quarta-feira, 29 de maio de 2019

Fiat Uno Turbo, Brasil






Fiat Uno Turbo, Brasil
Fotografia


“Deste Uno, o primeiro turbinado de série do Brasil, já se pode dizer sem medo de errar: é o melhor esportivo fabricado por aqui. Por isso, se você é proprietário de um Gol GTi, ou de um Kadett GSi, ou mesmo de um Vectra GSi, e o Fiat surgir ao seu lado, propondo uma arrancada, recuse. Primeiro, porque os rachas são perigosos e ilegais – é bom nunca se esquecer disso. Segundo, porque seria inútil: esse novo puro-sangue bate qualquer outro nacional nas acelerações.”
Depois de uma apresentação dessas, publicada na edição de Quatro Rodas de abril de 1994, vamos direto aos números: no 0 a 100 km/h, o Uninho equipado com motor 1.4 turboalimentado precisou de nada mais que 8,96 segundos, desbancando o Vectra GSi (9,22 segundos) no ranking de Quatro Rodas.
Na prova de velocidade máxima, chegou aos 192,6 km/h, deixando uma nuvem de poeira para todos os concorrentes diretos: Escort 2.0i XR3 (187 km/h), Kadett GSi (185,6 km/h) e Gol Gti (180,7 km/h).
Anos antes de o pequeno Fiat Turbo i.e. ser lançado, já se falava nessa possibilidade. No Grande Prêmio Brasil de F-1 de 1985, em abril daquele ano, a Fiat apresentou o modelo italiano, um 1.3 sobrealimentado por um turbo japonês IHI.
Na época, o então diretor-superintendente da Fiat de Betim, Silvano Valentino, anunciava os estudos para a versão nacional, mas descartava a utilização do motor 1.3 como base, pois “resultaria num carro muito rápido para nosso trânsito”.
Quase dez anos se passaram da presença do aperitivo italiano por aqui até que fosse apresentado ao público nosso primeiro carro turbo de série, em março de 1994. E, contrariando as previsões, era um saudável 1.4. Antes do Turbo, no entanto, a Fiat já havia oferecido versões esportivas do seu carrinho mais popular: houve o 1.5 R, depois o 1.6 R e, por fim, o 1.6 R MPI, este com injeção eletrônica multiponto.
Com visual agressivo – até mesmo exagerado, mesmo para alguns de seus fãs –, o Uno Turbo nunca teve o item discrição na coluna das suas qualidades. Era oferecido nas cores amarelo, vermelho e preto. Não bastasse a diferenciação cromática, os pára-choques tinham spoilers integrados e as rodas eram de liga leve, incluindo o estepe.
No interior, bancos anatômicos, volante esportivo e um completo arsenal de instrumentos que incluía o manômetro para monitorar a pressão do turbo. Mas a estrela do painel era o velocímetro com escala que marcava até 240 km/h. Ao volante, a assistência hidráulica possibilitou uma relação mais direta, com respostas mais rápidas à direção.
Ao acelerar, o motorista sentia a entrada do turbo no serviço a 3.000 rpm, fornecendo torque de 17 mkgf a 3.500 rpm. Para dar conta dos 116 cavalos, a suspensão do Uno Turbo ficou 10 milímetros mais baixa e ganhou mais firmeza com amortecedores pressurizados. E a estrutura ganhou uma barra de reforço entre as torres dos amortecedores dianteiros, para evitar torção.
Para segurar tanto ímpeto, o irmão maior Tempra (com 120 quilos a mais que os 1.065 do Uno Turbo) cedeu os discos ventilados da dianteira e os tambores da traseira, assim como o servo e o cilindro-mestre. Com esse aparato, a distância de frenagem a 80 km/h era de 30,4 metros. No teste publicado na edição de abril de 1994, Quatro Rodas acenava com um cartão amarelo para a falta do sistema ABS no foguetinho.
O Turbo preto que está nesta reportagem, modelo 1994, pertence, desde zero, ao curitibano Alvaro Antunes, que afirma ter sido multado apenas uma vez por estar a 150 km/h numa auto-estrada, pressionado por alguém mais apressado que ele. Mas ele nem costuma acelerar tanto nas retas. “Prefiro mesmo é pisar mais fundo nas curvas e subidas de serra, onde quase ninguém consegue me acompanhar”, diz.
Um dos primeiros exemplares, ele não veio com ar-condicionado, equipamento incorporado como item de série mais tarde. O Turbo foi produzido entre maio de 1994 e abril de 1996, período em que foram feitas 1.801 unidades. Um mês após sua apresentação, a Fiat surpreendeu o mercado com o lançamento do Tempra Turbo, que acabou conquistando o título de carro mais veloz do Brasil, com a folgada marca de 212 km/h.

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