domingo, 20 de agosto de 2017

Amolação Interrompida (Amolação Interrompida) - José Ferraz de Almeida Júnior

                                     
Amolação Interrompida (Amolação Interrompida) - José Ferraz de Almeida Júnior
Pinacoteca do Estado de São Paulo, São Paulo, Brasil
OST - 200x140 - 1894


A composição Amolação Interrompida, do pintor brasileiro Almeida Júnior, é outra de suas obras ligadas ao homem do campo, o seu tão prestigiado caboclo.
O quadro retrata uma paisagem rural, com apenas uma figura humana, o caipira, que se mostra trabalhando. Suas roupas humildes e sujas de barro retratam a sua dura faina: camisa branca, com mangas dobras nos antebraços, calças riscadas, enroladas próximas aos joelhos, e um lenço amarelo, com pequenas estampas cobrindo parte de seus cabelos negros. À direita, pendurado no cinto da calça, encontra-se uma enorme faca, dentro de uma bainha de couro.
O homem encontra-se num riacho, com uma pedra no meio, amolando o seu machado, fortemente agarrado pelo cabo de madeira, enquanto abana com a mão direita, cumprimentando alguém que vê, e, que interrompe o seu trabalho. Apesar de seu físico robusto e aparentemente jovem, seu corpo mostra as marcas da dura labuta e do sol. O rosto e o pescoço estão vincados por muitas rugas, enquanto veias salientes, próprias de quem pega no pesado, espalham-se pelos braços e pernas. A mão que cumprimenta é grossa, áspera e mostra os dedos com as unhas sujas.
Ao lado esquerdo do caipira estão seu chapéu de palha, no chão, e uma cabaça, dentro d’água, na beirada do riacho. Às suas costas está uma tábua, onde possivelmente a família lava roupa e vasilhames. Ao recurvar o corpo, o homem deixa à mostra o caminho que leva até a uma humilde casinha de barro, estando visíveis uma porta e duas janelas, uma de cada lado, dentro de um cercado de pau a pique. Próxima à casa, vê-se uma bandeira de santo, içada num mastro de madeira, o que mostra a religiosidade do caipira. Ao fundo, descortina-se uma mata. Em muitas pinturas de Almeida Júnior, ele aventa a presença de uma segunda personagem, mas que não aparece no quadro. Em Leitura, ele mostra uma capa numa cadeira vazia, em Saudade, apresenta uma mulher com uma fotografia na mão, mirando-a, e em Amolação Interrompida, ele mostra o personagem gesticulando para alguém, como se se tratasse de uma fotografia.


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