugar onde coisas incríveis acontecem.
Se o São Paulo pudesse dar uma declaração hoje, ela com certeza seria: "Muito prazer, eu sou o São Paulo, campeão de tudo".
Texto 2:
A Copa do Brasil começou a ser disputada em 1989 e as regras dos primórdios da competição faziam com que o São Paulo não disputasse o torneio. O clube estava ocupado demais vencendo a Copa Libertadores e sendo bicampeão mundial em 92 e 93 e acabou disputando somente duas das primeiras seis edições.
As outras glórias do passado (recente) do Tricolor também o mantiveram fora do torneio, que não contava com a participação de equipes que jogavam a Copa Libertadores da América, entre 2004 e 2010 — período em que o clube conquistou o tri mundial e também foi tricampeão brasileiro.
A Copa do Brasil não contou com os times da Libertadores entre 2001 e 2013. Assim, o Tricolor só disputou o torneio cinco vezes no período, justamente numa fase de grandes conquistas em outros torneios. A única outra chance que o clube havia tido de vencer a competição foi antes de tal regra, em 2000, quando o Cruzeiro bateu o Tricolor de virada na final.
De 2014 para cá, o São Paulo voltou a participar com frequência do torneio, mas jamais havia passado da fase semifinal, caindo em 2012 (Coritiba), 2015 (Santos), 2020 (Grêmio) e 2022 (Flamengo). Foi justamente Dorival Jr, algoz da última eliminação nas semis, que levou a equipe ao título inédito.
O título inédito poderia não ter passado do gramado do Novelli Júnior, na cidade de Itu, no interior paulista. Após empate sem gols no Morumbi, ainda com Rogério Ceni, Dorival assumiu o Tricolor e já teve a decisão do mata-mata como seu segundo jogo.
O São Paulo martelou o jogo todo, mas parecia destinado a resolver seu futuro nos pênaltis até que Wellington Rato, que havia acabado de entrar, acertou um chute de fora no cantinho e definiu o 1 a 0 que classificou o time.
Não bastasse essa dificuldade, o São Paulo ainda passou por um apagão na eliminatória seguinte. O Tricolor venceu facilmente o Sport por 2 a 0 na Ilha do Retiro, mas os pernambucanos não se deram por vencidos diante de um São Paulo invicto há 11 jogos com Dorival.
A primeira derrota do comandante à frente do Tricolor foi justamente um 3 a 1 para o Sport dentro do Morumbi, que levou a decisão da vaga nas quartas de final da Copa do Brasil para os pênaltis. O goleiro Rafael brilhou ao defender a cobrança de Luciano Juba e deu a vaga ao Tricolor.
Foi em 18 de abril deste ano que ficou escancarado que o ídolo Rogério Ceni tinha de deixar o comando. Mesmo com a vitória por 2 a 0 sobre o Puerto Cabello (VEN), o clima no Morumbi era pesado, o próprio torcedor, com dor no coração, dizia que era hora de mudar.
O São Paulo de Rogério havia caído para o Água Santa no Paulistão e recém-empatado com o Ituano na Copa do Brasil. Com o futebol que vinha apresentando, o risco de mais uma eliminação, agora na competição nacional, era real.
Ceni cairia no dia seguinte. Dois dias depois, Dorival Jr já era anunciado como novo técnico do Tricolor. Atual campeão da Copa do Brasil e da Libertadores, o treinador não escondeu, em sua apresentação, que aguardava um convite da seleção brasileira, que nunca veio.
Dorival aceitou o São Paulo e logo de cara fez suas previsões e falou grosso para dizer que o clube estava destinado a coisas boas no futuro. Logo de cara, o ambiente melhorou e se traduziu em bom resultado: foram 11 jogos de invencibilidade, com a primeira derrota justamente no apagão que quase acabou com o sonho da Copa do Brasil diante do Sport.
Se até aquele momento o São Paulo não havia mostrado força na competição para se candidatar ao título do torneio, tudo mudou contra o poderoso Palmeiras de Abel Ferreira. O maior campeão dos últimos anos no país entrou no caminho do Tricolor e foi derrotado em ambos os jogos.
No Morumbi, Rafinha acertou um chutaço de fora, mas a bola desviou antes de encontrar as redes de Weverton. Dentro do Allianz Parque, porém, o São Paulo não deixou dúvidas: o time de Dorival dominou o Verdão dentro de sua casa e venceu novamente por 2 a 1.
Depois de tamanha vitória e atuação, o Tricolor chegou à semifinal já com status de favorito para um novo clássico: o Corinthians de Luxemburgo. O Timão usou a força da torcida e a estrela de Renato Augusto para vencer na Neo Química Arena, enquanto o Tricolor perdeu Luciano suspenso pelo terceiro amarelo.
Neste momento, com a janela de transferências para a Europa aberta, Dorival Jr não queria saber de reforços, mas pedia publicamente para o Tricolor segurar seus jogadores. A tensão tomou conta do Morumbi após a derrota da partida de ida para o rival e as três semanas entre um jogo e outro mudaram a história do duelo.
Sem Luciano e sem nenhum substituto claro no elenco, o São Paulo fez mais do que segurar jogadores: contratou Lucas e James Rodríguez, os dois principais nomes da janela no Brasil. O esforço financeiro era uma demonstração clara de intenções: "queremos ser campeões da Copa do Brasil e da Copa Sul-Americana".
O torneio continental terminou nas quartas em eliminação nos pênaltis para a LDU (EQU), mas o maior sonho e a prioridade sempre foi a taça nacional inédita.
James foi o primeiro a ser anunciado e a ideia do Tricolor era que ele substituísse Luciano no clássico. No entanto, o colombiano estava parado havia quatro meses e necessitava tempo para readquirir ritmo.
Só que o barulho da chegada do camisa 10 da Colômbia fez com que outro jogador que seria fundamental se animasse: Lucas Moura. O atacante revelado pelo Tricolor estava sem contrato e topou um vínculo curto, de só quatro meses, para ajudar o clube do coração na conquista inédita.
Lucas estava parado há menos tempo e acabou sendo ele o substituto de Luciano na partida contra o Corinthians. O camisa 7 marcou, de cabeça, o gol que deu a classificação ao Tricolor; James acabou não entrando em campo.
Por vezes o futebol assume roteiros dignos dos melhores escritos de Hollywood. E a Copa do Brasil 2023 teve um desses scripts para o São Paulo. Não bastasse o título inédito, o Tricolor viveu de tudo durante a competição para levantar a taça.
Da troca de técnico no meio do torneio após o início derrapante para um pequeno passando pela eliminação de dois rivais pelo caminho até uma final contra o ex-clube do atual comandante e que defendia o título de campeão do ano anterior.
Dorival Jr conquistou o bicampeonato da Copa do Brasil em cima do clube com o qual tinha levado o troféu no ano anterior, mas que acabou saindo pouco depois. O treinador que fez de um elenco estelar campeão, provou que também é capaz de transformar um grupo desacreditado em também campeão.
E o São Paulo, que já vinha empilhando recordes de público em seu estádio, teve o prazer de decidir em casa a semi e também a final. A virada contra o Corinthians para avançar ao jogo que valeria o título foi tão histórica quanto a taça inédita conquistada administrando um resultado positivo na partida de ida da final.
Susto, pênaltis, atuação de gala e virada contra rival. Depois, a massa empurrou o time, que sofreu o primeiro gol do Flamengo, mas empatou com Nestor. Ao apito final, tudo transbordou das arquibancadas do Morumbi enquanto a taça fazia a volta olímpica na mão dos heróis tricolores.
Texto 3:
No intervalo o São Paulo era campeão da Copa do Brasil, o título que faltava na sua galeria.
Por pouco, antes do primeiro minuto, não havia sofrido gol de Pedro, impedido por Rafael.
Aos 7, Arboleda teve de sair trocado por Diego Costa.
A decisão começava mal para o São Paulo e muito bem para o Flamengo.
Também por pouco, mas menos, Calleri, atrasado meio segundo, e Lucas Moura, de bicicleta, não abriram o placar, finalmente aberto, aos 44 minutos, por Bruno Henrique.
O Flamengo ainda quase ampliou antes de Rodrigo Nestor empatar num golaço ao devolver, de fora da área, o soco de Rossi na bola em cobrança de falta por Rato.
A temperatura sufocante de 36º manteve lento o ritmo do jogo no começo do segundo tempo, já sem sol no Morumbi vivendo tarde de gala nas arquibancadas e camarotes.
Tudo ou nada, o Flamengo voltou mais agressivo.
Na temporada de 2023, ao participar pela 23ª vez na 34ª Copa do Brasil, o Tricolor vestia o regulamento e jogava sem pressa. Lembremos que durante alguns anos quem estivesse na Libertadores não jogava o torneio nacional e o São Paulo vivia no continental.
Excluídos da decisão pelo preço abusivo dos ingressos, os verdadeiramente populares torcedores são-paulinos faziam falta no estádio pintado de três cores.
Calleri era mais útil atrás que na frente. Não importava, importante era ser útil.
Luis Araújo no lugar de Thiago Maia, Gabi Neves e Welington nos lugares de Alisson e Caio Paulista, aos 20 minutos.
Os anfitriões com festa preparada chamavam demais os visitantes para sua sala, o que era perigoso diante de quem queria botar água no chope tricolor.
Hora de Gabigol, aos 28, no lugar de Pedro, porque estava na cara que o Flamengo dependia de seus talentos individuais, incapaz de jogar coletivamente.
Se Pedro não pediu para sair, parecia mais adequado fazer a dupla de goleadores, mas Sampaoli sabe tudo.
Para refrescar o time desgastado, Dorival Júnior lançou mão de Luciano e Michel Araújo nos lugares de Rato e Rodrigo Nestor, até então o herói da final.
Dom Arrascaeta por Éverton Ribeiro e Gerson por Victor Hugo foram as mexidas cariocas, tudo aos 35.
Aos 41, Michel Araújo lembrou Clodoaldo na final da Copa de 1970, fez fila na intermediária tricolor, armou contra-ataque fabuloso com Lucas Moura, mas Luciano chegou desequilibrado por toque de Luís Araújo dentro da área, diante de 63 mil torcedores e renda de 24 milhões de reais.
Oito minutos de acréscimos!
O arquipélago rubro-negro batia na muralha do mutirão tricolor e a bola não chegava nem em Gabigol nem no goleiro Rafael.
Só aos 50, Ayrton Lucas fez Rafael trabalhar. E como! Pegou a bola no cantinho.
Os oito minutos viraram dez. Quem acendesse um isqueiro explodiria o Morumbi.
O 1 a 0 do Maracanã dava o título inédito ao São Paulo.
E não há nada a contestar.
Texto 4:
Ficha Técnica:
São Paulo 1 x 1 Flamengo
Local: Morumbi, em São Paulo (SP)
Data/Hora: 24/9/2023, às 16h (de Brasília)
Árbitro: Braulio da Silva Machado (Fifa-SC)
Assistentes: Bruno Raphael Pires (Fifa-GO) e Bruno Boschilia (Fifa-PR)
VAR: Wagner Reway (Fifa-PB)
Cartões amarelos: Alisson, Pablo Maia, Rafinha, Gabriel Neves (SPO); Léo Pereira (FLA)
Cartão vermelho: Gabriel Neves (SPO)
Gols: Bruno Henrique, 44'/1ºT (0-1); Rodrigo Nestor, 49'/1ºT (1-1)
Renda/Público: 63.077 pagantes/ R$ 24.520.800,00
São Paulo: Rafael, Rafinha, Arboleda (Diego Costa), Beraldo e Caio Paulista (Wellington); Pablo Maia, Alisson (Gabriel Neves), Rodrigo Nestor (Luciano), Wellington Rato (Michel Araújo) e Lucas Moura; Calleri.
Flamengo: Rossi, Wesley, Fabrício Bruno, Léo Pereira e Ayrton Lucas; Pulgar, Thiago Maia (Luiz Araújo), Gerson (Victor Hugo) e Arrascaeta (Everton Ribeiro); Pedro (Gabigol) e Bruno Henrique. Técnico: Jorge Sampaoli.

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