terça-feira, 29 de agosto de 2017

Baco e Ariadne (Bacchus and Ariadne) - Ticiano Vecellio

                                                   

Baco e Ariadne (Bacchus and Ariadne) - Ticiano Vecellio
National Gallery, Londres, Inglaterra
OST - 176x191 - 1520-1523




O quadro foi encomendado por Alfonso d’Este, duque de Ferrara, para decorar o seu pequeno estúdio, o famoso “camarim de alabastros” da sua casa de campo, juntamente com outros episódios mitológicos, entre os quais A Festa dos Deuses, de Giovanni Bellini, de 1514 (Washington, National Gallery), A Oferenda a Vênus e o Bacanal de Andros, de Ticiano (Madri, Museu do Prado).
Último da série, o quadro descreve o episódio narrado por Ovídio e Catulo: Ariadne, filha do rei Minos de Creta, abandonada por Teseu na ilha de Naxos, é surpreendida pela chegada do cortejo ébrio e dançante o deus Baco, os dois se apaixonam à primeira vista. Baco toma a coroa de Ariadne e a joga para o céu, onde se torna uma constelação (canto superior esquerdo). Mais tarde ele a desposou, e por fim ela recebeu o dom da imortalidade.
Ticiano era famoso por sua capacidade de transpor para suas obras momentos de vívida energia psicológica, como a que transmite este quadro. Foi grande mestre renascentista da cor, e o rico brilho deste quadro é reflexo de seu tema apaixonado. É um momento eletrizante.
Embora haja muitos personagens na cena, Ticiano trabalhou a composição com grande cuidado. Se cruzarmos duas linhas diagonais na tela, perceberemos que a mão direita de Baco está no centro, onde as diagonais se cruzam. Os festejadores estão todos agrupados no canto inferior direito, Baco e Ariadne ocupam a parte superior, à esquerda. Os pés de Baco ainda estão com seus companheiros, mas a cabeça e seu coração já se uniram a Ariadne.
Ariadne foi abandonada por seu amante Teseu, a quem ela ajudou a escapar do labirinto do Minotauro. Ela caminhava sozinha pelas costas da ilha de Naxos quando sua vida de repente se transformou pelo amor à primeira vista. A linha invisível de tensão no céu azul, que vai do seu rosto ao de Baco, marca este dramático momento.
Segundo a tradição, a carruagem de Baco, era puxada por leopardos, indicando o retorno triunfante da conquista da Índia. Ticiano lançou mão de uma licença artística ao usar dois guepardos que trocam um olhar significativo, numa premonição do olhar dos futuros amantes.
No canto inferior direito há a uma cabeça de um bezerro esquartejado, cuja carne crua era devorada pelos bacantes em frenesi, era um dos aspectos mais horríveis do ritual de Baco. Sua cabeça é arrastada para fora do quadro, convidando-nos a participar. A flor de alcaparra que nasce, à esquerda da cabeça, é tradicionalmente um símbolo do amor.
A figura musculosa que luta com as cobras baseia-se numa célebre estátua da Roma antiga, que representa o sacerdote troiano Laocoonte, morto num ataque de serpentes marinhas. A descoberta desta estátua, desenterrada em 1506, causou sensação, e muitos artistas da Renascença, incluindo Rafael, fizeram referências a ela em suas obras. Atualmente, esta estátua está conservada no Museu do Vaticano.
O velho gordo ao fundo, montado num burro é Sileno, chefe dos sátiros e pai adotivo de Baco. Costuma ser representado bêbado, montado num burro.
Uma bacante toca címbalos numa pose que reflete a postura da espantada Ariadne. Outras figuras nesta turbulenta procissão estão tocando instrumentos: uma toca um pandeiro, outra, ao fundo, sopra uma espécie de trompa. O cachorrinho no primeiro plano, que late para os festejadores, é um delicioso detalhe típico de Ticiano.
O olhar nostálgico que a bacante tocadora de pandeiro troca com o sátiro contrasta com a expressão intensa dos personagens principais. Como grande teatrólogo inglês William Shakespeare (1564-1616), Ticiano costumava incluir dramas secundários para tornar a história mais leve ou para reforçar o tema principal da obra.
O nome de Ticiano aparece, em latim, numa urna, no canto inferior esquerdo: “Ticianus F[ecit]”, ou seja, “Ticiano fez este quadro”. Ele foi um dos primeiros pintores a assinar suas obras e destacou-se por tentar elevar o status social e intelectual dos pintores.
Ticiano Vecellio, o maior pintor da escola veneziana, residiu em Veneza durante toda a sua vida, inspirado pela intensa luz e cor dos canais da cidade. Na sua época, Veneza era uma das cidades mais poderosas da Itália. Tendo patronos como o para e os reis da França e da Espanha, Ticiano foi um dos pintores mais bem-sucedidos de toda a História. O estilo notavelmente livre de sua maturidade teve muita influência sobre Velásquez.
Esta composição, que conta a história mitológica de um grande amor, foi encomendada a Ticiano pelo duque de Ferrara, Afonso d`Este, e fazia parte de um grupo de pinturas que tinha por finalidade decorar a sua casa de campo. O quadro trata de um tema mitológico: o encontro entre Ariadne, filha do rei Minos de Creta, e Baco, o deus do vinho, seguido de seu barulhento séquito de beberrões.
Ticiano pinta o exato momento em que Baco encontra Ariadne pela primeira vez, ficando os dois intensamente apaixonados. Ela fora deixada na praia por Teseu, enquanto dormia. O movimento toma conta de toda a tela: Baco saltando com seu manto flutuante; Ariadne indicando o mar, onde navega a embarcação do amante traidor; os seguidores do deus do vinho tocando instrumentos musicais e dançando; o céu cheio de nuvens flutuantes, etc.
À primeira vista, o grande número de personagens dispostos na tela pode levar o observador a pensar que o artista não foi cuidadoso com a sua composição, não se preocupando com a disposição dos mesmos. O que não é verdade, pois, se traçarmos duas diagonais na tela, observaremos que a mão direita de Baco está praticamente no centro do quadro, enquanto seus companheiros situam-se logo abaixo, na parte inferior do retângulo, à direita da composição, enquanto Ariadne encontra-se sozinha no vértice do triângulo esquerdo.
Baco e Ariadne, o casal romântico da composição, estão inseridos no retângulo esquerdo do quadro. Embora Baco tenha os pés próximos de seus amigos, traz o coração e a cabeça próximos à amada. A sua figura é o ponto focal da composição, atraindo para si o olhar imediato do observador.
Baco, deus grego romano, é jovem e forte, e traz folhas de louro e videira nos cabelos, o que torna fácil a sua identificação. O manto rosa esvoaçante assemelha-se a um par de asas. Seu rosto demonstra grande surpresa e encantamento, mostrando-se imobilizado ao cravar os olhos na moça. Existe a sensação de que ele está saltando em direção a ela.
Ariadne é também bela e forte. Usa um manto azul drapeado, com uma faixa vermelha que lhe cinge o corpo e se arrasta pelo chão. A torção de seu corpo e a mão erguida demonstram que ela fitava o mar, mas virou a cabeça, surpresa, para olhar o deus romano. O manto rosa, com que o deus do vinho cobre a sua nudez, contrasta-se admiravelmente com a faixa vermelha usada por ela, e que chama para si a atenção do observador. O rosto de Ariadne demonstra medo e interesse, simultaneamente.
A visível emoção presente no rosto de Ariadne e de Baco, destaca-se no azul do céu, comprovando a dramaticidade do momento. Os dois guepardos, responsáveis por conduzir o carro de Baco, também se olham com intensidade (Ticiano substituiu os leopardos tradicionais por guepardos). No chão, encontra-se uma urna, que brilha ao sol, sobre o manto amarelo de Ariadne, e, onde se pode ler a assinatura do pintor (Ticianus F).
No centro da composição, um jovenzinho sátiro (metade homem e metade bode) puxa a cabeça de um bezerro, e dirige o seu olhar para o observador, como se estivesse a convidá-lo para se agregar ao grupo. É o único a olhar para fora da tela, visto na composição. Entre o sátiro e a cabeça do bezerro encontra-se uma flor de alcaparra, que é tradicionalmente tida como o símbolo do amor. No primeiro plano, próximo ao pequeno sátiro, um cachorrinho late para o grupo.
Um personagem musculoso, Laocoonte, encontra-se enlaçado por uma serpente, que ele tenta dominar. Atrás dele encontra-se um personagem embriagado, empunhado na mão direita a perna de um bezerro, enquanto traz na esquerda um enorme cajado, enfeitado com folhas de videira. Usa também uma coroa e cintos de videira.
No grupo de Baco encontram-se duas bacantes. A que se encontra mais próxima ao deus do vinho toca címbalos. Observem que ela tem a mesma pose de Ariadne. Uma segunda bacante toca um pandeiro, e dirige seu olhar perdido ao personagem embriagado. Uma terceira mulher, postada ao lado direito do burro, toca uma corneta.
O homem idoso e gordo, montado no burro e sustentado por outro, é Sileno, pai adotivo de Baco e também chefe dos sátiros. O céu contém várias nuvens e oito estrelas, que representam a coroa de Ariadne, que foi lançada ao céu por Baco, e transformada numa constelação.
Bem à esquerda da composição, um personagem leva nos ombros um barril de vinho, lembrando a postura do mitológico Atlas. Ao fundo, à esquerda de Ariadne, está o barco de Teseu (amante da moça), que se afasta no horizonte. Ela traz o braço direito estendido em direção à embarcação.
A pintura é magistralmente colorida, com predominância do azul ultramar presente no céu, nas montanhas, nas vestes de Ariadne e da mulher que toca címbalos.
Curiosidade:
Segundo a lenda, Ariadne foi abandonada por Teseu, a quem ajudou matar o Minotauro, terrível fera, e a se safar do Labirinto, onde vivia o monstro, ao dar-lhe um novelo com linha vermelha. Contudo, Teseu deixou-a sozinha nas praias gregas de Naxos, enquanto dormia. Mas ela acabou por encontrar Baco, que por ali passava com o seu séquito. O amor entre os dois aflorou imediatamente. Ele lhe prometeu o céu, caso ela aceitasse se casar com ele. Após a sua resposta afirmativa, Baco pegou a coroa dela e a lançou para o céu. Imediatamente a coroa se transformou numa constelação. Os dois casaram-se.
Bacchus and Ariadne (1522–1523) is an oil painting by Titian. It is one of a cycle of paintings on mythological subjects produced for Alfonso I d'Este, Duke of Ferrara, for the Camerino d'Alabastro – a private room in his palazzo in Ferrara decorated with paintings based on classical texts. An advance payment was given to Raphael, who originally held the commission for the subject of a Triumph of Bacchus. At the time of Raphael's death in 1520, only a preliminary drawing was completed and the commission was then handed to Titian. In the case of Bacchus and Ariadne, the subject matter was derived from the Roman poets Catullus and Ovid.
The painting, considered one of Titian's greatest works, now hangs in the National Gallery in London. The other major paintings in the cycle are The Feast of the Gods (mostly by Giovanni Bellini, now in the National Gallery of Art, Washington, D.C), and Titian's The Bacchanal of the Andrians and The Worship of Venus (both now in the Museo del Prado, Madrid).
Ariadne has been left on the island of Naxos, deserted by her lover Theseus, whose ship sails away to the far left. She is discovered on the shore by the god Bacchus, leading a procession of revelers in a chariot drawn by two cheetahs (these were probably modelled on those in the Duke's menagerie and were tigers in Ovid's original text). Bacchus is depicted in mid-air as he leaps out of the chariot to protect Ariadne from these beasts. In the sky above the figure of Ariadne is the star constellation Corona Borealis (Northern crown). There are two possible variations of the story both going back to Ovid. In his Metamorphoses, Ovid has Bacchus throw the crown of Ariadne into the sky where it becomes the constellation Northern Crown. In Ars Amatoria, Bacchus promises the entire sky to Ariadne where she then would become the constellation Northern Crown. The National Gallery's website states that in the painting, "Bacchus, god of wine, emerges with his followers from the landscape to the right. Falling in love with Ariadne on first sight, he leaps from his chariot, drawn by two cheetahs, towards her. Ariadne had been abandoned on the Greek island of Naxos by Theseus, whose ship is shown in the distance. The picture shows her initial fear of Bacchus, but he raised her to heaven and turned her into a constellation, represented by the stars above her head."
The composition is divided diagonally into two triangles, one of blue sky (using the expensive ultramarine pigment) and still but for the two lovers caught in movement, the other a riot of movement and predominantly green/brown in colour. The follower of Bacchus who struggles with a snake is sometimes falsely associated with the antique sculpture of Laocoön and His Sons who had been killed by snakes. This statue had recently been discovered in Rome. But the satyr in Titian's painting is not in a mortal combat with the snakes, he is merely girding himself with them as is described in the original text by Catullus. The King Charles Spaniel that barks at the boy satyr is a common motif in Titian's work and was probably a court pet. The gold urn inscribed with the artist's signature (TICIANVS) may also have been familiar to the Duke as one of the antiquities in his collection.
The analysis of pigments used by Titian in this painting has been undertaken by scientists at the National Gallery in London and this analysis is illustrated at ColourLex. The canvas on which Bacchus and Ariadne is painted was rolled up twice in the first century of its existence, which had consequences for the painting. From the turn of the 19th century onwards it was frequently being restored to stop paint from flaking off, with the most controversial restoration being that carried out at the National Gallery between 1967 and 1968. This greatly brightened the surface of the painting, and came as something of a shock to many viewers, used to a heavy varnish finish. When discoloured varnish lying directly on top of the paint surface was removed, some of the paint itself came off as well and repainting was necessary. This has caused some critics to note that the expanse of blue sky on the left-hand side, one of the worst-affected areas of the painting, appears flat and pallid. It has also been argued that the removal of the varnish has left the painting tonally out of balance, since Titian is likely to have added some subtle glazes to the paint surface in order to tone down some of the more jarring colors. The National Gallery maintains that this was an unavoidable loss, because the accrued layers of later varnish had turned the painting brown and sludgy and had to be removed. More recent examination has confirmed that the paint remains largely original.

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