quarta-feira, 16 de agosto de 2017

O Violeiro (O Violeiro) - José Ferraz de Almeida Júnior

                                             
O Violeiro (O Violeiro) - José Ferraz de Almeida Júnior
Pinacoteca do Estado de São Paulo, São Paulo, Brasil
OST - 141x172 - 1899



A composição O Violeiro, obra do artista brasileiro Almeida Júnior, é outra obra do artista que envolve o universo caipira. Duas figuras humanas fazem parte da obra: um homem e uma mulher.
A janela de madeira, aberta, incrustada no meio da parede de pau a pique, ocupa a maior parte da tela. A madeira mostra-se envelhecida e cheia de rachões. Na parte de baixo, a pintura da parede já foi toda descascada, deixando visível o adobe e as varas entrecruzadas e amarradas com corda. Vê-se, portanto, que se trata de um ambiente humilde. Não é possível enxergar nada dentro do ambiente interno, a não ser uma parede escura.
O violeiro está assentado no peitoril da janela, recostado no batente esquerdo. Usa calça branca e camisa quadriculada de branco e azul, com mangas que vão até o punho. Traz os olhos fechados, enquanto toca, inebriado pela voz da cantora.
A mulher, encostada ao batente direito, usando uma blusa vermelha de bolinhas brancas e de mangas compridas, uma saia escura e um lenço no pescoço, que ela segura com ambas as mãos, canta com o olhar voltado para a viola, como se acompanhasse seus acordes. Segundo pesquisas, a modelo era uma figura conhecida na cidade de Itu, e exercia os trabalhos de enfermeira e dançarina de cabaré.
O Violeiro é uma composição realizada no último ano de vida do artista, que morreu assassinado pelo primo.
Com o ciclo de pinturas “caipiras”, Almeida Júnior deslocou o foco da busca pela definição do “tipo nacional” para um contexto mais regional, ao dotar a representação do camponês do interior da província com a nobreza da pintura histórica. É no cotidiano simples de homens rudes, flagrados frequentemente em repouso ou no cumprimento de atividades corriqueiras, que o artista procurou revelar a dignidade e as virtudes da vida no campo. Nascido no interior de São Paulo, Almeida Júnior demonstrava familiaridade com o assunto que representava, registrando com atenção de naturalista a vestimenta, os gestos e a aparência das construções e mesmo de utensílios típicos desses personagens, como se pode notar na "Cozinha caipira", também pertencente ao acervo da Pinacoteca. Essas pinturas ganham ainda mais interesse se analisadas em contraposição aos muitos retratos produzidos pelo artista, os quais configuram um verdadeiro confronto entre o homem do campo e o da cidade. No momento em que São Paulo começava a assumir papel relevante na economia nacional, os retratos de engenheiros e empreendedores paulistas pareciam apontar para um futuro inevitável proporcionado pelo progresso material, enquanto os camponeses se apresentavam como registros de uma cultura genuína, porém fadada ao desaparecimento.

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